Pelo menos entender
2 dias depois
Pov Ludmilla
- Lud, você vai? - Bu perguntou sentando no meu colo.
- Melhor não Bu. - disse e ela negou.
- Ludmilla, a gente precisa contar a verdade pra ela. - ela disse e eu neguei.
- Deixa ela Bu, pelo menos ela aproveita enquanto ele não mostra a que veio. - disse e ela negou.
- Eu quero contar Lud, não confio nele. - ela disse séria.
- Me dá um tempo pra pensar? - perguntei e ela assentiu.
- Uma semana okay? - ela perguntou.
- Okay. - disse e ela me deu um selinho.
- Agora se arruma porque eu sei que você quer ir. - ela disse e eu ri.
- Ele vai? - perguntei e ela deu de ombros.
- Ele não é o pai dela, então você vai fazer seu papel de papa e ela vai agir como filha porque eu não criei filha ingrata. - Bu disse séria.
- Eu só vou levar vocês. - disse e ela bufou.
- Tudo bem Lud, mas vamos conversar com ela depois. - ela disse e saiu do quarto.
Peguei uma camiseta preta com detalhes cinzas, uma calça jeans clara e um tênis preto. Deixei meus cabelos soltos e saí do quarto indo em direção as escadas e parei escutando Brunna falando com Jasmine.
- Ela merece sua consideração Jasmine, ela não quer ir na sua apresentação porque acha que você não se importa com ela. Foi ela quem criou você, mimou, cuidou, chorou com você, sempre fez todas suas vontades, esse homem não merece um pingo do seu amor, se fosse uma decisão só minha, eu contava tudo agora mesmo, mas ela precisa de um tempo e sabe por quê? Porque ela prefere a sua felicidade ao invés da dela, ela te ama, não seja idiota ao ponto de estragar esse amor. - Bu disse e Jasmine estava chorando.
- Eu só queria pelo menos entender porque vocês não gostam dele. - Jas disse chorando.
- Quando ela estiver pronta vamos contar, só peço pra não confiar tanto nele, está muito óbvio que ele não se aproximou de você por amor. - Bu disse e desci as escadas.
- Já estão prontas? - perguntei e Bu assentiu. - Cadê o Theo?
- Está lá fora conversando com os seguranças. - Theo disse e eu assenti.
Saí de casa e tirei o carro da garagem, fiquei esperando elas saírem de casa e desci do carro para abrir a porta para Brunna.
- Minha dama. - disse fazendo reverência e Bu sorriu.
- Boba. - ela disse rindo e entrou no carro.
Entrei no carro e Bu beijou meu rosto deixando uma mordida no meu lábio inferior.
- Já deu né? - Theo disse e eu ri.
- Não posso nem ganhar um beijo da sua mãe? - perguntei rindo.
- Não, ela é minha mama. - Theo disse e gargalhei.
- Já fiz muito mais que beijo. - disse e Bu corou.
- Lu. - ela disse envergonhada.
- Desculpa princesa. - disse e beijei seu rosto.
Seguimos o trajeto entre conversas aleatórias, na verdade eles porque eu apenas escutava, Jasmine sempre amou cantar, apesar de falar que quer ser obstetra. Lembro da primeira aula dela de música, eu quem levei, ela chegou completamente tímida e agora faz várias apresentações no teatro da escola de música. Depois de vinte minutos estacionei o carro e desci para abrir a porta para Brunna, ela sempre diz que não precisa, mas amo tratá-la assim, fomos andando até a entrada.
- Você é tão fofa. - Bu disse abraçando minha cintura.
- Te amo minha latina. - disse e dei um selinho nela.
Me despedi deles e fui para o carro, fiquei esperando e lembrando do dia que contamos que Jasmine não era minha filha biológica.
Flashback on
Oito anos atrás
Fazem cinco minutos que contamos para Jasmine e ela está me olhando com um olhar indecifrável, estou mais do que agoniada pela reação dela. Depois que contamos Bu me deixou sozinha com ela, esse momento é nosso.
