Tentáculos metálicos?
–MORRA! –Correntes platinadas surgem pela terra e vem contra mim, exalando o vermelho-escuro conforme suas pontas viram lâminas e, salto, passando entre elas antes de dar de cara com o dono do dom, usando a máscara em formato de V.
Antes mesmo de ficar surpreso, afundo o rosto dele com minha mão e bato-o contra o solo concretado. Pondo ambos os pés no chão, agacho pelo avanço e os outros membros da D correm na minha direção, ativando seus dons enquanto um alarme dispara.
Somente depois de quatro malditos dias, tive a permissão de invadir e, estou furiosa. Nas escadas de ambos os lados na estrutura subterrânea, indo para os andares inferiores, inúmeros despertados sobem em saltos enquanto as paredes vibram, apontando a aura para onde estou e, armas surgem por todos os lados.
Sentindo meu interior queimar, abro a boca e sinto os caninos crescerem, reagindo a ativação do dom. Empunhando imensos rifles, os homens no topo do edifício disparam junto às suas habilidades, transformando os disparos em luz.
Eles colidem contra a minha aura transparente e são redirecionados, indo contra os outros membros que são obrigados a se defender. De uma vez, avanço e amasso o homem abaixo de mim, subindo para o andar superior com ambas as mãos abertas.
Materializando duas lanças, os homens armados recuam e perfuro ambos, ficando-os contra a parede e ela explode. Raízes surgem dela e corto-a num único movimento, fazendo toda a área começar a desabar antes de pisar com tudo no chão.
Decepcionante. Toda a estrutura da área esquerda desaba e outros disparos alteram o campo em torno de mim, ricocheteando na barreira e giro o anel no meu dedo anelar, saltando no enorme vão entre os oito andares.
A aura em torno de mim é atingida e movo os membros, desviando dos disparos vindos dos rifles e, dentre os vestindo branco e preto, com máscaras em V maiores e menores, passo os olhos pelas beiradas dos seis andares abaixo enquanto a energia auxilia na contagem.
Cento e vinte despertados além de duzentos homens comuns. Cortes rasgam o ar e rebato-os, criando várias lanças vermelhas em volta de mim conforme uma parte da estrutura cede.
De uma vez, lanço-as contra as pilastras e rompo todas, ouvindo inúmeros palavrões. Desço para o segundo andar e me impulsiono com a aura, saindo do enorme vão ao pousar nas escadas, vendo três pessoas apontarem os rifles e, parto-as.
A parte inferior delas são separadas da inferior e avanço dentre elas, seguindo para dentro daquele local, um refeitório. Os outros, cerca de vinte membros, voltam-se contra mim e giro o anel, derretendo totalmente. Movo-o e ele fica no formato de uma pequena lâmina.
Solidifico-o e corto o local com o item, tomando a forma de uma adaga junto a aura. O chão parte, os vinte sobem e o teto desmorona, cedendo a queda do andar superior e eles protegem-se com suas energias enquanto faço o mesmo.
Os destroços atingem-nos em cheio e toda a área similar a um refeitório é esmagada. Sabendo onde cada um está, vendo além dos destroços e terra diante os meus olhos, disparo minha aura em pontos únicos.
Um a um, derrubo os vinte presos nos destroços feito uma sniper e o local inteiro é varrido por um dom da terra, lançando tudo contra a parede da estrutura e sou carregada junto. Batendo contra o solo e sendo pressionada em conjunto, observo o vermelho-escuro envolver minha força e tentar me esmagar, alterando somente um pouco a barreira invisível.
Suspiro, outros despertador unem-se ao dom aplicado e a pressão aumenta. A barreira é empurrada dois centímetros e contínuo imóvel, apenas esperando-os fazerem alguma coisa. Vejo os setenta restantes apontarem os rifles contra mim pelos andares, disparando conforme gritam feito loucos.
Há quatro andares e o quarto é o último. Aparentemente, o próximo é uma sala de estoque, o seguinte de experimento, o terceiro onde mantém as cobaias presas e o quarto o lixo. Destruo o amontoado de terra numa liberação de aura e, pondo ambos os pés na parede, agacho nela e me prendo nela, vendo os outros membros serem inundados pela surpresa pela manifestação de suas energias, denunciando o medo deles.
