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Nega
Vic: aí, amiga, não pude vir antes, você está bem? Minha afilhada está bem? _ perguntou pegando minha barriga
Nega: estamos bem, e quem disse que ela é tua afilhada?
Vic: eu estou dizendo ué _ rimos
[...]
Ficamos conversando por muito tempo até que ela disse que precisava voltar pro trabalho, tinha dado uma fugidinha para vir me ver e eu novamente estava sozinha, apesar de ter que estar de repouso eu não aguento ficar sem fazer nada. E parece que Deus me ouviu, July me ligou perguntando se eu não queria ir conhecer o Daniel, ele vai sair do hospital hoje e eu não quero irei pro morro tão cedo, então aceitei, mas o problema é que ele está na mesma clínica onde o Terror está e não sei se eu vou resistir e não ver ele, pelo que me falaram ele está muito mal, e eu acho egoísmo da minha parte não dar apoio a ele, apesar de todo mal que ele me fez, ele também já fez coisas boas para mim, só não sei se o Nico vai entender isso, a gente já não está bem e eu visitar o Terror só vai piorar, mas eu preciso fazer isso, se ele morrer sem eu falar com ele, eu nunca vou superar essa fase da minha vida.
[...]
Nega: nossa, que lindo _ observei o pequeno ser no meu colo _ a cara do Terror _ disse sem ânimo, era inegável à semelhança, mesmo pequeno demais o Daniel tinha a cara do seu progenitor
July: nem me fale, o idiota do Foguinho disse que queria levar ele pro Terror conhecer _ disse toda emburrada, mas eu sinceramente não condeno o Foguinho, ele tem toda razão, não que o Terror deva ver o menino como seu filho, mas ele merece no mínimo olhar pro rosto dele
July: aff, você concorda com ele.
Nega: ele não vai tirar o Daniel de você, ele só vai conhecer ele.
Horas depois
Médico: vocês não podem entrar todos.
July: eu nem quero mesmo _ disse e o médico olhou pra ela surpreso, se não fosse pelo momento seria até engraçado
Foguinho: tu pode entrar primeiro_ disse pra mim e eu concordei
Na porta do quarto estavam dois policiais, passei por eles e entrei no quarto, me aproximei com uma mistura de medo e culpa, sim, culpa, ele só queria que eu o amasse, mas ele acabou se transformando num monstro, e me sinto um pouco culpada por isso.
Nega: você está acordado? _ perguntei e ele se virou para mim, ele estava horrível, não parecia o Terror, parecia que ele estava aqui há meses
Terror: tá feliz? Tu me destruiu _ falou com dificuldade
Nega: Terror para, tu tá mal pra caramba, para de bobeira, tu sabe que eu nunca fiz nada pro teu mal _ nesse momento seus olhos encheram de lágrimas
Terror: eu sei, me perdoa, por tudo _ falou sem deixar cair as lágrimas
Nega: eu te perdôo, não vou ficar muito porque o Foguinho quer te ver e ele tem uma surpresa _ disse e senti ele segurar minha mão
Terror: você está feliz? _ fiquei em silêncio por um tempo, apesar do climão que está entre eu e o Nico, eu amo ele e ele me faz feliz, essa foi uma briguinha da casal que a gente vai resolver
Nega: sim, eu estou feliz _ ele largou minha mão e se virou
Nega: tchau Terror _ meu coração disparou de uma forma estranha, senti algo estranho, como se fosse um pressentimento
Terror: Adeus Nega _ disse sem olhar pra mim e eu saí
[...]
Foguinho
July: toma cuidado _ disse me entregando o Daniel, eu sei que ela não quer que eu entre nesse quarto com ele, mas eu tenho que fazer isso
Foguinho: não se preocupe.
Passei pelos policiais que ficaram me olhando com cara feia (minha ficha não está tão limpa, mas eu paguei muito bem para o superior deles).
O quarto era todo branco e azul claro, mas bem organizado e até bonito, afinal, esse lugar é bem caro. Me aproximei e vi o Terror respirar com dificuldade, porra, afinal eles não colocaram umas máquinas para ajudar ele?
Foguinho: cara, tu quer que eu chame o médico? Tu tá bem? O que tá acontecendo? _ nesse momento eu já estava próximo dele
Terror: chama minguem não _ olhou pra mim _ o que é isso? _ olhou pro bebê no meu colo
Foguinho: esse é Daniel, teu filho _ se a July me ouvisse com certeza ficaria muito brava
Terror: como assim? _ tossiu
Foguinho: a Taynara morreu no parto, eu e a July pegamos o Daniel pra criar _ o pequeno começou a chorar
Foguinho: olha como ele é a tua cara _ disse enquanto tentava fazer ele calar e vi o Terror sorrir fraco
Terror: valeu cara, cuida dele, não fala de mim pra ele, diz que o pai é tu e a July, cuida do Vidigal, me perdoa pelas besteiras que já fiz, tu provou ..._ parou pela dificuldade que estava tento para falar, respirar e pela tosse
Foguinho: não fala besteira cara, e para de falar, eu vou chamar um médico
Terror: não, não chama, chegou minha hora irmão, cuida desse moleque, eu rejeitei ele desde o início, não mereço ele, cuida dele, cuida do Vidigal, cuida de tudo meu irmão _ ele parou e fechou os olhos, eu estava apavorado, aos poucos ele ia parando de respirar
Saí correndo (quase, eu estava com um bebê no colo) e comecei a gritar por um médico. E o mesmo cara que estava com a gente a minutos atrás entrou no quarto acompanhado de duas enfermeiras.
July: o que aconteceu? _ perguntou pegando o Daniel de mim
Foguinho: ele estava falando uns negócios, tipo despedida tá ligado? _nesse momento percebi que eu estava chorando _ ele fechou os olhos e estava parando de respirar
Nega: calma, vai ficar tudo bem _ ela disse ao perceber o silêncio da July e me abraçou
[...]
Passou aproximadamente uma hora e meia e nada de informações, a July teve que ir embora com o Daniel, e eu fiquei aqui com a Nega, que também está super preocupada, mas ela tenta disfarçar, eu sinceramente não entendo, não sei se ela gosta ou não do Terror.
Vi de longe o médico vindo até a gente e me levantei nervoso.
Foguinho: e aí? Ele está bem?
Médico: eu sinto muito, mas infelizmente o paciente acaba de falecer _ eu nunca me preparei para esse momento
Eu e o Terror crescemos juntos, a gente sempre conheceu o perigo mas nunca nos preparamos para a morte, eu sabia que no nosso mundo isso um dia aconteceria, mas não tão cedo.
Foguinho: não, não pode ser, não é possível .
Médico: eu sinto muito, mas preciso me retirar _ disse e saiu andando, olhei pro lado e A Nega também estava chorando, ela chorava baixinho, mas porquê? Se tudo isso é culpa dela, ela é culpada, por causa dela o Terror está morto, ela transformou ele num psicopata com o seu desprezo
Foguinho: A CULPA É SUA _ gritei apontando o dedo pra ela que não fez nada além de chorar _ VOCÊ DESPREZOU TANTO ELE QUE ACABOU SE TRANSFORMANDO NUM PSICOPATA R FEZ O QUE FEZ SÓ PELO TEU AMOR _ eu gritava chorando
Já tinha muita gente olhando, uma mulher de idade, que parece enfermeira se aproximou da gente e levou a Nega com ela, eu precisava ver o Terror, andei rápido até a sala onde ele estava e ele estava ali, naquela cama minúscula, morto, peguei na mão dele e chorei, chorei muito
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