Ein?
Que sonho maluco. Sento na cama e, quando vou descobrir do edredom, a preguiça me acerta feito um porrete. Aqui está mais quentinho que o costume, eu… Preciso mesmo levantar? Puxo-o e suspiro, vendo o tecido branco levemente vermelho, querendo permanecer quieto.
E eu tive um sonho doido hoje! Eu salvei uma garota e fui mordido depois! Por ela! Sério Luan, esse tipo de fetiche existe!? Cada dia que passa eu duvido mais da minha sanidade. Arrastando para o lado da cama, tomo coragem para sair das cobertas e, simplesmente travo.
Mas é o que? Do lado da cama, no chão, vejo um colchão e uma mulher, sentada na beirada dele com as mãos nos joelhos, encolhida ao dormir escorada na parede, sem camisa, estando apenas com o sutiã e short. Arrepio dos pés a cabeça, tentando reconhecer sua pele escura e cabelo preto que, no final, fica totalmente branco, igual a jovem do sonho.
Ah, não foi um sonho. Cerro os dentes, não acreditando nos meus próprios olhos. Mas, olhando para a roupa branca e, desviando o olhar, vejo o quão real ela é. Droga Luan! Você a deixou dormir assim!? Não, eu sonhei ter dado o edredom! Na verdade você a deixou dormir aqui!? Meu pai, enlouqueci de vez! Imediatamente retiro a coberta de mim, descendo até o colchão bem devagar.
Coloco os pés nele com o máximo de cuidado, puxando o cobertor antes de abraçar o tecido e retirá-lo inteiro da cama, abrindo-o sobre o colchão antes de cobrir a mulher com ele. Fico parado por alguns segundos, esperando alguma reação e nada acontece. O semblante relaxado, cansado e levemente tombado permanece imovel.
Certo, melhor tirar as costas dela da parede. Quando eu fico assim acabo gripado. Passo a perna pro outro lado e, pegando meu travesseiro, agacho e observo-a por um momento. Noto o quão grande ela é, mesmo encolhida ocupa quase toda a parte de cima do colchão. Eu que ocupo quase a mesma área tenho 1,75, essa guria é enorme! Analiso o estranho e lindo cabelo preto com o final branco, recheado de cachos.
Nunca vi ninguém assim antes. Bem devagar, ponho o travesseiro na parede e o aproximo, encostando no ombro dela pela coberta antes de puxa-la um pouco, encaixando um pouco o travesseiro. Coloco metade e, quando levo a mão para o outro lado, um flash inunda minha visão.
O vermelho claro ocupa tudo e, quando é dissipado, quatro dedos estão diante de mim. Arrepio, olhando as unhas brancas e a mão escura parada no ar, junto ao braço e mulher, com o membro inteiro estendido no ar. O edredom aterrissa no colchão, tento entender o quão rápido foi esse movimento e os olhos brancos dela focam em mim, contraindo ao encarar minha alma.
Não consigo me mover. Fico imovel, sentindo um medo indescritível. Ela, ela achou que eu? Bem devagar, retiro a mão do travesseiro e, segurando a coberta, mostro-a a mulher, ainda vidrada em mim. Voltando a atenção ao edredom, a dúvida passa pelos seus olhos e depois eles retornam para minha cabeça. Segundos passam, sua mão recua e repousa sobre o peito, deixando o sutiã branco levemente vermelho no contato.
Faço o máximo possível para não olhar, apesar de ser quase impossível. Cobrindo-a outra vez, seguro o travesseiro e, bem devagar, puxo o outro ombro dela cagando de medo. Deixando ser conduzida, ela move-se e volta os olhos para minha mão. Coloco a almofada improvisada atrás dela e a solto, dando dois passos para trás ao afastar, sendo seguido pelo olhar.
–Eu, eu não sei o que você come mas, mas vou fazer o café. –Digo em gaguejos, realmente sem saber como reagir. Encolhendo mais um pouco, a misteriosa pessoa concorda e fecha os olhos. Sem perder tempo, saio do quarto e fecho a porta lentamente, com o coração a mil.
