19. Isadora em: "Lençóis sagrados".

Dias atuais: 2014.

Seria preciso, antes de tudo, convencer Tereza e Raquel a solicitarem o teste de DNA. Pior ainda: André necessitou lidar com o trio de detetives mirins e mostrar-lhes que abrir o jogo com as mães era a única solução viável. Em todos os artigos que André lera não havia encontrado maneira alguma de filhos menores de idade requererem a paternidade por conta própria. Assim, fazia-se necessário que as mães concordassem com todo procedimento.

– Então é isso. Eu informarei às mães de vocês sobre a averiguação de paternidade.  – Explicou-se André.

– Eu deveria ter desconfiado que o "Ju" de Juliano é idêntico ao "Ju" de Judas. – Reclamou Isaac.

– Já estou avisando que não vou desistir da competição de fotos. Farei o impossível para ganhar! – Exclamou Isadora.

– Aproveite, ganhe e pague o vestido e o sapato da minha tia. – Lembrou André. – Eu não tenho R$5000,00 para consertar as suas besteiras. Como é que você deixou a Paolla descobrir o nosso plano? Poderia ter inventado a história de uma gêmea perdida ou sei lá.

– Eu não tenho culpa se você me chama de "Camaleoa Bonita" ou "Camaleoa Ruiva" na frente de uma criança de três anos. – Queixou-se Isadora. – E, ah, a sua tia não merece nem uma toalha de mesa. Ela certamente sabia da identidade dos nossos pais e não nos contou. Se não fosse o Vinícius...

– Se não fosse o Vinícius, o aproveitador de mocinhas sem juízo...  – Disse André imitando a voz da ruiva. – Eu não tenho culpa se a minha tia não cumpriu a palavra dela. Nós dois temos que cumprir a nossa de qualquer forma.

– Ei! Eu e o Juliano ainda estamos aqui. – Reclamou Isaac.

– Tudo bem. Eu vou diminuir a pensão da minha filha para satisfazer a vaidade da minha tia. – Ironizou o detetive. – A Paolla não vai desconfiar mais de nada. – Bufou, por fim.

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Luísa era muito mais que a mãe de André e a avó de Samantha. Luísa precisava ser. Um dia André casaria e levaria Samantha para passar os finais de semana em sua nova casa. Assim, só restaria o conhecimento de Luísa para guiá-la até o fim de sua vida. O conhecimento e suas lembranças. Tais pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta. Era Paolla com Samantha. O que a mãe de sua neta queria ali se André estava no trabalho e ela sairia em breve para dar aulas de idiomas?

– Bom dia, Luísa. Eu preciso falar contigo.

– Bom dia... – Respondeu a senhora mais velha. – Aconteceu algo com a Samantha, algo que você não possa resolver com o André?

– Não, não aconteceu nada com a Sam ainda. E não, eu não posso contar com o André para isto. O André não seria sincero comigo sobre esse assunto e... – Desabafou a loira. – Olha, a Samantha reconheceu uma moça ruiva que ela não deveria ter reconhecido... Bem, eu tenho certeza que esta moça está mancomunada com a sua irmã traficante.

– Moça ruiva? Ah, sim, a Isadora. – Lembrou Luísa. – A Isadora é uma garota que o André prendeu por engano. No início ele me disse que a Dora era a nova babá da Samantha, mas depois me contou a verdade: ele está investigando quem é o pai dela e de seu irmão gêmeo. Ah, ele também está procurando pelo pai do melhor amigo deles.

– Ah, é só isso? Nada de tráfico? – Indagou a filha de Antônio.

– Só isso. – Contou. – E essa Isadora tem namorado, logo, ela e o André não tem nada mais que uma bela amizade confrontante.

– Por favor, prometa não contar nada para o André, por favor? – Pediu, por fim, a conspiradora.

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Era 15 de setembro de 2014 e Vinícius ainda não sabia como contar para Isadora que Bella lhe deixaria para trás no Concurso Criatividade Descolada. Mas isso não era o pior: Bella cuidaria dos preparativos de uma garota próxima à Isadora, com a justificativa que "a amizade encobriria os defeitos do traje de Dora".  A sorte de Vinícius é que sua amada também tinha algo para lhe contar. Quanta sorte! Tudo aquilo ficaria menos embaraçoso para o administrador. Isadora não poderia suspeitar que ele e Bella foram muito mais que amigos em um passado recente...

 – Você pode começar, meu amor. – Disse o rapaz, mexendo os cabelos negros.

– Eu prefiro que você comece. – Respondeu a ruiva, que estava com um batom cáqui.

– Eu sei que só faltam dez dias para a sessão de fotos e você já estava contando com ela, mas... a Bella vai precisar ajudar outra concorrente que lhe suplicou por ajuda e...

