Lucy
O meu empenho e a minha determinação, não diminuiu nem um pouco no decorrer desses dois meses em que me submeti ao tratamento e a fertilização. Mesmo com Helena me mostrando todos os artigos de revistas que encontrava sobre o sofrimento e a tribulação de mães solteiras. Estranhamente tudo que ela fazia, acabava por fortalecer ainda mais minha vontade. Eu não apenas tomei conhecimento de que milhões de mulheres no mundo criavam seus filhos sozinhas, como também sei, que os problemas que acontecem com elas, não se aplicam a mim, porque se tem casas ou apartamentos onde não se aceitam mães com filhos, eu tenho minha própria casa e bem confortável, se o problema é alguém pra cuidar da criança, esse também não terei pelo fato que pretendo leva-lo comigo até que atinja idade de ir pra creche ou escolinha e dinheiro também não é problema porque, além do meu negócio de fios, eu também tenho vários investimentos financeiros com crescentes lucros e se por um lado eu não poderia contar com a ajuda de uma figura paterna, por outro eu também não teria problemas com essa coisa de divorcio e custódia, que acabam sendo traumáticas pra crianças. E por outro lado eu tenho a ajuda da minha família, digo ajuda emocional e familiar porque financeiramente eu os ajudo, dou emprego a minha irmã Hanna que é casada com o encostado do Robert e ainda sustento minha mãe e meu pai, que já foram muito ricos, mas acabaram com todo patrimônio em viagens e festas e se esqueceram de cuidar para que não acabasse, e ainda tem o meu irmão que é casado com a Cristine, os dois trabalham em um clube, especializado em todo tipo de sacanagens, um dia dei de presente pra minha irmã uma noite nesse clube. Uma noite nesse clube não deixa de ser cara mais eu achei na época que minha irmã precisava de uma noite lá, já que o imprestável do Robert a deixava com a autoestima lá embaixo. Meu irmão e Cristine devem ganhar muito bem ou estão envolvidos em algum negócio ilícito porque de uns tempos pra cá andam adquirindo muitos bens, como uma cobertura em um local privilegiado da cidade.
Passei a semana inteira aguardando a última consulta em New York com absoluta tranquilidade. No entanto minha tranquilidade começou a desmoronar na sexta-feira quando desci do elevador, no décimo segundo andar no Edifício Manhattan Professional, respiro fundo algumas vezes tentando controlar o nervosismo.
-''Aguente firme Lucy, se tudo der certo e você passar pela última hora, talvez você nunca mais precise vir aqui''. Falo pra mim mesma numa tentativa de me controlar. Passo a mão pela saia de linho creme e aliso a blusa de seda verde-clara a fim de me certificar que estava arrumadinha, e enfim, ajeito o casaco que Helena insistiu que eu vestisse, em seguida abro a porta que me leva a Clínica Obstétrica e entro. Paro de caminhar abruptamente quando uma onda de barulho parece me ensurdecer, olho ao redor da luxuosa sala de espera e o desanimo é inevitável, está lotada. Todos os lugares estão ocupados, e ainda tem crianças sentadas no chão. Em um dos cantos da sala um menino de uns dois anos morde a ponta de uma revista enquanto a mãe obviamente grávida á ignora, dirijo lhe um olhar de simpatia e me viro para a mesa de recepção onde não tem ninguém, olho pro grande corredor e penso o que aconteceu porque durante os dois meses em que estive aqui dividi a sala com mais algumas mulheres e fui atendida na hora marcada.
-Me desculpe, uma jovem de uniforme branco chega apressada até a mesa.
-Sem problemas, respondo com gentileza. - Meu nome é Lucy Welber e tenho uma consulta marcada com o doutor Ryclif.
-Na verdade existe um problema, no momento o doutor Ryclif e o doutor Quinton estão na maternidade fazendo partos, o Doutor Ledonne está atendendo as pacientes dos três, o que criou um pouco de confusão, as consultas estão sendo feitas com um atraso de em média quarenta minutos, ela fala.
-Não me importo em esperar. Falo e acrescento em pensamento, já esperei trinta e cinco anos, o que são quarenta minutos?
-Está certo, sente-se, por favor, o médico vai atende lá tão logo seja possível. Ela fala me entregando uma ficha e sai apressada para dentro.
