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29° Capítulo

Uma mulher adentra a sala. Ela é muito bonita por sinal, cabelos avermelhados na altura da cintura, pele clarinha, aproximadamente 1,70 de altura. Está usando uns óculos meio arredondados. Spencer fica de pé caminhando até a mesma.

- Muito prazer, sou a Dra. Torres, a que ligou para senhorita, sinto muito não está no outro hospital quando vocês chegaram tive alguns imprevistos.- Ela olhou para o Spencer de cima a baixo e esboçou um sorriso- Espero que o Dr. Parker tenha os atendido bem.

-Bem até demais - Spencer soa um pouco grosseiro ao pronunciar as palavras e revira os olhos, eu apenas suspiro e me levanto indo até a doutora.

- Muito prazer, sou a Rose e sim o Dr. Parker foi super gentil.- Aperto a mão dela e tento soar o mais simpática possível. Ela acha que eu não a vi comendo o Spencer com os olhos? Espera, por que estou preocupada com isso?

-Sou o acompanhante da senhorita Williams...- Spencer se apresenta e eu saio do meu devaneio sem mesmo perceber a interrupção da doutora.

- Você é o Senhor Bennett! Quem não conhece você? - É verdade, quem não o conhece? Ela morde os lábios e o olha com um olhar penetrante. Será que se esqueceu que eu estou bem ali. Forço uma tosse falsa e ambos me olham.

- Perdão senhorita, você está bem ? - Tirando o fato dela está paquerando Spencer em minha frente, meu pai está no hospital, o cansaço físico e mental eu estou totalmente bem, apenas sorrio e aceno que sim.

- Quando o Senhor Williams poderá ir pra casa? - Spencer se aproxima colocando uma de suas mãos em minha cintura, MAS QUE RAIOS ELE TÁ FAZENDO?

"Talvez esteja te mostrando que não precisa ficar com essa cara" - Responde meu subconsciente que adora dar palpite.

- Só precisamos de alguns exames, são bem rápidos, daqui umas duas horas ele já estará liberado- A senhorita Torres sai da sala com uma expressão séria e dou língua mentalmente pra ela.

Me afasto de Spencer indo até meu pai que ainda dormia. Acaricio seu rosto e dou um sorriso. Fico pensando se não estou sendo grossa e fria demais com Spencer, ele está até agora comigo e não se queixou de nada.

Cerca de duas horas e meia depois estávamos saindo do hospital, eu estava disposta a ter outra conversa com Spencer em relação ao pagamento do hospital. Assim que chegamos em casa, Spencer ajuda a levar papai para o quarto. A subida das escadas foi a parte mais inquietante, mas acho que o Spencer levou numa boa, então fiquei para preparar um café para eles. Assim que termino, subo as escadas e consigo escutar um pouco da conversa dos dois.

- Obrigado, Spencer! - Jorge diz assim que se deita na cama -  Principalmente por ter estado ao lado dela, ela se faz de forte assim, mas é só uma menina...-Algumas lágrimas brotam em seu rosto mas no mesmo momento ele as limpa.- Eu tenho que ser um pai melhor para ela.

- Senhor...- Jorge faz uma cara feia para ele - Desculpe-me, Jorge, mas você não tem que se culpar, sua filha realmente é uma mulher forte, uma mulher que luta pelo que acredita e não mede esforços para conquistar o que quer. As vezes é atrevida,- Ele da uma pausa e imagino um sorriso surgir ali-  mas isso faz que ela continue sendo única.  você só precisa descansar agora, ela estará em boas mãos, eu te prometo.- Spencer da um sorriso que imediatamente acalma o meu pai.

- Sei que você vai cuidar muito bem dela, mesmo tendo pouca idade ela é bem inteligente .- Ele aperta a mão do Spencer e da um suspiro.

- Sim, agora você precisa se deitar. Vou pedir a Rose que suba.- Spencer sai do quarto e imediatamente desço alguns degraus para ele não perceber que eu estava escutando. Ele passa as mãos pelos cabelos e as descansa no bolso da calça, em seguida, para logo no topo da escada, olhando para algumas fotografias.

- Essa é minha mãe - Caminho até ele tirando sua atenção.

- Você se parece muito com ela, principalmente os olhos - Ele me olha e volta a analisar as fotos.

- Meu pai também costuma dizer isso. -Me aproximo das fotos- Sinto falta dela.- Passo os dedos sob uma delas e tento controlar um soluço que ameaçava fugir da minha garganta.

Sem ao menos perceber, ele me puxa contra seu peito e envolve os braços em torno de mim, fazendo um tipo de carinho no topo da minha cabeça. Não sei o porquê, mas aquele gesto me roubou algumas lágrimas e levou-me a envolve-lo com os braços também, eu precisava desse abraço então aproveitei o momento .

-Seu pai tem razão... você é só uma menina...-Ele sussurra enquanto apoia o queixo no topo da minha cabeça.

Encaro o mesmo que solta um maldito sorriso, ele balança a cabeça e segue em direção as escadas, fico alguns segundos tentando raciocinar o que houve.
Desço as escadas atrás dele.

- Por que fez isso? Por que saiu da festa pra ficar em um hospital comigo ? Por que fez aquilo nas escadas?- Tento soar o mais calma possível, mas aquela dúvida estava me corroendo há muito tempo.

- Você faz muitas perguntas...-Ele revira os olhos- é mais bonita quando fica em silêncio. Mas fiz isso porquê sou seu patrão, é minha obrigação, nada mais.- Vejo ele indo em direção a porta e em seguida olha nos meus olhos.-Agora tenha uma boa noite, espero que seu pai fique melhor.- Ele pragueja e sai, fechando a porta atrás de si, mas posso jurar que vi dor e tristeza em seus olhos.

Fico totalmente sem reação, pensei que ele se preocupasse, que realmente eu tinha algum valor para ele, mas agora percebo que me enganei novamente.

" Talvez você tenha e ele não queira admitir"- Afirma meu subconsciente, como sempre aparecendo em momentos inapropriados

Escuto a partida do carro e suspiro me sentando no sofá.

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