Capítulo 18 - 1 a 9 de Outubro
Pra quem não sabe, Murphy se pronuncia "Mârfi" não com aaaa, mas tipo com som de maaaar sem forçar o a, sabe? Kkkk aí desculpa não sei explicar, se vocês conhecem a Teoria de Murphy vão saber pronunciar certo.
Dia 91
1 de Outubro
Segunda-feira
"Já posso ir trabalhar?" foi a primeira coisa que Harry disse quando abriu a porta para Malfoy, o loiro entrou deixando o casaco pendurado como de costume.
"Potter, eu disse que qualquer esforço pode reabrir esse corte, custa esperar?" Harry não queria esperar porque significava mais tempo com Malfoy, ou mais tempo sozinho, e ficar sozinho significava pensar em Malfoy e o apavorava o fato de terem afinidade além de mera amizade.
Malfoy caminhou para o quarto de Murphy como normalmente e Harry o seguiu ainda esperançoso.
"Só olhe como está, se estiver melhor eu volto ao trabalho amanhã."
"Certo, eu vou olhar." Malfoy deu de ombros e abriu a porta devagar, o quarto era iluminado pelo pequeno abajur e Murphy estava sentada olhando para algo em suas mãos. "Bom dia Murphy."
"Papai, Camellia parece doente." ela falou preocupada, descendo da cama e indo até eles, erguendo suas mãos juntas onde a fada estava sentada coçando os olhos com as minúsculas mãos.
Harry olhou para a fada percebendo o pouco brilho de sua pele.
"Eu vou analisar ela, enquanto isso você irá tomar café, ok?" Murphy assentiu para Malfoy e segurou na mão de Harry, o puxando para a cozinha.
O moreno olhou para Malfoy curioso sobre o que ele iria fazer com a sua fada, mas deixou de lado esperando que ela fique bem.
Harry preparou o café ouvindo Murphy expressar sua animação sobre as crianças no Botões de Açúcar.
"Ela só está carente de atenção, fadas caseiras são como efeitos, mas com sentimentos." Malfoy foi dizendo conforme se sentava junto à eles na mesa.
"E o que você fez?"
"Só a elogiei." Malfoy riu despejando molho de salamandra nas panquecas, depois que haviam comprado para Murphy, Harry não parava de comer tudo que tinha salamandra. "Tente fazer isso três vezes ao dia que ela voltará ao normal."
Murphy comia quieta sem fazer muita sujeira, ela estava um pouco mais obediente desde quando a tiveram em suas vidas, mas continuava manhosa algumas vezes ao não ter as suas perguntas respondidas.
"Pegou sua presilha, Murphy?" perguntou Malfoy ao vestir o casaco, Harry estava de braços cruzados sem saber ao certo o que dizer. No domingo, Malfoy só deu atenção a criança então eles não tiveram nenhum momento para conversar, Harry pegou no sono em seu quarto depois da poção para seu ferimento.
"Sim!" ela falou animada colocando em seus cabelos, se aproximou de Harry e agarrou em suas pernas, fazendo ele rir e se lembrar de Teddy que sempre fazia isso nas visitas... já estava com saudades do azulzinho. "Tchau papai, melhoras." ela falou assim que Harry se abaixou para abraçá-la de volta, ele estava se acostumando aos abraços carinhosos que andava recebendo de crianças – as do orfanato eram tão carinhosas –, e isso o fez lembrar do projeto do orfanato que ficou parado depois do seu incidente e o tempo que teve trabalho acumulado.
"Obrigado Murphy." ele beijou a bochecha vermelhinha da criança quando ela virou o rosto esperando, Murphy se afastou colocando o casaco rosa, Harry tornou a ficar em pé e viu o olhar de Malfoy para ele. "Que foi?" murmurou um pouco envergonhado, recebeu um sorriso cínico do loiro que se aproximou.
"Estou esperando o meu." brincou, murmurando. Harry sentiu o rosto esquentar e rodou os olhos com a fala do outro, todavia Malfoy se aproximou mais mostrando que estava decidido a ganhar um beijo.
