Capítulo 25 - 1 de Novembro
Dia 122
1 de Novembro
Quinta-feira
Harry levantou da cama com rapidez ao acordar enjoado, ele cambaleou em direção ao banheiro, dando tempo de abrir a tampa do vaso antes de vomitar o que ingeriu no dia anterior. Que foi biscoitos de salamandras, chocolate, petiscos e álcool.
"Murphy-" Harry ia chamá-la ao se levantar limpando a boca, mas rapidamente a lembrança dos ocorridos na noite anterior só o fez se sentir ainda mais tonto.
Escovou os dentes antes de ir para a sala, olhando as horas no relógio, era pouco mais das nove horas. Seu estômago roncou e ele caminhou cansado para a cozinha. Tentou comer algo mas a vontade de vomitar voltava, não deveria ter bebido no dia anterior, sabe como é fraco para bebidas mas insiste.
O som da campainha o assustou ligeiramente, ele andou de volta para a sala, abrindo a porta devagar, se deparando com um homem alto e loiro, pessoa que está acostumado a ver nos últimos meses.
"Hey..." ele falou um pouco baixo, a expressão preocupada. "Você não enviou nenhuma carta de volta, não respondeu o correio rápido, fiquei-... confuso. Você está bem?" Draco reprimiu a palavra preocupado.
"Eu não sei como me sentir. Não tenho certeza do que aconteceu ontem e isso é o pior, porque eu não sei se ela está segura." Harry respondeu, o deixando entrar, encostando a porta assim que o loiro passou por ele murmurando um pedido de licença como costuma fazer todas as vezes.
"Você só vai ficar pior se martelando com isso-..."
"Vou me trocar, anunciei uma reunião urgente no Ministério com todos os membros importantes, incluindo os aurores." Harry respondeu sem emoção, se afastando de volta para seu quarto.
Draco só queria um momento para falar que não era culpa dele como sabia que Harry estava pensando.
***
"Quero que as buscas sejam por toda Europa, se não acharmos uma resposta, os ministérios dos outros hemisférios serão avisados." Harry falava com uma expressão séria, Draco nunca o tinha visto com tanto fogo nos olhos como ele estava no homem.
Harry estava ao lado do Ministro no palco conjurado, Hermione do outro, Malfoy mais abaixo e outros membros importantes, enquanto os demais bruxos estavam espalhados pelo hall ouvindo o que Harry dizia.
"Por que temos que procurá-la? Não queríamos que ela fosse embora do nosso mundo?" um bruxo perguntou de forma rude, o olhar que Harry lhe direcionou foi o suficiente para o homem pensar que estava demitido naquele momento.
"Sabe porque eu sinto que ela pode não estar segura?" Harry falou, o encarando mortalmente, seus olhos verdes estavam mais escuros, todos estavam em silêncio para ouvir a resposta, alguns com pena do homem que falou, raramente Harry respondia em tom tão rude seus colegas de trabalho, mas ele já explodiu seu escritório no ano anterior por discussões que envolviam Hogwarts e ele defendia com unhas e dentes. "Quando aquele bruxo estava me torturando, ele me chamou de patético, patético como a minha mãe... por ter me colocado em frente à Murphy pronto para receber qualquer que fosse o feitiço que ele iria usar nela porque eu não queria vê-la ferida. E como ele sabe disso se Murphy veio de um universo onde Voldemort não existiu? Como as teorias de Hermione... tenho receio desses homens serem daqui, do nosso mundo, e querem machucá-la por algum motivo, provavelmente por minha culpa."
"Harry, não é sua culpa, não sabemos se eles são comensais ou bruxos das trevas envolvidos com Voldemort!" Hermione falou, Harry a encarou tão irritado quanto antes. "Você não é culpado pelo o que acontece e aconteceu-..."
"Você não se lembra a quantidade de pessoas que morreram por minha causa? Quantas pessoas eu perdi? O que de especial eu tinha e elas não? Por que eu? Por que justo eu?" Harry aumentou o tom de voz, claramente alterado. "Eu nunca pedi para ser o eleito, nunca pedi para que morressem por minha causa, mas eu não posso aceitar todas as pessoas que foram mortas para me encontrarem, tatos inocentes-... Hermione, eu não posso aceitar que uma criança também seja machucada por minha culpa." Harry respirou fundo antes de olhar para os demais bruxos surpresos pela declaração dele, a maioria acreditava que Harry gostava de sua fama. "Quero relatórios completos de tudo, mesmo que não tenham nada demais para falar, eu quero ver todos os campos da maldita folha de relatório preenchidas. Vão... AGORA!"
Os bruxos apressaram o passo, alguns aparatando e outros indo para os elevadores. Ninguém questionando mais nada.
Harry soltou todo o ar de seus pulmões.
