35. Isadora em "Confusão de sentimentos".
35. Isadora em "Confusão de sentimentos".
Dias atuais: 2015.
André abriu um sorriso largo com a pergunta feita por Samantha. "Dora, por que você não torce para o América, já que o seu sobrenome é Coelho?", indagou a menina. Além da filha de André, estavam no carro do detetive: Isadora, Isaac, Juliano e o mesmo. Todos ali pretendiam assistir ao clássico Cruzeiro X Atlético-MG. E Isadora estava tão bela... Vestia um vestido preto e branco com cortes em suas laterais e usava um batom preto, para simbolizar sua torcida pelo time alvinegro de BH. Era 08 de março de 2015 e o filho de Luísa tentava esquecer que naquela tarde haveria uma operação policial inesquecível...
– O América é o segundo maior de Minas, Sam. – Provocou Isaac, cortando assim a linha de pensamento de André. – O maior, que é o Cruzeirão Cabuloso, é quem vai ganhar hoje.
– Se ele é o maior de Minas, por que perdeu a Copa do Brasil para o Galo? – Ironizou Isadora.
– Porque estava ocupando sendo bicampeão consecutivo do Brasileirão. – Interveio Juliano. – Aliás, em que ano o Atlético ganhou o bi dele?
– Meninos, nós sabemos que o Cruzeiro é muito maior que o Atlético, mas clássico é clássico, não é mesmo? – Observou André. – Não temos nada ganho.
– Até que enfim alguém foi sensato nesse carro. – Disse Isadora no mesmo instante que chegavam ao Mineirão. – Quem quer comprar o lanche para nós cinco?
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Por fim, após discussões sobre "quem ficaria confortável no carro" e "quem teria que enfrentar uma fila gigante para comprar pão de queijo", Isaac e Juliano decidiram "ficar com a parte mais gostosa". Samantha quis ir junto com os "tios", pois não aguentava mais o calor. Dessa forma, Isadora ficara sozinha no carro com André. Após alguns minutos de silêncio, a ruiva decidiu quebrar o gelo.
– Tento puxar pela memória, mas não consigo lembrar se algum dia te vi com uma roupa que não fosse 90% preta. – Falou Dora, olhando para a camisa azul-celeste do amigo.
– Jura que não se lembra? Pois eu me lembro tão bem... Sabe o dia em que você veio me pedir ajuda para encontrar seu pai? Eu estava com uma blusa branca e uma bermuda esportiva. – Respondeu o detetive. – E você vestia uma blusa florida com um short curto branco. Seus lábios tinham laranja como cor.
– Você tem uma ótima memória, André. Claro, precisa ter memória e foco para concluir Direito com excelência. – Notou Dora.
– Não, minha memória não é tão boa assim. É que por você eu lembro tudo.
Isadora deu o vácuo como resposta ao detetive, porque precisava processar aquela informação. Então Paolla não mentira quando, na festa de aniversário de Samantha, afirmara que André era apaixonado por Isadora? O que a filha de Zé faria com aquela constatação? O sobrinho de Ana Maria havia se tornado seu melhor amigo, mas não... Isadora não queria e nem podia estar apaixonada por André. Além de tudo, a ruiva amava Vinícius (ou era isso que ela achava...). Fora Vinícius quem lhe incentivara a entrar no mundo da moda e só assim Dora pode agir de igual para igual com sua família paterna. E André, ainda, havia perdido seu pai em uma investigação que envolvia o nome da Descoladas... Não, Isadora não podia se apaixonar por André!
– Olha, Dora, eu tenho meus motivos para não aprovar seu relacionamento com o Vinícius. Não, não é porque eu gosto terrivelmente de você que vou te contar o quanto esse cara é um canalha. Espero que um dia você saiba, mas não pela minha boca. Alguém vai abrir teus olhos...
– André, eu sinto muito por não corresponder às suas expectativas.
André colocou suas mãos no rosto de Isadora e observou gentilmente seus olhos.
– Você não precisa atender à expectativa de ninguém e muito menos entender o que vou fazer agora. – Disse o detetive, segundos antes de beijar Isadora.
