Capítulo 03
Estou na arquibancada, observando silenciosamente Smiley treinar na quadra. A tarde está ensolarada, mas dentro de mim há uma tempestade de emoções. Ainda me sinto magoado pelo que aconteceu no refeitório, mas algo me trouxe até aqui, talvez a esperança frágil de que as coisas possam ser consertadas.
De repente, Smiley se aproxima de onde estou, com o rosto suado mas determinado. Meu coração dá um salto, mas minha guarda está alta, consciente da dor recente que ainda carrego. Antes que eu possa reagir, ele puxa minha mão e me beija.
É um gesto repentino e surpreendente, e ele murmura palavras de amor enquanto me segura perto dele. Sinto um leve calor em meu peito ao ouvir suas palavras, mas meu sorriso é forçado, como se eu estivesse tentando me convencer de algo que não estou certo.
— Eu te amo, Ran. Sinto muito por antes. — diz ele, olhando em meus olhos.
Respiro fundo, tentando encontrar as palavras certas.
— Eu... também te amo, Smiley. — respondo finalmente, com minha voz falhando um pouco.
Ele parece aliviado com minha resposta, mas uma parte de mim ainda está cautelosa. A confiança quebrada não se conserta com palavras vazias ou gestos repentinos, por mais sinceros que possam parecer naquele momento.
Enquanto Smiley volta ao treino, eu permaneço na arquibancada, lutando com minhas próprias emoções. A incerteza paira no ar, e eu me pergunto se algum dia poderei confiar plenamente nele novamente. Mas por enquanto, ao menos, há uma centelha de esperança, uma pequena luz no fim do túnel que talvez, apenas talvez, possamos encontrar nosso caminho de volta um ao outro.
O sol da tarde ilumina a quadra, criando uma cena tranquila contrastando com a agitação dentro de mim. Ainda estou tentando processar tudo o que aconteceu entre nós, tentando entender se há um caminho para reconstruir o que foi quebrado.
De repente, uma garota ruiva se aproxima de mim, se sentando ao meu lado. Ela parece animada e começa a puxar conversa, falando sobre o clima, a escola, coisas triviais que não me interessam muito no momento. Respondo educadamente, mas minha mente está em outro lugar, focada em Smiley e no que está acontecendo entre nós.
Então, a garota muda de assunto. Ela começa a falar sobre Smiley, elogiando suas habilidades no jogo, seu charme, como ele é popular entre os colegas. Meu coração afunda um pouco ao ouvir suas palavras, percebendo onde ela está querendo chegar. Ela está claramente interessada nele, e isso só aumenta minha sensação de desconforto.
Cada palavra dela parece uma pequena agulha, cutucando minhas feridas emocionais. Sinto um nó se formar na garganta, lutando para manter uma expressão neutra no rosto.
— Você e Smiley são amigos, certo? — ela pergunta, olhando diretamente para mim.
— Na verdade eu e ele somos...
Antes de eu dizer qualquer coisa, percebo um brilho vindo do dedo da garota ruiva ao meu lado. Um belo anel chama minha atenção, e antes que eu possa me controlar, pergunto sobre ele.
— Esse anel é lindo. De onde ele veio? — eu pergunto, tentando parecer casual.
Ela sorri, claramente orgulhosa.
— Foi o Smiley quem me deu. Ele é um amor, não é?
Meu coração dá um salto no peito, e sinto como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés.
— O Smiley... deu esse anel para você? — minha voz sai um pouco rouca.
Ela parece perceber minha surpresa, mas continua sorrindo.
— Sim, estamos juntos há três meses. Ele é incrível, sabe? Muito atencioso e carinhoso.
Um turbilhão de emoções me atinge de uma vez só. A surpresa, a tristeza, a confusão. Três meses? Um anel? Enquanto eu ainda estou aqui, lutando com o que aconteceu entre nós e na esperança de ganhar um anel, Smiley está em outro relacionamento, presenteando outra pessoa com símbolos de amor e compromisso.
— Como... como isso aconteceu? — minha voz treme enquanto tento entender.
Ela ri suavemente, como se achasse a situação engraçada.
— Ah, foi tudo muito natural. Nós nos conhecemos em uma festa, começamos a sair juntos... ele é realmente um cara especial.
Sinto um aperto no peito, uma mistura de dor e traição. Não consigo encontrar palavras para responder. Tudo o que consigo fazer é olhar para a quadra, tentando processar a enxurrada de sentimentos que me atingiu de repente.