Harry queria empurrar ele para longe, mas não o fez, e por mais estranho que fosse essa proximidade, não fazia-o sentir-se ruim. A presença de Malfoy não o incomodava tanto como no início, principalmente dos últimos acontecimentos nos quais já haviam quase acabado entre lençóis, o que era um beijo?
Se aproximou do loiro deixando as mãos em seus ombros, não acreditando no que estava fazendo. Encarou os olhos cinzas que pareciam um pouco surpresos por ele realmente ter aceitado aquele convite, e selou seus lábios fechando os olhos com o suave toque. De início foi um selinho, mas Malfoy agarrou sua cintura mordiscando seu lábio inferior, derretendo Harry feito um sorvete por desejar mais.
"EWWW!" eles se separaram rindo da pequena Murphy exclamando seu nojo sobre beijar, atrapalhando aquele momento. "Para de beijar o papai!" ela falou para Malfoy ficando entre eles, apontando seu dedinho para o loiro. "Vamos, ou vocês vão se beijar mais e a Delphi me disse uma vez que foi assim que eu nasci, e eu não quero outro bebê, eu sou o bebê!"
A fala inocente e irritada da criança causou uma grande vermelhidão no rosto de Harry, que olhou com os olhos arregalados para o loiro, que piscou para ele gargalhando quando a reação de Harry foi desviar o olhar ainda mais envergonhado.
A pequena puxou o loiro pela mão, e eles saíram sem dar chance de Harry dizer qualquer outra coisa, ainda se sentindo quente pelo beijo e pela vergonha, decidiu assistir alguma coisa para se distrair do tédio que seria o seu dia.
Os lábios sentindo falta do calor de Malfoy e se amaldiçoando por isso.
***
"Boa noite." Murphy desejou de volta, Potter apagou a luz do quarto deixando só o abajur e eles saíram em silêncio.
"Não esqueça de tomar as poções antes de dormir, Potter." Draco disse caminhando devagar em direção à sala, ouvindo Potter segui-lo.
"Não vou esquecer." eles se olharam em silêncio.
Era estanho porque nesses momentos de despedida nenhum dos dois sabiam o que dizer, principalmente depois de momentos tão íntimos que ocorreram nos últimos dias. O beijo de mais cedo fazia Malfoy se corroer por mais, mas dessa vez não parariam – exceto se o outro não quisesse –, mas Potter estava machucado, e caso começassem a pegar fogo, não poderiam ir mais que beijos.
Por Merlin, o que eles queriam?
Bom, Potter já havia deixado claro sua intenção em apenas sexo, e isso animava Malfoy pois queria o mesmo. O fato de Theodore ter ignorado todas suas cartas depois do escândalo que o Profeta fez sobre Murphy, deixava claro o término de algo já instável.
E Potter estava disposto a terem noites de diversão apenas por não terem mais ninguém para isso e nem tempo para acharem pessoas que quisessem.
Draco se sentia confuso por tudo o que andava acontecendo. Ele só gostaria de ter Pansy de volta com seus conselhos de mamãe mandona e amável... sentia falta dela desde seu desaparecimento no dia da guerra, quando o teto das masmorras desabou matando alguns Sonserinos. Foi horrível, nunca acharam seu corpo e Draco lamentava desde então.
Era doloroso pensar na amiga. Ao menos ainda tinha Astoria, que estava conhecendo o mundo depois do término saudável que tiveram.
"Boa noite, Potter." disse quando percebeu que o moreno não sabia o que dizer.
"Boa, Malfoy."
Beijar alguém da forma que havia feito de manhã não era muito comum para Draco, mas ele não podia perder a oportunidade de se resolverem com apenas uma brincadeira seguida de um beijo. Ele sabia que se parassem para conversar, iriam desistir do que quer que tenha começado entre eles. Foi por essa razão que decidiu não avançar como havia feito de manhã, beijar Potter em momentos não eróticos era estranho como se fossem um casal ou coisa parecida, e eles certamente não eram.
Dia 93
3 de Outubro de 2001
Quarta-feira
Harry finalmente podia voltar ao trabalho, Malfoy havia dito que já estava melhor, mas o recomendou ficar sentado grande parte do tempo e sem ir nas batidas de última hora.
