015
Paloma
Caio e eu estamos em frente ao meu carro, nos despedindo depois de passar quase uma hora juntos e eu queria continuar aqui. Mas todos sabemos que minha realidade é outra.
Caio: volte sempre — ele diz do meu lado enquanto eu pego as chaves do carro no bolso da minha calça.
Paloma: claro, meu filho está aqui — rimos.
Caio: deixe-me ser cavalheiro e abrir a porta do carro pra vo... — enquanto diz estás palavras, Caio leva sua mão até a porta e como eu fazia exactamente o mesmo, nossas mãos se tocam e automaticamente nos olhamos.
Nossos rostos estão absurdamente próximos como em uma cena de filme.
E mesmo que estejamos em um estacionamento público, com várias pessoas, e tenha uma estrada logo em frente com carros, buzinas e todo o tipo de barulho, o único que consigo ouvir é meu coração batendo de forma descontrolada.
Os olhos de Caio miram meus lábios e tenho medo de qual possa ser seu próximo passo. Acho que não estou tão convencida de que posso fazer isso como estava mais cedo.
Apesar de tudo, amo o Dom, temos um filho é um futuro pela frente. Podemos fazer dar certo.
E pior, Caio não sabe do risco que eu posso representar, não posso arrisca-lo. E não é só ele, suas filhas. Não posso ser tão egoísta, e correr o risco de que ele acabe em um caixão porque eu estava afim de transar com um homem diferente. Não me perdoaria por isso.
Ele tem uma vida e eu tenho a minha, e infelizmente elas são completamente diferentes e incompatíveis.
Quando Caio tenta avançar, me afasto e para minha sorte a porta do carro já está aberta.
Paloma: eu preciso ir — é o único que digo.
Caio não responde, apenas levanta as mãos mostrando que não se opõe, e continua um cavalheiro fechando a porta.
•••
No caminho de volta ao morro passo pelo mercado e compro algumas coisas para o jantar.
Já que Dom não está e Enzo só volta mais tarde, não vou fazer almoço, tem pizza na geladeira, então eu me viro.
Depois de organizar tudo, lavar a louça que Enzo usou e arrumar a casa, fico vendo Netflix no quarto, mas na verdade, nem sei sobre o que é o filme. Tudo o que penso é em como eu queria ter beijado o Caio.
Rafa: tô entrando — olho para ele que se joga na poltrona que tem aqui no quarto.
Os rapazes sempre deixam o Rafa, a Bruna, o Beto e a Alice entrarem directo. Eles só batem quando a porta está trancada.
E como meu irmão é folgado, ele sobe até ao quarto mesmo.
Paloma: que bom que tu está aqui, preciso de um favor — ele me olha desconfiado — Preciso que tu vá pro asfalto pegar o Enzo as dezesseis e trinta.
Rafa: hummm — esfrega suas unhas como uma vilã de novela mexicana.
Paloma: te deixo levar me carro — não preciso falar mais nada.
Rafa: mas agora me conte por que tu não vai pessoalmente, estava toda animadona.
Suspiro e conto tudo para Rafa, que escuta sem fazer qualquer comentário.
Quando termino, me jogo na cama e espero que ele comece com seu sermão.
Rafa: mano, tu é burra mesmo cara. Como pode pensar duas vezes para dar pra um cara daqueles? Quando mais o Dom vai sair de viagem?
Paloma: eu estaria colocando o Caio em perigo Rafa — acho que sou quem mais precisa se convencer disso.
Rafa: e como que o Dom ia ficar sabendo? — pergunta fazendo uma batidinha com as mãos e depois levando-as para a cabeça — Meu Deus Paloma.
Paloma: cara, eu não posso ficar com ele. Eu... eu preciso ser fiel, mesmo que Dom não seja, eu... eu não sou como ele — suspiro. Não consegui dizer a frase completa sem gaguejar. Não sei mais o que quero.
Rafa: tá bom. Tá bom.
Ele se levanta e leva as chaves do meu carro já cabeceira.
Rafa: tô indo. Vou ficar aqui ouvindo merda não.
•••
Menos de quinze minutos depois que o Rafa saiu daqui Bruna aparece me chamando de burra e idiota, que eu deveria fazer o mesmo que Dom.
Enfim, me arrependi de contar para eles. Mas a burrada está feita.
Liguei para Rafa para confirmar que ele tinha se lembrado de buscar Enzo e ele já estava a caminho do asfalto, ou pelo menos ele disse isso.
Então preparei o jantar e quando Enzo chegou, sei banho nele e depois tomei também, enquanto Rafa arrumava a mesa, então jantamos enquanto ouvíamos Enzo falando do seu dia, e para o meu azar a cada cinco palavras, uma era "Caio".
Por fim, Rafa foi embora. E enquanto colocava Enzo para dormir ele insistiu para que eu fizesse uma chamada de vídeo para o Dom para que ele contasse como seu dia foi empolgante, e o bonito não atendeu. Pensar no que ele pode estar fazendo é tudo o que eu não queria.
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