15. Isaac em "O trio de detetives mirins".

Dias Atuais: 2014.

Isadora só contaria para Vinícius que não ia mais concorrer ao Concurso Criatividade Descoladas depois que conseguisse alguma informação da tia de André. Sim, não eram roupas de grife que Ana Maria queria? Agora ela teria. Em troca, Dora teria o tão sonhado encontro com sua família paterna.

– Vini, eu estou com vergonha de te contar algo, mas eu sinto que você é o único a que posso confiar nessa tarefa. Além disso, você é um cara cheio de contatos... – Começou a mentir Isadora. – Eu tinha uma professora de geografia maravilhosa que, infelizmente, teve que se aposentar antes da hora. Ela vai fazer aniversário neste próximo domingo. O que eu tenho medo é que ela não sobreviva até lá. Isaac e Juliano foram visitá-la na tarde em que fui para tua casa... Ela só falava de morrer. – Inventava a namorada do administrador. – Ela é muito fã de roupas de modelos, principalmente das da Decô. O problema é que nenhum de nós três ou nossas mães pode comprar as roupas que ela merece.

– Você poderia me levar para conhecê-la na sexta à noite, que tal? Ela vai ficar feliz em ver que a estudante dela já anda tão crescidinha ao ponto de ter um namorado. – Sugeriu Vinícius. – Qual é o nome dela mesmo?

– Dona Ana Maria, nossa simpática professora de geografia. – Respondeu Dora. – A questão é que a doença dela é relacionada com Síndrome do Pânico e Fobia Social. Eu não posso te apresentar antes de mostrar fotos e mais fotos de nós três juntos e convencê-la que você é de confiança.

– Tudo bem. – Acreditou o rapaz. – Eu não prometo conseguir nada até esse domingo, mas talvez até o próximo. E falando nisso... o seu aniversário também não será em breve? Aliás, tu é virginiana ou libriana?

– Sou libriana, por pouco, e o Isaac é virginiano. – Comentou a menina. – Será que eu e Isaac conseguimos pôr o equilíbrio em algo ou deixar as coisas em ordem? – Concluiu.

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Isaac estava prestes a se converter em uma lenda. Não, não seria uma lenda de histórias inventadas... Ele seria lembrado como um exemplo de detetive mirim não-remunerado. Porém, por enquanto, ele queria apenas conhecer o seu pai (e lhe perguntar o motivo de largar uma deusa como sua mãe grávida de gêmeos).

– Será que é seguro expor tanto da nossa vida para essa mulher? – Questionou Juliano para Isaac. – Ela provavelmente tem envolvimento com tráfico de drogas. – Justificou-se.

– Melhor confiar nela do que em Vinícius. Ele tem experiência com roubo de irmãs. – Reclamou Isaac.

– Vou confiar no seu julgamento e no da Isadora. Mostrar cópias do diário de minha mãe é algo extremamente íntimo, mas vocês são meus amigos e eu devo confiar em vocês. Além disso, essa investigação paterna já é algo que faço contra a vontade de minha mãe. Mostrar o trecho do diário dela para alguém que ele respeitava não deve ser algo tão grave assim. – Desabafou Juliano.

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O mundo dava voltas mirabolantes. Quando começou a estudar Direito, o sonho de André era ser o policial que solucionaria o assassinato do seu pai. Porém, bem diferente do que almejou, o loiro tornou-se líder de uma investigação de paternidade adolescente. Agora  o filho de Luísa, esperava por Isadora, Isaac e Juliano na casa da tia viciada em drogas e em confusões. Era dia 31 de agosto de 2014.

– Você quer ajudar essas crianças por causa de seu pai, é isso? – Questionou a tia do rapaz. – Não sei se isso vale pontos em casas espíritas. Talvez seu pai só queira descansar em paz mesmo. – Concluiu Ana Maria.

– Não, eu não quero fazer contato algum com o espírito de papai. Quero dar a chance de três adolescentes chegarem à fase adulta com os pais deles. Satisfeita? – Justificou-se André.

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Fotos de juventude das respectivas mães, recortes de notícias da Descoladas e a xerox da confissão de Raquel estavam devidamente reunidas. Se Ana Maria, tia do detetive do topete ridículo, fosse a mesma Ana Maria citada por Raquel, Isadora estaria a alguns passos de encontrar seu pai.

– Antes de iniciarmos nossa reunião solene, precisamos trocar os respectivos números e nomes fakes. – Anunciou a filha de Tereza. – O senhor do topete ridículo disponibilizou os cinco chips?

– Ele prefere Batman. – Interferiu Ana Maria. – A ex dele o chamava assim.

– O Juliano quer ser chamado de Jujubas. – Brincou Isaac. – Esse menino é muito doce.

– E você de Cabelos de Miojo, não é mesmo, Isaac? – Respondeu Isadora.

– E você de Camaleoa: modelo de dia, espiã de noite. – Sugeriu o irmão gêmeo da moça.

– Chega, chega. Antes que a Chefa desista de colaborar com vocês. – Interrompeu André.

– Vinícius conseguirá suas roupas, dona Ana Maria. – Contou Isadora. – Não se preocupe.

– Ah, o pedófilo. Ele já está sabendo de tudo? – Jogou André.

– Não meta o seu bedelho, projeto de investigador! – Ordenou a tia do detetive. – Eu não posso perder o meu look por sua causa.

– Falar a verdade sempre faz mais bem que mal. – Defendeu-se o pai de Samantha. – Bem, continuando, o plano é o seguinte: a Chefa pesquisará por fotos do ano de 1998. É sabido que Tereza estudou o restante do seu terceiro ano em 1998 e que, pelo  que Juliano disse, seu pai nem cursou o ensino médio. As festinhas que vamos vasculhar eram frequentadas pelo quarteto  no colégio de Tereza. Raquel cursou o ensino médio na mesma escola, mas ela já estava grávida quando começou a frequentar a Douglas Monteiro. – Resumiu. – Identificaremos os respectivos pais por fotos e gravações. Olharemos para os garotos que estiverem com mais frequência ao lado das duas.  Postaremos, por fim, essa pesquisa no canal do YouTube dos três interessados, ao mesmo tempo que minha pessoa procurará por eles nos arquivos da delegacia.

– Você acha que os meliantes se entregarão assim tão fácil? – Questionou Isaac. – E se eles desconfiarem que essa "pesquisa" vai ser seguida de pagamento de pensão atrasada por 15 anos?

– Não é necessário que eles se entreguem. Algum familiar desavisado pode fazer isso por nós. – Destacou Ana Maria. – Ah, me entreguem logo os retratos de suas mães. Também tenho droga para esconder, ops, usar. – Debochou a guarda-noturna.

– Não esqueça que ainda sou um policial, tia. – Observou André.

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Ana Maria achou, realmente, que seria fácil: ajudaria os fedelhos a reunir sua família e agradaria os olhos de sua Gata Borralheira... Mas não. Não mesmo. A confusão que Ana estava prestes a se meter seria pior do que esconder drogas. "Não pode ser, são elas! Uma andava com um filho de político e outra com o filho da magnata da moda", pensou a loira ao ver as fotos das mães dos "isa-irmãos" e Juliano. Por enquanto, a guarda seguiria com o plano dos meninos, mas só se um revólver não fosse apontado para sua cabeça.