-Você não vai ser mais minha papa? Só do Te? - Jasmine perguntou parando na minha frente.
- Nada mudou minha bonequinha, eu sempre vou ser sua papa, sempre. - disse colocando ela sentada no meu colo.
- Promete? Eu não quero ficar sem papa. - ela disse com carinha de choro.
- Prometo, você é minha filha okay? Um pouquinho de sangue não vai mudar nada. - disse e ela assentiu.
- Então eu posso chamar de papa sempre? - ela perguntou.
- Sempre, nada mudou, a gente só não queria esconder nada de você, mas você continua sendo minha bonequinha. - disse e ela me abraçou forte.
- Promete que não vai me abandonar? - ela perguntou com o rosto no meu pescoço.
- Prometo minha pequena, onde você estiver... - disse e ela completou.
- Ali está meu coração. - ela disse e aconcheguei-a em meus braços.
Flashback off2
Fiquei mais ou menos duas horas sentada no carro escutando música e comendo um lanche que comprei, liguei a televisão do carro e coloquei no jogo pra ver um pouco, mas fui interrompida pelo celular tocando.
Ligação on
-Oi princesa.
-Lu, tem como você vir?
-Eu tô aqui no carro, no outro lado da rua.
-Ela está quase cinco minutos em cima do palco e não sai nada.
-Como assim?
-Não sei Lud, ela só está sussurrando que não é certo.
-Como assim?
-Eu não sei Lud.
-Tô indo aí Bu.
-Tá bom Lud.
-Fica calma, ela só está um pouco nervosa.
-Tá bom.
-Beijo.
Ligação off
Entrei no teatro e vi Caio próximo ao palco com uma cara de tédio, que cara idiota, a filha fazendo o que gosta e ele nem aí. Fiquei de longe mesmo, não sei se Jasmine quer eu perto, ela estava chorando e meu coração apertou.
- Onde você estiver... - disse tirando o cordão que Jasmine me deu do bolso.
Pov Jasmine
- Ali estará meu coração. - murmurei olhando meu cordão.
Sabe quando você escolheu a música meses atrás, mas agora não consegue cantar porque a música toca bem no fundo? Nesse exato momento estou assim, não quero nem posso cantar sem minha papa, a minha papa. Caio está sentado olhando para mim todo sério, ele fica sussurrando "Eu tenho uma reunião daqui a pouco, anda logo." Poxa, é difícil entender? Primeiro que eu pensei que ele fosse ficar comigo a tarde inteira, segundo que eu preciso de um apoio, mesmo minha mama estando comigo e meu irmão, não está funcionando, é como se faltasse algo.
- Desculpa. - disse no microfone e deixei as lágrimas caírem.
Depois de alguns minutos tentando segurar o choro, acabar com essa apresentação era o que iria fazer, mas escutei um assobio muito conhecido por mim, o assobio que não importava o barulho que fizessem, sempre consegui identificar, olhei em direção à porta e vi minha papa me olhando.
- Você consegue, eu acredito em você. - fiz leitura de lábios e ela sorriu.
Peguei meu violão e comecei a cantar "Like I'm gonna lose you", sempre amei cantar essa música porque me lembra minha família, depois de muitos aplausos desci do palco encontrando minha família.
- Foi lindo filha. - minha mama disse me abraçando.
- Arrasou mana. - Theo disse e eu sorri.
- Gostou Caio? - perguntei, ainda não consigo chamá-lo de pai.
- Uhum, mas agora tenho que ir, você demorou demais. - ele disse e foi embora sem ao menos um abraço.
- Cadê minha papa? - perguntei triste.
- Ela disse que iria sair um pouco. - minha mama disse.
- Tudo bem. - disse triste.
Passamos no McDonald's para lanchar e fomos para casa, chegamos e fui direto para o quarto, tomei um banho relaxante e desci com uma crooped preta, um short jeans claro e meus cabelos presos num coque frouxo. Sentei no sofá e depois de alguns minutos minha mãe e Te também vieram.