Como de costume, deixou Murphy na Botões de Açúcar, não viu Mérope por nenhum lugar e seguiu para seu escritório ignorando os olhares curiosos, cumprimentando alguns colegas durante o percurso.
"Harry, você está melhor?" Hermione o chamou.
"Bom dia Mione, sim eu estou."
"Como andam as coisas com Murphy?"
"Bem... e a investigação?"
"Infelizmente nada novo, me desculpe por não dar total atenção a isso, mas cenário pós guerra é complicado." ela se desculpou e Harry suspirou a puxando para um abraço.
"Você sabe que não precisa sempre me salvar, Mione. Isso não é sua culpa, imagino que estão todos fazendo o possível, assim como você."
"Eu sei, obrigada." eles se soltaram do abraço repentino e tornaram a caminhar juntos. "Como está sendo conviver com Malfoy?"
"Nada demais." Harry desviou o olhar não querendo tocar no assunto.
"Ele está sendo ruim?"
"Na verdade ele está sendo muito prestativo." respondeu tentando fazer sua voz não lhe entregar, não queria falar do outro com Hermione pois ela sempre lhe arrancava algo mais que o normal em simples conversas banais, imagine se desconfiasse?
"Ótimo, espero que não estejam brigando."
"Não estamos... hum, Mione eu preciso me apressar pois sempre fica coisa acumulada quando me machuco, então vou indo na frente."
"Tudo bem."
"Até o almoço!"
"Até o almoço, Harry!"
Dia 95
5 de Outubro de 2001
Sexta-feira
O moreno resmungou de dor ao tocar sutilmente em seu machucado coberto pela roupa, Malfoy ergueu o rosto e olhou para Harry em dúvida.
"Está doendo?"
"Um pouco."
"Melhor você não ir hoje."
"Não, eu estou be-..."
"Potter, você realmente quer sangrar até morrer?" Malfoy rodou os olhos se levantando, Harry suspirou derrotado e se levantou sabendo que nada que falasse ao outro o faria mudar de ideia, Malfoy conseguia ser pior que Hermione quando o assunto era convencer alguém a algo o atormentando incansavelmente.
Camellia apareceu no quarto assim que eles entraram, estava saudável novamente, Harry havia elogiado mais do que três vezes ao dia e isso inflou o ego da pequena fada.
"Está radiante, Camellia." Harry murmurou para a fada que se mexeu contente e modesta com o elogio, Malfoy parou do lado da cama esperando ele se deitar.
"Me mostre como está." Malfoy pediu, Harry suspirou e puxou a blusa para cima ao se deitar na cama e escorar as costas na cabeceira. Malfoy se sentou de lado se aproximando para retirar as gases que cobriam o ferimento costurado.
Harry observou o semblante sério de Malfoy, a forma que os lábios formavam uma linha reta quando ele ficava sério, eram rosados e convidativos. Seus olhos pareciam o céu em dia de tempestade, cinzas como as nuvens nesses dias chuvosos, um olhar intenso, misterioso e até mesmo apático. Seu rosto pálido não haviam quase nenhumas marcas, exceto suaves sardas tão claras que só eram visíveis de perto, nas maças do rosto até o nariz, eram poucas como se tivessem sido ligeiramente apagadas, Harry nunca tinha reparado nelas até aquele momento.
A mecha loira que caia em sua testa alcançado suas sobrancelhas claras lhe davam um ar ainda mais charmoso, como aquele maldito conseguia ser tão perfeito? Harry o odiava por isso.
"Você quer tirar uma foto, Potter?" a pergunta lhe pegou de surpresa, Malfoy olhou para ele sem mover a cabeça, um sorriso pretensioso em seus lábios antes de tornar a encarar o ferimento de Harry e tocando em alguns lugares, causando leves dores no moreno. O maldito sabia que Harry estava quase babando pela sua beleza delicada e ao mesmo tempo marcante.
"Não." respondeu fechando a cara, emburrado. Malfoy riu nasalmente sem olhá-lo, mas tornou a ficar sério puxando de leve um fio ainda na pele costurada de Harry. "Aí!"
