33° Capítulo
POV Rose
Após Spencer desligar o celular, fiquei olhando para o teto com um sorriso bobo no rosto, por quê raios ele não me deixou desligar o celular? Ele queria mesmo falar comigo? Não, estou ficando louca, ele só queria saber se tinha ocorrido tudo bem na sua ausência na empresa... Mas ele perguntou como você estava... Para de por coisas na minha cabeça, subconsciente maldito!! A voz dele estava diferente...aconteceu alguma coisa que o deixou pra baixo? Fiz algo de errado? Ai meu Deus!! Vou acabar enlouquecendo até esse homem voltar.
Acabei adormecendo perdida em meus pensamentos e no dia seguinte me levantei bem cedo. Hoje irei até a Editora Bennet's, a qual era pra eu estar trabalhando junto ao Henry. Spencer enviou por E-mail criptografado alguns documentos importantes dessa filial, e deixou claro que eram papéis sigilosos. Já se passaram alguns meses e eu não vi Henry, graças a ajuda dele consegui um emprego, mesmo não sendo ao seu lado como era pra ter sido desde o início.
Visto uma saia risca de giz, uma camiseta de seda branca, um blazer combinando com a saia e arrisco em calçar um dos saltos que nunca tinha tirado do armário. Olho para o espelho e vejo a expressão de uma cara abatida, aperto um pouco minhas bochechas e vejo um pequeno tom de rosa se formando nas maçãs do meu rosto. Respiro fundo e desço as escadas, papai havia saído pra um trabalho que ele arrumou, mas imagino que não seria por muito tempo. Quando estava saindo, encontro um pequeno envelope no chão, pego o mesmo e o abro, arqueando as sobrancelhas ao avistar uma carta, estava sem remetente então a abri.
" Cara senhorita Williams, como combinado, o prazo para a quitação da sua dívida está se esgotando. Desde já agradeço a sua compreensão.
~Senhor Lincoln"
Senti uma enorme pontada no peito, por alguns dias esqueci que estava prestes a perder a casa. Respirei fundo e guardei a carta na bolsa para que papai não pudesse ver. Ian, como de costume, estava me esperando do lado de fora.
- Que cara é essa? Parece que foi atropelada por um caminhão- Ele me pergunta assim que entro no carro, me dando um soquinho no ombro logo em seguida.
- Não começa, recebi uma carta do senhor do cassino, ele queria me lembrar que o prazo está acabando...não percebi que o tempo estava passando tão rápido...-Coloco as mãos nas laterais da cabeça e fico massageando as têmporas. Uuaauu já se passaram 6 meses desde que estou com Spencer? "Mas você não está com o Spencer, você apenas trabalha pra ele". Confronta meu subconsciente por baixo daqueles óculos de meia lua. Dou língua pra ele e volto para meu estado de preocupação anterior.
- Rose, eu já disse que se você precisar do dinheiro, eu lhe dou, ou melhor eu te empresto, sei que você é orgulhosa e não vai querer algo dado. -Ele começa a dirigir.
Mal escuto o que ele estava falando, meus pensamentos estão totalmente bagunçados e um tanto assustados. Ian me cutuca fazendo com que eu pule no banco.
- Vamos falar de outras coisas, quando você vai aceitar o meu presente de aniversário do ano passado ?- Ele arqueia a sobrancelha enquanto mantém os olhos na estrada.
- Nunca, Ian, você me deu um carro, não tem noção do perigo que tentou causar a sociedade. -Digo rindo um pouco, por isso eu o amo tanto, ele consegue me fazer sentir bem independente do momento.
- Você tirou carteira há séculos atrás, Rose, com certeza você sabe dirigir!! - Ele revira os olhos.
- Não é tão fácil como parece.- Sinto um calafrio ao lembrar da rampa de meia-embreagem.
-Você consegue aguentar o chato do Spencer, mas não consegue segurar um volante? Você tem problemas Rose Williams.- Ele bufa e falha ao esconder o sorriso.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, e diante de todas as preocupações que venho tendo esses dias, notei que realmente já era hora desse medo passar. Eu estava conduzindo uma empresa, não é possível que um carro seja mais complicado. Poucos minutos depois chegamos na editora, Ian ia pra uma reunião ali perto então combinamos de nos encontrar para almoçarmos juntos.
Quando passei pelo arco do hall, muitas mulheres me encaravam, algumas pareciam ser amáveis, já outras...
Henry assim que me vê, vem até mim dando passos largos.
