Nega

Nesse momento ele estava em cima de mim, me penetrando, eu estava em silêncio mas as lágrimas caíam sem parar.

Terror: eu sei que tu tá gostando, para com esse mimimi _ disse sem me olhar

Continuou, por mais um tempo até que senti ele respirar pesado, ele havia atingido a sua satisfação, saiu de dentro de mim e tirou a camisinha, enrolou e saiu pro banheiro, voltou em seguida e saiu do quarto sem pronunciar mais uma palavra.
O Terror já me bateu, já me espancou, já me deixou em coma, mas nunca, nunca me violou, nunca me obrigou a transar com ele, parece que quanto mais o tempo passa ele vai piorando. Eu não acredito mais que ele possa mudar e eu sinceramente tenho pena dessa criança que está por nascer, se eles não abortarem, nenhuma criança merece pessoas como eles como pais.

Olhei pro relógio e eram 04:31, me levantei tentado parar as lágrimas mas elas caíam mais forte e em maior quantidade, fui pro banheiro e entrei no box, eu já estava pelada, liguei o chuveiro e deixei a água cair sobre mim, ela se misturava com minhas lágrimas, nesse momento eu me permiti chorar de verdade, não apenas deixar cair as lágrimas, porquê meu Deus? Porquê comigo? Às vezes parece que eu estou sendo castigada por algo, às vezes parece que eu não mereço ser feliz, que fui feita para sofrer.

[...]

Terminei meu banho, vesti uma calça jeans preta e uma blusa de manga azul, troquei os lençóis na cama, e me deitei nela, peguei meu celular e tinha uma mensagem do Nico, preferi não responder.

O Nico é um homem bom, o homem que eu sempre sonhei pra minha vida, mas eu não posso colocar ele em risco, ele com certeza vai encontrar uma mulher que o mereça, que não traga consigo tantos problemas. Eu o amo, mas o tempo me ensinou que o amor não basta, o amor é só o início, por mais que eu queira ficar com ele o nosso relacionamento não teria nenhum futuro, ou até teria, ele morto.

Uma vez alguém me disse que quando a gente ama devemos ser capazes desperceber quando não somos o que quem amamos precisa, eu não tenho nada para oferecer ao Nico, ele precisa de alguém melhor, uma mulher que não sou eu.

[...]

Já está de tarde, são exatamente 14:45 mas eu não tive coragem de ir para fora ainda, não sei se o Terror já está lúcido, e se ele vai pedir perdão ou se vai continuar com isso, não sei o que o dia de hoje guarda, não sei como será o amanhã, não sei de mais nada, não sei.

Não sei por que motivo, mas nesse momento eu tive uma ideia, peguei no meu notebook e comecei a escrever, não sabia direito o que sairia daqui, mas eu escrevia, e acho que encontrei uma forma muito boa de gastar esse tempo pois escrevia e sentia um alívio e a dor na minha alma parecia reduzir.

[...]

Ouvi alguém bater na porta, medo tomou conta de mim, mas não seria ele, ele não bate na porta. Desliguei o notebook e guardei. Limpei meu rosto e perguntei quem era, a pessoa do outro lado era a July e eu disse que entrasse.

July: Nega o que ele fez contigo? _ ela me olhava assustada _ você está vermelha meu Deus, você deve ter chorado o dia todo _ e me abraçou, não era comum, eu culpei demais minha irmã, mas eu acho que esse era o destino e ele usou ela, com ela ou sem ela o Terror entraria na minha vida, e por mais que ela tenha alguma parcela de culpa ela é minha única família de sangue.

Retribui o abraço e ficamos assim por um tempo, era tudo que eu estava precisando nesse momento.

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