34° Capítulo
O dia passou tranquilamente, confesso que o ocorrido com Henry mais cedo não saía da minha cabeça. Olho para o grande relógio que estava ali e o mesmo marca 14:55, olho ao redor e me deparo com a enorme sala "vazia", engraçado que quando Spencer não está ali, não tem graça, não tem o mesmo ar pesado que se concentra onde aquele cabeça dura passa. Sorrio com meu pensamento e caminho até a varanda, a vista é esplêndida, totalmente de tirar o fôlego, o ar gelado era muito bem vindo naquele momento, precisava aliviar um pouco os pensamentos dos últimos dias.
Respiro fundo e volto ao trabalho, quero deixar tudo perfeito pra quando ele chegar. As horas passam voando e quando finalmente tenho um tempo livre daquela imensidão de papéis, olho para o relógio e um suspiro de alívio sai de mim. Eram 18:30, o horário previsto para a chegada do Spencer. Mas onde ele está? Será que aconteceu algo?
Levanto-me para caminhar um pouco pela empresa, mas meu objetivo é impedido quando a maçaneta da porta gira e uma figura muito familiar aparece de forma impecável na entrada. Foi impossível não sorrir, ele estava de tirar o fôlego, mesmo com a aparência abatida da viagem, ele continuava sexy. Camisa aberta, cabelos bagunçados, calça que caia perfeitamente bem no "v" do seu abdômen... "alguém traz um lenço que a jovem virgem aqui está babando" "Ke? Eu não estou babando!! Cala a boca". Simulo uma pequena tosse e me recomponho ao perceber que não estávamos sozinhos. Quase que imediatamente senti um peso sendo jogado por cima de mim e me abraçando fortemente enquanto dava gritinhos. Tive que me controlar pra não rir, mas todos tinham que admitir, a Naomi tinha parafusos a menos.
Após a morena me soltar, paro de frente a Spencer que olhava para nós duas incrédulo.
-Senti sua falta - É tudo que consigo dizer e imediatamente fico com vontade de me socar por te dito isso.
Ele olha em volta e dá um sorriso.
- Fez um bom trabalho. -Sorrio em resposta e estendo a mão para cumprimentá-lo, mas sou surpreendida com o mesmo me puxando para um abraço. Não um comum, mas um que demonstrava necessidade e conforto, como se ele realmente tivesse passado anos sem me ver. Não pude deixar de notar um certo brilho no olhar da Naomi e involuntariamente corei em resposta.
- Foi bom te ver, Rose. Mas estou um pouco cansada da longa e entediante viagem, vou pra casa e amanhã você podia ir passar o dia comigo, é final de semana e não aceito você dizer não.- Diz ela rapidamente e Spencer me solta, como se tivesse voltado a realidade, mas ainda mantém as mãos em minha cintura, encarando-me profundamente.
- Ah! Claro, Nah tudo ok. - Sorrio. Ela se despede de nós e sai, fechando a porta logo em seguida.
- Vejo que não faliu ou quebrou a empresa.- Ele da um sorriso sarcástico e eu reviro os olhos. Ainda não sei o motivo pela qual ele ainda está segurando minha cintura e olhando tão profundamente em meus olhos. Isso tudo é saudades? Não pode ser.
- Foi por pouco, se você tivesse ficado mais um tempo longe tudo desandaria- Sussurro- O que aconteceu? Você está diferente...
- Nada de muito relevante...só encontrei fantasmas do meu passado que eu preferia não ter desenterrado...-Ele fala com uma certa dor.
Um milhão de coisas se passaram em minha mente: Ele tinha alguém, ele gostava desse alguém, esse alguém o fizera sofrer e mesmo assim o assombra... Sou interrompida dos meus devaneios com a sua voz próxima de mim.
- Está bem, Rose? - Ele me analisa e finalmente me solta, dando uma certa distância entre nós.
Ele dá um suspiro e se aproxima da varanda que eu estava minutos atrás. Nova York brilhava sob o nosso olhar, a vista imponente da sacada da empresa era de fazer qualquer um ficar admirado.
-Nunca toquei nesse assunto com ninguém, nunca fui de me expressar... O nome dela é Viollet, minha ex-noiva.- Ele da uma pausa, uma pausa que foi dolorosa tanto pra mim quanto pra ele.-
Estávamos juntos há tanto tempo que eu nem acreditei quando ela me deixou...-Ele se debruçou na sacada e ficou olhando para o horizonte, submerso em seus pensamentos.
Suas palavras saem logo em seguida como se fosse um sussurro, consigo sentir dor em cada palavra que ele diz. Após ele relatar o que a ex fez, sinto meu corpo queimar de raiva, como ela pode ter feito isso? Por isso Spencer é tão idiota? Ele tem medo de se machucar? Por isso ele disse que não queria me machucar?
