Capítulo 7
"A mudança não está nas palavras e
Sim nas atitudes."
Aquela tarde foi maravilhosa. O almoço, uma delícia e as companhias super divertidas. Depois do medo inicial de interagir, eu me soltei e aproveitei. Nem lembro quando foi que passei uma tarde tão agradável com pessoas que mal conhecia. Hum... Deixa-me ver... Acho que nunca.
A noite de domingo tornou-se depressiva.
Começar a segunda-feira sem nenhum plano de futuro era desanimador. Protelei a tarde toda em ligar para meus pais. Agora a noite não tinha mais como evitar.
— Oi mãe — falei quando ela atendeu.
— Filha, acabei de falar com seu pai sobre você.
— Espero que o assunto seja sobre a saudade que vocês sentem de mim.
— Não era isso exatamente, mas é claro que sentimos sua falta. — Senti medo de perguntar qual era o assunto.
— Passou na televisão sobre os diferentes métodos de cirurgia que tem hoje em dia — continuou ela.
— Cirurgia? Que tipo a senhora está falando?
— A Bariátrica, qual podia ser? Agora eles nem precisam cortar para reduzir o estômago. Tem método para cada caso. Alguns eles amarram, colocam grampos e o balão que tem sido mais usado.
— Mãe! A senhora está propondo que eu venha a fazer alguma cirurgia? — perguntei indignada.
— E por que não? Emagrecer você não consegue mesmo!
— Mas a senhora sabe que não é bem assim... Tem... — Ela me cortou.
— Falei com seu pai. Você podia aproveitar aí em Curitiba para fazer uma consulta a um especialista. Ver todos os procedimentos e quais as suas chances.
— Sei não... Sou muito nova para isso, acho que nem fazem na minha idade.
— No seu caso, não é pouca idade e sim, muito peso.
Aquela conversa já me irritava. Principalmente, porque eu escutei uns risinhos ao fundo, na certa era meu irmão caçoando desse assunto.
— Cadê o pai?
— Está no banho. Seu irmão está aqui, quer falar com ele?
— Não — Mas ela nem me escutava mais e o chamava.
— E aí maninha? Firmeza?
— Tudo bem. E você?
— Muito bem. Sabe o que os velhos mais falam aqui?
— Não. Saudade de mim? — arrisquei.
Ele riu alto e falou algo rindo tanto que não compreendi.
— O quê? Não entendi nada.
— Eles estão satisfeito com a economia nas despesas. Mesmo mantendo você aí a dispensa aqui fica cheia.
— Sabe de uma coisa, Jorge? Vai se danar! — desliguei.
Não acreditei nas palavras dele. No entanto, sabia que podia esperar mamãe falar esse tipo de coisa, era a cara dela na verdade. Mesmo que fosse por "brincadeira".
Quando que as pessoas vão se tocar como essas palavras fere e machucam? Aguentar isso de pessoas que não te conhece é tolerável, agora da família era demais. E eu pensar que convivi com isso a minha vida toda. O que mudou? Eu! Eu mudei e não estou mais a fim de ser a Joíris boazinha que achava tudo uma "grande brincadeira."
— Chega! Chega! Não suporto mais isso!
O celular começou a tocar. Olhei e percebi que era mamãe.
— Não vou atender! — falei para o aparelho.
Comecei a andar pelo quarto. Ele continuava a tocar. Parava e em segundos tocava de novo.
— Joi! Você está aí? — Paula apareceu à porta.
— Estou.
Falei sentando na minha cadeira longe do celular que continuava a tocar.
— Não vai atender? — perguntou olhando o aparelho.
— Não! É minha mãe e já me estressei com o Jorginho.
— Quer que eu atenda? — quis saber entrando no quarto.
— Não precisa. Eles já desistem.
Assim que falei o aparelho ficou quieto para minha satisfação, mas voltou a tocar. Paula pegou-o e atendeu.
— Alô! Oi tio — sussurrou para mim. — Seu pai.