– É só isso? –  Surpreendeu-se a bela moça. – Pensei que fosse algo mais grave. Eu, eu... eu em contrapartida tenho algo grave para te contar e prefiro que você saiba disso pela minha boca do que pela boca de outra pessoa. Uma conhecida sua lá, a tal de Paolla, desconfiou de uma coisa e...

– Você está realmente envolvida com drogas? – Perguntou.

– Não, nunca. É que eu, de fato, passei umas tardes com a filha dela, a tia do ex dela e o ex dela. – Começou. –  A gente está envolvido numa investigação de paternidade maluca e eu menti para você quando disse que a dona Ana Maria que eu conhecia era minha ex-professora de geografia. Essa dona Maria que eu, Isaac e o Juliano conhecemos é uma guarda da Douglas Monteiro.

– Você mentiu para mim? Mas, Isadora... você e o André tiveram algo a mais? – Suspeitou Vinícius, com a voz embargada.

– Nunca. Aquele André é muito mal-educado e o máximo que quero com ele é uma amizade de senhoras. – Disse a ruiva, olhando diretamente para os olhos do namorando e tocando suas bochechas com as mãos. – Eu te amo, senhor João Vinícius. Se eu ainda não te contei tudo é por medo de estar errada e te enganar mais uma vez. Você é o meu príncipe encantado, que apareceu numa apresentação puxando uma cadeira de rodas... Eu te amo e a tua chegada na minha vida só trouxe coisas boas. Eu... – Queria continuar Isadora, mas Vinícius não pode conter o seu fogo. Ele arrancou um grande beijo da namorada e guiou-a através da escada para seu mundo de prazeres.

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O coração de Isadora se acelerava a cada passo. O quarto de Vinícius estava escuro e Isadora sentia um calor entre as pernas. Ele virou-se para ela e perguntou-a:

– Você quer?

E Isadora respondeu que sim com a cabeça. Em seguida, o moreno tirou de uma gaveta o que parecia ser um rabo de raposa, que servia para provocar um prazer dolorido.

– Vai doer no início, mas depois não vai doer mais. – Amenizou. – Você pode virar de costas?

A ruiva concordou com a cabeça e preocupou-se com a dor logo em seguida.

– Você tem lubrificante?

Isadora suspeitava que ceder aos fetiches de um rapaz seis anos mais velho que ela (e mais experiente que ela em relação à maturidade sexual) seria perigoso, mas mesmo assim deixou-se levar por sua própria tentação.

– Um pano. – Pediu. – Um pano para não manchar nossos lençóis sagrados.

– Prometo não te machucar. Nunca. – Exagerou o irmão de Leonardo.

– Eu acredito. – Aceitou a filha de Tereza, bonita, mas sem nenhum senso intuitivo.

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Isaac precisava sair da inércia. O irmão gêmeo de Isadora tinha certeza que sua mãe não esconderia a paternidade dos filhos por qualquer motivo. Quem em sã consciência deixaria de solicitar uma boa pensão para o pai milionário de seus filhos? Quem? Era óbvio que tinha algo de muito errado naquela história.

– Boa tarde, traidor. Espero que tenha dormido com a consciência pesada pela sua traição. – Comentou Isaac com o amigo, enfim a sós com Juliano.

– Eu não estou gostando de ser chamado de traidor e muito menos do apelido "Judasliano". – Confessou o filho de Raquel. – Eu faria qualquer coisa para você voltar a conversar comigo como uma pessoa normal.

– Bem, eu tenho uma proposta que anula automaticamente seus pecados.

– Eu só não mataria ninguém, sabe? De resto, eu sou capaz de fazer quase tudo...

– Ótimo Jujuba. – Agradeceu Isaac. – Agora só falta conversarmos com as herdeiras da Rickelly em um horário que Isadora não perceba nossa ausência...

– O quê? Herdeiras de quem? – Indagou, surpreso.

– Da Rickelly. – Repetiu. - Consegui o Facebook delas. Não vai ser difícil convencê-las...

– Acho que preferia o apelido de "Judasliano". – Desabafou o garoto antes de ouvir o plano inteiro.

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Havia doído. Doído muito. Mas Isadora sabia que não era daquele tipo de dor que Vinícius falava. Vinícius era o par ideal para ela e perdoou-a muito facilmente. Tudo ocorreria bem. Ele prometera jamais machucar ela. Devia ser verdade. Agora, prestes a adentrar em um ambiente completamente novo, o da sua família paterna, Isadora sentia que precisava se camuflar. Era engraçado que o apelido "camaleoa", proposto por seu irmão gêmeo, houvesse caído tão bem. Dora usaria a alcunha para ganhar o Concurso Criatividade Descolada.

– Fico feliz em te ver, dona Mentira Maria. Ou seria Ana Mentira?

– Bom saber que o seu pai biológico ainda não mandou te matar. – Respondeu a tia de André. – Apesar da implicância, eu ainda gosto de você. Mas, então, o que tu queres?

– Eu preciso de sua experiência e de sua malandragem. Você me ajudará a ganhar o Concurso Criatividade Descolada.