Eles impediram de tudo ser esmagado durante essa tentativa de, tentar esmagar minha persona? Ótimo. A adaga dourada reluz, o material dela amplifica a ação da aura e o dom faz meus olhos queimarem, focando nos membros.
A cor da estrutura some, ficando totalmentes pretas. As pessoas, os alvos, tem suas cores reforçadas pelo sentido da energia e avanço outra vez, saltando no vão enquanto eles disparam, revestindo as munições com suas habilidades, tão insignificantes que sequer as noto.
Formo ainda mais lanças vermelhas e disparo-as contra eles. Vejo-os serem perfurados consecutivamente, sem conseguirem desviar. Um a um, empalo os despertados e o simples fato deles não conseguirem desviar esvai toda e qualquer chance de diversão.
São lixos.
Descendo os andares enquanto limpo-os, os homens comuns surgem e levantam as mãos, soltando as armas. Desistiram de lutar? Os despertados atacam mesmo assim e continuo a romper seus ataques, atravessando-os até atingir o ultimo andar.
O solo rompe e a minha descida faz toda a estrutura vibrar, ameaçando ceder e a estabilizo com minha aura, espalhando-se feito vinhas por todo o local, já sem nem um único despertado. Na verdade, minto. Há as cobaias, elas podem ser consideradas despertadas.
Olho o "salão de lixo" em torno de mim, recheado de corpos nus, itens descartáveis e, animais mortos. Mulheres, crianças e homens, todos tiveram os corpos multilados e, provavelmente, violados. Giro a lâmina e, identificando o lider pelas suas roupas, lanço-a contra ele e sua perna é atravessada.
Caindo no chão, a três andares a cima de mim, vejo-o gritar pelo sensor da aura e todos na estrutura são tomados pelo pânico, sem saberem como eu o encontrei. Com os caninos saindo dos lábios e expostos, mesmo de boca fechada, pressiono-os contra minha pele e não sinto absolutamente nada, além de decepção.
Não há nada além de lixo aqui. Eles sequer conhecem o campo de energia? Decepcionante. Pelo mesmo campo, composto pela minha aura e a do local, sei exatamente tudo o que está acontecendo em toda a estrutura, como um sensor de movimento que não necessita disso.
Para mim, é como uma visão de calor e radar. Mas isso não importa, é hora de tirar o lixo pra fora.
Puxo o celular do bolso, desbloqueando a tela e faço uma ligação, que é prontamente atendida.
–Feito. –Digo, sentindo um mal pressentimento.
–Certo, vá para o lado de fora. –A voz do meu chefe me confunde, isso não parece uma boa proposta.
–Não tem perigo deles tentarem suicid…
–Vá para o lado de fora. –Ele ordena me interrompendo. –Você vai entender o motivo.
Eu vou entender o motivo? Agacho, envolto meu corpo pela aura e, na ativação do dom, salto. Atravesso o local feito um missel e pouso no que restou do segundo andar, dando outro impulso para atravessar o que seria o primeiro e vejo a entrada na esquerda. De alguma forma, a estrutura que tampa tudo não cedeu e a entrada, similar a de garagem, permanece inteira.
Vou até ela em outro impulso e, sinto algo no ar. Fecho a cara, não gostando nada disso e pouso, passando pelo buraco que fiz e, que merda é essa?
No meio do ar, uma gigante rachadura branca pulsa em meio do azul, exalando toneladas de energia.
Que não é aura, com toda certeza é outra força.
–Que porcaria é essa? –Pergunto a Pedro pelo celular.
–Não sei, mas apareceu em vários lugares. E, na maioria deles, saíram monstros. –Como é o papo? Tá zoando comigo? –Aqui em Salvador apareceu um e a coisa ficou feia, eu tive que intervir. Olhe a internet, está cheio disso.
–Eu to no meio do nada. –Protesto.
–Ah, então acredite em mim. –Ele fala e reviro os olhos, vou tentar. Dois carros se aproximam em alta velocidade pela terra seca, são outros membros do Palmares, devem prender os humanos comuns e, tentar fazer algo a respeito. –Ou tire a prova por você mesma.