"Se acalme Harry, você realmente não tem culpa de tudo que aconteceu na guerra." O ministro o consolou, Harry mexeu os ombros em pouco caso, não adiantava de nada falarem aquilo para ele, ele não vai acreditar nunca.
Harry se afastou novamente sem olhar para ninguém, ele precisava se acalmar.
***
"Harry?" Draco chamou ao entrar na sala dele, bateu na porta algumas vezes mas não obteve resposta, ele viu Harry saindo do banheiro um pouco pálido. "Hey, você está bem? Está sentindo algo?" Draco caminhou até ele, Harry mexeu a cabeça em negação sem falar nada e se apoiou em sua mesa de costas para ela, olhando para Draco.
"O que faz aqui?"
"Você não me designou nada, quero ajudar de alguma forma." Draco respondeu, o olhando preocupado.
"Não precisa se preocupar, todos os aurores foram selecionados-..."
"Eu também perdi ela, não age como se eu não me importasse com o que aconteceu." Draco aumentou o tom, Harry ergueu o rosto e o encarou emburrado.
"Não estou agindo-... Malfoy eu preciso ler o que eles estão me enviando, nós nos falamos depois-..."
"Harry ao menos me deixe ver o que você tem, você está pálido." Draco foi mais sutil, Harry abaixou os ombros, aceitando apenas por não estar realmente se sentindo bem.
Harry se sentou em cima da escrivaninha e observou Draco procurar por algo no bolso do jaleco, podia ouvir o tanto de coisas que tinha naquela pequena bolsa. No fim Harry não se lembrava se a petição para médicos e curandeiros foi aceita pelo ministério de usarem aquele feitiço.
"Você está assim a quanto tempo?"
"Começou hoje de manhã."
"O que está sentindo?"
"Enjoos e me sinto cansado... eu vomitei de manhã ao acordar. Acho que não ter me alimentado direito ontem e o álcool não me fizeram bem."
"Hum..." Draco falou pensativo, tocou a testa e pescoço de Harry, sua expressão séria. "Você parou de tomar os remédios dos machucados no dia certo?"
"Acho que sim..."
"Eu não sei, acredito que é um efeito colateral da maldição de ontem, dependendo de quem o lança, você se sente mal por pelo menos dois dias." Draco divagou, mas não tinha certeza. "É melhor você comer algo que te sustente o resto do dia ou pode ficar pior."
"Eu disse que não era nada demais." Harry respondeu teimoso descendo da mesa e a contornando para se sentar em sua cadeira.
"Vou pedir que te tragam algo, voltarei para o St Mungus se não sou útil aqui." Draco respondeu dando as costas, menos preocupado por possivelmente ter achado uma resposta para toda a mudança de humor do moreno. "Me mantenha informado."
"Ok." Respondeu seco.
***
"Harry?" Draco olhou confuso para o moreno ao vê-lo entrar na despensa onde o loiro procurava por alguns ingredientes. "Aconteceu alguma coisa? Encontraram a Murphy?"
Invés de Harry respondê-lo, ele apenas se aproximou e pegou Draco de surpresa ao abraçá-lo sem dizer nada.
Em silêncio, Draco o abraçou de volta, ligeiramente confuso.
"Me desculpe, eu não estava pensando bem." Harry admitiu. "Eu sinto que fui grosso com você quando só estava tentando ajudar."
"Tudo bem, você não precisa pedir desculpas."
"Preciso saber uma coisa... você pode se sincero?" Harry falou, enquanto o soltava e o olhava nos olhos, Draco assentiu sério. "O que nós somos?"
"O que?"
"O que nós somos?" repetiu. "Essas últimas semanas foram bem diferentes do que esperávamos... quero tirar essa dúvida, quero saber o que vamos fazer-... sobre nós."
Draco permaneceu em silêncio, para ser sincero ele não esperava que Harry quisesse algo sério, principalmente por se tratar de duas figuras públicas que o mundo bruxo adorava falar. E pelos amigos do moreno, sabia que não seria aceito e a ideia de algo sério não lhe passou muitas vezes pela cabeça.
"O que você quer, Harry? Seja você sincero também, pense em tudo."
Harry tinha um olhar cansado, manteve os braços ao redor da cintura de Draco enquanto o encarava.
"Eu estou um pouco confuso... tirando o fato da Phy, eu tenho duas coisas na cabeça. Um envolve você e o outro... Mérope. Eu não quero fazer essa escolha, mas eu não sei como você se sente sobre ela e isso é um passo muito grande que eu pretendo tomar sozinho, já pretendia a algum tempo, então se você não aceitar o fato de que eu quero ser pai dela, não podemos namorar."
