44° Capítulo
Assim que Spencer se foi, fiquei alguns minutos conversando com o papai, ele estava muito animado por ter conseguido um novo trabalho, as coisas estavam começando a ir bem. Caminhei até o quarto e parei de frente as fotos que ali estavam. Peguei uma que mamãe estava e a abracei.
-Você faz falta, mamãe...-Dou um sorriso, e colocando a foto no lugar adentro meu quarto e vou direto ao guarda roupa. Separo uma roupa um pouco ousada, mas não vulgar, essa noite promete muita coisa. Uma saia risca de giz com uma camiseta branca e o scarpin preto vão ter que servir.
Estou feliz por Spencer ter me contado um pouco do seu passado, mas ele não aparentava estar bem, algo o estava incomodando bastante e eu preciso saber o que é.
Direciono-me para o banheiro e dispo-me completamente, analisando em seguida a silhueta estampada no espelho. Eu mudei bastante, aquela garota fraca e sensível se foi. Meu mundo deu um giro de 365° tão rapidamente que eu nem consigo acreditar...
Respiro fundo e entro no box do chuveiro, esperando a cascata de água quente lavar toda a angústia que estava sentindo. Tomo meu banho tranquilamente, aproveitando pra analisar tudo que ocorrera por esses tempos.
Sou interrompida dos meus pensamentos com o bip do meu celular, alertando que havia uma mensagem de texto.
Saio do chuveiro e enrolo uma grossa toalha ao meu redor, pegando o celular logo em seguida e deixando escapar um sorriso bobo ao ver o remetente.
"Espero que nosso jantar ainda esteja de pé. Sinto sua falta."
~Spencer.B
Não sei o porquê, mas vejo-me rodopiando pelo quarto como se fosse uma princesa que acabara de ser beijada por seu príncipe encantado. Era isso que o Spencer era pra mim: O meu príncipe encantado. Orgulhoso, cabeça dura e amável.
Suspiro e visto a roupa que tinha escolhido, colocando em seguida um pouco de maquiagem para esconder as olheiras. Dou uma última olhada no espelho e vejo uma palidez estranha inundar meu rosto. Respiro fundo e aperto minhas bochechas, dando uma coloração viva e destacável em meu rosto.
Papai estava lendo algum artigo quando desci as escadas, então não quis atrapalhar. Vou até o carro e dou partida para casa de Spencer. Durante o caminho mantenho minha mente ocupada ao som de Dusk Till Dawn, cantarolando baixinho e deixando a música me envolver.
Chego na frente dos grandes portões e toco o interfone.
-Residência dos Bennett.- Uma voz feminina fala através do aparelho.
-Sou eu, a Rose...- Falo baixinho e um tanto constrangida.
-Oh, Srta. Williams, pode entrar.- Os portões se abrem e adentro a residência.
Pigarreio e olho para o espelho do carro. Respira, Rose. Dou 3 batidas na porta e em questão de segundos ela é aberta, mas para a minha surpresa não era o Spencer, e sim uma senhora de cabelos grisalhos. Franzo o cenho e ela me da passagem.
-Boa Noite, Senhorita Williams, o Senhor Spencer está a sua espera no escritório.- Ela dá um sorriso radiante e por um momento eu relaxo, seguindo-a até o local mencionado.
Ela abre as portas de correr do cômodo deixando-me passar logo em seguida. Minha respiração fica presa quando o vejo.
Tão lindo, usando uma roupa totalmente despojada e os cabelos bagunçados e molhados...o olhar intenso e aquele maldito sorriso que faz minhas pernas tremerem.
Ele se move lentamente em minha direção e para alguns centímetros do meu rosto. Seu hálito de menta me fez suspirar pesadamente, aguardei o beijo mas ele não o fez. Olhei em seus olhos e ele pegou minha mão, levantando-a na altura dos seus lábios e beijando os nós dos meus dedos.
Aquele gesto simples e gentil fez meu estômago dar voltas, só consegui olha-lo com ternura e minha ânsia por beija-lo fez meu corpo formigar ainda mais.
-Boa noite, Srta. Williams, espero que sua viagem até aqui tenha sido bastante proveitosa.- Ele inclina a cabeça e da um pequeno sorriso.
Tive que me controlar e respirar fundo para não pular nele naquele momento. Esse homem é a minha perdição...
-Foi bastante agradável, obrigada.- Retribuo o sorriso e analiso o ambiente ao meu redor. Velas estavam espalhadas por todo o canto, uma mesa redonda com duas cadeiras preenchiam o centro do lugar e as janelas abertas proporcionavam uma deslumbrante visão do Luar. Ele tinha feito tudo aquilo pra mim? Uou
- Pensei que não viria - Ele diz fechando a porta e me direcionando para uma das cadeiras, ocupando em seguida a que restara.
- Eu não perderia por nada. - Pisco pausadamente e sorrio.- Estou curiosa em relação as suas intenções hoje, me deu muito o que pensar.- Mordo o lábio.
- Acredito que eu possa esclarecer suas dúvidas depois do jantar.- Ele fala um tanto distante mas imediatamente se recompõe.
Spencer se levanta da cadeira e caminha em direção a um grande móvel antigo no canto da Sala, pegando em seguida uma garrafa.
-Vinho?- Ele pergunta apontando para a bebida em sua mão. Balanço a cabeça afirmativamente e o vejo desaparecer do local.
