13. André em "Deslizes de um detetive".
13. André em "Deslizes de um detetive".
Dias Atuais: 2014.
André tinha sérios problemas em impor autoridade para sua tia. Vejam bem: por um lado, o loiro era um representante da lei; por outro era o sobrinho de Ana Maria e lhe devia respeito. Fora ela que mimara quando sua mãe não encontrava forças para suportar o próprio luto; ela que incentivara André a seguir os passos do pai... Ele sabia, no fundo, que Ana não era uma pessoa ruim e que tinha um coração enorme.
Agora o pai de Samantha pensava em uma forma de pedir à tia para ajudar a jovem que prendera por engano. Aquela menina, Isadora, jurava que estava procurando por seu pai e o detetive não poderia deixar uma oportunidade de investigação como aquela para outra pessoa. Ou será que André estava fazendo isso por sentir algo a mais pela menor?
– André, não está na hora de você buscar a Samantha? – Questionou a mãe de André, Luísa.
Luísa era a mulher mais inteligente que André conhecera na vida. Sabia, fluentemente, inglês, espanhol, francês e italiano e ganhava a vida como professora de idiomas. Em personalidade, era bastante diferente de Ana Maria e preferia a serenidade em vez de confusão.
– Sim, hoje é o nosso dia de ficar com a Sam, mas mãe... eu não consigo tirar a tia Ana Maria da cabeça. – Desabafou André. – Ela não tem perfil de traficante, mas santa ela não é. Titia sabe de alguma coisa. E ainda tem a questão do pai daquela garota que se enfiou na Douglas Monteiro para conversar com ela...
– Filho, a gente não pode carregar o problema dos outros nas costas. Sua tia é um caso quase perdido. E, quanto à sua nova conhecida, dê tempo ao tempo, certo? – Aconselhou Luísa.
– Obrigado, mamãe, vou pensar no caso. Mas, eu não prometo de forma alguma, que não irei me arriscar. – Concluiu o detetive, se preparando para buscar a filha na casa da ex-namorada.
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Bella fazia papel de trouxa melhor do que ninguém. Porém ela não faria esse papel por muito tempo: ela conseguiria uma maneira de se sobressair. Vejamos: Vinícius, o homem por qual ela se deixou ser conhecida como piriguete e fura-olho, estava animadíssimo com sua namorada ruiva. Ainda por cima, seu ex-amante pedira para que Isadora, como se chamava a mais nova trouxa, aprendesse dicas de moda com Bella.
– Amor, esta é a Bella, filha mais nova de Carlos, o olho que tudo vê da Descoladas. – Apresentou o irmão de Leonardo.
Os três estavam na casa de Vinícius, tendo que suportar os questionários recorrentes de Leonardo sobre vida extraterrestre. O irmão caçula de Vinícius, segundo ele mesmo, se encantou por Isadora desde que a ouviu cantando Pais e Filhos numa escola pobre de Belo Horizonte. "Você só pode ser uma híbrida, filha de um pai ET", insistia o garoto.
– Não só de beleza é feita uma modelo. – Dizia Bella para os presentes. – Toda modelo também deve ser uma influenciadora de costumes, para que assim o produto em questão seja comprado e liquidado das lojas. Além disso, não adianta ter o perfil "padrão", que é ser alta e magra, se isso não vier dos cuidados do corpo, como a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável, e da estética, como manter a pele e o penteado bonito. – Continuava a caçula de Selena, fingindo amizade e simpatia pela rival.
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Isadora não havia ido para a casa do namorado apenas com o objetivo de pegar dicas de como ser uma modelo de sucesso. Alguns comportamentos esperados de uma modelo, já eram vivenciados constantemente por Isadora, que crescera com os gestos e elegância de sua mãe (sim, Tereza era elegante até em sessões de fotos de botequim).
E sobre Vinícius? O pedido de namoro tinha sido mágico: após uma serenata em escola pública, a irmã de Isaac correu para os braços do amado e deu um beijo de cinema em seu príncipe. Porém, mesmo com a realização na vida afetiva e profissional de Dora, alguns pingos nos "is" ainda precisavam ser colocados. Deste modo, a ruiva conseguira, sorrateiramente, o endereço do detetive André Carvalho com Leonardo, seu cunhado. "Você tem certeza que não é uma essassini e que seu pai, um ET cinza baixinho, nunca veio te visitar?", indagava Leo, ao mesmo tempo que mexia na grande agenda telefônica de seus pais. "Não, mas esse tal de André deve conhecer algum ET cinza", respondeu.
Sim, o policial loiro de topete ridículo era muito sagaz e inteligente e, além disso, era sobrinho da mulher que provavelmente tinha informações sobre seu pai (que certamente não era nenhum et cinza baixinho). Era 24 de agosto de 2014.
– André, você tem uma visita! – Avisou a bela mulher que lhe atendeu.
O detetive, que substituíra as vestimentas pretas por uma simples camisa branca e bermuda esportiva, segurava uma simpática garota loira de olhos azuis.
– O que é que você está fazendo aqui? – Questionou. – Como conseguiu meu endereço?
– Você não é detetive? Eu consegui uma missão para você. – Revelou a ruiva.
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Ana Maria caíra, propositalmente, na armadilha da maior traficante de drogas de Belo Horizonte. Como ela resistiria à beleza da Gata Borralheira? Ela fazia de tudo por aquela loira charmosa, como esconder alguns quilos de cocaína na escola em que trabalhava há quase 20 anos e , inclusive, ser tachada de louca pelo sobrinho detetive.
Falando em André, quase por sincronia, o rapaz apareceu em sua porta com a pequena Samantha. Atrás dele havia uma moça ruiva, que não era nada estranha à Ana.
– Não sabia que eu era tão importante para você para que viesse me apresentar uma namorada tão imediatamente. – Chutou Ana Maria.
– É, namorada, pelo menos, é um título menos desconfortável do que babá, não é? – Ironizou Isadora, lembrando que, na hora anterior, André inventara para sua mãe que Isadora seria babá da sua filha.
– Graças a Deus que eu não sou seu namorado. – Rebateu o detetive. – Não sou um aproveitador barato e pedófilo como o verdadeiro.
– Ei, ei... Se forem brigar, aluguem um ringue de boxes ou qualquer outro lugar, menos a minha humilde residência. – Avisou a tia de André.
– Tudo bem, tia. Eu sei que a senhora entrou em maus lençóis por seu maldito vício em cocaína e eu não fui muito paciente contigo. – Relembrou o pai de Samantha. – Prometo ser um sobrinho mais empático e solidário se você ajudar essa garota que está ao meu lado.
– E ainda me diz que não é sua namorada? – Debochou a senhora. – O que tu queres, menina bonita?
– Eu preciso da sua ajuda para encontrar meu pai. – Concluiu a filha de Tereza.
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