"Uau..." Draco o olhou surpreso. "Para ser sincero, eu já esperava que você pretendesse isso, era notável a ligação de vocês... só não esperava que fosse me querer na sua vida, principalmente com o título de namorado. Não acha que é grande demais? Principalmente por sermos quem somos... o que seus amigos vão dizer?"
Harry mantinha aquele olhar meio abatido, mas ele não demostrava vacilo em suas afirmações.
"Draco, eu não ligo. Desde os meus onze anos venho sendo controlado pelos outros e moldam uma imagem sobre mim que eu nunca fui ou criei, eu não ligo para o que o mundo bruxo vai pensar sobre isso. Me importo com a opinião dos meus amigos, mas no fim quem tem a escolha final será eu, e cabe a eles aceitarem a minha decisão como bons amigos." Harry admitiu, apertando mais os braços ao redor dele. "E no momento, eu quero você."
Draco engoliu em seco ouvindo tudo atentamente, era realmente uma surpresa para ele a declaração de Harry, mas seu coração já estava totalmente rendido pelo dono daquele par de olhos esmeraldas que não iria procurar por problemas ou questionamentos. Ele quer Harry tanto quanto Harry o quer.
"O que me diz?" Harry insistiu esperançoso por conta do silêncio de Draco.
"Posso ser seu namorado." respondeu alargando o sorriso, Harry sorriu de volta, deitando a cabeça no peitoral de Draco e sentindo o loiro abraçá-lo com ainda mais carinho.
"Então só fique comigo agora na minha casa, só uma hora, por favor?"
Draco não queria dizer não, mas estava em horário de trabalho. Entretanto não tinha nada de importante para fazer além de arrumar os frascos da despensa e podia fazer isso depois, então assentiu. Eles aparataram em seguida.
"Harry?" Draco chamou baixo ao senti-lo se mover em seus braços. Harry acabou dormindo quando se deitaram na cama, o loiro gostaria de pegar no sono também mas pensamentos sobre tudo estavam o corroendo, então acabou ficando acordado afagando os cabelos escuros e enrolados. "Eu preciso ir para o St Mungus, ainda estou em horário de trabalho."
Harry apenas o apertou mais contra seu corpo, Draco suspirou mas acabou o abraçando novamente, ele não quer sair dali também.
"Não vai."
"Tenho responsabilidades..."
"Não há nada demais acontecendo lá, eu posso enviar uma carta depois dizendo que precisei de você!"
"Harry, não abuse do seu poder."
"Eu não-... certo, desculpe." suspirou, erguendo o rosto para olhá-lo nos olhos. "Te vejo depois então? Você pode voltar hoje?"
"Yeah, eu posso." Draco respondeu, se soltando do moreno para sair da cama. "Até depois."
"Até depois..." Harry o puxou para baixo para poder ter os lábios macios contra os seus, Draco o beijou de volta com carinho, sorrindo no final do beijo pela forma manhosa do outro, nunca imaginou que se derreteria inteiro por uma simples expressão de Potter.
A vida era realmente uma caixinha de surpresas.
***
"Recebeu alguma notícia?" Draco perguntou tirando o casaco e pendurando atrás da porta do quarto de Harry.
"Por enquanto nada, acho que ninguém quer me dizer que não encontraram nada." Harry admitiu com um suspiro, se antenando em sua cama, estava com roupas casuais e meias confortáveis.
"Depois da sua bronca, tenho certeza que estão fazendo o possível para não voltarem de mãos vazias." Draco brincou, se acomodando ao lado dele.
"Eu deveria estar investigando também." Harry comentou, pensativo.
"Por enquanto não, você ainda parece cansado, é melhor descansar ao menos hoje."
Harry mexeu os ombros, mais cedo não estava com cabeça para procurar por respostas, mas sente que precisa.
"Vou amanhã no orfanato." Harry divagou, brincando com as mãos em seu colo.
"Já?"
"Não quero esperar, não quero que ela espere..."
"Talvez fosse melhor, não temos certeza se Murphy continua no nosso mundo ou não." Draco respondeu.
"Eu sei, mas... quero vê-la e saber como ela se sente sobre isso."
"Acredito que contente."
"Eu espero."
"Certo, você só vai ficar pior pensando em tantas coisas ao mesmo tempo, vou te fazer um chá de camomila, melhor você deitar."
"Não estou com sono."
"Sim, você está. Deita, Harry."
Harry semicerrou os olhos para Draco, que apenas ergueu uma das sobrancelhas pela atitude birrenta.
"Eu só aceito porque gosto do seu chá." Harry disse ficando de costas para ele e se ajeitando na cama.
Draco revirou os olhos pela teimosia, levantando para o mimar e depois de acomodar ao lado dele, quem sabe conseguir dormir com os cabelos enrolados em seu rosto com o cheiro de baunilha que Draco tanto gosta.
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