Capítulo 21 - Dois Mestres.
A confraternização dos super-humanos ganhou uma grande atenção da mídia, já que dois novos foram descobertos pelo público. Fernanda e Eduardo ainda não eram familiares para as pessoas, ainda não haviam tido uma oportunidade para mostrarem do que eram capazes ou o que eram. Eles eram, no máximo, conhecidos dos grandes super-humanos que as pessoas já conheciam, Paulo e Eshylly.
Passaram somente algumas semanas após o incidente e ainda assim. . . Brinquedos dos heróis já estavam circulando por todo canto, já iam fazer até filmes? Que mundo maluco é esse que usa coisas sérias pra gerar entretenimento. Paulo até leu a sinopse do filme que iria "explicar sua origem", não que alguém soubesse de verdade, ele também não ia ajudar com isso.
Mas não achou de tudo ruim, começou a achar legal toda essa fama, ser famoso abre oportunidades para coisas diferentes. Usou isso para ajudar a família de Fernanda com contatos ou coisas do tipo, já que a faculdade teve que se desvincular da sua matrícula, era perigoso ter super-humanos por perto dos alunos depois do que aconteceu.
Fernanda, Paulo e Eshylly acabaram por terem sido retirados da faculdade. Como os três agora eram um chamariz de desumanos, não podiam mais correr esse risco. Como não podiam mais focar nisso, iriam garantir sua atenção para outra coisa, treinar! Se mais desumanos como Ophler, acabarem surgindo em larga escala, pelo menos a cidade inteira sairia destruída.
O treinamento dos mais inexperientes, tirando Sakahara e Paulo que seriam os mestres, iriam ser divididos em três partes, corpo, mente e utilização inteligente dos poderes.
Treinar o físico é algo quase inútil para um super-humano, suas capacidades físicas são elevadas para além do próprio limite! Mesmo assim, é necessário uma prática constante para que seu corpo não seja totalmente desprovido da força que recebeu, quem cuidaria desse treinamento seria Sakahara. O que os outros achavam estranho, juraram que Paulo é quem lidaria com algo assim. As primeiras semanas foram com esse preceito de estimularem seus corpos, o bom é que Eduardo e Cauan já se davam bem com treinamentos assim, levando em conta o físico definido deles, agora as meninas e Lupo? Nem pensar.
Digamos que foi difícil, na floresta, na antiga casa de César, Sakahara fez um centro de treinamento e obrigou eles a fazerem o que ele mesmo fez. Coisas como sentir a água de uma cachoeira violenta cair sobre suas nucas, carregar pedregulhos enormes enquanto ele atrapalhava e coisas assim. Ele fazia questão de ocasionar aquilo da maneira incômoda e difícil possível, para eles evoluírem.
Agora, o treinamento de mente. Esse ficou responsável por César, que papel engraçado para alguém como ele. Enfim, o dele consistia em praticar com o corpo também, mas ele pedia que os outros ficassem sentados sobre tronco de árvores que ele mesmo fatiou de alguma maneira muito. . . Perfeita, pareceu até mesmo que foi Sakahara que cortou com sua espada de samurai.
Eles tinham que meditar por cima dos troncos, imaginando que a energia da floresta e as deles eram uma só. Seus poderes vieram de alguma energia do universo, algo ancestral, então deveriam se tornar um com o próprio mundo, tentarem pelo menos! Isso era difícil, ele também atrapalhava de propósito, queria testar o nível de concentração deles. Pelo visto, não era algo muito bom. Viver em sociedade é ótimo, mas gerava sentimentos e pensamentos desnecessários para momentos como esse.
- Caramba, vocês se distraem por qualquer coisa! - Paulo deu um grito bem alto, enquanto se jogava no chão e fazia o mesmo tremer, era apenas outro jeito de tentar fazer eles cederem, mas não deu certo. - Conseguiram ficar concentrados, finalmente! Tô muito orgulhoso de vocês, pessoal.
- Ah, ainda bem! - Eshylly foi pega na pegadinha, não era pra ela responder.
- De novo! - Socou o chão, fazendo um monte de terra cair por cima deles, então esse era o motivo de eles estarem todos imundos.
- Obrigado, Eshylly! - Eduardo faz uma espécie de beat box com a boca, causando uma ventania que com a onda de choque, bagunçou os cabelos dela.
- Desculpa. . . - Ela abaixou a cabeça, com raiva por ter caído nessa pegadinha tão óbvia.
