Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

1. The Good Times Are Back

Sejam bem-vindos de volta alunos da West Side. Um novo ano letivo já começou aqui em Fort Valley e o comitê de aulas os espera no final do corredor. Não se esqueça do toque de recolher hoje, as oito da noite; as autoridades de todo o estado estão em alerta. O MK pode ser seu vizinho, seu pai ou até mesmo você! Tenham um ótimo dia e tomem cuidado!

Os autofalantes emitiram a primeira fala da manhã, a voz feminina, autêntica e aveludada ecoava pelos ouvidos dos alunos, que pararam tudo o que faziam para apenas escutar. Desde que o famoso assassino em série de adolescentes realizou sua última rematada e saiu ileso, levando consigo os órgãos de quatro vítimas, e com certeza, outras não confirmadas, todos estavam inquietos. Já fazia pouco mais de dois anos, mas o garoto de cachos castanhos se lembrara como se fosse ontem das notícias se espalhando como uma tempestade por toda a cidade.

Harry, um dos garotos mais normais naquele local se encontrara em transe com a mensagem passada há pouco segundos, e quando todos voltaram a andar até suas salas novamente, ele apenas ficou paralisado perto de uma das lixeiras ao lado da escadaria; relembrando o terror que já durava nove anos. Cedartown foi a última cidade atacada, seus alvos eram precisos, sempre locais um tanto quanto isolados e com um número de habitantes muito baixo. Muitos que acreditavam conviver com um morador normal, se surpreenderam ao saber que o mesmo havia fugido e nunca mais fora visto por ninguém. Sua última mensagem fez com que tudo fosse paralisado nesse novo ano, era altamente proibido sair após as oito e quem o fizesse seria preso e investigado.

Despertando a si mesmo, o menino voltou ao seu cotidiano repetitivo, arrumando a bolsa transversal marrom qual tinha em seus ombros. Sentira falta do cheiro de hormônios adolescentes ativos naquele corredor, os grupos, as aulas, havia sido um tédio passar suas férias em casa junto à sua mãe e irmã; que eram as piores e mais encrenqueiras mulheres do mundo, principalmente juntas.

O seu armário fora aberto rapidamente quando conseguiu se livrar da multidão e agarrando seus livros contra seu peito, o garoto se assustou, podendo sentir alguém abraça-lo por trás, tampando seus olhos com as mãos.

– Adivinha quem é... – Claramente, ele sabia quem era, seria fútil dizer que não reconhecia a voz e mãos ásperas - e bem maiores que as suas - de seu melhor amigo. Além de que seu perfume natural era o cheiro preferido de Harry no mundo todo, depois do cheiro dos Walflles que sua mãe faz.

– Hmm... Sebastian? – Ele colocou seus dedos por cima dos dele e tateou para trás enquanto ainda agarrava as apostilas, a fim de brincar com ele também. – Não...espere! Luccas! É você não é, Luccas?

– Não! É o Mutilus Killer! – Atacado por uma onda de cócegas, os dois adolescentes rolaram pelos armários enquanto Harry ria descontroladamente, mostrando suas covinhas genuínas para o mais velho. – Quem é Luccas? – Fingindo estar com ciúmes, o outro cruzou seus braços em frente ao peito, formando uma expressão raivosa, fazendo com que o esverdeado cortasse lentamente sua risada gostosa para encolher seu olhar e voltar seus dois braços até os livros. – Eu estou brincando, seu bobo! – Ele riu novamente e Harry o acompanhou com um sorriso de lado envergonhado, sentindo seus cabelos serem afagados amigavelmente.

– Tudo bem, e acho que você não deveria brincar com isso, Liam. Ele pode vir atrás de você para se vingar. – Cochichou contra o pé de seu ouvido, fazendo o amigo se arrepiar, não com as suas palavras, mas sim sua voz; que ele não escutava há um tempo significativo e sentia uma verdadeira abstinência ao não ouvi-la todos os dias – Senti tanta falta de você, achei que iriam ser apenas algumas semanas. – Dando um abraço apertado nele, foi retribuído igualmente, tendo os seus cabelos sendo amassados contra sua jaqueta marrom novamente.

