Breve encaminhamento
–Sejamos rápidos, preciso arrumar para ir pro nordeste amanhã. –Leila fala já sentando numa enorme cadeira similar às de jogos, apontando para as outras em torno da mesa grande. Ângelo, Faria, a mulher e eu sentamos nelas em seguida, apenas esperando-a continuar. Nem quero saber o que essa louca vai ir fazer do outro lado do país. Se pá, vai ir pra região dos canudos. –Certo. Nosso querido novato foi sequestrado pela D e retornou inteiro. Nossa querida estranha ajudou nisso e, por isso, a chamei aqui. Apesar de ter uma quantia de aura ridícula, vejo potencial em você.
Estreito os olhos, extremamente nervosa. Que mulher alargada.
–Sei o quão traumatizante foi, porém precisamos saber o motivo de toda essa merda. –A outra pessoa fala, voltando a atenção a Ângelo ao desamarrar o rabo de cavalo, com os olhos clareados fixos nele, totalmente vidrado no chão. –Pode nos dizer?
–Eu iria simplesmente ver tudo, mas Carla não deixou. –Leila murmura e a figura fecha a cara.
–É claro! Você vai simplesmente revirar as memórias dele e piorar tudo! –Ela exclama com a bucha do cabelo em mãos, esticando-o nos dedos antes de fechar a mão nele.
–Seria mais eficiente. –A ruiva murmura e, arrepio, a presença de Faria é intensificada. De relance, vejo-a fechar ambas as mãos sobre a própria coxa, com tanta força que se suas unhas fossem grandes criaria buracos ali. Assobiando, o desdém domina Leila. –Talvez veria uma ou duas coisas sobre, bem, mas não daria exposed.
–Foi pelos testes –Ângelo dispara. –Fizeram isso pelos testes.
Nossa atenção retorna a ele, com os olhos fixos no chão. Tremendo, a mão esquerda dele arrasta-se pela cadeira, indo na direção de minha amiga enquanto o seu semblante é tomado pela dor. Apenas lembrar está deixando-o assim? Droga, então aquelas visões eram reais. Leila e a tal Carla movem-se, inclinando na direção do homem ao esperarem uma continuação.
–Todas as vezes em que achamos uma fábrica e entravamos nela, tinha aquelas espécies de líquidos. Nunca achamos a finalidade deles, porém eu vi para o que aquilo é usado. –Parando de falar, os olhos de Ângelo vibram e sua consciência parece mergulhar nos próprios pensamentos. A mão dele é segurada por Faria, um choque atravessa-o e a atenção dele retorna para o presente. Respirando fundo, ele parece por mais força nas mãos e engole seco. –Eles estão sintetizando despertados.
Silêncio. Leila, Faria e Carla trocam olhares. Minha amiga e a mulher parecem totalmente em choque enquanto a ruiva permanece séria, sem surpresa alguma.
–Aquilo induz um despertar forçado. Primeiro estavam testando em ratos, mas nenhum sobreviveu. Aqueles, aqueles loucos falavam isso toda hora. Ratos de laboratório, pombos, mamíferos menores ou insetos, nenhum resistiu. Os únicos experimentos com sucesso foram em, cachorros, gatos e, pessoas. –A última parte sai pesada, carregada de agonia. –Despertadas, ou não.
–Isso explica a redução de despertados jovens. –Leila murmura, abaixando a cabeça ao encarar a mesa. O silêncio volta a pairar sobre nós e um suspiro acontece. –Continue.
–Aquela droga força um despertar. Por isso, pessoas "frágeis" não suportam e morrem. Aparentemente esse é o motivo daquele monte de cachorro e gatos aparecendo mortos por ai. A maioria das, falhas, são queimadas. Porém alguns deles simplesmente descartam eles feito, feito lixo. –Ângelo balbucia e não consigo mais continuar olhando-o. Volto a atenção para minhas mãos, fechadas e tensas. Droga, isso é muito pior do que esperava. –Eles, eles forçaram um despertar em mim. O processo, o processo não foi legal.