O que acabou de acontecer? Cambaleio um pouco, agarrando nas cadeiras da mesa antes de descer pelo corredor, tentando processar tudo o que aconteceu. Sinto como se tivesse bebido álcool. Balanço a cabeça, afastando o pensamento. Jamais, já basta de problemas com isso.
Chegando na cozinha, procuro algum sinal do meu pai. Porém, a mesa forrada com um pano branco está idêntica a ontem. Nem uma cadeira movida, prato sujo ou nada. Certo, ainda não chegou. Suspiro, muito preocupado. Onde você se meteu dessa vez, velho?
Caminho até a prateleira, cheia de pratos e copos pendurados. Vejo a panela que uso para coar café e a pego, indo até a pia em seguida. Encho-a de água até a metade e a coloco numa das bocas do fogão, colocando uma tampa nela antes de ligar o fogo.
Está bem. Encosto na pia, suspirando ao olhar para o corredor de onde vim com as paredes brancas desgastadas pelo tempo. O que eu deveria fazer? A chance daquela mulher topar com meu pai é baixa, mas estou perdido caso isso aconteça. Do jeito que o velho é, vai acabar pensando outra coisa.
Lembro dela no chão, sangrando muito e rupeio, pressionando o pescoço com a mão esquerda. As marcas dos dentes sumiu, espero que não esteja aparecendo. Sério mesmo, quem é ela? E por que estava literalmente quase morrendo? Sem contar a melhora absurda por, beber meu sangue. Assustador.
Balanço a cabeça, tentando não pensar nisso. A água ferve, faço o café e o tempo passa. Quando percebo, já fiz os ovos e estreito os olhos, sentindo falta do velho. Apesar de serem, seis e meia, normalmente ele está aqui esse horário.
Algo estala, congelo e o som se repete. O cadeado abriu. O portão é aberto e recuo, olhando-o pelo corredor. Sendo aberto, uma figura surge dele e sorrio de canto a canto, é o velho.
Assim que ele fecha-o, meu sorriso desaparece. A não, é o velho. Vindo pela casa, respiro fundo e dou dois passos para o corredor, temendo pelo o que vai acontecer. Depois que minha mãe morreu, somente o vejo em dois estados: Tomando café ou bebendo.
Ou, é claro, já bêbado.
–Oi filho. –Meu velho fala quase num sussurro, custando a andar. Com a roupa cinza, do próprio serviço, suja de graxa e ferrugem, observo-o parar e me olhar.
–Bom dia, pai. –Digo e sorrio, um pouco feliz por ver apenas o cansaço no semblante dele. Os olhos castanho-claro não estão com olheiras, a pele levemente escura está sem hematomas e, por enquanto, nenhum cheiro de bebida. Obrigado. Volto a atenção para trás, apontando para a frigideira. –Eu fiz café! Se quiser os ovos, pode ficar. Eu vou comer pão.
–Obrigado. –Ele responde caminhando até a cadeira, dando uma olhada no que fiz. Dessa vez o velho sequer recusa. Pegando um prato, vejo-o pegar o ovo e sentar em frente a mesa, colocando um pouco de café.
Suspiro, aliviado que, pelo menos hoje, não teremos confusão.
***
Depois de eu zoar muito com a cara de Faria, que veio me perguntar o que eu vi nas minhas visões – na qual sequer ativei – ficamos conversando um pouco e, depois dela me ensinar uma ou duas coisas, utilizei meu dom e… Rapaz.
Rio lembrando da cara de minha querida miga, ficando em choque conforme o próprio rosto ficava vermelho feito ketchup. Pela "conceção" formada consegui passar as visões para ela e eu realmente fiquei surpresa.
Dou uma olhada nela, seguindo a caminhar na frente do nosso grupinho sem olhar para trás. Ângelo anda perto de mim, usando o boné azul que comprei junto a uma camisa na mesma cor, disfarçando um pouco as cicatrizes. Desde a ativação do dom, Faria não conseguiu olhar diretamente para nosso querido Frankenstein.
Dentre os desvios de olhares e imensa vergonha, sinto a raiva dela. Provavelmente pela minha chegada. Não julgo, sequer sei como reagiria se fosse o contrário. O pensamento me faz arquear as sobrancelhas, é quase impossível isso acontecer.