– Foram apenas duas semanas, Harry. E o que te faz pensar que ele não viria atrás de você também? – Payne soltou o garoto e apreciou suas bochechas de coloração rosada que combinavam certamente com suas íris. Pelos últimos onze anos ele vira o menino quase todos os dias, mas aquele pouco tempo no acampamento de verão fizera com que ele percebesse que o pequeno Styles estava crescendo rápido, muito rápido.

– O quê o MK iria querer comigo? Eu sou só um garoto baixinho e bobo, amigo de outro bobão.

– Verdade, continue assim, não sei o que faria se você fosse sequestrado. Não aguentaria perder meu melhor amigo. – Os dois continuaram a andar e Liam segurava a mochila que tinha em suas costas em apenas um só ombro, Harry corou ainda mais com a frase do oposto e resolveu mudar de assunto para não piorar a situação. Mas antes que pudesse falar, foi interrompido por alguém que passara rapidamente indo para outra direção, esbarrando em seu ombro e fazendo com que quase caísse; de princípio ele não ligou, se encontrara muito cansado após as brigas de Gemma com Brad, seu namorado, na noite passada.

– O que foi? Parece estar dormindo ainda. Deus! Olhe essas olheiras! – Ele pegou as bochechas do menino e as puxou para cima, fazendo uma ênfase cômica que havia se tornado forçada para a paciência dele.

– Pare, Liam. E é, eu só não dormi muito bem essa noite. Minha irmã foi à cidade vizinha com as amigas para uma festa e ironicamente quem as levou foi Brad. Ela é retardada, pois adivinhe... quando eles chegaram não havia quem aguentasse as gritarias e ofensas na sala de jantar. Ele não desiste dela, e ela não se decide com ele.

– Ainda? Pensei que ela já tivesse terminado com esse cara. Você não se importaria se seu melhor amigo namorasse a sua irmã, se importaria?

– É óbvio que sim. – Deu um soco no ombro dele, que resmungou e passou a mão pela área fingindo estar doendo mais do que deveria. –E Além do mais, militares não fazem o tipo da Gemma.

– Sério? Porque... você sabe, militares fazem o tipo de toda garota.

Os dois riram e Harry suspirou, ele não deveria estar rindo numa situação daquelas, afinal, Brad havia se tornado um grande; grande; muito grande; enorme problema para Anne. A mulher não podia fazer nada além de esperar que os policiais viessem buscar o homem após uma ligação, mas mesmo depois de preso, ameaçado de prisão e multado, ele sempre voltava.

– Mamãe perguntou por você, se importaria de ir lá em casa hoje, depois que eu fechar o boliche? – Harry trabalhava em um boliche desde os seus quatorze anos. Liam também já fora funcionário lá, mas desde que colocou em sua cabeça que após terminar o colégio iria para o exército, se demitiu a fim de começar a cuidar dos quesitos que teria de possuir para passar no teste - mesmo que o garoto achasse que ele já possuía estes quesitos e tentasse fazer com que ele desistisse dessa ideia maluca.

– Não, não me importaria. Depois desse tempo longe da culinária da sua mãe, eu não poderia recusar. – Eles chegaram à sala do garoto e o sinal tocou, fazendo com que os dois olhassem automaticamente para cima, observando os autofalantes. O mais novo ficou sobre a ponta de seus pés, depositando um selinho em sua bochecha, se aprontando para se despedir e sendo impedido mais uma vez pelo outro.

– Eu te busco no trabalho hoje, faz tempo que não faço isso. – Ele segurou um dos braços pálidos dele com a ponta dos dedos, fazendo-o focar nas mãos envolvendo seu bíceps implorando por mais tempo com o amigo.

– Tudo bem, te vejo mais tarde. – Harry sorriu desajeitado e tirou os cachinhos da frente de seu olho esquerdo. O interessante era que Liam também tinha cachinhos idênticos aos seus, e os dois combinavam de um modo inexplicavelmente extraordinário, é claro que houveram várias brigas em meio a essa amizade diferente e pouco conturbada e há quem ache que eles formariam um ótimo casal juntos.