–Esperado. –Leila murmura, subindo o olhar na direção dele, claramente em transe. –Consegue se lembrar dos rostos?
–Nunca vou esquecer. –Ele responde baixinho, fazendo tanto a mim quanto Faria cerrar os dentes.
–Você é o alvo número um deles agora. Você somente não foi morto naquela hora por, isso. –Mostrando o punho, vemos uma espécie de quadrado surgir entre os dois dedos esticados dela e, Ângelo rupeia, levando a mão até as costas por dentro da camisa, retirando-a com sangue. Eu, Faria e Carla arregalamos os olhos, o que aconteceu aqui!? –Assim que chegamos aqui, notei isso. Vocês sequer devem ter visto, mas não vem ao caso. Isso daqui é um rastreador e um gravador. Foi desativado no exato momento em que eu o segurei. Porém, eles já sabem que estamos numa dimensão isolada e como chegar até nossa porta.
Meu dom é ativado quase instantaneamente. O local onde o fusca está surge, o estacionamento da universidade federal. Em seguida, uma pessoa ao longe é focada pela minha energia, ressaltando-a em meio dos estudantes que acabam de chegar. Essa visão é, de agora. Forço-a e, tudo muda, retornando a onde estou. Estou saindo da sala e retornando pro salão, segura. Vejo o futuro de cada um aqui, todos indo para seus afazeres sem nenhum problema.
Espera, e aquele cara? Lembro do homem que quase socou Ângelo e olho o futuro dele, levantando imeditamente.
–Eles vão ir atrás do Pedro! –Exclamo e Leila arqueia as sobrancelhas, só então entendendo. –Há uma pessoa encarando o fusca nesse exato momento! É a oeste, está a oeste perto duma van dos novatos de engenharia! E, amanhã essa pessoa vai ir atrás do Pedro!
–Do que essa maluca…
–Eu amaria ir atrás desse cara. –Leila interrompe Carla, encarando-a em seguida com os olhos arregalados, sem ter acreditado em uma única palavra minha. Contudo, a ruiva acredita. –Mas eu preciso ir agora para uma missão. Vá atrás dele Carla, leve quem quiser e espere por mais de um inimigo.
–O QUE? –A mulher questiona, incrédula. –ESTÁ MOBILIZANDO NOSSOS HOMENS PELA FALA DEL…
–Agora. –Leila a corta outra vez. Ambas se encaram, ela parece totalmente inconformada e grunhe, levantando antes de sair da sala feito um furacão, batendo a porta em seguida.
–Eu quero ajudar. –Faria fala e a ruiva suspira, debruçando na cadeira.
–Então dê um chá tranquilizante pra Ângelo. –Arqueio as sobrancelhas, os dois tombam a cabeça e a mulher balança a mão, pedindo para esquecer. –Não. Preciso dos dois fora de ação por enquanto, são fortes demais para ficarem expostos. Quer ajudar? Volte a treinar e, vê se não seja alvejada sozinha. Principalmente você, Maria. Tu está no meio da treta agora, então fica esperta.
–E como eu poderia ajudar? –Pergunto, arrancando uma gargalhada dela.
–Além de não ser sequestrada e usada como refém? Bem, fique forte e use esse dom peculiar para ajudar os pombinhos aqui. Sempre soube da força deles, mas agora tudo está se encaminhando para uma guerra, então vou precisar disso em mãos. –Levantando, Leila não esboça o menor sorriso e volta a atenção para a parede na esquerda, pintada de azul e sem nem um único móvel, diferente de toda a sala, recheada de estantes e acessórios. –Quer ajudar? Certo. Você derrubou uma assassina num golpe de judô, então deve saber lutar. Ache aquela mulher que tentou te matar, precisamos dela para conseguir informações. Entenderam?
Apesar de achar isso loucura, concordo firme. Ângelo e Faria claramente odeiam a ideia, porém Leila não parece ligar.
–Agora, vazem daqui.
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