Mas, foco. Após termos levado as coisas de ambos para seus respectivos apartamentos, estamos indo para o centro do Grupo Palmares. Aparentemente, vão passar as informações mais detalhadas para Keila e de brinde ver os próximos passos. Segundo Ângelo, os "testes" estão sendo um sucesso e isso não pode acabar bem.
Sequer sei o motivo disso, porém estou indo junto. Motivo? Simples, mexeram com minha amiga. O que me assusta é: Por que raios estamos na universidade da capital!? Ta certo, entrar aqui me anima muito – pelo fato das minhas aulas aqui irem começar dentro de dois meses – mas me deixa abismada! Se o Centro do Palmares for aqui, vou pirar a cachola.
Chegando no enorme estacionamento, estranho ao ver Faria ir na direção dum fusca azul, isolado dos outros veículos. Ângelo vai atrás,abaixando um pouco mais o boné conforme dou uma olhada nas gigantes estruturas ao longe. Céus, em dois meses, estarei no prédio central estudando "REI".
–Campos -1. –Minha amiga fala ao encostar no automóvel, estalos acontecem e arregalo os olhos, vendo o local torcer.
Quantias absurdas das mais diversas luzes atravessam o céu e terra, energizando-os. O concreto abaixo de mim é tomado pelo azul e o branco inunda o ar à nossa volta num enorme círculo. Isso, isso é aura. Meus sentidos gritam e, as cores desaparecem.
Um salão, estamos em um salão. Faria retira as mãos do fusca, de alguma forma no meio da sala e sobre os ladrilhos, sem ninguém dentro. Nem tento entender, é perca de tempo. Nunca mais vou olhar do mesmo jeito pra um fusca azul. Ela olha para o lado esquerdo e subo a cabeça, não vendo um fim na estrutura que simplesmente sobe e desaparece na escuridão. Quanto mais dentro eu estou, mais por fora fico.
–Fique calada, Keila. –Minha atenção é atraída e volto a atenção para Faria, extremamente séria. –Leila tem tolerância zero por falta de respeito, sequer abra a boca aqui. No questionário, o menor índice de confronto vai acabar em problemas. E, já temos o suficiente.
–Ficarei calada, fique sussa. –Digo tentando passar tranquilidade, realmente não querendo usar meu dom pra conferir. Bem, depois eu faço isso. Ela suspira, Ângelo aparenta estar levemente preocupado e vejo-a seguir caminho pelo ladrilho reluzente.
Vou atrás deles. O salão possui várias salas por todos os lados, provavelmente dos membros. As portas de madeira carregam uma coloração vermelha imbuída nelas, agindo feito eletricidade. As janelas me permitem ver algumas pessoas ali, sentadas em frente a computadores e, em cima de um tatame.
Do lado esquerdo, parecem trabalhar. Do direito, estão treinando. Desacelero para olhar uma sala com mais calma, com um vidro estranhamente maior que os outros e várias pessoas lá dentro.
Uma mulher fala para outras cinco pessoas ajoelhadas no chão, ouvindo tudo em silêncio absoluto. Ela balança as mãos, tomadas pelo vermelho e caminha sobre o tatame verde, gesticulando conforme a cor toma tonalidades mais intensas.
–Não importa seu dom, você sempre consegue usar a energia no próprio corpo. Tanto para defender quanto para atacar, lembrem-se disso. –Ouço ela pela visão, na qual uso para vê-la de perto. O cabelo preto e liso está amarrado num coque inclinado para cima, a feição séria dela é acompanhada por uma cicatriz na pele escura, descendo da bochecha até o pescoço, sumindo na roupa escura, por onde com toda certeza continua. –Cada um possui a sua maneira de lutar. Cortes, ataques específicos, explosões ou simplesmente murros. Antes de tentarem aprender outra forma de manifestar a aura, aprendam a lutar com seu dom. Fui clara?
Os cinco concordam. Descendo as mãos, já sem o intenso vermelho, a atenção dela recai sobre a pessoa no meio do grupo, uma jovem mais ou menos da minha idade.