Enquanto ela continua falando sobre como eles são felizes juntos, minha mente está em outro lugar. Estou tentando entender o que isso significa para nós, para mim e Smiley. O anel brilha à luz do sol, uma lembrança dolorosa do que poderia ter sido, mas agora parece estar fora do meu alcance.
Ela está feliz, radiante com o anel que Smiley lhe deu, enquanto eu me sinto como se tivesse sido atingido por um tsunami de emoções.
Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto sem aviso, e eu as deixo cair livremente. É uma mistura de tristeza profunda e decepção. Lembro das muitas vezes que Smiley prometeu que um dia me daria um anel de compromisso, um símbolo do nosso amor e compromisso mútuo. Mas essas promessas nunca se concretizaram, e agora ele está dando um anel para outra pessoa, depois de apenas três meses juntos.
A dor é aguda, quase insuportável. Me sinto traído, não apenas pela garota ruiva ao meu lado, mas também por Smiley, por não ter cumprido suas promessas comigo. As palavras dela continuam a ecoar em meus ouvidos, e eu me sinto despedaçado por dentro.
Não consigo mais assistir ao jogo. Minha visão está embaçada pelas lágrimas, e o mundo ao meu redor parece distante e irrelevante. Tudo o que consigo fazer é segurar meu coração partido, tentando encontrar um pouco de consolo na dor avassaladora que sinto.
Enquanto o som dos aplausos da multidão ecoa ao longe, eu me afundo ainda mais na minha própria tristeza. A arquibancada ao meu redor está vazia agora, exceto pela garota ruiva que agora fala animadamente ao telefone, provavelmente compartilhando a notícia do novo anel com alguém especial.
Me sinto sozinho e perdido. As lágrimas continuam a cair, e eu me pergunto se algum dia poderei encontrar a paz novamente, se algum dia poderei superar essa dor que parece infinita.
Me levanto da arquibancada com um nó na garganta, incapaz de suportar a torrente de emoções que me invadem. Cada passo até o banheiro parece uma eternidade, meu coração pesando mais a cada segundo. Chego às pressas e me tranco em uma das cabines, buscando desesperadamente um refúgio para minha dor.
Lá dentro, seguro firmemente na porta enquanto as lágrimas começam a fluir, quentes e salgadas. É como se toda a tristeza e frustração que vinha guardando finalmente encontrasse uma saída. Soluços escapam de mim involuntariamente, ecoando no pequeno espaço confinado.
— Desgraçado! — grito e dou um murro na porta.
Minha mente está uma bagunça de pensamentos e lembranças. A sensação de traição pelas promessas não cumpridas, pelo amor que parecia tão sólido desmorona aos meus pés. Cada respiração é um esforço, cada lágrima uma lembrança dolorosa do que foi e do que poderia ter sido.
Me deixo chorar livremente, permitindo que a dor se manifeste em sua plenitude. Meu rosto está molhado, minha franja cai desordenadamente sobre meus olhos, mas isso não importa. O que importa é o vazio em meu peito, a sensação de perda que parece insuperável.
É um momento de vulnerabilidade pura, onde não há máscaras para esconder a angústia. No silêncio do banheiro, sou apenas eu e minha dor, enfrentando ela de frente antes de encontrar forças para seguir em frente.
Eu me encosto na porta da cabine, deixando meu corpo deslizar lentamente até o chão frio. Abraço os meus joelhos firmemente, tentando conter o soluço que quer escapar da minha garganta. As lágrimas queimam meus olhos, e a dor no peito parece insuportável.
Fecho os olhos, deixando que as lembranças dolorosas inundem minha mente, o peso do que foi perdido pesando mais do que posso suportar. Cada respiração é um esforço, cada soluço um lembrete agudo de tudo o que não posso mudar.
Paro de chorar abruptamente ao ouvir a voz do Smiley do lado de fora do banheiro. Respiro fundo, tentando controlar a avalanche de emoções que me tomava momentos antes. Minhas lágrimas secam rapidamente, enquanto escuto atentamente a conversa animada do Smiley com seus amigos.
Eles estão falando sobre uma garota. Cada palavra dele atinge como um soco no estômago, um lembrete doloroso de que algo mudou entre nós. Meus sentimentos oscilam entre a tristeza e uma pontada de raiva, misturados com uma profunda sensação de perda.