Não demorou muito, pude ouvir as portas se fechando mais uma vez e o som da rolha do vinho saindo ecoando pelo ambiente. Ele se pôs atrás de mim e despejou um pouco do líquido em minha taça, fazendo o mesmo com a dele logo em seguida. Ele voltou ao seu lugar e levantou a taça para um brinde.
-A nós.- Ele sorrio e pude ver um brilho em seu olhar.
-A nós.- Retribui o brinde e dei um longo gole na bebida. Estava delicioso.
A noite foi calma, após o brinde conversamos um pouco e a comida foi servida. Não estava com muita fome, minha ansiedade estava batendo na porta para perguntar o real motivo daquele jantar, mas a insegurança deixava minha voz de refém.
Ele se levantou mais uma vez e alcançou o controle que estava em sua mesa, apertando alguns botões e fazendo ecoar pelo ambiente o dueto de Florence e The Machine.
Caminhando em minha direção ele pegou a minha mão e olhou em meus olhos.
-Me daria a honra dessa dança?- Um sorriso tímido invadiu seu rosto e eu corei em resposta, estendendo minha mão em seguida e ficando de pé.
A melodia nos envolveu completamente, nossas respirações estavam sincronizadas e sentimentos exalavam no ambiente. Ali era apenas eu e ele...nós.
Somos interrompidos por batidas na porta, vejo o Spencer bufar e revirar os olhos, afastando-se de mim e indo ver o que se tratava. A mulher que havia aberto a porta para mim entrega um celular a ele e consigo perceber um v formado em sua testa quando o mesmo atende o telefone.
Não sei o que havia acontecido, mas a cor do Spencer mudou de um bronzeado para um branco-gelo, deixando-me ainda mais nervosa.
-Merda!!.- Vejo-o desligando o telefone e imediatamente ele vem ao meu encontro.-Rose, temos que ir, vamos.- Ele pega a chave do carro que estava em sua mesa e estende a mão para que eu a segure.- Precisamos sair daqui, te explico depois.
Seguro sua mão e pego a bolsa que estava no chão. Caminhamos apressadamente até a saída, mas o Spencer muda a trajetória e entra em uma porta localizada logo a sua direita.
Era uma garagem enorme, bastante iluminada e com máquinas de vários tipos e tamanhos. Ele suspirou ao olhar pra mim e continuou caminhando até chegar em um Audi Q5 preto. Provavelmente iríamos usá-lo, mas por qual motivo? Não tive tempo para pensar e quase que de imediato já estava no banco do passageiro. Spencer entrou com voracidade e deu partida no carro sem nem esperar.
Saímos da garagem as pressas, os portões de entrada já estavam abertos e isso facilitou bastante. Pude notar dois carros atrás da gente, ambos parecidos com o do Spencer. Meu pânico aumentou, mas fui pega de surpresa com uma mão apertando minha coxa.
-Vai ficar tudo bem, eles são da minha equipe.- Ele disse apertando suavemente minha coxa e esboçando um sorriso reconfortante.
Respiro fundo e não faço perguntas. Nosso trajeto não foi longo, logo paramos em frente a um cais onde uma pequena lancha estava ancorada. Franzo o cenho e olho para o Spencer.
-Não vamos ficar na cidade hoje.- Ele aperta minha mão e sai do carro. Tento organizar meus pensamentos, mas nada sai coerente. O que está acontecendo? Ele precisa me explicar. Saio do carro logo em seguida e pego sua mão, acompanhando-o até a embarcação e subindo na mesma.
O silêncio preencheu o ar quando o Spencer deu partida no motor e seguiu em direção ao mar aberto. Minha curiosidade estava me matando, minha ansiedade já estava a mil, eu precisava falar alguma coisa.
-Para onde estamos indo?- Abro a boca pela primeira vez em muito tempo. Vejo-o apontando para o ouvido e percebo que o barulho do vento e do motor estão muito altos. Repito a pergunta mais uma vez, dessa vez me aproximando do ouvido dele.
-Você verá.- Ele olha pra mim e um sorriso radiante ilumina sua boca, deixando-me mais calma.
Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, aos poucos consegui observar luzes vindo de uma pequena ilha no meio do mar, e por incrível que pareça estávamos indo naquela direção.
Spencer sorriu quando desligou o motor e pôs os pés em terra firme, pegando-me pela cintura e me fazendo descer da lancha.
Não pude acreditar no que meus olhos estavam vendo. Uma casarão quase que totalmente coberto de vidro invadia o local, rodeado por luzes de todos os cantos e uma imensa floresta densa em seu fundo. A Lua refletindo na água era uma das melhores visões que eu já presenciara.
Caminhamos para dentro da Casa e meus olhos se arregalaram quando vi os móveis que ali estavam. A decoração era perfeita em todos os sentidos, o tom de vida que aquele lugar trazia era indescritível.
Sinto alguém atrás de mim, o hálito quente de menta o denunciava completamente. Ele passa as pontas dos dedos pelos meus braços, subindo lentamente até meu pescoço e colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Todo o meu corpo entrou em combustão quando ele depositou um beijo no encontro do meu ombro e do meu pescoço. Seus lábios estavam macios e quentes, sua respiração estava um pouco alterada, o que a fez virar rapidamente para ele.
-Eu preciso de você agora...- Ele segurou meu queixo e me fez olhar em seus olhos.- O quanto você me quer?- Ele passou a mão pelas minhas costas e apertou suavemente, em nenhum momento quebrando nosso contato dos olhos.
-Mais do que você imagina...- Digo baixinho e me inclino para beija-lo, enterrando a mão em seus cabelos e deslizando a outra em seu peito.
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