— Sim, está tudo bem. Ela está no banheiro. Éh... Acho que foi sim. Não sei direito, mas parece que não gostou. Sei, mas tem brincadeira que não tem graça alguma, não é tio? Ele já está bem grandinho para saber disto. Sim. Espera — Olhou para mim querendo saber se eu iria falar com ele.
Sentei na cama rendida. Estiquei a mão em direção dela sem a menor vontade.
— Tchau, tio, vou passar para Joi. Beijo. — Passou para mim.
— Oi pai.
— Deus te abençoe, filha — Sorri.
Papai era assim. Sabia quando eu tinha ficado triste ou com raiva e vinha com essa de — Deus te abençoe. — E sempre dava resultado, porque eu abaixava a guarda e abria para uma conversa.
— Qual besteira seu irmão falou para te irritar dessa vez?
— O de sempre! Sou eu que estou sem paciência para esse tipo de coisa.
— É melhor mesmo! Aquele ali não tem jeito.
— Pai! Tem que ter jeito. Será que ele não percebe que toda vez me magoa com esse tipo de atitude?
— Eu sei filha, e quantas vezes você acha que nós já falamos? Ele parece que não escuta.
— Eu vou te falar mais uma vez, estou cansada. Juro que não tenho a menor vontade de voltar nesta cidade e muito menos em casa.
— Joíris! Que coisa feia é essa de dizer?
— Pai, é verdade. Infelizmente.
— O que aconteceu?
— Deixa para lá. Não tem importância.
— Pode falar.
— Quem se importa?
— Eu! Eu me importo. Tudo que envolve você eu quero saber.
Fiquei quieta. Não queria deixá-lo preocupado com as minhas neuroses.
— Deixa, outra hora nós conversamos. Fiquei irritada, agora já passou
— Tem certeza?
— Sim. – Mudei de assunto. – Onde mamãe tirou essa ideia agora de cirurgia?
— Coisa cabeça oca e sem serviço. Onde já se viu! Para essas cirurgias a pessoas tem que estar com obesidade mórbida. Não ser uma gordinha linda como você. — Este era meu pai. Sempre querendo me proteger e me tirar um sorriso. Pior que ele sempre conseguia.
— Ainda bem que você pensa assim. Pois, estranhei ela dizer que vocês dois queriam que eu consultasse um especialista.
— Não dá ouvido para ela. Agora me conta, como foi sua semana?
Deitei na cama e comecei a contar a ele dos fiascos de minhas entrevistas. Depois de meia hora eu me sentia feliz. Escutar seus conselhos e ouvi-lo falar carinhosamente já era um consolo para minha alma. E foi outra noite que varei a madrugada no computador.
Depois de tomar um leite com fruta, saí a fim de comprar um jornal. Resolvi descer pelas escadas. Precisava seguir meus propósitos de movimentar meu corpo. Depois de descer, caminhei mais dois quarteirões até a banca mais perto. Na volta parei na praça e sentei num banco. Precisava respirar um pouco antes de encarar os degraus na subida.
Abrir o jornal e comecei a folhear, parei na parte de entretenimento. Tinha dicas culturais da semana: cinema, shows, artes cênicas, voz e violão e sarau de poesia no teatro municipal. Pelo que eu entendi a secretaria de cultura e lazer da prefeitura, realizou um concurso de poesias e na quinta feira dessa semana teria a reunião dos escritores premiados e oradores voluntários.
No jornal, dois poemas e um texto me chamaram atenção pelo título e comecei a ler. Diferença.
"Muitos se perguntam: por quê?
— Por que você se importa?
— Por que você desiste?
— Por que você não recua?
— Por que dar mais um passo quando todos sabem que você está só e não vai chegar a lugar algum?
Parei de ler.
O que era aquilo? Uma resposta para mim?
As minhas questões pessoais já era para lá de estranhas e agora eu abro esse jornal me jogam tudo isso na minha cara? Não me faltava mais nada. Fechei o jornal.