Quando voltei a olhar ao redor da sala de espera o punhado de gente, meu olhar foi atraído por um incrível par de olhos verdes, que se destacavam no rosto masculino mais lindo que eu já vi. Observei quando ele se levantou e se afastou um pouco e me apontou o lugar que acabou de desocupar, o inesperado gesto cavalheiresco de alguém cedendo um assento e ainda sendo um gostoso desses, me deixou imobilizada por algum tempo, depois lhe dirigi um sorriso agradecido e atravessei a sala, me sentei ao lado da jovem de aproximadamente vinte anos a quem ele obviamente acompanhava. Com discrição, dei uma olhadinha pra jovem ao meu lado que cruzava e descruzava os dedos, obviamente nervosa vi que não usava nenhuma aliança, e fiquei curiosa sobre que tipo de relacionamento aquele casal teria, tomando o cuidado de não ser notada estudei o homem com o canto dos olhos. Ele estava encostado na parede ao lado que evidenciava um físico bem condicionado, o terno cinza claro que usava tinha sido feito com certeza sob medida, assim como seus sapatos de couro e a gravata de seda estampada com prendedor de ouro, formando um conjunto perfeito com a camisa muito branca. Esse homem não é só bonito, mas tem aquele ar másculo, forte, marcante, que parece refletir uma personalidade vibrante. Enquanto ele passava os dedos longos e torneados pelos cabelos loiros eu reparei que usava um relógio de ouro, com certeza se trata de um homem rico, riqueza que com certeza não divide com a acompanhante, torno a observa-la e vejo que usa um jeans surrado e uma blusa um pouco folgada, de vez em quando olha assustada para o homem ao lado. Mais ou menos uma hora depois uma enfermeira aparece para chama-la.
-Srta. Welber! Srta. Day, queiram me acompanhar por favor.
Agora sim, estou pronta pra realizar o que sempre desejei ser mãe, e o único sentimento que consigo sentir é o pânico. A partir de hoje, se tudo correr como o previsto, a minha vida vai mudar para sempre e pra melhor, digo pra mim mesma enquanto sigo a trêmula Srta. Day e mais outra grávida até a porta.
-Aqui estão! - a enfermeira verifica os nomes e entrega uma ficha médica a cada uma de nós. -ocupem as três salas no final do corredor, um médico irá ter com vocês num minuto, ela fala e vai embora pelo corredor.
Estamos quase chegando às salas quando, de repente a moça que agora sei se chamar Srta. Day para abruptamente e se vira, com o gesto acaba batendo em mim que desequilibro e encosto me na parede pra não cair e a minha ficha cai no chão junto com a dela, a enfermeira vem chegando e tenta ajudar.
-Algum problema? - diz ela pegando as fichas no chão entregando uma a mim e outra pra ela.
-Eu só estou um pouco enjoada, me desculpe eu vou ficar no banheiro até o medico chegar, diz e some pelo corredor.
Com um suspiro coloco a ficha no suporte de madeira ao lado da porta e me sento na cama, espero que o médico venha logo, já estou entrando em pânico de novo, um bebe sorridente numa foto me faz lembrar, do motivo de estar aqui.
-Deite se nessa cama enquanto eu preparo você, ela fala.
-Olá sou o Doutor Ledonne, desculpe a demora mais hoje está sendo um dia daqueles, ainda está disposta a prosseguir? -Disse ele depressa sem ao menos, me deixar retribuir o cumprimento.
-Sim estou. Falo com veemência.
E está ciente que a clinica não se responsabiliza se houver algum problema futuro com o bebê?
-Sim o doutor Ryclif me explicou tudo. -falo com impaciência, esperando que ele pare de agir como advogado e aja como médico.
-Eu só queria ter certeza que tinha entendido tudo. Ele me da um tapinha no ombro. - isso evita problemas futuros, sabe, pegou uma seringa que a enfermeira segurava numa bandeja, - bem agora relaxa que vamos logo cuidar do assunto. "relaxar. como se fosse fácil. - tão logo terminou o procedimento o médico me disse:
-Fique deitada por alguns minutos sem se mexer que eu voltarei com algumas instruções antes que vá embora. Dirigiu-me um olhar distraído e saiu apressado, com certeza faz isso muitas vezes por dia e acha super natural mas pra mim não, fico deitada na cama dominada por muitas emoções ao mesmo tempo, alegria porque acabou medo por não ter dado certo a inseminação que fez e ter que voltar no mês seguinte e ter que fazer tudo de novo. Depois de uma eternidade a enfermeira volta.
-Pode se vestir, o doutor estará aqui dentro de alguns minutos, desço da mesa pensando que agora que acabou o que mais quero, é sair daqui o mais rápido possível. Quero esquecer a forma como meu filho foi gerado, e de agora em diante me concentrar no milagre de ter um filho se desenvolvendo no meu ventre, para meu alivio o doutor Ledonne não demorou e nem foi muito extensivo nas recomendações, apenas me deu uma lista de coisas a fazer a primeira delas, era sobre o risco de tomar qualquer remédio sem consulta médica e os riscos para o bebê e a recomendação de ligar pra clinica pra informar se precisava de outra consulta. Eu ouvi com atenção e enfim peguei minha bolsa para sair
-Obrigada Doutor. -disse parando na porta.
-Ficamos satisfeitos em atendê-la Srta. Day.
-Welber. -corrijo e vejo a expressão horrorizada no rosto do médico, sem duvida por esquecer meu nome e achar que eu me importaria com o fato, só pode ser isso. Dou-lhe um sorriso pra que entenda que não me importo e saio dali apressadamente, quero passar a tarde toda olhando as lojas de roupas para bebês de New York....
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