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16° Capítulo

Continuo caminhando, perdida em meus pensamentos e sem ao menos perceber, chego em um jardim magnífico. Flores de todas as espécies preenchiam o local e bem no meio dele habitava um pequeno balanço solitário. Aquele simples objeto me fez lembrar da mamãe e todas as vezes que ficávamos no jardim de nossa casa, era tudo tão fácil.

-Rose? - A voz de Spencer faz com que meu corpo involuntariamente se vire para ele.

-Spencer, eu já sei o que você vai dizer, vai come..

-Espera!- Ele me interrompe, da um suspiro profundo e me olha. - Eu acredito em você, não é a primeira vez que ele faz isso... com Kayte... - Ele para no nome dela e me olha, eu apenas dou uma risada irônica e continuo o olhando.- Olha, eu sei que vocês não se dão bem..

-A questão não é essa Spencer, mas isso não vem ao caso, estou exausta e preciso arrumar as coisas da viagem. Partimos em poucas horas, Paul vai me levar.

-Rose, espera. Você vai com o Paul?

"Querido você quer que ela vá como? Correndo? Não se esqueça que foi você que mandou Paul ficar a disposição dela". Meu subconsciente protesta com os braços cruzados.

-Digo.. Você vem comigo, preciso mandar ele em um lugar, se importa ?

-Tudo bem, só quero voltar pra casa logo. -Abaixo meu olhar. Spencer coloca uma de suas mãos em minha cintura para que eu pudesse caminhar até o carro e novamente aquele choque envolveu todo meu corpo.

-Rose? -Ele diz em um tom suave. -Se importa de caminhar comigo antes de voltarmos? Tem um lugar especial aqui... Sempre venho quando possível.

-Ah...tudo bem, mas não podemos demorar.- dou de ombros e continuo caminhando sei que se dissesse não, ele me convenceria de algum modo.

-Não vamos, eu prometo! -Ele se vira e estende sua mão para mim.

-Sei andar sozinha Spencer, não preciso da sua ajuda. -Digo um pouco rude.

- Não custa prevenir, do jeito que é lerda e desastrada.... -Ele dá uma risada.

- Se continuar fazendo graça eu vou embora andando.

- Para de ser chata, Rose, cadê o senso de humor?

-Tá na.... Vamos logo.

Ele ri novamente e nos dirigimos ao lugar que ele desejava visitar, ambos em um silêncio profundo o que me fez muito bem. Cerca de uns 10 minutos caminhando, chegamos em um parque. Eu nunca havia saído de Nova York  desde que me mudei do Brasil ainda bebê e isso é fantástico. Washington tem toda sua beleza, as flores que estavam a enfeitar o belíssimo local, são às cherry blossoms. Nessa época do ano ficam ainda mais belas.

-Esse lugar me trás sossego, e é confortante. -Spencer está tranquilo, nem parece aquele arrogante e estúpido de sempre.

Eu não consegui dizer nada, aquele lugar me lembrou a mamãe. Desde sua morte, procurei bloquear qualquer coisa que me fizesse lembrar dela, era mais fácil pra lidar com a dor.
Naquele instante memórias surgiram e sem que eu pudesse conter, lágrimas escorriam involuntariamente por meus olhos.

Spencer se aproximou, parecia preocupado.

-Hey...O que houve? Não gostou do lugar ?

-Não é nada... -Enxugo meu nariz de forma deselegante e forço um sorriso.
-Vamos lá, Rose, eu sei que tem algo te incomodando. Ninguém chora por nada...- ele segura o meu queixo e me faz olhar em seus olhos.
-Me lembrei da minha mãe... desde sua morte não tive aquele momento pra chorar rios e rios sabe?! - Dei um sorriso fraco.

-Chorar não te torna fraca, você é um ser humano e tem sentimentos. Não machuque você mesma, Rose.

Aquelas palavras de Spencer fizeram meu coração acelerar e ao mesmo tempo se tranquilizar. Suas mãos seguraram com delicadeza meu rosto e seus polegares limparam minhas lágrimas.

- Você fica mais bonita quando está sendo chata.-Ele sorri e eu o empurro de maneira brincalhona.

- E você é bonito quando está de boca fechada. -É minha vez de brincar e ele se finge de chateado.

Ficamos ali por cerca de uns 30 minutos, não havíamos almoçado ainda, mas eu estava sem fome pra comer qualquer coisa e ele também parecia estar.

-Vamos pra casa, precisamos arrumar as coisas e só temos uma hora e meia.

-Vamos lá. Ah! Spencer, digo Senhor Bennett.- Apresso-me corrigindo o meu erro. "Qual é, você tem sonhos molhados com ele, o que tem de tão errado chama-lo pelo primeiro nome?" Minha deusa interior me questiona.

-Spencer, Rose, apenas Spencer.- Seu tom fica ligeiramente grosso e áspero ao me repreender.

-Spencer, será que eu poderia fazer hora extra hoje?

-Mas por que? Tem trabalho acumulado ?

-Não, mas é que mesmo o salário sendo maravilhoso, não conseguirei pagar a casa até o prazo combinado.

- Rose, não quero que se sobrecarregue tanto assim, mas por hoje tudo bem, você pode ficar. -Chegamos onde o carro estava, na realidade, de onde ele nem saiu desde às 8:00.-

Entramos no carro e que CARRO!!

-É um Audi R8 Spyder...- ele fala imediatamente, seus olhos se iluminaram ao falar sobre o carro.

Reviro os olhos e entro no automóvel. Fiz notas mentais sobre os gostos de Spencer, pena que eu não entendo dessas coisas. "Homens e seus brinquedos", meu subconsciente revira os olhos para mim. Ele ligou o som e estava tocando "Demons", de Imagine Dragons". Fechei meus olhos para relaxar com os acordes daquela maravilha. Em questão de minutos chegamos, ele me olhou e sorriu, nosso olhos ficaram conectados por segundos até que um barulho chamou nossa atenção.

-Foi lá dentro? - Descemos rapidamente do carro e quando abrimos a porta tivemos uma surpresa.



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