–Venha Ana, tente me imitar. –Cada milímetro da garota vibra que, sem confiança nenhuma, levanta e caminha até o outro lado do tatame, ficando de frente a mulher.
Confiro se ainda estou seguindo Faria, indo em linha reta pelas salas sem desviar os passos, fico surpresa quando consigo retornar a visão para o local, seguindo uma trilha. Eu mapeei a aura daqui? De alguma forma, consigo sentir onde cada sala está e, a visão formada mostra a jovem com os dentes para fora.
Arregalo os olhos, vendo os caninos dela crescerem e sua pele clara expelir pelos brancos. A roupa é forçada, o corpo cresce e seus membros também. As mãos delicadas dão lugar a gigantes patas, com garras totalmente vermelhas pela aura. O cabelo levemente loiro some na pelagem e o rosto da garota transforma-se, ficando numa forma animalesca muito similar a de um lobo.
"Existem vários tipos de dons, mas nunca vi nenhum como o seu." Lembro das palavras de Faria na minha cabeça, citando algumas habilidades. Essa claramente é uma transformação.
Abaixando o corpo, as gigantes pernas são tomadas pelo vermelho e os joelhos dobram, ambas as mãos dela tocam no solo e, ficando numa posição de salto, ela faz exatamente isso.
Saltando, a mulher transformada empurra os tatames com imensa violência que, sendo protegidos por algo, não cedem. O impulso a faz atravessar a sala em um instante e, reunindo o carmesim na mão direita, um corte vindo da direita é aplicado.
Sumindo, a treinadora desvia do ataque que passa direto pra esquerda, colidindo contra o tatame conforme ela, sem pressa alguma, reúne o carmesim no punho esquerdo.
–Ataque e, defesa. –A mulher fala, dando tempo da criatura reagir e, concentrando a aura nas costelas, um ataque com o punho esquerdo atinge-a.
O som é o mesmo de um canhão. O estrondo ecoa na sala, não saindo dela e a jovem transformada sobe, perdendo o contato com o tatame enquanto grunhe, tendo a expressão tomada pela dor antes de cair, quase seis metros a frente.
Fico pasma. Seguindo Faria, nem ela e nem Angelo esboçam ter ouvido o impacto. Meus próprios ouvidos não ouviram, eu notei pelo dom. Aquela sala também isola sons? Meu pai. Levantando, a transformação da jovem falha e a parte atingida retorna a aparência humana. Na verdade, todo o lado direito retorna.
Batendo um dos joelhos no chão, o semblante tomado pela dor denuncia o fim da batalha. Apesar disso, a mulher bate palmas. Os quatro alunos fazem o mesmo, todos surpresos.
–Minha intenção era te deixar fora de ar, realmente se defendeu bem. Era disso que eu estava falando! Para defender golpes de aura, use a aura! Vocês provavelmente não notaram, mas Ana concentrou e girou a energia, direcionando o impacto para fora do corpo. Caso não tivesse feito isso, teria acabado igual o Gabriel na última aula. –Olhando para o primeiro a esquerda, um homem já mais velho, a desaprovação domina o semblante dela e ele abaixa a cabeça, envergonhado. –De todo jeito, quero que pratiquem isso. Voltarei daqui a duas horas. Quando voltar, vou dispensar vocês caso fique feliz com o que ver, entenderam?
Todos concordam e, casualmente, ela caminha para fora da sala e entra no enorme salão, vindo na mesma direção nossa. Engulo seco, temendo pela participação dela na reunião e, vejo outra pessoa sair da sala à esquerda. Um garoto magro e com um óculos quadrado.
Indo na direção de Ângelo, encarando-o com um olhar nada amigável, uso meu dom e vejo onde isso vai terminar, em luta. Imediatamente acelero os passos, ficando do lado de nosso novo companheiro antes de assobiar baixinho, atraindo a atenção de Faria.
Trocamos olhares e, como sempre em nossa vida, o recado foi passado. Parando de andar, seu olhar retorna a pessoa vindo e também paramos, olhando-o se aproximar tomado pelo vermelho.