–Segunda opção. –Determino e, um pulso acontece. Os carros viram bruscamente e a parte metálica deles rompe com a energia, levantando uma cortina de poeira conforme me pressiona e tudo é compactado. –Ok, vou lutar contra algo com tentáculos?
–Provavelmente. E, dos grandes. –Ouço Pedro rir e sorrio um pouco, vendo o branco abrir e dar espaço para escuridão, sendo atravessada por algo azul.
–Quer que eu deixe o celular ligado pra você ouvir? –Pergunto.
–Por favor. –A cor cresce e, toma tonalidades metálicas, virando um gigante tentáculo robótico antes de, abrir? A ponta descasca e revela algo verde, emitindo leves ondas aparentemente eletromagnéticas.
–Está mapeando o local. –Digo mais a mim mesma do que para Pedro. A ligação parece cair e a clara onda causa interferência, maravilha. Quando ela cessa, a ligação reconecta. –É um tentáculo de metal.
–Não é uma besta? –Ele pergunta, sério.
–As vezes é. –A estranha coisa cresce, descendo em movimentos de zigue-zague e despenca, desprendendo da fenda. Caindo, ela desacelera no ar e vejo espécies de propulsores serem ativados, permitindo-a fazer um pouso similar às máquinas que iam pra lua. O objeto move-se e continua a descascar, criando ainda mais ramificações conforme o verde é exposto, com espécies de esferas de vidro nele, são cameras. –Certo, não é uma besta. Claramente é, uma máquina. Estranha, estranha pra caralho.
–Estou indo para aí. –Rio dele.
–Qual foi, acabe seu serviço aí. –Digo, vendo aquilo rastejar e vir direto na minha direção, provavelmente já me tendo como algo. –Eu vou ver o que essa coisa é.
–Julia, você é forte mas…
–Eu acabei de lutar contra cento e vinte despertados. –Completo a frase dele, andando contra a máquina e consigo sorrir mais, algo raro. Então é assim que aquela Maria se sentiu me antecipando? Gostei. Ouço-o bufar, odiando ser interrompido. –Se quer saber, nem gastei energia. Eram lixos. Então, quieta o rabo ai e termina as negociações. Se estivermos certos, a D sabia disso e esses experimentos têm haver com, essas coisas. Quando acabar, vou ver as memórias daqueles caras e te dou mais detalhes.
–Tome cuidado. –Pedro sussurra e seus dentes rangem, provavelmente sendo pressionados. –A besta que eu enfrentei hoje era forte.
–Preocupado? Que fofo. –Digo e a máquina para, as ramificações metálicas levaram pelo seu corpo verde similar a de uma minhoca e apontam contra mim. Observo as pessoas do carro correrem para a entrada do antigo laboratório da D e, o verde começa a brilhar. –Ih, devo ser abduzida.
–COMO É!? –Ele pergunta e, de todas as pontas, algo é expelido contra mim. Antes mesmo do som chegar, a energia toma forma de rede e abre contra mim.
É sério isso? Subo a mão e lanço a aura em um corte pela unha, partindo a rede em duas. Cada parte cai em uma direção diferente e desmontam. Os membros que saíram do carro arregalam os olhos e consigo ouvir um palavrão vindo do celular.
–Bem, vou resolver isso aqui. –Começo a falar, levantando o aparelho enquanto a máquina vibra, provavelmente preparando outro ataque.
–QUA… –Pedro começa e desligo a chamada, levemente empolgada e, sorrindo. Numa explosão, a máquina libera a estranha energia num disparo e, revestindo minha mão esquerda com a aura, agarro-a.
O impacto me faz arrastar os pés pelo chão enquanto gradualmente dissipo a força, amassando o disparo feito uma bolinha de papel.
Olho para a esfera azul em meio a minha mão, totalmente carmesim, feita de algo que definitivamente não é aura.
Esmagando-a, volto a atenção para a enorme máquina, totalmente parada.
Com os caninos voltando a crescer, meu dom é ativado e, atravesso-a com uma lança vermelha.