As perguntas surgem como tiros em minha cabeça, respiro fundo e antes que pudesse raciocinar acabo falando.
- Quer jantar comigo hoje ?
Ele se vira e me encara, apresso em me corrigir.
- Quer dizer, comigo e com o Ian. - Digo, ele da um sorriso que imagino ser de reprovação ou como se perguntasse se eu estava louca em fazer esse convite. Dou um sorriso de lado tentando convencê-lo.
- Eu te conto o que aconteceu comigo e você me chama pra jantar com você e seu namorado? Rose, mal cheguei e já quer me fazer pirar? - Seu semblante se fecha e percebo imediatamente que o Spencer Babaca está de volta e serio que ele ainda acredita que Ian e eu somos namorados?
- Por favor, jante com a gente, não posso te contar nada aqui, mas lá você verá. - Me aproximo dele e seguro sua mão, apertando-a para incentiva-lo.
- Não faça isso, senhorita Williams. Você não sabe onde está se metendo...- Ele retira a mão de baixo da minha e volta a olhar para a grande NY.
Mordo meu lábio inferior e suspiro em frustração.
- Tudo bem, Senhor Bennett, irei sozinha. Tenha uma boa noite. Te vejo na segunda.-Pego minha bolsa e caminho para a porta, mas assim que a abro escuto sua voz.
- Espere, vou com você. - Foi inevitável não sorrir com aquelas palavras. Caminhamos juntos para o estacionamento, sim pra quem quer saber se ele desceu as escadas comigo.
{...}
- Chegamos. - Afirma Spencer assim que paramos o carro na frente da casa de Ian. - Bela propriedade, vejo que seu namorado tem bom gosto. - Ele me olha e posso ver que ele não fala só da casa.
- Deixa de ser besta. - Sorrio- Vamos entrar. - Saio do carro e ele vem logo atrás de mim.
- Acho que isso não foi uma boa ideia, Rose. - Ele reclama pela milésima vez. Toco a campainha e depois de ter escutado mil e uma lamentações do Spencer dizendo que aquilo era errado, o Ian abre a porta.
- Oi pequena, você veio!!!- A felicidade de ter a minha presença estava estampada na cara dele, o mesmo me abraça forte, olho para o Spencer que está com uma expressão meio confusa.
- Olha, o lobo mal veio também- dou uma cotovelada no braço de Ian que começa a rir- Brincadeira, seja bem vindo a minha humilde residência, senhor Bennett.- Ele faz uma reverência totalmente sem noção, provavelmente para provocar o Spencer. Esse gesto me fez rir feito uma menininha.
- A Rose insistiu, mas não quero..... - antes dele terminar, seguro em sua mão o puxando pra dentro.
- Você é maluca às vezes sabia!? - Ele fala baixo.
Caminhamos até a sala de jantar acompanhados por Ian, um majestoso cômodo foi aparecendo na medida que adentramos. Decorações clichês que só o Ian gosta, contendo todos os utensílios que qualquer adulto gostaria de ter em sua cozinha. Muita coisa mudou desde a última vez que vim aqui. Spencer percebe que há quatro pratos ao invés de dois ou três e demonstra uma certa curiosidade. Apenas dou um sorriso, tentando não deixar transparecer o verdadeiro significado desse jantar.
Assim que o Jack aparece, o olhar de Spencer passa de curioso pra chocado, assim que Jack abraça Ian, Spencer me olha "furioso".
- Vamos conversar em particular um minutinho, mocinha - ele me puxa pra sala e Ian apenas rir.- Você me deixou acreditar que ele era seu namorado Rose. - Ele para em minha frente, caminho pra trás, mas a parede me impede de sair.
- Você não me deu chance de falar, e mesmo se eu falasse você não ia acreditar, mas por quê está fazendo esta cena? O que há de errado entre eles dois?
Ele bufa e se aproxima ainda mais.
- Não é sobre eles dois e sim sobre, deixa pra lá conversamos sobre isso depois, vamos jantar.
Ele se vira e eu suspiro, voltamos para onde os meninos estavam e começamos a conversar.
Depois da minha ameaça a Jack caso fizesse Ian sofrer, Spencer me olha e morde os lábios me fazendo arrepiar. Descobrimos que o Jack é um grande advogado e inclusive uma de suas filiais trabalha para os Bennett, o que deixou o ar menos tenso por haver um assunto em comum: Trabalho.
Conversa vai, conversa vem e percebo que o Spencer não mais estava interessado na conversa. A viagem foi cansativa, eu deveria ter me lembrado desse detalhe, ele deveria estar descansando agora. Droga, Rose!!