...

Liam parou seu carro em frente ao boliche iluminado e colocou os pés sobre o volante, jogando sua cabeça para trás enquanto observava as estrelas se formarem em meio ao céu da noite um pouco nublada. Ao lado, no topo do telão iluminado, estava escrito em letras cursivas e florescentes "Bowling' Balls". Não havia ninguém nas ruas e era de se admirar o silêncio que espantaria qualquer um que passasse por ali.

Lá dentro, Harry passava o pano molhado sobre as mesas desarrumadas de tom vermelho, a fim de limpar a sujeira que os frequentadores sempre deixavam. Obviamente ele já estava de saco cheio daquele emprego e ganhar quinze dólares por hora não fazia com que ele ficasse mais feliz. Seus olhos fechavam mais a cada instante e ele ainda teria de contar o dinheiro da caixa registradora, coisa que o desagradava, pois desde pequeno odiava matemática.

Seus passos sonolentos iam em direção à ultima mesa e rapidamente ele olhou para o relógio no topo da parede da recepção. Já era hora de ir embora, pois faltavam apenas quinze minutos para o início do toque de recolher. Ele nem se lembrara que liam iria o buscar e naquele momento a única coisa que desejava era dormir um pouco, pois com certeza, após chegar em casa, haveriam mais brigas desnecessárias sobre Brad. E assim fez.

Suas pálpebras descansaram pela última vez e ele caiu sobre um dos bancos da parte da lanchonete, com seus braços cruzados sobre a mesa, apoiando sua cabeça para o lado esquerdo. No momento não pensou em nada mais além de dormir, havia passado o dia inteiro bocejando e aquilo se tornara irritante até para os próprios clientes, que eram sempre a mesma clientela nos dias de semana, já que o estabelecimento só esquentava nos sábados e domingos.

Nas ruas, Liam esperava impaciente, voltou a se posicionar corretamente no banco e resolveu sair do carro. Ele abriu a porta devagar e naquele momento uma rajada fria de vento inundou seu corpo fazendo-o se arrepiar totalmente. Ele olhou em direção a corrente e notou que não estava totalmente sozinho assim. A rua do centro continha mais um carro estacionado além do seu, e Liam não se lembrava muito bem se aquele estava lá ou não quando chegara. Não deu muita atenção para aquilo e seguiu caminho até a calçada. Chegando na grande porta, ele bateu, não obtendo resposta alguma.

Payne resmungou, já era de se imaginar, graças a falta de pontualidade de Harry para certas ocasiões. Naquele momento, o mais velho apenas se encostaria na parede, cruzaria as pernas e acenderia um bom cigarro para tragar, porém já faziam alguns meses que ele estava lutando para acabar com o vício; já que no exército ele não poderia nem pensar em fumar.

No entanto, engoliu seco e observou seu carro - que ele considerava ser uma verdadeira relíquia, já que fora passado de seu avô para seu pai e de seu pai para ele - um Cadillac DeVille de 1966. O veículo preto era encantador aos olhos de todos, invejado e desejado por vários, o que podemos dizer que era um privilégio ao seu ver. Aos poucos, sua visão se turvou e ele jurou perceber movimento no carro mais distante. Não entendeu o que alguém faria a essa hora lá e resolveu ir checar.

Devagar, como quem não quer nada, ele se aproximou mais do veículo azul encarando os vidros escuros enquanto tentava observar algo que pudesse dizer se havia realmente alguém lá dentro. Ele levou sua mão até o vidro e quando estava prestes a bater levemente seu punho nele, pôde ver o reflexo das sirenes coloridas virar a esquina e vir em direção à ele, parando bem ao seu lado e abaixando o vidro lentamente.

Sem palavras, Liam não conseguiu emitir som algum e ao ver o carro suspeito também abaixar o vidro do motorista, seu queixo caiu mais ainda fazendo com que ele tremesse contra a asfalto e o reflexo das luzes amareladas dos postes da rua.