Fiquei olhando para o nada.
O abri de novo para olhar quem escreveu aquilo. Iria responder na altura esse desaforo. (Jaarasil)
Quem tem um pseudônimo desse?
Resolvi ler mais uma parte.
"Penso que estas pessoas estão fazendo as perguntas erradas.
Esse, em minha opinião, é um dos motivos pelo qual o mundo está assim.
Frio!"
Parei de novo. Frio era essa cidade — pensei.
Talvez eu tenha me precipitado e essa autora tenha algo a mais para me falar. Esse era meu mau. Ficava com os dois pés atrás com tudo e todos sem dar a chance de que as pessoas podem trazer algo bom para mim.
E sabe qual a razão por tudo isso? Todas as experiências amargas que tenho como lembranças. Ok! Não vou começar a pensar nestas coisas.
Tudo bem, vamos ao texto.
"Talvez se fizessem as perguntas certas.
As diferenças seriam as melhores para todos.
— Por que não se importa?
— Por que desistir?
— Por que recuar?
Por que não dar mais um passo, se todos sabem que você não está sozinho nessa. E falta tão pouco para chegar?"
Parei de novo.
Voltei a olhar quem escrevera esse texto. No final, entre parêntese o nome da autora. Jaqueline Aragão.
Pensei: Se fosse fácil assim seria tão melhor.
Voltei meu olhar ao texto.
"Se fosse assim, tudo seria tão melhor..."
Dei risada da coincidência dos nossos pensamentos e continuei.
"Já notaram que há momentos
Em que tudo o que precisamos
É de alguém para nos dizer algo motivador?
Mas essas pessoas boas, infelizmente são raras
O que mais aparece nos momentos infelizes
É gente para nos ofender
Para nos falar que nunca daria certo mesmo..."
Ô se sei!
Conheço o quanto é duro encarar o preconceito velado e encoberto pela máscara da sociedade. E o que mais sei fazer é chorar e lamber minhas feridas. Mas pretendo mudar isso, nem que seja para me tornar uma pessoa detestável perante aos olhos do outro, mas não vou deixar ninguém pisar em mim. Não vou chorar mais e nem ficar com pena de minha vida.
"E as lágrimas só caem
Porque não sabemos fazer outra coisa
Porque é melhor chorar
E ficar longe de todos
Do que ter de explicar os motivos
Para quem nunca vai entendê-los."
Era como se tudo aquilo fosse escrito direto para mim. Continuei lendo e refletindo cada pedaço. Ela falava do poder de Deus para nos ajudar nesta caminhada difícil e nos amigos verdadeiros. Agora, ensinar o caminho para Deus e a esse amigo ela não contou.
Para falar a verdade eu fiquei um bom tempo revoltada com Deus. Por que Ele não abriu meus olhos e deixou que fizesse comigo tudo aquilo?
Amigos verdadeiros. Será que existe isso mesmo?
Para terminar ela dizia:
"Só entenderão que o verdadeiro amor cura tudo,
Aqueles que acreditam,
Aqueles que dão valor às verdadeiras amizades.
De Deus e dos Amigos
Porque existem abraços
Que fazem a diferença
E existem pessoas que só notam isso
Quando já é tarde demais." Jaarasil (Jaqueline Aragão)
Fiquei ali olhando...
Sem rumo e sem destino.
🎶🎶🎶🎶🎶🎶
Hoje vamos conhecer a Débora Juliane Soares, 26 anos, estudante e educadora. Mãe do Manuel, de 4 anos que é seu tesouro.
🌺🌺🌺🌺🌺
Olá... Gostaram do capítulo?
O próximo vai está bem legal também.
Quem quer brincar? Ganhar um capítulo especial?
Convide uma pessoa para ler este livro, alguém que você acha que vai sentir-se bem conhecendo nossa amiga Joi. Essa garota vai ainda nos trazer grandes reflexões.
Topa?
Aguardo...
Beijos E até mais...
Beijos
Lena Rossi
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