inFermo: um ensaio sobre a culpa.
Escrevo-te sobre um enfermo sobre a cama do inferno; Seu leito de descanso que foi-lhe dado ao nascimento; Sobre o destino que dirá se ele melhora ou falece de vez. Escrevo-te sobre eu mesmo enquanto sinto dor como uma grávida tendo contração: apavorada, incerta, medrosa, mas muito mais corajosa, porque só o corajoso admite ter medo. Admite seu próprio erro.
Escrevo-te sobre meu erro para te pedir perdão; Queria que você tivesse o dom da empatia, para que me tocasse e sentisse a minha dor, e então, soubesse o quanto eu sinto muito; mas eu sinto tanto, que queria o dom de absorver tudo de ruim que passasse pela sua cabeça, para que você ficasse feliz o suficiente para me absolver de todos os meus crimes (ou pecados).
Escrevo-te quase sufocando entre o espaço que há de uma palavra para a outra. Escrevo-te do berço que estou deitado, encolhido, como se tentasse reproduzir a sensação de segurança da bolsa antes de ser rompida. Escrevo-te imaginando o que tu pensas enquanto lê, se ri pensando em mim, ou se chora arrependida do sim. - Choro de arrependimento é ácido, então me preocupo se você não queima os olhos de tanto chorar.
Escrevo-te enquanto minha pele derrete no fogo que eu ateei a casa. Os pulmões sendo enganados com a promessa de oxigênio e recebendo a fumaça preta e quente para dentro. Escrevo-te pela última vez, pois não devo viver no mesmo mundo que você, se não foste capaz de me perdoar. Porque se tu não és capaz, então, seria arrogância e egoísmo meu perdoar.
Escrevo a mim mesmo. Leio o meu próprio texto. Queimo pelo meu próprio fogo. Morro pela minha própria fumaça. Passo a eternidade, no meu próprio inferno (na minha cabeça).
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