-Ian, Jack, estou muito feliz por vocês dois, nunca tinha visto o meu irmãozinho tão feliz com alguém, então trate de dar a ele o mundo que ele merece. E lhe digo o mesmo, Ian!! Trate de cuidar direitinho desse aí, não o deixe escapar... essa é a hora que vocês me abraçam e eu vou pra casa. Amanhã preciso acordar cedo...-Escuto uma tossida do Spencer e me corrijo.- Precisamos acordar cedo... temos uma empresa para administrar.
Depois de muito protesto para ficarmos um pouco mais, eles se dão por vencidos e decidem nos deixar partir. Entramos no carro preferido do Spencer, o Audi R8 Spyder e seguimos para a minha casa. Não sei se era o clima gélido do lado de fora ou o ar condicionado, mas o ambiente estava muito gelado. Esse carro tem milhões de botões e eu não me atreverei em mexer do jeito que sou desajeitada. Spencer logo percebe a minha inquietação e como se tivesse lendo meus pensamentos, retira o seu blazer e o coloca nos meus ombros, me fazendo ficar aquecida instantaneamente. Não demorou muito para que chegássemos a minha casa, dei uma leve bocejada e fui retirando o casaco que ele havia me emprestado, mas fui impedida pelas mãos dele segurando meus punhos.
-Não, não faça isso, se agasalhe, está muito frio lá fora, depois você me devolve.- Ele tenta me deixar o mais quente possível, como se a minha saúde fosse de extrema delicadeza. Um mecha solta cai sobre o meu rosto e imediatamente ele a repõe no lugar, passando seus dedos grossos nas maçãs do meu rosto. Aquela eletricidade apareceu mais uma vez, o ar ficou rarefeito e tudo que eu conseguia pensar era que queria estar nos braços dele, sendo cuidada por ele... estar com ele em todos os momentos...
-Spe...n...cer- Gemo com o seu toque e percebo a respiração dele entrecortada se aproximando de mim. Sei o que ele ia fazer, sei que é errado, ele é meu chefe... ele confia em mim... tem um olhar magnífico, um sorriso deslumbrante, um físico de tirar o fôlego e sentimentos que podem ser reconstruídos ao logo do tempo.
Não tive tempo para pensar direito e quando menos percebi, seus dedos prendiam meu queixo e seus lábios encontraram os meus. Nossas línguas agiam com sincronia, como se fossem feitas uma para a outra, a dança que realizavam era indescritível. Um ar de suspiro saiu da garganta de ambos. Todos os problemas foram esquecidos em menos de 10 segundos, tudo era uma mistura de saudades, inseguranças, frustração, fragilidade... os dois compartilhavam das mesmas angústias, diferentes, porém tão parecidas...
Minha consciência foi recobrada quando vi a porta da minha casa sendo aberta, e o meu pai estava em pé, olhando para aquele carro luxuoso estacionado na sua porta e os semblantes turvos de algumas pessoas dentro do veículo. Me recompus imediatamente e sai do carro, dando uma última olhada para trás. Spencer sussurrava de forma inaudível "Celular", consegui compreender um pouco do que ele se referia, mas o meu problema maior naquele momento era o meu pai. Ele parecia carrancudo com algo e eu não sabia que desculpa daria para ele. Já estava tarde e não era o momento para termos uma conversa de pai pra filha, então deixaremos isso para amanhã. Subi as escadas e depositei meus saltos ao lado da cômoda, junto com o meu celular. Nenhuma mensagem dele. "Ah, Você esperava que ele te ligasse desejando boa noite, que o beijo foi fantástico e que ele gostaria de ter você com ele nesse exato momento." "Você está enlouquecendo, querido, nada disso se passou pela minha cabeça" "Será que não?". Dou língua pro meu subconsciente e vou tomar uma ducha para dormir, amanhã o dia seria longo mais uma vez. Assim que termino, visto meu melhor pijama de frio e coloco por cima o blazer do Spencer. O cheiro dele é muito bom. Dou uma última checada no celular antes de ir dormir e pra minha grande surpresa, haviam 2 mensagens de uma pessoa menos improvável do mundo.
"O Jantar foi fantástico, mas o que veio depois foi bem mais"
"Tenha uma Boa Noite, Rose"
~Spencer B.
"A noite em si foi maravilhosa, até com os adicionais ;)"
"Te vejo amanhã, Spencer, Boa noite"
~Rose W.
Abraço o celular e acabo caindo no sono. Olhos cinzentos, barba pós-feita e perfume amadeirado invadiram o meu sonho, transformando-o em uma mistura de sensações que eu nunca havia presenciado.
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