- Vamos jogar Jas? - Te perguntou e eu neguei.
- Não gosto de jogar com você, eu sempre perco. - disse e ele riu.
- Tá falando isso só porque a papa sempre deixa você ganhar. - ele disse e eu fiz biquinho.
- Chato. - disse e fiquei mexendo no celular.
- Bom, já que você não vai jogar, eu vou jogar no meu quarto. - Theo disse e subiu as escadas.
- Filha? - minha mãe chamou.
- Oi mama. - disse sentando ao lado dela.
- Quem é Rafael? - ela perguntou e engoli a seco.
- Um garoto que eu tô ficando. - disse e ela assentiu.
- Ele trata você bem? - ela perguntou e eu dei de ombros.
- Ele é um pouco bruto, mas acho que é o jeito dele. - disse e ela assentiu.
- Vou perguntar uma vez só e quero a verdade. Que marca é essa na sua costela? - ela perguntou e engoli a seco.
- Eu machuquei no banheiro. - disse e ela negou.
- Quero a verdade Jasmine. - ele disse séria.
- Foi ele, a gente discutiu ontem, ele ficou com raiva e acabou me dando um soco. - disse sentindo os olhos marejados.
- Há quanto tempo esse tipo de coisa acontece Jasmine? - ela perguntou e mordeu os lábios nervosa.
- Duas semanas, ele não deixa eu ficar com outra pessoa, ele me ameaça mama, já tentei terminar, mas ele não deixa. - disse deixando as lágrimas caírem.
- Você contou isso pra mais alguém? - ela perguntou me abraçando.
- Pro Caio, mas ele disse que é assim mesmo, que o Rafael só estava com raiva, que eu estressei ele. - disse e ela me olhou.
- Isso não é normal, esse... Esse relacionamento acaba aqui. - ela disse nervosa.
- Ele vai me machucar mãe. - disse e ela negou.
- Não vai. - ela disse me aconchegando em seus braços.
- Eu tô com medo mama. - disse chorando.
- Quantos anos ele tem? - ela perguntou.
- Dezenove. - disse e ela assentiu.
Continuei chorando e vi a maçaneta girar, minha papa como sempre aproximou-se e deu um selinho na minha mãe e agachou-se na minha frente acariciando meu cabelo e beijou meu rosto.
- O que foi? - ela perguntou e eu só conseguia chorar.
- Lud, senta um pouco. - minha mãe disse e ela arqueou a sobrancelha.
- O que aconteceu? - ela perguntou levantando.
- O Rafael. - minha mãe disse e ela olhou confusa.
- Quem é Rafael? - minha papa perguntou confusa.
- O ex ficante, namorado ou sei lá o nome da Jasmine. - minha mãe disse.
- O que ele fez? - ela perguntou já nervosa.
- Isso Lu. - minha mãe disse mostrando minha costela.
- Eu vou acabar com ele. - ela disse com raiva e se agachou na minha frente. - Quando ele fez isso?
- O-ontem. - disse e ela assentiu.
- Mas ontem você não saiu com o Cabral? - ela perguntou e eu assenti.
- É que foi... Na saída da escola. - disse e ela assentiu.
- O Cabral sabe disso? - ela perguntou e eu assenti.
- Ele disse que é assim mesmo, que o Rafael só estava com raiva, que eu estressei ele. - disse e ela assentiu.
- Amanhã você vai me mostrar quem é esse garoto, com o Cabral me entendo depois. - ela disse séria e sentou no sofá.
Ficamos um tempo em silêncio e me acalmei.
- Obrigada por ir hoje papa. - disse e ela assentiu.
- Você foi incrível. - ela disse e pegou o celular. - Você não sai mais com o Cabral entendeu?
- Como assim? - perguntei confusa.
- Se ele acha normal um homem bater numa mulher é sinal de que ele também bate, você não vai mais sair com ele. - ela disse sem me olhar.
- Mas ele é... - fui interrompida por um beliscão no braço. - Ai mama.
- Cala a boca e obedece. - minha mama sussurrou dando um olhar sério.
- Sim senhora papa. - disse e ela me olhou.
- Quantos anos esse garoto tem? - ela perguntou.
- Dezenove. - disse e ela assentiu.
- E por que eu só soube da existência dele pelo seu irmão? - ela perguntou séria.
- É que... Eu... Eu não sei. - disse coçando a nuca.
- Acho melhor você não me esconder mais nada. - ela disse e saiu da sala.
- Não quero você pronunciando que esse cara é seu pai, principalmente na frente dela. - minha mama disse e eu assenti.
- Eu não vou ver mais ele? - perguntei e ela negou.
- Você realmente acha que ele gosta de você Jasmine? - ela perguntou com a sobrancelha arqueada.
- Ele é meu pai, deveria gostar não? - disse e ela negou.
- Ser pai está aqui Jasmine. - ela disse tocando meu peito. - Ser pai é fazer exatamente o que a Ludmilla fez por você, mesmo ela odiando estar no mesmo ambiente que ele, ela entrou só pra apoiar você porque eu sabia que você estava sentindo falta dela e liguei, ser pai é ela se preocupar só de ver você chorando, é não deixar ninguém te fazer mal, isso é ser pai Jasmine. - ela disse e fiquei olhando fixamente para ela.
- Me conta a verdade mama, por favor. - disse e ela negou.
- Só quando ela quiser, não posso tomar uma decisão dessas sozinha. - ela disse e eu assenti.
- Vai demorar muito? - perguntei e ela deu de ombros.
- Ela está com medo de perder você Jasmine, você também não está colaborando querendo usar o sobrenome dele. - ela disse e eu assenti.
- Eu não sei mais se quero usar. - disse e ela assentiu.
- Espero que você não queira mesmo, até porque não pode, a Ludmilla foi capaz de arriscar a vida dela por você, ela não merece isso. - ela disse e saí do colo dela.
- Como assim mama? - perguntei e ela me olhou.
- Sabe aquela marca leve que ela tem no ombro? Foi um tiro que ela levou pra proteger você. - ela disse e eu assenti.
- Mas de que forma? Como isso aconteceu? – perguntei.
- Uma ex bem maluca dela sequestrou você, você tinha três anos, não deve lembrar. Ela levou você e a Ludmilla teve que literalmente bater nela pra defender você, só deu tempo pra eu pegar você e correr para fora, tiveram alguns disparos e um acabou pegando nela. - ela disse e meus olhos marejaram.
- Não sabia dessa história, ela foi uma verdadeira heroína. - disse sentando ao lado dela e ela sorriu.
- Porque ela prefere não contar, assim como todas as vezes que ela me protegeu. - ela disse e eu sorri.
- Ela é muito diferente dele, ele sempre foi grosso assim? - perguntei e ela assentiu.
- Sempre, depois que conseguiu me levar pra cama piorou, não me arrependo de ter engravidado até porque você foi uma das melhores coisas que me aconteceu, mas daria tudo para nunca ter ficado com ele. - ela disse e segurei sua mão.
- Ele já te bateu? - perguntei e ela assentiu.
- No dia que contei sobre você. - ela disse e eu assenti.
- Então você contou? - perguntei e ela assentiu.
- Eu não deveria contar, mas não aguento mais, chama a Ludmilla. - ela disse e eu assenti.
Fui até a cozinha encontrando minha papa olhando a parede com os olhos marejados, me aproximei e ela fungou tentando esconder as lágrimas.
- A mama está chamando. - disse e ela assentiu.
Fomos andando até a sala e minha papa sentou ao lado da minha mãe, sentei de frente pra elas e minha papa me olhou confusa.
- Lud, eu quero contar. - minha mama disse.
- Bu, por favor. - minha papa disse triste.
- Eu vou contar tudo, não quero mais a nossa família separada nem você triste pela casa. - mama disse e abraçou ela.
- Tudo bem princesa. - minha papa disse.
- Bom...
Até qualquer dia, baby's!❤
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