Me encosto na porta da cabine, fechando os olhos por um momento para me recompor. A voz do Smiley ecoa no banheiro, e eu me forço a enfrentar a realidade que se desenrola do lado de fora. É difícil aceitar que ele tenha seguido em frente tão rapidamente.
— Você sabe que o Ran não vai gostar de saber que você está conversando com outra garota, cara. — diz a voz sedosa de um dos seus amigos.
Ouço a resposta do Smiley, fria e cortante:
— Eu e o Ran não temos nada. Ele que é iludido.
É como um golpe direto no peito. Sinto uma mistura de dor e incredulidade, tentando processar suas palavras. A sensação de traição se intensifica, a realidade pesando sobre mim de maneira avassaladora. Meu mundo parece desmoronar enquanto tento assimilar o significado daquelas palavras.
Um nó se forma em minha garganta ao ouvir isso. Instintivamente, levo a mão à boca para abafar qualquer som que possa escapar, lutando para conter as emoções que ameaçam transbordar. As palavras cortam como facas afiadas, uma confirmação dolorosa de algo que eu já temia.
Respiro fundo, lutando contra as lágrimas que ameaçam inundar meus olhos. Meu corpo está tenso, as mãos trêmulas. É uma dor que não consigo ignorar, uma ferida que parece se abrir ainda mais.
A verdade está clara agora. Eu era um passatempo para ele esse tempo todo.
Me levanto lentamente, respirando fundo para encontrar alguma calma interior. Preciso sair daqui.
Espero até as vozes se afastarem, respirando fundo para acalmar minha mente tumultuada. Saio do banheiro com passos lentos e decididos, evitando olhares enquanto caminho em direção a um lugar isolado. Preciso de um momento para processar tudo o que acabei de ouvir e presenciar, as palavras cortantes do Smiley e o anel no dedo de outra pessoa ecoam em minha mente.
Encontro um canto tranquilo longe da agitação da escola, onde posso ficar sozinho com meus pensamentos. Meus sentimentos estão em conflito, uma mistura de tristeza, raiva e uma profunda sensação de perda. A dor de perceber que o que tínhamos não era mais do que uma ilusão... e agora dói como uma ferida fresca.
Me sento em um banco, olhando para o horizonte sem realmente ver. Minha mente está cheia de perguntas sem resposta, de emoções tumultuadas que se chocam como ondas violentas dentro de mim. Como chegamos a esse ponto? O que aconteceu conosco? Porque ele fez isso?
Respiro fundo, tentando encontrar alguma clareza em meio ao caos emocional. Sei que preciso enfrentar a verdade, por mais dolorosa que seja. É um momento de confronto interno, de tentar entender o que realmente significa seguir em frente após sentir meu coração se despedaçar.
Eu me encontro perdido em pensamentos sombrios quando uma voz doce me chama.
— Mãe?
Meus olhos se abrem abruptamente, surpreso. Angry está parado à minha frente, com seus grandes olhos curiosos fixos em mim.
— Por que você está chorando, mãe? — ele pergunta com preocupação na voz.
Eu tento sorrir, mas a tristeza ainda transparece em meus olhos.
— Não é nada, querido. Só estava pensando um pouco.
Angry franze o cenho, não convencido pela minha resposta evasiva.
— Mas você está triste, mamãe. Por quê?
Respiro fundo, sentindo meu coração apertar com a sinceridade inocente dele.
— É que às vezes, mamãe também fica um pouco triste. Não é por sua culpa, é só algo que eu sinto às vezes. Não se preocupe, tá?
Ele parece ponderar minhas palavras por um momento, então seus olhos se iluminam com compreensão.
— Posso ajudar?
Sorrio ternamente para ele, sentindo um nó na garganta.
— Você já está ajudando, meu amor. Às vezes, mamãe só precisa de um tempo sozinho para se sentir melhor.
Ele assente com seriedade.
— Tudo bem, mamãe. Eu te amo. — ele diz e me abraça rapidamente, e logo corre para brincar com os seus outros amigos com alguma brincadeira.
Assisto ele se afastar com um misto de gratidão e tristeza, sabendo que mesmo sendo a sua fortaleza, há momentos em que preciso me permitir ser vulnerável. Mas essa situação não é sobre ser vulnerável, e sim sobre ter seus sentimentos esmagados como se eles não fossem nada.
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