–O que essa escória está fazendo aqui de novo? –A voz aguda dele machuca meus ouvidos e estreito os olhos. A pele branca dele fica quase totalmente carmesim e ele sequer consegue esconder a própria raiva. –Some por duas semanas, tenta matar um…
–Pedro –Faria fala e nem mais uma palavra é dita. –Calado.
Silêncio. A surpresa domina-o, não conseguindo acreditar no que acabou de ouvir. Querendo protestar, o semblante sério de minha amiga deixa claro a situação aqui.
Ângelo permanece encarando o chão, fechando os punhos com tanta força que chega a sangrar. Suspiro, atraindo o olhar do tal Pedro. A dúvida irrompe no semblante dele e, antes de perguntar, arrepio.
Virando, dou de cara com Leila. Todos os outros travam, olhando-a sérios conforme subo os olhos, tirando a atenção da blusa branca com uma gravata para ver o rosto dela, repleto de felicidade e orgulho.
–Pelo visto, para defender os seus você mostra as garras. –Ela calmamente fala, encarando Faria que apenas abaixa a cabeça. Consigo vê-la fazer isso pelo dom, mantenho os olhos na mulher na minha frente, sem um pingo de maquiagem. A sua pele branca emana leves ondas vermelhas, intensas e poderosas, com uma cor tão forte quanto seu cabelo ruivo, indo em ondulações até as costas sem amarra alguma. As pupilas claras reluzem e retornam para mim, surpresas. –E quem diria, não é tão fraca quanto pensei.
Arqueio as sobrancelhas, sem entender o motivo disso e, minhas pernas falham. Um dos meus joelhos atinge o chão e cerro os dentes, sentindo algo me pressionar violentamente pelas costas conforme o sensor de aura dispara.
–Agora sim. –Leila calmamente fala, sorrindo comigo de joelhos e vejo-a em torno do vermelho, emanando-o em pulsos. Os outros três atrás de mim também caem pela pressão e Faria grunhe, sem conseguur levantar. –Agora que estamos aqui, deveriamos começar a conversar com cada um na sua posição ou ainda tem algo a comentar?
Ninguém fala nada. Continuo imovel, sem conseguir mexer um único músculo. Expando a aura, tentando lutar contra a pressão ao fazer exatamente como aquela mulher disse, concentrando a minha força nas costas e, atraindo a atenção da ruiva, começo a levantar.
Faria, Angelo e o outro homem arregalam os olhos, não acreditando que estou fazendo isso e continuo. Ela pediu para não confrontar, mas não consigo aceitar isso calada.
Fico de pé, tomada por uma coloração branca e olho-a de frente, com as sobrancelhas levemente separadas claramente surpresa. Lentamente, a pressão diminui até desaparecer totalmente.
–Olha só, temos uma corajosa? –Atrás dos outros, aquela mulher que estava lutando no tatame fala ao por as mãos no bolso de sua calça branca, sorrindo de canto a canto. Um leve sorriso invade o rosto de Leila, tirando os seus olhos claros de mim ao encara-la.
–Vamos logo Dalva, tenho mais o que fazer. –Ela fala e já se vira, seguindo a andar pelo salão enquanto os outros levantam, em choque. Pela própria expressão abismada de Faria vejo que eu provavelmente iria levar uma surra por causa disso.
O homem grunhe, indo atrás de Leila. Faria e Ângelo suspiram, trocando olhares antes da tal Dalva calmamente passar o braço em torno do pescoço da minha amiga, arrepiando em seguida.
–É bom te ver assim. Nessas ultimas semanas você parecia morta! –Ela fala e o rosto dela cora, já prevendo onde isso vai terminar. A atenção da mulher retorna a Ângelo, tentando entender as suas palavras e, sorrindo, tudo parece se encaixar. –Ah, isso explica muita coisa. Inclusive, seu cheiro.
–Vamos, vamos logo para a reunião. –Faria fala, desesperada e muito vermelha. Ângelo e eu não entendemos a parte do cheiro, mas de resto sim. Concordamos, Dalva puxa a fila rindo e ele engole seco, sorrindo um pouco depois de tudo.
Ainda preciso processar tudo o que aconteceu.
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