***
–MAS QUE DROGA!? –Berro, vendo a janela do meu quarto totalmente quebrada junto a meu celular rachado. Um tremor aconteceu e até ele rachou!? Miséria! Levanto da cadeira e, a parede rompe.
Salto para trás por puro reflexo, batendo as costas na cadeira enquanto o teto também desaba sobre algo imenso, do tamanho da parede. Meus instintos berram e, vendo a coisa olhar para mim, com os olhos cinzas arregalados.
Utilizando toda minha força de vontade e, por saber que se correr vai terminar pior, permaneço imóvel. As pupilas dele ficam em mim enquanto, enquanto isso levanta da estrutura rompida, revelando um enorme corpo animalesco junto a cabeça, similar a de um lobo-guará.
Levantando as duas orelhas peludas, enormes e brancas no interior, a criatura claramente assustada me olha de cima para baixo. Sua pelagem laranja com traços pretos nas costas, ao redor do focinho e das pernas gigantes reluzem, como se alguma luz estivesse saindo dela.
Isso, isso tem quase dois metros. Não pode ser um lobo-guará nem ferrando! Um som rasga nossos ouvidos e a criatura rapidamente olha para trás, a nuvem de poeira é iluminada pelo azul e vermelho, vindo de uma sirene da policia.
Agora ferrou.
O animal ruge e salta, imediatamente me lanço pra direita e ele passa com tudo pela esquerda, derrubando a mesa antes de correr para a cozinha onde perco-o de vista. Atinjo o chão e levanto, com o coração a mil e, meu velho!
Disparo a correr e viro no corredor. Avisto a criatura, atravessando o teto de telha, saindo para fora de casa ao ir para as vizinhas. Sinto o medo vindo dela e, meu velho sai do quarto dele com os olhos arregalados, branco.
–Meu Deus, eu nem bebi ontem. –Ele murmura, olhando para o monstro no telhado da frente. Suspiro, aliviado por ambos os fatos.
Sem noção nenhuma de onde está, a criatura levanta e, ouço tiros. Ela grunhe, sendo baleada e despenca, caindo do telhado ao retornar para o terreiro da minha casa e levanta, com uma marca na parte lateral.
Dois pontinhos pretos na pelagem laranja crescem e, são cuspidos pelo pelo, saindo quicando até pararem.
Espera... Isso, isso foi os disparos? Levantando, o lobo imenso olha para todas as direções e me encara, ainda em pânico.
Meu velho afasta-se e tenta me segurar, mas desvio e levanto as mãos, sinalizando que não irei fazer nada conforme o som de sirenes aumentam e, o portão é aberto à força.
Ouço o metal ranger e ser rompido, junto a várias vozes. Apesar disso, permaneço com os olhos fixos no monstro, tremendo em desespero total. De alguma forma, sinto o medo dele. Ele não sabe onde está, como veio parar aqui e muito menos como sair.
–AFASTEM-SE! –A voz de um homem adentra nos meus ouvidos e o lobo olha na direção dela, afastando.
–ESPERA! –Grito olhando para a pessoa, vestindo roupas pretas típicas de policial, apontando sua pistola contra a criatura do lado de seu companheiro, menor e mais gordo, usando as mesmas vestes. Eles voltam a atenção para mim e engulo seco, ainda com as mãos levantadas. –Se atirarem vai ficar pior!
–Como é!? –Ambos perguntam e, algo é quebrado. Retorno os olhos para o lobo, tendo acabado de pisar num prato, perto da gente. –ATIRE LOGO NESSA COISA!
Antes mesmo de ter a chance de protestar, os disparos acontecem.
O tempo parece desacelerar, o trajeto das munições é formado no ar e elas rasgam o local, indo de encontro a criatura e, somem.
Gritos. O som finalmente chega aos meus ouvidos e os policiais caem, gritando conforme colocam as mãos no peito, sangrando. Eles, eles foram baleados!? Os disparos voltaram!?
O chão treme, meu velho arrepia e suas roupas brancas escurecem, perdendo a tonalidade enquanto tudo parece ser sugado, indo na direção da criatura.
Olhando-a, vejo o monstro com as mandíbulas abertas e, entre elas, algo extremamente brilhante cega minha visão...
Sendo disparado.
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