- Olha, olha quem resolveu vir me visitar, se não é a chefe das empresas Bennett's- Sinto uma pontada de sarcasmo na voz dele e não consigo esconder o sorriso ao ver aqueles olhos verdes brilhantes.
- Sou a chefe temporariamente Henry, nada demais. -Reviro os olhos e sorrio de lado.
- Vamos até minha sala, é melhor pra conversarmos.- Ele aponta o caminho e seguimos juntos.
Quando ele abre a porta da sala, falho em esconder meu espanto com o local. Quadros coloridos espalhados por todos os lados, uma mesa central entalhada em madeira envelhecida e os demais detalhes eram totalmente brancos. O escritório sem dúvida alguma era muito bonito, talvez um pouco mais bonito que o do Spencer... não sem dúvidas o de Spencer é mais bonito. Ele retira meu blazer e pendura em uma arara no canto da porta.
- Então Senhor....- Antes de completar ele me interrompe.
- Apenas Henry, Rose. Apenas Henry.- Ele se senta em sua majestosa cadeira e eu me acomodo na poltrona em frente.
- Sim, Henry. O Senhor Bennett pediu que eu entregasse pessoalmente a você uma papelada contendo o desempenho e desenvolvimento da editora. Está criptografado, então o especialista em TI terá um trabalho extra hoje.- Dou de ombros e ponho o envelope na mesa.
Ele se inclina na mesa e pega o envelope, franzindo o cenho ao tentar ler o que estava escrito.
-As vezes o Spencer me assusta. Qual a necessidade de criptografar tudo isso? -Ele folheia e depois desiste, jogando os papéis na mesa.- Aposto que você também o acha exagerado as vezes...- Ele brinca com o lábio inferior e me olha intensamente.
-É, às vezes ele consegue ser exagerado, mas tenho certeza que ele só tenta fazer o melhor possível para a empresa.- Franzo o cenho ao defender o Spencer. Por que ele está me falando isso?
- Rose, você não precisa ficar defendendo ele. - ele se inclina na mesa e desaperta a gravata azul que usava. - Você precisa relaxar, aproveite que ele não está e se divirta, você é prestativa, confiante, audaciosa e tem uma boquinha, se me permite dizer, muito inteligente.- Ele sorri e sinto um calafrio na espinha.- Vi como você enfrenta o Spencer, vi como você trabalha...Pena que perdi você para ele.- Ele revira os olhos e esfrega as têmporas.
- Henry, não posso desaponta-lo, preciso do emprego, e se for preciso ser exagerada, serei. - Tento agir o mais profissional possível. O que ele está pensando? Boca inteligente? Me perder para o Spencer? Ele só pode estar brincando com a minha cara.- Não posso demorar, vim apenas dar um "oi" e entregar o envelope, tenho uma empresa para cuidar.
-Mas vocês nem ficou tanto tempo por aqui, aposto que tudo ocorrerá bem se você passar mais um tempinho comigo. -Ele se levanta e se senta na mesa em minha frente.-Vamos tomar um café...conversar...quem sabe marcar alguma coisa para mais tarde.- Ele da uma pausa e levanta uma sobrancelha.- Apesar de que foi o maldito café que te impediu de você trabalhar comigo. Que vida injusta.-As últimas frases são quase impossíveis de escutar, mas consigo compreender bem o que ele falava.
- Henry... -Dou uma pausa, pensei em começar uma discussão falando que eu não tinha culpa e que era impossível deixar a empresa sozinha para me "divertir" como ele falou, mas Henry me ajudou muito e eu já tinha maturidade pra não arrumar confusão por pouca coisa. - Eu realmente preciso ir, o café fica pra depois, talvez.- Levanto-me e arrumo a minha saia que contornava bem minhas curvas.
Ele sorri como se tivesse escutado algo incrível e se levanta, vindo em minha direção. Estendo a mão e ele cruza os braços.- Sem formalidades, Rose.- Respiro fundo e sinto suas mãos em minha cintura me puxando pra ele. Retribuo o "abraço" e tento ser o mais rápida possível, mas senti os braços dele bastante rígidos em torno de mim. Sua respiração torna-se acelerada em meu ouvido.
- O que Spencer tem que eu não tenho, Rose? Dinheiro? Eu posso lhe dar todo dinheiro que você quiser. Não dificulte as coisas...não tente tornar isso uma competição...- Ele coloca uma mecha solta do meu cabelo atrás da minha orelha, segura o meu queixo e olha profundamente em meus olhos.