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Queila retirou os croquis neonatais de seu grande baú. Todos aqueles desenhos foram feitos pensando em seu primeiro filho, mas ela poderia dividir alguns deles com o bebê de Charlotte. E foi assim, em meio às folhas espalhadas em sua cama, que Queila recebera a ligação de Paolla. "Eu preciso falar com você urgentemente", disse a mãe de Samantha. "É, e eu tenho uma confissão para fazer", respondeu a tia de Isadora. A caçula de Queila dirigiu-se à casa da amiga com a mão no coração. Será que algo teria acontecido com sua afilhada? Não, não... Queila afastou os maus pensamentos da cabeça. Chegando ao seu destino, encontrou Kamilla, senhora daquele lar, andando em círculos no meio da sala. Paolla, a filha, segurava o celular na mão e parecia bastante apreensiva.
– Que cara de indigestão é essa, baby Pao? – Perguntou.
– Você pode contar sua confissão primeiro. Eu e mamãe não temos tanta pressa de contar sobre o que está acontecendo essa tarde. – Desabafou a filha de Antônio.
– Nossa, tudo bem... Se a tua mãe prometer que não fala nada para o Carlos... – Condicionou a esposa deste.
– Espero que Carlos tenha cabeça para os pequenos desentendimentos conjugais depois de hoje. – Desembuchou Kamilla.
– Alguém está morrendo e eu não estou sabendo?
– Queila, primeiro você. – Ordenou Paolla.
– Ok, ok. Eu estou pensando em parar de tomar pílulas e engravidar sem o consentimento do Carlos. Daí, se tudo der certo, eu invento uma desculpa qualquer.
– Ufa, é só isso? – Comentou Paolla. – Bem, entre os segredos de todas as esposas do senhor Ventura esse é insignificante. Nada que envolva crimes, mais crimes e...
– Uma das duas pode ser clara comigo. Saí de casa com um baita peso na consciência e vocês estão me dizendo que isso simplesmente não é nada...
– Queila, minha querida, não é falta de empatia. Papai saiu hoje para uma operação policial importantíssima. Ele tentará prender a traficante de drogas conhecida como Gata Borralheira.
– E o que Carlos tem a ver com isso? – Indagou a irmã de Zé Ricardo.
– Essa Gata Borralheira é, de certeza, uma das irmãs Botafogo, que supostamente morreram há 12 anos. – Entregou a ex de André. – Queila, a Selena pode estar viva.
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Ana Maria tinha uma missão especial e única: ser uma agente dupla. Ok. Ela já tinha feito jogo duplo antes, ao levar drogas da boate Cheiro Santo para o colégio Douglas Monteiro. Mas, daquela vez, a ex-guarda-noturna merecia um Oscar pela atuação. Recapitulando: Ana havia se tornada a cara da Rickelly após ajudar Isadora Coelho como seu modelito, modelito este que foi campeão do Concurso Criatividade Descolada; a fama e a não-necessidade de se meter em becos para comprar drogas fizeram a tia de André se afastar da boate que lhe dera fama de traficante (e, de fato, ela era); após meses de abstinência (e de saudades da Gata Borralheira), Ana Maria voltou à boate e recebeu uma proposta perigosa de sua Gata; assim, naquela ocasião, a dependente química tinha uma chance de se redimir com a polícia (e de tirar a máscara da Gata Borralheira, que por suas contas era Ruanna ou Selena Botafogo).
– Aqui está o portfólio de todas as meninas da Rickelly, exceto o meu é claro. Consegui no cursinho de ontem. O próximo encontro com elas será em minha casa e foi marcado para este sábado 14. – Dizia Ana Maria, na mesma cama que a Gata. – Ah, e eu trouxe dois presentinhos para você...
– Você é incrível, Chefa. – Respondeu a bandida. – Eu cheguei a desconfiar de você muitas vezes, mas não... Agora quero saber: quais são os meus presentes?
– A vodca púrpura você já viu, não viu? Mas o que eu tenho aqui na minha bolsa... Sabe, sempre tive o desejo de tirar sua máscara e, depois que você me fez aquela proposta, essa minha vontade aumentou. – Falava a loira enquanto tirava uma algema de sua bolsa. – Você já experimentou algemas sexy, meu amor?