"Desculpe." murmurou curioso se afastando. "Potter, não faço ideia do porquê está doendo, está completamente normal, cicatrizando, e como não pareceu ser um feitiço tão forte além de causar corte e sangramento, algumas poções após os pontos caírem serão suficiente para não deixar uma marca tão visível."
"Me sinto cansado." Harry falou aproveitando o diagnóstico rápido.
"Alguma poção está causando isso, como você está tomando algumas de uma vez pode não estar dando efeito na poção para a dor."
"Então eu posso ir ao trabalho?"
"Acha que consegue trabalhar com dor? Não responda, você é um grifinório!" Malfoy foi mais rápido quando Harry abriu a boca para afirmar que sim, e isso o fez rir. Malfoy sorriu pequeno desviando o olhar. "Vou escrever mais um atestado e enviar para o departamento de aurores."
"Quanto à Murphy? Ela não precisa ir ao Botões de Açúcar hoje, posso ficar aqui com ela."
"Você não tinha trabalho acumulado?"
"Hum, é mesmo."
"Hoje é minha folga, posso ficar aqui com ela, se você quiser." Malfoy falou dando de ombros.
"Tudo bem."
Nenhum dois iriam admitir que a presença um do outro não era mais um fardo.
***
"Harry!" Murphy falou entre risos animados após escrever o nome dele no pergaminho, o moreno estava esticado no sofá com alguns papéis do trabalho, o rádio estava ligado numa estação de músicas trouxas, Draco protestou de início mas não ligou porque passou a não prestar atenção na música e sim em ajudar Murphy a escrever, estavam ambos sentados no carpete apoiados na mesa de centro com folhas rabiscadas, tinta e penas. "Outra vez eu escrevi!"
"Parabéns, agora tenta esse aqui." ele apontou para o nome dela escrito em sua letra bonita de forma para facilitar para ela, a mesma foi escrevendo em baixo de forma garranchada e borrando a tinta.
"Você já tentou fazê-la escrever Hogwarts?" Potter perguntou atrás deles ainda no sofá, Draco virou o rosto pra a bagunça que o outro estava entre papéis e almofadas e evitou sorrir com a cena, apenas negando com a cabeça. "Tenta fazê-la escrever o nome inteiro também, isso me ajudava quando treinava sozinho na casa dos meus tios." Potter mexeu no cabelo distraído e olhou para Draco outra vez com seus olhos esmeraldas chamativos. "Você tinha feito isso da última vez que a ajudou."
Draco assentiu se virando para ver Murphy terminar a última letra do próprio nome, em seguida ele pegou outra pena e começou a escrever, quando terminou ele olhou para as letras formando "Murphy Potter Malfoy" e isso não lhe causou tanta estranheza quanto era no início, mas ainda era confuso imaginar que aquele serzinho doce e inocente ao seu lado era fruto deles em algum universo alternativo.
Murphy não esperou por comandos e escreveu seu nome mais uma vez, agora para fazê-lo completo. Draco se encostou no sofá perto da barriga de Potter, virou o rosto e o viu concentrado no papel erguido próximo do rosto por estar sem os óculos.
Observou a plenitude de Harry em seus pequenos atos, como a boca entreaberta concentrado no que estava lendo, os olhos passando lentamente de um lado para o outro, a mão que não segurava o pergaminho, enrolava uma mecha do seu cabelo fazendo ficar para cima e isso fez Draco rir achando adorável, recebendo a atenção do moreno.
"Que foi?" falou confuso, abaixando o papel.
"Nada." desviou o olhar ainda com um sorriso humorado e se inclinou para ver o resultado de Murphy. "Parabéns Murphy, está indo bem."
"Obrigado papai... mas eu posso ir brincar agora? Eu cansei de escrever." ela admitiu lhe fazendo rir.
"Tudo bem."
Ela levantou e correu para o quarto, seus pés fazendo barulho no chão e sua voz animada falando com Camellia chamando-a para brincar.
"Você aprendeu a ler sozinho?" Draco se pegou dizendo recolhendo os papéis da mesa.
"Parte na escola trouxa e parte sozinho." respondeu Potter se sentando corretamente no sofá com os papéis em seu colo, também os organizando. "E você?"