- Henry, não quero ser grossa mas você está me obrigando a ser. Me solta.- Tento me desvencilhar, mas ele continua me prendendo entre seus braços.
-Xiii...não faça barulho, prometo não te machucar...só queria que você fosse minha...- Ele acaricia o meu rosto e olha para os meus lábios.
Não sei se foi por instinto ou por receber treinamentos militares do meu pai, mas em fração de segundos dei uma joelhada em seus países baixos e o empurrei para longe.
-Você não devia ter feito isso Henry, você acabou com toda admiração que eu tinha por você.- Cuspo as palavras enquanto ele segura seu membro fazendo uma cara terrível de dor. Pego o blazer rapidamente e saio da sala ofegante, com o rosto queimando de raiva.
Que dia ótimo, mal começou e já passei por isso. Pego o celular e mando uma mensagem pra Ian. Meus dedos trêmulos não ajudam nenhum pouco.
"Você tem razão, é hora desse medo passar. Eu aceito o presente"
Enquanto eu olhava pro nada o celular vibra.
" Já estava na hora, acabei de sair da reunião, estou passando aí pra te buscar"
Bloqueio o celular e o coloco na bolsa, poucos minutos depois Ian aparece buzinando feito louco.
- Por que demorou tanto? -Digo colocando a cabeça no encosto do banco e fechando os olhos.
- Estava conversando com o Jackson. - ele da um sorriso de lado e seus olhos brilham.
- Calma calma calma, você e o Jack? - Viro-me rapidamente para ele com uma cara de espanto.
-Sim, não oficial ainda. Vamos sair pra jantar essa noite, vem com a gente por favor.- Vejo seu olhar de súplicas e não consigo não rir.
- É claro, você precisa da minha aprovação e aproveitarei para avisar que se ele magoar você, terá que sofrer as consequências comigo. -Ambos damos uma gargalhada uníssona e todos os meus problemas são abafados pela alegria do meu melhor amigo.
- Rose!? Chegamos. - Olho pra fora e vejo a enorme empresa que está aos meus cuidados. Eu dormi? Como chegamos tão depressa? Uau, nada melhor que ter uma boa conversa com um amigo...o tempo passa rápido, literalmente. Dou uma boa olhada para o majestoso prédio na minha frente e devaneio sobre a minha ascensão até agora. Uma hora eu era uma simples empregada, agora, mesmo que provisoriamente, sou a chefe dessa empresa enorme. Dou um sorriso de glória e Ian percebe.
- Eu disse que você era incrível, e parece que o seu chefe também percebeu isso. Mas tenho que admitir, ele é muito corajoso em deixar uma desmiolada tomando conta disso tudo, muita coragem mesmo...- Ele tenta soar preocupado, mas vejo o sorriso sarcástico dele.
- Ele só não tinha opção melhor Ian, e a propósito por que raios você está ao lado dele agora? Não me diz que quer investir nele? O Jack ficaria desapontado...- Ele me da uma cotovelada e dou uma gargalhada.
- Digamos que aquela nossa conversa em Washington mudou um pouco as coisas.- Ele me da um sorriso terno e relaxo imediatamente.
- E sobre o que conversaram? - Me lembro que eu ainda não havia perguntado.
- Coisas de negócios, nada demais. Sorte que eu cancelei a viagem pro Canadá naquele dia, mas enfim, tá na hora de você entrar, sei que vou passar por mil e um interrogatórios se acabar me atrasando por causa dessa cabeça dura na minha frente.- Ele me da um abraço e eu saio do carro.
- Não pense que você vai escapar dessa rapazinho, temos muito a conversar.- Me apoio na porta do carro.-Te vejo daqui a pouco.- Sorrio e me afasto.
Ele apenas acena e sai buzinando. Ian é um cara incrível, nem sei como descreve-lo, além de ter uma boa aparência, é totalmente educado, responsável e um ótimo conselheiro, fico muito feliz pela felicidade dele e ainda mais sendo com o Jack, o grande amor de infância.
"E quando você vai encontrar seu grande amor?" -Meu subconsciente me encara sentado em sua poltrona.
"Quando não for da sua conta". "Talvez ele esteja do seu lado todos os dias". "Calado Lorival você não sabe o que está falando". "Eu sou o seu subconsciente, é claro que sei".
Balanço minha cabeça várias vezes e respiro fundo ao passar pelas portas giratórias.
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