– Primeiro a vodca, depois as algemas e o sexo. – Sugeriu a Gata.
– E antes do sexo, a máscara. Eu preciso saber com quem estou lidando antes de prosseguir com nosso plano, concorda? – Propôs Ana Maria.
Dito isto, Ana Maria pegou a taça de vodca à sua esquerda e entregou a taça à direita para sua parceira. As algemas, cor-de-rosa pink, foram colocadas cuidadosamente na Gata Borralheira. Tudo estava dando conforme o planejado... Seria Ana, com apenas um golpe, capaz de desmantelar o esquema de tráfico que nem seu falecido cunhado conseguira? Ela já tinha ido longe demais e só lhe restava ver o rosto de sua criminosa predileta...
– Selena!? – Gritou Ana Maria. Ela sabia que seria uma das irmãs Botafogo, mas, mesmo assim, a visão da "ressuscitada" lhe assustara.
– Bem, vamos mudar o codinome? Que tal Fênix? – Finalizou a fugitiva.
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Bella notou, no banco da frente do carro de Vinícius, que seu motorista (e amante) estava de saco cheio dela. Não era para menos: aquela era a segunda ou terceira vez que a caçula de Selena fazia seu amante seguir Ana Maria. E o melhor (para Bella): graças aos seus planos, Isadora fora assistir a partida Cruzeiro X Atlético-MG acompanhada de André. Ah, Bella era o próprio cupido encarnado!
– Por favor, Vinícius, mude essa tua cara emburrada. – Exigiu Bella. – Esse não é o semblante de quem está vivendo uma grande aventura.
– Aventura? Bella, se alguém conhecido pegar nós juntos no estacionamento de uma boate, o meu namoro com Isadora e meus negócios com Zé Ricardo vão acabar imediatamente. E eu não posso sair amistosamente desse negócio no qual me envolvi...
– Menos, Vini. Você não vai morrer se terminar com aquela songamonga da Isadora, além disso... – Dizia Bella até avistar um automóvel conhecido. – Espera, aquele ali não é o carro daquele policial lá, o pai da Paolla? O que ele faz aqui num dia de domingo? Se bem que a Ana Maria estava conversando naquele dia com a Paolla e o André... Vinícius, eu preciso entrar na Cheiro Santo!
– Ele só deve estar fazendo o que a maioria dos homens fazem: traindo a companheira "matriz". Inclusive eu estou fazendo a mesma coisa agora.
– Não, não. Tem algo de errado. Me espera aqui por uns minutinhos, please? – Pediu a adolescente.
Bella esperava encontrar um ambiente movimentado quando entrou na boate. Mas não era isso que os seus olhos viam: as poucas pessoas que ali permaneceram estavam sendo lentamente retiradas por homens de preto. Algo ali, definitivamente, não cheirava bem. "E se for verdade? Minha mãe pode estar vida e estão procurando por ela... Mas é óbvio! André é um detetive e ele não deixaria uma mulher que se finge de morta circulando por aí em paz", refletiu a moça. O primeiro instinto da garota foi procurar por portas. "Eu preciso achar essa Gata, quem quer que seja. Ah, e despistar esses homens de preto também", concluiu.
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Antônio tiraria, se tudo desse certo, um enorme peso nas costas. Quantos anos fazia que ele ouvia falar sobre o tráfico de drogas (e de mulheres) sem poder fazer nada? O incrível era que uma delinquente (sim, Ana Maria é) tinha conseguido, em duas semanas, mais que ele em todos aqueles anos. As horas passavam no relógio. Já eram 17h00 e nada de Ana Maria lhe dar o sinal combinado. Além disso, seus homens não viram ninguém saindo do quarto secreto...
Deu 17h15. Antônio precisava agir. Armas no bolso e coração acelerado. Ele invadiria o quarto secreto (e correria o risco de ver duas mulheres transando). Chegando lá, a surpresa: não eram duas, mas apenas uma mulher que encontrara. Ana Maria estava desmaiada na grande cama de lençóis vermelhos. O portfólio, dado por Paolla, sumira. Acima, com tinta vermelha vívida, estava escrito "Babacas". Selena ou Ruanna Botafogo havia fugido mais uma vez!
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