Isso continuou por mais diversas horas, mas não era apenas meditação que eles faziam para treinar sua mente. Parte de deixar sua mente mais forte, é também, usar seu corpo. O ato de pensar que você não consegue fazer algo, é forte. . . Eu não consigo isso, aquilo e isso, vai se tornando uma bola de neve gigantesca! Paulo apenas ordenou que eles acertassem uma maçã que estava por cima da sua cabeça, é algo simples de se fazer, né? Vai depender da mente deles e o quão confiantes são.
Fernanda criou bolas de um material mais resistente dessa vez, algo semelhante com o que uma bola de boliche é feita. Estava querendo punir Paulo? Ele não ficaria nervoso se fosse isso de qualquer forma.
O primeiro que iria lançar, seria Cauan. Ele já era um cara muito confiante e seguro de si, atirando a bola em sua direção e em alta velocidade, não apenas acertou a maçã, como a explodiu em diversos pedaços diferentes. Óbvio que como ele era um boçal, ficou fazendo poses de fisiculturista de forma arrogante, o que deixou as garotas meio raivosas, enquanto Lupo ficava envergonhado vendo aquilo.
Eduardo só conseguiu rir da reação de Eshylly, perguntando se ela era uma sapatona, era uma brincadeira normal entre os dois, mas claro que a mulher pulou em cima dele querendo o espancar, ele teve que sair correndo por alguns segundos, enquanto agora. . . Fernanda quem segurava a esfera, querendo mirar.
- "É só acertar a maçã, Fernanda. . . A maçã!" - Pensava enquanto atirava a esfera, mas errou feio, acertando ela com uma força incomum na nuca de Paulo. - Meu Deus! Tink, você tá bem?!
- Tô. - Só respondeu de forma seca, segurando a maçã para que ela não acabasse caindo da sua cabeça. - Só tenta até conseguir, ok?
- Você tem certeza que ele se machucou naquela luta? - Cauan questionava para a japa, surpreso por ele nem mesmo se mexer quando foi atingido daquele jeito.
Fernanda segurou mais uma das esferas, fazendo uma pose de atletas famosos que faziam lançamentos assim nas olimpíadas. Enquanto segurava a esfera, suas veias dos braços iam aparecendo, seus pensamentos estavam como aquelas veias. . . Aparecendo em sua mente, pensava consigo mesma, não podia mais ser apenas um alívio na hora de uma luta decisiva. Não era mais aquela que era salva, ganhou o poder para salvar os outros, tinha que agir como tal. Dessa vez, lançou a esfera com ainda mais força que a primeira vez, com sua mente tão focada no objetivo de se tornar forte para lutar em igualdade com Paulo, acertou a maçã, perfeitamente!
A fruta não foi partida em vários pedaços como Cauan fez, mas. . . Foi como se 90% da maçã fosse destruída sem deixar nenhum tipo de rastro, como se um mosquito fosse atropelado em meio ao ar durante uma corrida. César viu a esfera passando por cima de sua cabeça, dando um sorriso ao ver ela passando por mais umas cinco árvores em sua frente.
- Parabéns, Fernanda. - Fez um sinal de paz com os dois dedos da mão, feliz por ela.
- Obrigada! - Fernanda saltou feliz, por ter realmente conseguido, com tanta maestria.
- Minha vez! - Lupo nem esperou ele colocar a outra maçã, apenas queria se vingar por ter sujado seu cabelo com terra. Então lançou a bola na direção de César, mas o homem apenas desviou e chutou a bola de volta na direção dele, fazendo ela se chocar contra o nariz dele em cheio. - Ai!
- Foi quase, em?! - Sentiu mais duas esferas vindo de dentro das árvores, desviando sua cabeça por pouco, vendo os objetos se chocando um contra o outro. - Ah, então isso foi um plano de vocês três?
Eshylly e Eduardo estavam escondidos, só esperando a hora que ele ficasse distraído. Pelo jeito, aquela era a maneira saudável deles de fazerem uma pegadinha em César.
O que gerou apenas em uma punição, já que numa disparada como de um tiro de revólver, Paulo surgiu do lado de cada um acertando suas cabeças com seus pés, ele tinha mais força nessa área mesmo. A verdade é que a parte mais forte dos seres humanos são as pernas, o que faz ser estranho as pessoas quererem pular treino de perna nas academias, mas enfim. . .
Depois dessa leve punição, decidiu suspender o treinamento. Eles precisavam ver suas famílias e se divertir também, Paulo saiu com Fernanda para uma simples caminhada, trocou de roupas, usando apenas uma camisa preta e uma calça de mesma cor, com um moletom marrom. Decidiu se vestir de forma mais casual, as roupas de seu bisavô seriam algo mais como o seu "uniforme".
- Você e o pessoal se saíram bem hoje. - Era sua forma de elogiar a maneira que quase o pegaram de surpresa naquela hora. - Com certeza está mais forte também, olha só o seu braço!