"Com meu professor particular." Draco respondeu dando de ombros, abriu a mão para Potter esperando ele lhe entregar seus papéis do trabalho e deixou ao lado dos rabiscos dele e de Murphy na mesinha, haviam desenhos de flores bonitas feitas por Draco e algumas imitações de Murphy mal feitas, mas ela ao menos tentou.
Draco deixou escondido o desenho que fez de Potter concentrado lendo, não foi uma de suas melhores artes mas como Murphy escrevia devagar, ele aproveitou o tempo fazendo sem tantos detalhes mas ainda sim estava bonito.
"Ele também me ensinou Francês." acrescentou, se levantando limpando os joelhos e se sentando ao lado do moreno.
"Francês me parece tão difícil, quando Fleur fala alguma coisa comigo em francês ela sempre acaba repetindo em inglês." Potter falou rindo de sua própria desgraça, Draco riu com ele.
"Ainda está doendo?"
"Ah, não, bem melhor." sorriu para o loiro.
Eles se olharam em silêncio, apreciando um momento calmo e humorado que estavam tendo. Draco observou o rosto de Potter sem muita pressa já que o outro fazia o mesmo sem muita vergonha. Ele tinha marcas não muito fortes pelo seu rosto, sardas que foram herdadas de Lily Potter, como Draco já havia visto pelos quadro da casa do outro, o loiro sabe que tem algumas quase não visíveis e a odiava às vezes por estragarem a suavidade do seu rosto pálido.
Os olhos de Potter eram idênticos aos da mãe como já havia reparado nos retratos, verdes vivos que mesclavam de esmeralda, verde escuro e em alguns momentos verde folha. Eram lindos e chamativos, intensos como o fogo, de inocentes iam para um fervor imenso em segundos. A cicatriz visível em sua testa, um raio extenso que se espalhavam pela aquela área, não era tão grande, mas visíveis quando os cabelos escuros estavam bem arrumados invés de caídos sobre a testa. Potter era exuberante com sua beleza misturada de seus pais.
Quando ele se ajeitou no sofá se aproximando, Draco ficou surpreso, não esperava que ele tomasse qualquer iniciativa. Entretanto o moreno apoiou as mãos nas coxas de Draco por cima da calça e se inclinou fechando os olhos, Draco piscou os olhos confuso e sentiu os lábios encostarem aos seus, um pouco hesitantes. Invés de perder tempo, segurou o rosto dele entre suas mãos sugando seu lábio inferior com vontade, causando um suspiro de Potter.
"A gente não devia ficar se beijando desse jeito e nunca terminar o que realmente deveríamos fazer." Draco falou afastando ligeiramente seus lábios, os olhos ainda fechados torcendo para Potter não desistir.
"Eu não tenho mais ninguém para beijar."
"Você é sensível feito uma rocha, Potter." ele riu com o comentário de Draco, o loiro sabia que a desculpa esfarrapada de Potter era só um pretexto para continuarem a se beijarem sem pensar realmente sobre isso, e como era íntimo demais, já que o combinado era apenas sexo e aquilo não estava sendo tão erótico quanto o esperado, na verdade Draco conseguia sentir carinho quando os lábios macios tocavam os seus, não sabia ao certo o que transmitia para Potter com esses beijos repentinos, mas muito provavelmente era o mesmo.
O moreno arfou quando a mão de Draco puxou seus cabelos da nuca, a outra ainda em sua bochecha com afeto suave com o polegar. Potter separou seus lábios molhados e ambos abriram os olhos próximos.
"Você pode fazer biscoitos de salamandra de novo?" perguntou de forma inocente, o que fez Draco bufar mas rir ao mesmo tempo que se afastavam.
"Você estava me comprando com um beijo?" perguntou risonho se levantando e Potter fez o mesmo.
"O que? Não! Eu só lembrei disso do nada."
"Enquanto me beijava?!" gargalhou do rosto vermelho de Potter, que se sentava no banco em frente ao balcão e Draco cruzava os braços.
"Não... eu ia te perguntar bem antes, mas me esqueci."
"Tudo bem... mas você faz o jantar!" respondeu apontando para ele com o indicador como quem aponta a varinha pronto para um duelo, Potter sorriu erguendo as mãos fingindo rendição.
"Combinado!"
Eles passaram aquele fim de tarde na companhia um do outro, trocavam poucas palavras e o silêncio era até reconfortante, vez ou outra Murphy vinha espiar e beliscar as salamandras num saquinho, e saia rindo com a boca cheia delas ouvindo as broncas de Draco por sua insolência juvenil, causando risos em Harry.
Na despedida, Potter aparentava cansado pelas poções noturnas e levemente perdido, então ele só comentou do seu edredom coçar um pouco e andou para o quarto, como se fossem continuar o assunto lá, mas Draco optou por ir embora pois se ele pedisse, iria dormir com Potter sem se importar com o que aconteceria depois.
Eles estavam sempre pensando no depois, e isso só estava prejudicando o agora.
Dia 96
6 de Outubro de 2001
Sábado
"Você está horrível."
"Bom dia pra você também, Malfoy." bocejou colocando a mão sobre a boca.
"Algum troll te pisoteou enquanto dormia?"
"Acordei de madrugada e tomei as poções de novo pouco tempo depois de tê-las já tomado, me deixou pior."
"Meu Deus, você é um idiota às vezes." disse em tom de riso. "Não toma mais nada até de noite, ok? Eu fico longe algumas horas e é suficiente para você quase se matar com uma overdose!"
"Vou ficar no quarto, eu estou ouvindo literalmente qualquer barulho." ele falou num suspiro coçando a testa.
"Vou deixar a Murphy no Botões de Açúcar. Você não vai conseguir ficar com ela. E eu preciso resolver alguns assuntos."
"Tudo bem." continuou a caminhar para seu quarto ainda meio desorientado, mais desastrado que o normal, Draco riu baixo do jeito estabanado dele.
"Essa semana vou ficar ocupado, mas tento vir ajudar com ela quando conseguir." se explicou, mesmo sabendo que o outro não se lembraria bem da conversar por já se aconchegar na cama cansado feito uma criança.
"Certo, Draco."
O loiro o olhou um pouco pasmo, eles não costumam ser íntimos a ponto de falarem o primeiro nome um com o outro, mas Potter estava drogado até a cabeça e não estava muito bem, Draco decidiu dar de ombros sobre isso.
"Descansa, Potter."
"Yeah..." respondeu sonolento.
Draco suspirou se levantando, não entendendo bem porque estava preocupado com o outro, detestava ficar assim, mas a afinidade entre eles era uma boa desculpa para fingir que não era nada de mais e se preocuparia com qualquer pessoa. Entretanto, Draco sabia que havia algo mais que mera compaixão.
Dia 99
9 de Outubro de 2001
Terça-feira
Harry estava bem melhor do que esses últimos dias dolorosos, voltou para seu trabalho na terça já que no dia anterior ainda estava um pouco cansado. Podia voltar à rotina graças aos cuidados que teve de Malfoy, que realmente andava ocupado no St Mungus, mas havia algo mais ali que estava deixando o moreno curioso.
Malfoy não estava mais tanto tempo em sua casa, domingo deixou Murphy na Botões de Açúcar durante a tarde, mas foi embora antes da sete alegando ter um compromisso. E segunda foi a mesma coisa. Harry não iria perguntar sobre para não ser invasivo, mas não podia deixar de ficar curioso.
"Tudo bem, Harry?" Ronny perguntou quando não recebia devida atenção.
"Sim, desculpe, o que disse?"
"Estava falando que a loja está indo bem de novo, aos poucos as pessoas estão retornando ao Beco Diagonal para as compras." o ruivo falou enfiando na boca outra colherada da refeição que comia, vez ou outra conseguia vir almoçar com Harry no ministério e isso o deixava feliz de ter o amigo por perto.
"Que bom, logo estarão lotados como antigamente, espere até o próximo ano letivo quando mais pais permitirem seus filhos irem para Hogwarts."
"Tem razão!"
"Sr Olhos Verdes!" a voz infantil fez eles olharem para o lado. "Quanto tempo!"
"Mérope!" Harry sorriu para a garotinha que se aproximava.
"Você não foi mais no orfanato."
"Estive com alguns problemas e não pude continuar com o projeto, me desculpe." admitiu sincero, Mérope deu de ombros e sorriu novamente, agora olhando para Ronny que os encarava confuso.
"Olá!" ela saudou.
"Oi." ele falou de boca cheia a fazendo rir. "Desculpe."
"Tudo bem... vocês teriam galeões?" ela alternou o olhar entre eles, Harry olhou para a lanchonete bruxa não tão cheia, eles estavam sentados no lado de fora.
"Venha, vamos comprar algo para você comer."
Ela sorriu radiante agarrando na mão de Harry para entrarem no local, Ronny acenou de lá dizendo que ia acabar o frango.
Mérope ficou empolgada olhando o cardápio, Harry havia dito para ela pedir o que quisesse.
"Qualquer coisa mesmo?" ela repetiu, ele sorriu afirmando com a cabeça. Mérope olhou mais algum tempinho e pediu um lanche, não era caro e só talvez ele tenha percebido que ela comparava os preços provavelmente para não lhe dar gastos. "Obrigada." falou quando caminharam de volta à mesa para esperarem o pedido lá, ele aproveitou para pagar a conta dele e de Ronald, que faltou xingá-lo para aceitar sua parte. "Se ele não quiser, eu quero!" ela falou para o ruivo risonha, o fazendo rir e dar-lhes alguns galeões, ela agradeceu animada. "Você também tem filhos?"
"Não, graças a Deus ainda não!" Ronny disse fazendo uma careta com a ideia de ter um filho, Mérope gargalhou.
"Crianças são legais. Elas merecem pais que as amam, é melhor não ter por enquanto."
Harry e Ronald se entreolharam com a fala da garotinha, era evidente que não ter pais a entristecia, Harry sabia que por mais que ela achasse o amor de pais estupido, ela queria aquilo mais do que ninguém.
"Vocês não precisam voltar ao trabalho?"
"Ah, sim, meu horário acaba em dez minutos." Harry olhou para o relógio no pulso.
"E eu preciso voltar para a loja, hoje só Fred e eu que estamos." Ronny se explicou para Harry enquanto levantava vestindo o casaco que estava apoiado na cadeira.
"Nós vamos indo, Mérope. Bom lanche!" Harry falou para a garota, que sorriu novamente.
"Obrigada mais uma vez, Sr Olhos Verdes!" acenou para eles conforme iam embora.
"Você está ficando bom com crianças." Ronny falou sorridente, Harry o olhou.
"É, acho que estou." sorriu.
***
"Aqui estão os relatórios do último caso que estava analisando." Harry colocou na mesa de reunião, os autores começaram a pegar enquanto ele olhava para o quadro com alguns nomes. "Esses comensais estavam lá no dia da batida, como alegaram aqueles que prendemos, mas de alguma forma escaparam e-..."
"Por que tem seu nome é de Malfoy nos pergaminhos?" um dos aurores perguntou, Harry olhou para eles que seguravam pergaminhos levemente amassados, ele corou ao perceber a burrada que fez.
"Tem um desenho seu aqui."
"Malfoy estava ajudando Murphy a escrever, eu devo ter confundido a pilha quando os peguei." Harry se explicou puxando indelicado o pergaminho que tinha o tal desenho, ele corou ainda mais e murmurou um pedido de desculpas, todos deixaram as folhas novamente no centro da mesa olhando para Harry com curiosidade. "Hum, amanhã trarei todos... estão dispensados."
Os aurores começaram a saírem, Harry respirou fundo ainda com vergonha daquilo, mais uma razão para alimentarem as fofocas era papéis de adolescente apaixonado que escreve seus nomes e corações, ao menos não tinham corações nos pergaminhos.
Olhou novamente para o desenho, evitou sorrir ao saber que Malfoy havia feito aquilo. Seu coração amoleceu ainda mais, todavia ninguém precisava saber.
Pergunta do Capítulo:
Harry e Draco estão com essa ideia de só sexo (que ainda não rolou) mas na primeira oportunidade trocam beijos que não eram para serem significativos (mas aparentemente estão sendo) já que ambos acreditam que nada surgirá nesse conturbado relacionamento de "amizade" colorida. Isso é prejudicial ou não para a afinidade entre eles?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro