35° Capítulo
Acordei na manhã seguinte um pouco cedo, o sorriso saiu involuntariamente assim que abri os olhos, respirei fundo e senti o aroma do blazer escuro que me envolvia perfeitamente. Instantaneamente lembrei da noite anterior, o Spencer colocando o casaco em meus ombros, as mãos dele tocando em minha pela gelada pelo frio da noite...os seus lábios macios tocando os meus, sua barba pós-feita passando em meu rosto, seu cheiro...suas mãos enormes e firmes no meu c...
Sou tirada dos meus pensamentos assim que meu celular vibra avisando que recebi uma mensagem.
"Te pego em meia hora, não se esqueça que prometeu passar o dia comigo."
~Naomi B.
"Claro que não me esqueci, estarei prontinha"
~ Rose W.
Bloqueio o celular e me levanto indo até o banheiro.
Sinto a água quente tocar minha pele e me lembro do toque do Spencer, o ar condensado que saia do chuveiro me fez lembrar da respiração ofegante e quente que aquele homem tinha após se afastar do nosso beijo...balanço a cabeça para afastar o momento que persistia em minha mente. Não sei o que está acontecendo comigo...não paro de pensar no quão enigmático ele é, o quão imprevisível ele pode ser...ele me deixa confusa e louca ao mesmo tempo.
Após o longo banho, me visto, não muito formal, apenas um vestido vermelho-vinho rodado de alcinha que marcava minha cintura. Arrisco colocar um pequeno salto, testo para sentir a firmeza nos meus pés e respiro fundo, fazendo logo em seguida um coque no cabelo, deixando apenas duas pequenas mechas na frente. Vou até o meu porta joias pegar o colar que mamãe havia me dado quando eu era criança, não era nem ouro nem prata, mas tinha um valor inigualável, uma pequena rosa delicada e linda, mamãe sempre disse que meu nome veio daí. "Rose", delicada e linda. Sinto uma dor terrível ao imaginar que posso ter perdido o pequeno colar, como eu não percebi?. Começo a revirar algumas caixas, gavetas, porta joias, mas nada do colar. Me sento na cama com uma frustração terrível, escuto papai me chamar e me levanto caminhando até as escadas. Respiro fundo e desço.
- Rose, tem umas pessoas te chamando - Diz papai de costas para mim. Quando se vira ele dá um sorriso, e que sorriso, senti tanta falta daquele sorriso. Eu não posso chorar agora, ainda mais com visitas.
- Estou aqui papai. - Desço ao encontro dele e posso ver Naomi e Spencer sentados me esperando, quando me veem os dois se levantam e caminham em minha direção.
- Uau, você está linda- Nah diz e se joga no meu pescoço, dando um longo abraço.
- Parecida com a mãe... - Papai me olha e vejo aquele brilho nos olhos dele.
- O Senhor.... Digo, o Jorge tem razão. - Spencer se corrige assim que vê a cara de bravo de meu pai, porém o mesmo não me encara. Aconteceu algo?
- Exagerados...-Reviro os olhos e tento esconder a minha ruborização. -Agora vamos Nah? Ou perderemos o dia. -Digo pegando minha bolsa que estava em cima da mesa.
- Vamos nessa, até mais Jorge, foi um prazer conhecer você - Nah se despede de meu pai com aquele jeitinho encantador, que fiquei surpresa em conhecer, acho que é só a Kayte que ela não gosta mesmo.
- Vamos marcar o jantar em breve, Jorge.- Spencer diz se aproximando do local onde o papai estava.
- Com todo prazer, Spencer- Os dois se cumprimentam como se já fossem velhos amigos e logo em seguida nos encaminhamos para a porta.
Antes que eu pudesse sair ele me chama.
- Rose?
-Sim, pai - olho para ele e consigo ver o brilho em seus olhos.
- Sua mãe estaria orgulhosa de você agora...-Sua voz falha visivelmente.
Meus olhos se enchem de lágrimas novamente e eu o abraço.
- Eu te amo tanto, papai!
- Eu também te amo minha princesa. - Ele dá um beijo em minha testa. - Agora vai, se não vai se atrasar.
Sorrio e saio.
O caminho foi tranquilo, me sentei no banco de trás depois de implorar Nah que se sentasse na frente. Algumas vezes peguei Spencer me encarando com seus lindos olhos negros pelo retrovisor, tirando isso nada demais. Nem uma palavra.
Chegamos na casa do Spencer e como eu imaginava, era completamente incrível.
"Ah claro, você pensou que fosse o que ? Ele é um Bennett"
Meu subconsciente da sinal de vida e eu reviro os olhos, já ouvi boatos na empresa que ele tinha um apartamento também, Kayte vivia se gabando por ir lá, mas isso não me afeta nem um pouquinho.
"Tem certeza? Então você não se importa do amor da sua vida estar com ela?"
"Cala a boca que não estou falando com você, e ele não está com ela." - Dou língua pro meu subconsciente e sigo os dois que já estavam um pouco em minha frente.
Uau! A casa é tão linda por dentro quanto é por fora.
- Pensei da gente comer aqui e depois irmos pro shopping ou algo do tipo. - Diz Nah colocando sua Prada no sofá.
- Por mim tá tudo bem! -Dou de ombros tentando disfarçar a minha inquietação diante de tanto luxo que me rodeava.
- Ou podíamos levar a Rose pra conhecer nosso estábulo. - Spencer surge do nada, espera, quando foi que ele saiu?
Ele estava com uma bermuda que caia muito bem em sua cintura e uma camisa de gola polo branca que marcava perfeitamente seus bíceps.
- ROSE? - Naomi grita me fazendo corar. Não me diga que eu estava babando por ele. - Você está bem? Foi pra qual galáxia ? - Ela ri e olha discretamente pra Spencer, para que só eu perceba. Coro ainda mais. - Vou me trocar e já volto. - Ela sobe as escadas deixando ele e eu, ali sozinhos. Eu juro que um dia ainda irei estrangular essa menina.
Estou de costas para ele, um silêncio ensurdecedor invade o ambiente, meu coração está totalmente acelerado e minha respiração ofegante. Engulo em seco quando o ouço atrás de mim.
-Vou tomar uma taça de Pinot Grigio, me acompanha?- sua voz é baixa e suave, me fazendo ter calafrios na espinha.
-Sim...por favor...- "Você ao menos sabe o que é um Pinot Grigio, sua imbecil?". Me soco mentalmente e tento me controlar, sentando rapidamente no enorme sofá que preenchia aquela sala enorme.
Minutos depois o Spencer surge com duas taças na mão e me entrega uma logo em seguida. Tomo um longo gole e saboreio aquela sensação maravilhosa do líquido gelado descendo em minha garganta. Sinto um peso extra no sofá e arrisco dar uma espiada no Spencer do outro lado. Ele segurava a taça delicadamente e rodeava o líquido na mesma com muita experiência.
-Você está quieta hoje, não é do seu feitio. Onde está aquela boca inteligente que vive me desafiando?- Ele quebra o silêncio me fazendo encara-lo.
-Você tem uma bela casa...e um belo gosto por decoração, tenho que admitir.- Respiro fundo e tento me manter o mais séria e firme possível.
-Vamos lá, Rose, não seja tão ridícula, converse comigo.- Ele dá uma risada que me faz ter calafrios e não sei o por quê, não sei se foi o vinho ou se era a angústia que sentia durante todo aquele tempo, mas aquele simples gesto foi a deixa perfeita para estourar.
- Quem você pensa que é pra me cobrar um diálogo? -Falo debochadamente com tom desprezível e ele franze o cenho confuso. -Você, justamente você, um cara que me trata rudemente em um momento e no outro me beija sem dar explicações...Spencer, você acha que eu sou algum tipo de brinquedo que você pode usar a hora que bem entender?- Levanto do sofá bruscamente.-Eu não consigo te entender, você me chama de ridícula mas não consegue ter o mínimo de dignidade pra falar na minha cara o que quer de verdade!!- Minha voz já estava falhando, não sabia se aguentaria falar tudo o que estava dentro de mim sem ao menos derramar uma lágrima. Respirei fundo e dei as costas para ele.- Me fala, Spencer, o que você quer de mim?- Ponho as mãos nos cabelos de forma frustrada e tento acalmar minha respiração.
Eu observava tudo naquela sala, exceto ele, a vontade de sair pela grande porta era imensa, mas eu havia prometido a Naomi, eu não deixaria nada e nem ninguém me fazer quebrar uma promessa.
- Você sabe que eu sou um completo idiota, não sabe, Rose?.- Ele sussurra e eu me viro para encara-lo. Ele mantinha o seu olhar vidrado em algum ponto em sua frente, suas pupilas estavam dilatadas.-não posso machucar você...- Ele diz com uma voz baixa e rouca.-Mas você é diferente...- E pela primeira vez no dia, os nossos se encontraram, e eu consegui ficar concentrada naquelas simples frases.- Tudo isso é mais forte que eu. Não quero ficar longe de você, não consigo.- Ele se levanta bruscamente, deixando a taça de lado e caminha em minha direção. Eu não tive reação, tudo aconteceu muito rápido, minhas pernas simplesmente paralisaram e eu apenas o senti. Ele envolveu meu rosto em suas mãos e me beijou intensamente, como se a vida dele dependesse disso. Eu absorvi tudo o que ele sentia, tudo aquilo que ele queria demonstrar mas não conseguia, e imediatamente eu retribui o beijo, me deixei levar, pude sentir pela primeira vez na vida que eu estava completamente e perdidamente apaixonada por alguém. Ele segurou em minha nuca e aprofundou o beijo, pondo a outra mão em meu quadril, me segurando firmemente junto ao seu corpo. Eu enterrei minhas mãos em seus cabelos, arrancando um gemido rouco do fundo da sua garganta. Ele foi interrompendo aos poucos o beijo, não sei se esquecemos de respirar, não sei se o mundo parou, eu só sei que foi real. Ele segurou meu queixo e me olhou fixamente, nossos olhares se conectaram e nossas respirações foram normalizando.
- Você não vai me perder.- Sussurro em som de promessa. Se de uma coisa eu tinha certeza, era que eu não queria abandonar aquele homem nunca mais.
Ele da aquele sorriso único e me abraça. Não sei se foram segundos, minutos ou horas, mas em nenhum momento ele me deixou ir.
Spencer nos separa um pouco e pega algo em seu bolso.
- Achei logo no início que você começou a trabalhar pra mim. - Ele pega o colar que eu tanto procurei hoje. - Acho que ele combina mais com você do que comigo.- Ele sorri de lado.
- Como sabia que era meu? -Sorrio e me viro de costas para que ele possa colocá-lo.
- Porque ele me parece único, igual a você.- Ele fala meio constrangido e não posso deixar de suspirar com o ato.
Me viro para encara-lo quando um barulho nos faz separar e o vejo ficar rígido.
- Eu estou bem - grita Naomi de algum lugar da casa.
Olho Spencer e ele está sério novamente, mas consigo ver uma pitada de medo em seu semblante. Não é possível que ele sentiu tanto medo assim do susto que a Naomi nos deu. Ele volta a si quando pega o celular do bolso. Devia estar vibrando.
- Me desculpe, Rose. - Ele olha o celular e sai.
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