- Obrigada, Tink! Verdade, tô ganhando músculo mesmo. Mas sem querer ofender, não vou ficar igual à você, né?
- U-uh. . . Ser como eu é ruim?
- Não! É que eu não quero parecer um homem também, né. - Falou meio sem jeito, enquanto coçava seus cabelos recém-cortados, achou estranho que ele não falou nada até agora. - Então, percebeu algo diferente em mim?
- Sim, seu cabelo. - Ele já havia percebido faz horas, mas ele tinha essa péssima mania de não falar o que os outros querem ouvir. Tipo aquela vez que ele não comentou sobre já saber dos poderes dela. - Por que?
- . . . Podia ao menos ter dito alguma coisa, tipo: "ah, você ficou linda com o corte", ou coisa assim. - Suspirou, não sabe o porquê esperou que ele realmente falasse aquilo.
- Está bonita, Dunga. - Novamente, fez um carinho por cima dos cabelos dela. O único jeito de demonstrar carinho que sabia. - Satisfeita?
- Idiota, tem que ser sincero. . . Esquece! - Empurrou sua mão, tentando apenas esquecer esse clima.
- Dunga, eu realmente preciso melhorar na minha comunicação, eu percebo que isso é uma falha minha. . . Mas sabe? Eu só tinha meu bisavô antes. E antes de te ver? Apenas Nik, é algo novo.
- Sente que é difícil confiar em mim?
- Hm. . . Sinto que se eu for além do limite, posso acabar te afastando. - Depois de dizer algo tão idiota, ela agarrou o braço dele.
- Me afastar?! Pfft! Você é um idiota assim por causa do seu bisavô? Eu teria gostado de conhecer ele. . . Tink, você também é minha família agora. Espero que eu também seja a sua. - Seu sorriso tão radiante quanto a luz do sol que banhava eles naquela bela manhã, apenas fez Paulo ficar sem jeito.
- Cara. . . Claro que você é minha família. - Ele deu um abraço bem apertado nela, o que ocasionou no desespero da garota em querer o empurrar para longe.
- Seus abraços são muito fortes, idiota! Solta! - Fernanda conseguiu se soltar, notando que as pessoas que passam ao redor ainda os encaravam, mas de uma maneira menos fanática do que antes. - A galera perdeu interesse na gente? Tipo, somos tipo aqueles mutantes dos filmes de heróis.
- Ficar incomodando gente como nós não vai mudar as responsabilidades que as pessoas ainda têm. Trabalhar, levar o filho para a escola e outras coisas. . . Somos apenas formigas, Dunga. . . Ainda existem bilhões de pessoas com suas próprias vidas. Ninguém vive em vigor apenas da nossa presença. - Sábio como sempre, o que fez Fernanda rir, já que era algo que ela já sabia.
- Eu sei, é que é estranho. Normalmente nos filmes e livros eles fazem questão de que o herói seja sempre o centro das atenções onde quer que vá, até com atores famosos é assim.
- Admiração é sempre algo bom. Fanatismo que é doença, você já viu a nova religião que foi criada por nossa causa? Urgh! Aquilo me assusta. . . - Paulo tinha razão, fanatismo é algo perigoso, espera, de que religião ele estava falando?
"Deuses Atípicos."
Um grupo de fãs fanáticos dos super-humanos criaram uma religião que foi ganhando mais força dentre os mesmos doentes. Dizendo que pessoas como Paulo e Fernanda, são pessoas que cansaram de seguir as leis da natureza e decidiram se tornarem deuses próprios. Claro, isso não passa de uma idiotice sem tamanho como a maioria que surgem por aí. . . Infelizmente ela está ganhando mais força do que gostaria. Paulo nunca se imaginou como um Deus ou coisa assim, sabe que não é um. Não é perfeito, nem mesmo algo além da própria compreensão de ser, um super-humano como ele pode até ser algo novo nesse mundo, mas ainda se via como um simples cara que sem esses poderes, não seria diferente de ninguém, essa é a natureza da humildade.
Mesmo que essa religião não o afetasse negativamente, sabe que pessoas gostam de criar discórdia. Já existem grupos que acham os super-humanos uma ameaça tão perigosa quanto a dos desumanos, o que é engraçado levando em conta as pessoas que já salvaram.
Do outro lado da cidade, Sakahara e seus garotos haviam alugado um carro para andar pela linda cidade. Além de turismo, queriam mapear os lugares para futuras lutas, Cauan tinha que saber como usar o espaço ao redor para não ser pego de surpresa por nenhum ataque ou coisas relacionadas com isso.
Sakahara dirigia o carro, já que eles ainda não possuíam idade. Pela aparência eles até podem parecer mais velhos, mas ainda nem chegaram nos tão esperados 18 anos. . . O senhor ainda tinha que ensinar muito para eles. Sempre amou dirigir, se sentia no controle das emoções e da sua própria condução, fazia de tudo uma grande metáfora! Talvez por isso Sheng não fosse tão bem com as mulheres.
Claro que. . . Dirigir só com um braço fazia ele sentir que algo faltava, se tivesse sido só um pouco mais confiante, estaria com os dois agora. . . Que sensação amarga.
- Vovô, você não acha que Paulo levou a notícia até que bem? Jurei que virar um "funcionário" do governo quando eles solicitarem ajuda, iria deixar ele mais descontente. - Cauan diz, enquanto se empanturrava de doces e via seu amigo Lupo dormir no carro.
- Deixaria, se ele estivesse pensando em algo assim. Ele pensa apenas em proteger as pessoas, se o chamarem para lutar contra desumanos em outro país, presumo que ele não vai hesitar em ir. O rapaz me disse que se tivesse poder de voar ou teleporte, teria nos ajudado na sua primeira luta. - O velho realmente teria adorado receber sua ajuda.
- Hpfm. . . Entendi. . . Vovô, quem é mais forte entre vocês dois?
- Do que isso importa, rapaz?
- Quero saber, só isso.
Sakahara lembrava de Paulo trocando golpes com o tão temido Ophler, a velocidade dos golpes e a própria força que eles dois possuiam enquanto degladiavam como monstros dentro de uma jaula. O velho até imaginou ele mesmo tentando cortar Paulo uma vez nessas semanas, quando o rapaz virou de costas.
Infelizmente, só a sua imaginação fez o rapaz virar para trás como se fosse um instinto, avisando o corpo jovial e poderoso dele que alguém perto tinha uma sede de sangue. Soltando uma frase, simples, mas efetiva.
- "Uma brisa?" - Foi assim que imaginou a vontade do velho de cortar sua cabeça fora? Uma simples brisa de vento? Sakahara sentia em todo o seu ser, não ganharia. Mas era orgulhoso, então não diria isso. . .
- Seria uma luta difícil. - Continuou dirigindo, tentando evitar tocar de novo nesse assunto.
E mesmo com Cauan falando de outras coisas, o velho lembrava de uma conversa entre os dois na primeira semana de treino do pessoal. Estavam sentados em pedras na margem da cachoeira, vendo a água cair sobre eles.
- Sr. Sakahara, o último treino, podemos discutir um pouco sobre ele? - Paulo perguntou, enquanto apertava um pouco forte as pedras.
- Sim, deveríamos usar um oponente de treino para ensinar sobre como lidarem com um inimigo. . . Eu estava pensando em usar o 'Karma', você deve ter visto meu guardião na televisão, né?
- Vi, mas eu estava pensando em alguém melhor para o papel. Eu. - Essa afirmação fez o velho sorrir.
- Eles terão que lutar contra você? Pfft! Que rapaz arrogante você é. Mas é uma ótima ideia, é muito resistente.
- O treinamento é para o senhor também. - Por essa, o velho mestre não esperava.
- Que?! Rapaz. . . Acha que um moleque que nem viveu direito vai me ensinar algo? - Segurou com força na bainha da sua espada, esqueceu de tomar seus remédios, era uma rotina que não estava acostumado em fazer.
- Acho. - A resposta fez os dois se encararem feio, com ambas suas auras sendo expelidas para fora. Mas mesmo estando na mesma altura, Sakahara viu. . . Como se o rapaz o olhasse por cima. Não só viu ele, como também. . . Seu bisavô. - Eu contei uma mentira para os outros e vou revelar no dia, quero que o senhor também saiba como é lutar contra algo muito perigoso.
- Algo perigoso você diz?! - Vê os olhos dele, como eram os do seu bisavô, ferozes e cheios de uma força inimaginável.
"Tem muito o que aprender, rapaz."
Algo que o bisavô de Paulo falou quando ele era mais novo, antes de desaparecer do seu país.
- Pfft. . . Se você acha que também não fui tão útil na batalha. Ótimo, iremos fazer como você quer, White King. - Sentiu a mão de Paulo sobre seu ombro.
- Mudaram meu nome, senhor. É Royal King agora. Por causa da mudança na capa. - Riu, já que isso não era importante, mas quis compartilhar com Sakahara, ele lembrava um pouco seu bisavô.
- Claro. . . Royal King! Puahaha! - O senhor riu junto dele enquanto os outros estavam morrendo de frio no dia, por causa daquela água gélida. . . Pena que os treinamentos físicos acabaram, morria de rir daquilo.
CONTINUA. . .
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