– Boa noite, oficial James. – O indivíduo desconhecido qual ele havia acabado de encarar, sorriu após dizer calmamente. Seus olhos azuis chamavam atenção e podiam ser classificados como hipnotizadores, já que junto à seu tom e timbre de voz, se tornava encantador estar presente onde ele estava, proporcionando harmonia e um clima caloroso no local. Apesar de ainda se sentir ameaçado entre os dois, o homem do carro azul conseguia transmitir pelo olhar que não diria nada ao policial.

– Boa noite, Tomlinson. Esse jovem está te incomodando? – Aquele velho conhecido de Payne o observou com um olhar mortal, se voltando para o outro homem ao lado com uma feição irônica, como se tivesse perguntado aquilo apenas para atiça-lo. Todavia, o chamado de Louis, dos cabelos castanhos bagunçados e olheiras profundas, riu, como se negasse e também partilhara do desespero desnecessário estampado no rosto do garoto.

– Certamente não, Sr. Wood, só bisbilhotando como adolescentes fazem. – Disse calmo colocando as mãos no volante enquanto ajeitava o retrovisor para conseguir ver o menino melhor sem ter que cortar contato com o xerife. Pelo espelho, observara a forte e notável musculatura do adolescente que acabara de completar seus dezoito anos e estava pronto para se juntar ao exército no próximo período. Os cachos curtos e emaranhados chamaram sua atenção. Alto, aparentemente saudável e com grande interesse em esportes, seria a vítima perfeita para recomeçar seus planos. Liam estranhara o grande interesse do homem nele, já em segundo algum parou de analisa-lo. – Só estou de passagem, notei que havia um ingrediente faltando para finalizar meu jantar e achei que o mercado ainda estaria aberto. Mas acho que cheguei tarde.

– Certo, voltem para casa rapazes. Não deveriam estar aqui a ponto de começarmos o toque de recolher. E eu deveria prendê-lo, Liam. Não me faltam oportunidades... mas você sabe, não quero dar mais preocupações ao seu pai. Ele não merece. – A vontade do menino era socar a mandíbula do superior até que ela se deslocasse de seu crânio, porém, se controlou arduamente para não arranjar confusão. Saiu apertando os punhos em direção à seu carro e entrou nele sem poupar sua agressividade. Ligou-o e saiu quase em disparada, só notando ter esquecido de Harry quando estava no outro quarteirão. Mas não era sua culpa, ele não poderia mais voltar lá e agora se perguntara onde o amigo estava e por que não havia cumprido o combinado de ir com Liam para a casa de sua mãe.

Pensando nas várias maneiras de matar o delegado da cidade, continuou se dirigindo para a casa de Anne, relembrando os desnecessários momentos e lembranças que tinha das brigas de seu pai com ele, ou por causa dele.

– Se eu vê-lo perto de você novamente, eu juro, juro que não vou poupar esforços para mata-lo do jeito mais doloroso possível! – No topo da escada, escondido, o garotinho de apenas nove anos ouvia a briga decisiva de seu pais. Já durava quase dois anos e desde que conheceu Harry, ele havia lhe dito que James era cafajeste demais e isso concluía, na sua linguagem infantil, que o outro havia ouvido aquela palavra em algum lugar e resolvera usa-la de maneira equivocada, mas também correta. – Você anda saindo com ele? Anda fazendo isso pelas minhas costas? Pelas costas do seu filho?

A mulher chorava no canto da sala limpando suas lágrimas no uniforme branco de enfermeira qual vestia. Os cabelos castanhos escuros e longos escondiam seu rosto molhado e a única coisa que ela, na época com vinte e cinco anos, podia sentir era vergonha de si mesma. Culpada, não podia negar envolvimento com James, foi pega desprevenida beijando-o, em frente ao trabalho por seu marido, que no momento só conseguiu descer do carro e socar o rosto do outro homem diversas vezes, recebendo também socos e chutes; fazendo a mulher gritar e tentar separa-los enquanto era arrastada de volta ao veículo.

– Foi um erro, eu sempre soube, tê-lo, foi a nossa pior decisão. Você era apenas uma adolescente desordenada, eu não sei onde eu estava com a cabeça quando me apaixonei; por você, uma menina de dezesseis anos. – Com as mãos na cabeça, quase puxando seus fios de cabelo para fora dela, ele gritava desnorteado pelo corredor da pequena casa. – Os turnos extras nunca existiram, não é? Sua... sua... ah. Como conseguiu?

– Eu sei! Foi um erro! Eu iria te contar, para que me perdoasse, não foi minha intenção, mas cada vez mais foi crescendo e crescendo; você nem fica mais em casa, somos obrigados a trabalhar o dia inteiro e.. – Desabando, as gotinhas salgadas inundavam seu paladar, descendo por todo o seu pescoço enquanto ela dizia, tentando acalma-lo.

– Mas é claro! Como você acha que devemos arrumar dinheiro? Como? Me diga, Karen, vamos! Pelo visto você já arrumou uma nova fonte extra de lucro não é! Quanto aquele policial medíocre te pagou?

– Pare de gritar, vai acorda-lo. – Ela disse calma, colocando os braços envolta de seu próprio corpo. – E...ele não me pagou nada.

– Como é? Você vem me traindo fazem meses com o xerife da cidade e quer que eu pare de gritar? – Ele riu irônico e cruzou seus braços enquanto balançava sua cabeça negativamente. – Quer saber? Saía! Agora! Pegue suas coisas e vá embora. Se voltar alguma vez aqui, você já sabe.

– O quê? Não, por favor, Geoff, não. – Ela ajoelhou sobre seus pés e pediu enquanto tentava o tocar continuamente, sendo impedida por ele por grosseiros empurrões em suas mãos. – Esqueça isso, amor, nós podemos esquecer isso e... continuar. O que será do nosso bebê sem mim?

– Não me chame assim! – Ele segurou seu queixo e olhou profundamente em seus olhos. – Levante e para de se envergonhar ainda mais, Karen. Eu posso cuidar dele sozinho. Agora vá! Pegue suas coisas e saía da minha casa.

A partir daquela noite as vezes que Liam vira sua mãe foram poucas, chamadas telefônicas e dias e mais dias de choro marcavam suas memórias friamente. O único que o fizera esquecer isso foi Harry, com a amizade dos dois, Anne começou a o considerar como um terceiro filho. Seu pai passou a se dedicar arduamente ao trabalho numa oficina para sustenta-los sozinho, e com isso, começou a esquecer que tinha uma criança para dar atenção. Karen tentou adquirir sua guarda várias vezes, mas após ser expulsa de casa, também foi rejeitada pelo oficial James, já que não tinha nada mais a oferecer; seguindo assim um caminho sem rumo para se encontrar com seus pais que já não a consideravam mais bem-vinda em casa desde que contou que iria ser mãe ainda na adolescência. Sem moradia fixa, trabalho ou nada que desse para cuidar de um filho; perdeu todos os julgamentos e assim também sua criança, Liam. Ela desapareceu, alguns dizem que se mudou da cidade e seguiu o rumo que não encontrou em Fort Valley, eternamente arrependida.

Na época, para a pequena população de nove mil habitantes, aquilo foi uma grande polêmica, que não foi esquecida e muito menos perdoada por eles. Por onde o garoto Payne e seu pai passavam, eram motivo de chacota por causa da traição. O xerife era o único que não sofria com a situação, pois se alguém ousava comentar sobre aquilo colocando seu nome no meio, com certeza essa pessoa sofreria consequências.

Ele estacionou seu carro em frente à casa dos Styles e Anne saiu desesperada pela porta de entrada, indo em direção ao menino que estava a ponto de chorar. Esfregando seus olhos de coloração avermelhada, não conseguiu enganar sua segunda mãe, que obviamente percebeu o estado estranho dele.

– Graças aos Deuses. – Ela o abraçou, colocando o pano de prato que tinha nas mãos em seu ombro esquerdo. – O que foi meu bem? O que aconteceu? Onde está Harry? – Bloqueado por uma maré de perguntas ele a abraçou também, levando sua cabeça na curvatura de seu pescoço, sentindo o cheiro que tanto sentiu falta nas últimas semanas.

– Eu não sei onde ele está, combinei de o buscar no trabalho hoje, mas... mas ele não apareceu. E então veio o idiota do James e ficou me provocando como sempre, ele não cansa? – Se soltando de seus braços, Liam perguntou, olhando para ela, esperando uma resposta; que apenas balançou a cabeça para os lados enquanto caminhavam em direção à casa das paredes brancas.

– Ele é cafajeste demais. – Inusitadamente, ela cochichou, fazendo-o relembrar Harry dizendo aquilo quando crianças. Os dois riram e Liam enxugou algumas lágrimas que escorriam por suas bochechas.

– Obrigada, An. – Ele sorriu, mas então se tocou que Harry não estava em casa e nem no trabalho, fazendo surgir uma preocupação por sua parte. – Tem certeza que Harry não está em casa? –Seus olhos percorreram rapidamente o segundo andar do sobrado, observando as luzes apagadas do quarto do cacheado, fazendo com que um frio subisse pela espinha dos dois.

– Tenho, depois da Gemma, só você chegou.

– Isso é estranho, ele... – Sua fala foi interrompida por um alarme que seria ensurdecedor se não estivesse longe, como uma sirene, que tocou por aproximadamente um minuto, fazendo com que um clima sombrio se espalhasse por toda aquela cidadezinha, como as de todo estado, a partir daquele momento. Estava mais que claro que o mar de sangue havia começado e com Harry fora de casa, eles sabiam que tinham a chance de nunca mais vê-lo.

...

Um som nunca ouvido por Harry fez com que o menino acordasse repentinamente, assustado como um patinho, olhando para todos os lados possíveis e vendo tudo como havia deixado antes. Ele esfregou os olhos lentamente e encarou o relógio, se levantando em desespero quando se deu conta que havia dormido na hora errada e provavelmente também perdido sua carona com Liam. E como já se passavam das oito, ele não poderia voltar sozinho, não se quisesse seus órgãos dentro do corpo.

É claro, dentre milhões de cidades da Geórgia, o Mutilus Killer teria várias opções, mas não se pode brincar com esse cara. Pois após nove anos brincando de cirurgião renomado, ele já ganhou a brincadeira, levando para casa três medalhas de ouro puro; em três cidades diferentes.

Ele retirou o avental vermelho de seu corpo rapidamente e jogou-o no balcão, não dando a mínima para qualquer serviço que tenha deixado para trás. Devagar, foi em direção à grande porta de entrada e abriu-a lentamente, fazendo com que um rangido longo inquietasse o garoto de cachos castanhos.

Ele observou a rua. Deserta. Desabitada. Amedrontadora. Um dos postes que iluminava precariamente aquele local, piscava tantas vezes que fazia com que o garoto sentisse seus olhos doerem. O vento soava fraco contra sua orelha e algo em seu estômago fazia-o sentir-se agoniado de modo que um nó travasse sua garganta. Por um momento sentiu também que aquele era um dos momentos mais silenciosos e pacíficos de sua semana, desejava voltar para casa, mas simplesmente não podia. Pensou em ligar para eles, mas o único telefone disponível no boliche havia sido quebrado por um bando de adolescentes bêbados durante uma jogada mal, muito mal ou até nem, calculada.

Sua mãe deveria estar preocupada, e imagine Liam. O amigo deveria estar arrancando os cabelos.

Harry encheu as palmas de suas mãos com seus cachos e massageou suas têmporas, a fim de pensar em algum modo de sair dali sem ser o único andando pela cidade durante o mais importante toque de recolher dos Estados Unidos naquele momento, na Geórgia. O cheiro da noite era fresco, estava calor e as estrelas dominavam a atmosfera totalmente escura, ofuscada por uma meia Lua tão bela quanto a cheia.

De repente, um carro virou a esquina e ele sabia muito bem quem era.

– Merda. – Murmurou para si mesmo, encarando frustrado o veículo se aproximando e parando logo a sua frente. Por um momento o sono havia ido embora e tudo que restou foi uma enorme vontade de desaparecer para sempre.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro