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22° Capítulo

O tempo parecia não querer colaborar comigo; tentei finalizar minhas anotações o mais rápido possível enquanto o Spencer estava no banheiro. Acho impressionante que ainda me restem alguns fios de cabelo, meu desespero é visível para qualquer um, quando penso que o trabalho acabou, mais se tem a fazer. Escuto o barulho da água do chuveiro cessando e acabo por observar a porta do banheiro inevitavelmente.

-Droga!!!- murmuro ao ver um porta ternos esticado no sofá do escritório e percebo que o Spencer tinha se esquecido de o levar para o banheiro.

-1 dólar por seus pensamentos- Spencer me desperta do meu devaneio, fazendo-me levantar automaticamente da cadeira.

-ah...Sr.Bennett eu...Spencer eu- corrijo-me ao ver seu olhar repreendedor.- estava apenas terminando meus afazeres, des...- Paro imediatamente ao ver a imagem posicionada em minha frente: Spencer com o cabelo despenteado, uma grande toalha envolvendo sua cintura e o resto do seu corpo despido, contendo apenas algumas gotículas de água. Minha boca caiu aberta ao ver aquela cena, acho que meu rubor era visível a qualquer um a quilômetros de distância. Sou despertada por uma voz me chamando.

-Apreciando a visão, Senhorita?- Spencer implanta aquele sorriso sarcástico no rosto que me faz explodir de raiva. Como aquele cara pode ser tão narcisista? Reviro meus olhos e vejo uma pequena luz ofuscar os meus olhos. Uma pequena chave estava pendurada em um fino cordão no pescoço do Spencer e aquilo me abriu uma brecha para sua pergunta.

-Talvez... estava apenas surpresa que um homem desse tamanho...- digo apontando para o corpo dele- ...escreva em diários particulares de princesa.- aponto para a chave em seu pescoço e coloco um sorriso sarcástico no rosto. O olhar dele era fulminante e no mesmo momento desejei colocar minha cabeça em um buraco. Rose, o que deu em você?! Meu subconsciente grita comigo.

-Srt.Williams, primeiro, isso não é uma chave de um diário, segundo, eu não devo satisfações a ninguém sobre o que faço ou não e terceiro, mesmo que eu escrevesse algo tenho certeza que teria coisas felizes para contar, diferente de você com sua vidinha miserável.- Ele cospe todas aquelas palavras me olhando com desprezo e imediatamente viro-me e saio da sala, lágrimas caindo de forma descontrolada pelos meus olhos agradeci mentalmente o andar estar vazio.

Respira, Rose, respira!! Encosto minha testa na parede mais próxima e tento controlar minhas emoções. Quem ele pensa que é? Ele não tem o direito de falar essas coisas para mim!! Eu o odeio, eu o odeio com todas as minhas forças!!!

Sinto a presença de alguém atrás de mim e imediatamente me viro pra começar a xingar o sujeito que eu imaginava ser o Spencer, mas estava enganada.

-Rose, o que houve? Você está bem? O que aconteceu?- Henry coloca as mãos no meu rosto, fazendo-me olhar para ele. Não resisti aquele ato e o abracei, rompendo a represa contida em meus olhos.

Minha cabeça girava, meus soluços ecoavam pelos corredores e eu só queria desaparecer, esquecer tudo que me afligia, esquecer das palavras rudes que aquele babaca proferiu. Não sei quantos minutos se passaram, talvez horas, mas em nenhum momento o Henry me soltou, ele ficou me abraçando como se fosse uma fortaleza e eu consegui me sentir segura e agradeci ao universo por ele está ali justamente hoje.

-Rose, volt...- Escuto algumas palavras vindas atrás do Henry e vejo pela primeira vez na vida o Spencer chocado. Tentei me desvencilhar do abraço, mas eu conseguia sentir que o Henry não queria me deixar ir, ele sabia exatamente o que tinha acontecido e não queria me deixar vulnerável nas garras do Chefe. As pupilas do Henry se dilataram e eu o vi abrir e fechar a boca inúmeras vezes, sem proferir nada.

-Srt. Williams, caso não queira ser despedida, sugiro que volte ao seu trabalho.- Spencer fala duramente e se retira do local, batendo a porta fortemente.

-Respira...você consegue, eu sei, sei o quanto você é capaz, sei que você vai encarar esses obstáculos, não desista agora, Rose. Eu estou aqui.- Henry afagou mais uma vez o meu cabelo e eu me recompus, lhe dando logo em seguida um sorriso de gratidão.

Me dirigi até a sala do Spencer, sentei-me em minha cadeira e comecei a trabalhar, ignorando completamente o ser do outro lado da sala que me olhava. Eu estava completamente concentrada no que fazia, nem pude ver o tempo passar, quando me dei conta já eram 21:00 p.m. . Não consegui entender o porquê, mas me sentia fraca e com muito sono... DROGA, eu ainda não comi nada hoje. Respiro fundo e tento me acalmar, o enjoo aflorava dentro de mim e eu só conseguia pensar no relatório que teria que terminar naquela noite. Olho para as janelas e vejo a escuridão espalhada pela sala, Spencer parecia não estar mais no escritório, então resolvo ser o mais rápida possível. Começo a digitar desenfreadamente, as papeladas para a construção da nova filial em Kansas eram mais complexas do que o Spencer tinha comentado. Revejo os detalhes e pressiono a tecla Enviar e quase imediatamente escuto o som das notificações serem acionadas no computador principal. Jogo meus braços para trás e respiro fundo.

-É Rose, você conseguiu...-acabo por falar comigo mesma e esboço um sorriso no rosto. Olho mais uma vez para o relógio e arregalo os olhos ao ver que eram 22:30 p.m. Arrumo minha mesa e pego minha bolsa, me direcionando para a cansativa escadaria.

Quando coloco minha mão na maçaneta da porta escuto o "Plin" do elevador e para minha surpresa encontro ninguém menos que o Sr. Perfeitinho encostado em umas das paredes do elevador, olhando fixamente para mim. Reviro os olhos, dou as costas para ele e começo a descer as escadas.

-Rose, Espere!!! Uoh, espera, espera!!- Spencer surge do nada e agarra meu braço me fazendo Parar abruptamente em sua frente.- O que faz aqui essa hora? Era para você estar em casa a muito tempo.-Ele bufa e desliza as mãos pelo cabelo demonstrando frustração.

-Eu não tenho nada para falar com você, queira me soltar por favor.- Retiro com certa força meu braço de sua mão. Continuo descendo as escadas e o escutando vir atrás de mim. Tentei chegar ao térreo o mais rápido possível mas a minha tontura e a adrenalina invadindo meu corpo não colaboravam. Me dei por vencida e fiquei imóvel, esperando ele me alcançar. Ele ficou me fitando, avaliando minhas reações, esperando o momento perfeito para falar algo, mas eu consegui ser mais rápida.

-Fala logo, Spencer, desembucha, diz o que você tem pra me falar. Eu não aguento mais você, eu tentei ser forte, mas eu...- tudo aconteceu muito rápido, o chão pareceu derreter, o ambiente ficou escuro e eu só consegui ouvir alguém me chamando bem longe.

-Rose...Rose... fica comigo... Ro...

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