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07 | INICIAL NO PESCOÇO

Beck entrou na pequena assistência técnica para eletrônicos logo depois do meio-dia, o som suave da porta mascarando sua respiração difícil enquanto ela se movia em direção ao balcão. O iPad recuperado parecia mais pesado do que deveria em sua mão. Ela o encontrou enterrado na neve, não exatamente escondido, muito mais como uma evidência esquecida. A pessoa do outro lado tinha sido descuidada o suficiente para tudo isso. Infelizmente, estava trancado — e por mais que Beck soubesse sobre os aparelhos eletrônicos com os quais trabalhava, ela só conseguia ir até certo ponto. Foi isso que a levou à loja de Leighton. Beck conhecia bem a loja. Ela também sabia que a mulher atrás do balcão poderia lhe dar as respostas de que precisava. Ela sempre podia.

Quando Beck entrou, Leighton tinha a cabeça enterrada em alguma engenhoca meio montada em uma mesa quase escondida perto da porta que dava para os fundos. Ela olhou para cima quando Beck se encostou no balcão, e suas sobrancelhas se ergueram. Tinha sido um dia infernal, mas não havia tempo para falar sobre isso. Beck colocou o iPad no balcão com um meio sorriso, certificando-se de que ele chamasse a atenção de Leighton.

— Acho que devo cuidar disso — disse Leighton.

— Eu o encontrei na neve, mas ele está praticamente travado — disse Beck. — Não consegui passar da tela inicial. Tentei acessá-lo, e apareceu uma tela de erro vermelha, e agora está completamente congelado — ela fez uma pausa, olhando para Leighton. — Eu não sabia mais o que fazer, e pensei em você.

Leighton limpou as mãos nas calças, embora não estivessem sujas, e se aproximou do balcão. A garota nascido e criada no Texas estava em New York a quase uma década e era provavelmente a pessoa mais inteligente que Beck conhecia naquela cidade. Ela era calma demais para alguém que fazia o que ela fazia nos fundos do que se passava por uma simples oficina de reparos — calma demais. No controle. Definitivamente alguém que poderia desmontar uma bomba enquanto cantava qualquer música de Johnny Rivers.

— Bem — disse Leighton, pegando o iPad. Ela olhou para a tela e o viu acender. — Parece que está em boas condições físicas. O erro que você viu não é algo que eu vejo com frequência, mas nada assustador também. Quem quer que tenha configurado não estava interessado em que alguém mexesse nele — ela virou o dispositivo, inspecionando-o mais de perto. — Parece que foi muito modificado. Alguém não queria ser rastreado.

— Merda — Beck murmurou.

— Relaxe, ok... — ela disse. — Só porque eles não queriam ser rastreados não significa que não possam ser. Sempre há um jeito. Pelo menos para mim.

Leighton começou a trabalhar um segundo depois, mas não fez muita coisa, abrindo a parte de trás do iPad com um conjunto de ferramentas que ela mantinha espalhadas pelo balcão. Beck observou enquanto ela tirava um pequeno chip de um espaço, segurando-o perto.

— Isso é...?

— Obviamente um chip. Chinês, especificamente — Leighton disse, virando-se para o computador montado na parte de baixo do balcão, fora da vista de quem quer que estivesse do outro lado. Ela conectou o chip em uma porta, e seus dedos se moveram pelo teclado enquanto as informações começaram a inundar a tela. Linhas de dados que pareciam não ter fim. Leighton sorriu suavemente. — Importado pela Dynamix, New Jersey. Comprado em 9 de setembro de 2017... hmm... tenho um número de série aqui. Só preciso do endereço.

— Você consegue o endereço?

— Bem, é ilegal pra caramba — ela deu de ombros. — Mas sim, eu consigo — ela apertou mais algumas teclas, e um endereço final apareceu na tela. — 570 Lexington Avenue, Número 5325, Grand Central, New York.

No momento em que Beck ouviu o endereço, a sensação em seu estômago foi especialmente desconfortável. Ela sabia o endereço. Ela não queria reconhecê-lo, mas o tinha gravado na memória. O sangue sumiu de seu rosto, seus dedos ficaram frios. Leighton percebeu imediatamente.

— Estou imaginando que você conhece o lugar.

— Infelizmente.

*

Taylor entrou furiosa na sala bem iluminada, apesar das janelas fechadas. Suas botas pisavam forte no chão, deixando claro que ela estava tentando mesmo ser barulhenta. A loira normalmente composta estava irradiando frustração. Atrás dela, uma jovem integrante da equipe médica, Sabrina, correu para acompanhá-la, claramente abalada, tentando avaliar se Taylor havia se machucado durante a operação malfeita. Ela a seguiu o caminho todo, a esperando do lado de fora quando Taylor saiu do carro lá embaixo. Sabrina tentou falar com ela no elevador, mas sem sucesso.

— Preciso que você me deixe verificar seu braço, pelo menos — a garota mais nova implorou, finalmente alcançando a manga da camisa manchada de sangue de Taylor, mas Taylor a dispensou com um aceno brusco.

— Estou bem — Taylor retrucou. — Eu te disse. O que preciso saber é quem era aquela puta! — ela andava de um lado para o outro como se fosse explodir ainda mais se ficasse parada no mesmo lugar. — Ela não só estragou minha operação, como ainda está viva. Viva! Depois de tudo isso. A única coisa que deveriam fazer é se certificar que isso não acontecesse. Preciso da filmagem, agora! — seu punho bateu contra a mesa mais próxima, espalhando uma pilha de arquivos no chão.

A sala ficou em silêncio por um momento, o único som era dos grandes monitores exibindo feeds de imagens e dados da missão. Karlie, parada logo ao lado com os braços cruzados, trocou um olhar com as outras garotas da equipe. Ela podia sentir a fúria de Taylor aumentando, e a última coisa que elas precisavam eram que Taylor perdesse o foco de tanta raiva.

— Taylor — Karlie começou em um tom calmo, dando um passo à frente. — Você precisa se acalmar. Nós vamos descobrir, mas agora-

— Eu não tenho tempo para me acalmar! — a voz de Taylor aumentou. — Havia diversas câmeras instaladas lá! Uma delas deve ter capturado o rosto dela. Não quero saber como, mas como a encontraremos! — seus olhos espelharam raiva, interrompendo a tentativa de Karlie de intervir.

Do outro lado da sala, Gigi estava silenciosamente começando a examinar as filmagens, analisando-as quadro a quadro, enquanto murmurava alguma coisa e abria também a janela de conversa espelhada de seu celular no chat com Hayley, sentada perto da mesa da janela.

Gigi: Sério, alguém precisa avisar a Sabrina que você não anda numa tempestade sem um maldito guarda-chuva.

Hayley: Ela é nova.

Gigi: Tem isso.

Hayley: E para ser justa, quem não estaria assim depois de lidar com aquela bagunça no campo? Eu estaria queimando o prédio agora.

Gigi: Claro. Pelo menos Taylor é consistente. Eu honestamente sentiria falta se ela não estivesse tentando destruir tudo entrando na sala.

Hayley riu um pouco, enquanto do outro lado os dedos de Gigi se moveram rapidamente pelo teclado, examinando as gravações na esperança de descobrir algo útil. O olhar de Taylor parou nela por um momento quando a viu se ajeitar desconfortável, se inclinado mais para a tela, mas breve. Então, de repente, sua expressão mudou.

— Uh, Taylor... — ela disse, sua voz um pouco hesitante.

— O que foi?

Gigi não respondeu diretamente. Ela alcançou o celular da mesa, a tela piscando com uma chamada recebida, sem som, apenas vibrando. Taylor olhou para o nome no visor: Benson.

Se Taylor se incomodou, ela não deixou claro. Ela estendeu a mão, e Gigi passou o telefone para Martha que o transferiu para Taylor sem dizer uma palavra. Taylor pegou o telefone e atendeu no segundo toque.

— Olivia...

— Nosso alvo ainda está vivo.

— Eu sei — respondeu Taylor, descontente. Ela odiava admitir o fracasso, mesmo que não fosse culpa dela. — Havia outro agente na cena. Eu tentei, mas...

— Você conhece o protocolo, não é, Taylor? — Olivia a interrompeu, o uso mais direto de seu nome soando mais incomodo do que o pretendido. — Nós não deixamos testemunhas.

— Claro — Taylor engoliu em seco. — Nós limpamos a cena.

— Nós sempre limpamos a cena — Olivia enfatizou. — Espero resultados até o fim do dia. Não me decepcione, Taylor. Você é a minha melhor no jogo. Seria uma pena a transferir para algum trabalho de escritório. Ou pior do que isso.

A linha ficou silenciosa.

Taylor suspirou lentamente, abaixando o celular e o afastando do ouvido. Ela precisava de controle — controle da situação, de si mesma.

— Me dê todas as filmagens da cena — ela foi específica, mal se importando que estava se repetindo. — Temos um novo alvo. Vamos o encontrar.

Tentando organizar seu tempo e diminuir parte da tensão, depois de muita insistência, Taylor deu uma olhada no machucado em seu braço. Com isso para trás e com uma xícara de café na mão, ela se plantou na frente de um grande monitor, seu olhar fixo em uma filmagem trêmula e coberta de neve que Gigi havia separado especificamente. A pessoa que elas estavam procurando se moveu rapidamente, seu rosto coberto por uma touca de esqui. Mas os olhos de Taylor estavam treinados para capturar o menor detalhe. Ela voltou a imagem alguns segundos, deu zoom, e então usou o software certo para melhorar parte da resolução. A imagem pixelada se tornou um pouco mais clara e Taylor voltou a dar play na cena.

Então, o desespero quase ameaçou Taylor, isso porque ela viu quem não queria. A figura, no frio, após Taylor deixar o lugar, se livrou do que cobria seu rosto, o expondo por apenas um breve momento. Taylor congelou a imagem, dando zoom novamente, limpando os pixels com o software que Martha havia projetado. Ainda estava borrado, mas claro o bastante para ser reconhecido.

O telefone fixo da sala tocou, seu tom estridente a tirando de seu transe momentâneo, mas não o bastante. Karlie o atendeu, disse alguma coisa e então levantou a voz.

— Taylor, é sua esposa — ela disse do outro lado da sala. As palavras ficaram meio suspensas. Karlie estava certa. Era realmente Beck, Taylor pensou. — Beck está no telefone.

Taylor piscou, momentaneamente desorientada. Beck. Claro, Beck. Ela tinha se esquecido de tudo fora do trabalho. Sua mente tinha sido consumida por tudo aquilo, e o fracasso recente, o rosto conhecido olhando para ela da tela estava a puxando de volta para a realidade de sua vida pessoal que ela tinha tentado compartimentar tão cuidadosamente. Mas aparentemente tinha falhado.

— Taylor? — a voz de Gigi chamou sua atenção, e quando Taylor a encarou a garota estava acenando na direção de Karlie.

— Beck está perguntando sobre o jantar — Karlie repetiu. Repetiu porque ela tinha dito aquela mesma coisa um segundo atrás, mas Taylor não pegou nada. — Ela acabou de voltar de Chicago, pegou um voo mais cedo. Está no escritório, mas quer saber que horas vai ser o jantar.

— Hm... — ela fechou os olhos, forçando-se a afastar do monitor. — Diga a ela que o jantar é às sete. Como sempre.

— Certo... — Karlie hesitou, sua testa franzida. Ela silenciou a ligação para que Beck não a escutasse, e ainda assim abaixou o tom. — Tem certeza de que estará em casa esta noite? Depois de tudo o que aconteceu... precisamos identificar esse alvo. Você sabe disso, certo? Olivia dis-

— Eu sei — Taylor respondeu, a interrompendo. — Mas eu preciso ir para casa. Eu volto depois. Só... não se preocupe com isso.

Karlie não parecia convencida, mas concordou, retornando ao telefone.

— Beck, o jantar é às sete, como sempre.

*

— Estou chegando em casa.

— Ainda não entendi isso, não sei se você lembra mas temos uma situação pra resolver. Alguém te viu Beck, e você não parece nem um pouco preocupada — Chace falou. Ele não tinha ideia de que a amiga já sabia quem era outra pessoa no local da missão, então a preocupação era evidente.

Beck tinha um problema ainda maior. Chace estava no escuro sobre isso, e se Beck pudesse manter dessa forma, ela seguiria assim.

Encerrando a chamada com Chace, Beck estacionou na frente de casa, vendo as luzes acesas. O leve zumbido do motor do carro foi interrompido, e ela suspirou enquanto enfiava o celular no bolso da calça. Ela já tinha começado a lidar com a situação, mas sabia que não tinha acabado.

Os passos de Beck seguiram lentamente enquanto ela caminhava pelo caminho até a porta e entrava na casa. O ar parecia mais pesado, não que nos últimos anos tenha sido leve. De qualquer forma, ela não conseguiu deixar de notar a ausência da presença habitual de Taylor preenchendo o espaço imediatamente. Ela encostou uma das mãos contra a parede, olhando ao redor com a testa franzida, e logo pensou que algo estava errado. Então, Beck escutou o barulho na cozinha.

Ela não precisou se mover, porque logo Taylor surgiu, atravessando o corredor enquanto carregava uma tigela em direção à sala de jantar.

— Ei, querida! — Taylor falou, sua voz mais alta do que o necessário, ecoando pela casa. Ela estava sorrindo. — Você chegou bem na hora.

Beck seguiu o corredor até se encostar no batente, seus olhos rastreando cada movimento de Taylor. Havia algo muito perfeito em seu comportamento, muito composto. Mais que o normal. A mesa da cozinha estava postada, a comida meticulosamente arrumada de uma forma que só aumentou a desconfiança de Beck.

— Como sempre — Beck respondeu. Seu olhar falsamente suave enquanto Taylor se aproximava, com um sorriso aberto. Taylor colocou os braços em volta do pescoço dela e a beijou. Deveria ter sido natural, reconfortante até, mas os músculos de Beck ficaram tensos. Seus olhos abertos durante o beijo, e foi ela quem se afastou.

— Deixa eu te ajudar com isso — Taylor murmurou, recuando e pegando o casaco de Beck. Ela deixou um beijo no pescoço de Beck antes de se afastar.

— Obrigada — Beck murmurou.

— Vou guardar isso enquanto você se senta — disse Taylor com um sorriso polido demais. Ela desapareceu no corredor, deixando Beck parada ali.

A casa estava assustadoramente silenciosa novamente. A mão de Beck pairou sobre o encosto de sua cadeira antes que ela a puxasse e se sentasse, então seus olhos se voltaram rapidamente para a mesa. Os pratos eram seus favoritos, os talheres eram novos. Nada ali parecia certo.

— Estamos comemorando alguma coisa? — Beck disse.

— Não — respondeu Taylor, sua voz flutuando do outro cômodo. Ela voltou para a sala de jantar, sentando-se em frente a Beck com um sorriso que não alcançou seus olhos. — Eu apenas senti sua falta.

— Senti sua falta também, querida — Beck forçou um sorriso.

Ela observou Taylor pegar a faca de chefe na mesa, seus dedos tocando o cabo da lâmina com uma normalidade que parecia tudo menos o que era. Ela se inclinou para o pedaço de carne na tábua de madeira e Beck tentou não ler demais naquilo, mas seu pulso acelerou. Taylor estava prestes a seguir o corte, mas algo dentro de Beck se agitou. Um profundo mal-estar tomou conta e, antes que ela percebesse, estava de pé.

— Eu posso fazer isso — disse Beck, sua voz mais apressada do que o esperado. Ela pegou a faca, tirando-a da mão de Taylor, tentando não atrair qualquer desconfiança crescente. Beck não tinha medo de sua esposa, ou estava tentando se convencer disso. Ela cortou a carne e serviu Taylor primeiro, colocando uma porção em seu próprio prato depois.

— Então, como foi o trabalho hoje? — Beck disse, sentando-se novamente, sua voz tão casual quanto conseguiu. Seus olhos não deixaram o rosto de Taylor.

— O mesmo de sempre — ela disse, pegando seu garfo. — Na verdade, eu tive um pequeno problema com um dos contratados.

— Hm, problema? — a testa de Beck franziu levemente, sabendo exatamente ao que Taylor estava se referindo.

— Sim, eles me contrataram e contrataram outra empresa também. Foi uma bagunça — Taylor explicou. Beck assentiu, mastigando lentamente.

— O problema foi resolvido?

— Ainda não — Taylor admitiu. — Mas não se preocupe. Não é nada demais, pelo menos nada com o que eu não possa lidar.

O silêncio caiu na mesa pela primeira vez naquela noite, enquanto Beck tomava um gole de vinho tinto depois de se servir. Taylor tinha deixado a melhor garrafa do lado da esposa na mesa.

— Você usou uma receita nova? — ela perguntou, quebrando o silêncio.

— Você sempre pergunta isso — o sorriso de Taylor se estreitou.

— Eu sempre esqueço o quão bom isso é.

— Você não quer mais sal? — a voz de Taylor beirou a ironia, seu sorriso também caiu para esse lado.

Beck balançou a cabeça negativamente, pegando a garrafa de vinho e enchendo sua taça de novo depois de acabar com o líquido dentro dela em um só gole. Ela pegou a garrafa e se mexeu no assento, como se tivesse se lembrado de algo, e então enfiou uma das mãos no bolso da calça e se levantou, alcançando a garrafa na mesa e caminhando para o outro lado, até estar ao perto de Taylor.

— Eu quase esqueci — disse Beck, puxando um pequeno pacote do bolso. — Eu comprei algo para você.

Os olhos de Taylor piscaram de surpresa quando Beck lhe entregou uma pequena caixa. Ela abriu cuidadosamente, revelando um colar delicado com a inicial da esposa. Os dedos de Taylor roçaram o colar, mas pausaram no pingente, sua expressão caiu para algo mais doce. Ela sorriu.

— Você não precisava — Taylor murmurou, sua voz suave.

— Eu queria — Beck respondeu, seus olhos nunca deixando o rosto da esposa.

Taylor se levantou e pediu a Beck para colocar o colar nela. Beck obedeceu, seus dedos tocando a parte de trás do pescoço de Taylor enquanto ela apertava o fecho. Por um momento, tudo parecia normal.

— Você está linda — Beck disse, sua voz baixa, e mais honesta do que ela tinha sido há meses.

Taylor se virou, apoiando as costas na mesa, e ela ainda estava sorrindo, mas a tensão estava lá. Beck reparou, e foi o que a fez estender o braço para perto da cintura de Taylor, para alcançar a garrafa de vinho novamente, enchendo a taça de Taylor e bebendo um gole do líquido. Mas em vez de colocar a garrafa de volta na mesa, ela a soltou. Entre ela e Taylor. A garrafa escorregou de seus dedos, caindo em direção ao chão, mas não o encontrando no final.

Em um borrão de movimento, a mão de Taylor a parou no meio, pegando a garrafa antes que ela pudesse atingir o chão, quebrando em pedacinhos. Seus reflexos foram rápidos, e Beck percebeu. Taylor detectou seu erro no mesmo momento em que seus olhos se encontraram. Ela viu a garrafa cair no chão, quebrando-se com o impacto, o vinho tinto se espalhando pelo carpete creme. Beck deu um passo para trás se afastando da bagunça. Taylor se colocou de lado.

— Vou pegar um pano — Beck disse, não dando espaço para o contrário, mas logo Taylor estava abrindo a boca e se afastando também.

— Não, eu cuido disso — ela disse indo em direção à cozinha, dando as costas para Beck que fez o caminho para o escritório.

Elas não disseram, mas ambas sabiam.

O jogo havia acabado ali — ou começado, dependendo do ponto de vista.

O coração de Beck disparou quando pegou uma pistola na gaveta do escritório, como precaução, porque não tinha ideia do que esperar de Taylor. Ela mesma não faria nada e sabia disso. Seu corpo se moveu quase por instinto, se apoiando nas paredes até estar indo em direção ao corredor. O clique da trava de segurança pareceu mais alto em seus ouvidos do que deveria. Ela examinou o corredor, seus olhos varreram os cantos da casa, mas ela não viu nada.

— Taylor? — Beck aumentou a voz. Mas nada. Nenhuma resposta.

O pulso de Beck acelerou quando o som do motor do carro de Taylor apareceu longe. Ela se lançou em direção à janela bem a tempo de puxar a cortina e ver o carro saindo da garagem. Ela não estava tentando nada, mas achava mesmo que ela e Taylor precisavam conversar.

Ela murmurou alguns palavrões e sem hesitação disparou para a porta da frente, abrindo-a com um puxão forte. Ela correu pelo caminho, seus sapatos contra o pavimento e depois contra a grama, até que ela dobrou a esquina. O carro já estava acelerando. O desespero alimentou seu próximo movimento. Ela se virou bruscamente, os olhos fixos no gramado dos vizinhos, calculando o atalho que poderia lhe dar uma vantagem. Ela conseguiria atravessar e encontrar Taylor apenas um pouco atrasada.

Foi o que ela fez, mas Beck saltou sobre uma cerca baixa quando avistou o carro de Taylor, avaliando mal seu passo na pressa. Seu sapato cortou a borda, jogando-a no chão. A pistola escorregou de suas mãos enquanto ela cambaleava e ela viu o carro passando de vez. Sua mão se fechou reflexivamente na volta do gatilho enquanto ela batia forte no chão, o som do tiro acidental acabou ecoando antes mesmo que ela percebesse o que tinha acontecido.

A bala terminou quebrando o vidro de trás do carro de Taylor. O estômago de Beck esfriou quando ela viu a rachadura e o vidro em fragmentos, a bala longe de atingir Taylor, mas perigoso o bastante. Através dos cacos irregulares, ela olhou nos olhos de sua esposa — incrédula. Taylor virou o rosto para trás, parando o carro com tudo.

— Você- — Taylor disse, sem realmente completar a frase, começando com a voz alta o bastante para que Beck escutasse de longe.

Beck sentiu o que estava vindo assim que se colocou de pé, caminhando para frente do carro. Taylor olhou para ela por um longo momento através do vidro, seu rosto sério, e então, sem aviso, ela pisou fundo no acelerador. Beck viu as rodas girarem, os pneus fazendo barulho enquanto o carro avançava. Ainda assim, Beck não saiu do lugar.

— Taylor, espere! — ela falou, mãos levantadas em um apelo. Ela se firmou no chão, mas Taylor não estava contente. O carro avançou em sua direção e os reflexos de Beck entraram em ação. Ela conseguiu pular no capô no último segundo, mal evitando a força total do impacto do carro. Taylor não parou. O carro ziguezagueou descontroladamente pela rua, e Beck agarrou-se desesperadamente ao teto. O metal frio vibrou sob ela enquanto Taylor desviava para um lado e para o outro, tentando se livrar dela.

— Você tentou me matar, porra! — Taylor aumentou a voz para ser escutado do lado de fora.

— Amor, você está exagerando! — Beck quase gritou, o vento batendo em suas palavras enquanto ela lutava para manter o controle. Ela conseguiu se inclinar de cabeça para baixo, esticando o pescoço para encontrar o olhar de Taylor pela janela aberta do lado direito. — Podemos conversar sobre isso, vamos lá... só... só pare o carro!

Taylor a ouviu, e a ouviu muito bem, mas seu rosto a encontrou sem expressão. Sua mandíbula apenas cerrou e, sem dizer uma palavra, ela fechou a janela, bloqueando a voz de Beck.

A mais velha sentiu seu estômago embrulhar. Ela estava perdendo o controle da situação, perdendo o controle de tudo. Rangendo os dentes, ela voltou a se levantar e engatinhou em direção à parte de trás do carro, sua mão agarrando a borda quebrada da janela traseira. Com um empurrão desesperado, ela limpou como pode o espaço quebrado, para não se machucar tanto e se forçou a passar pelo vidro despedaçado, caindo no banco de trás, sentindo o impacto.

O movimento oscilante do carro a jogou para o lado, mas ela se firmou, o coração batia forte em seus ouvidos enquanto ela ofegava por ar. Ela mal teve tempo de se concentrar quando o movimento do carro mudou de repente. Uma percepção doentia a atingiu como um soco no estômago quando ela levantou o olhar. O veículo ainda estava se movendo, mas Taylor não estava mais ao volante.

Com um solavanco, Beck olhou para trás e viu Taylor, caída no meio da rua ajeitando o vestido preto que usava, descalça, com alguns arranhões, mas nada demais. O carro estava avançando, acelerando em direção aos arbustos e à queda íngreme além, indo direto para a parte fechada da rua, a que levava a um lago.

Beck murmurou alguns xingamentos, avançando para agarrar o volante. O carro desviou violentamente enquanto ela o puxava, evitando por pouco o mato, mas não desacelerando.

Em uma série frenética de movimentos, ela não conseguiu frear, e desconfiou que Taylor tinha parte naquilo. O carro seguiu bruscamente e Beck mal teve tempo de registrar o que estava acontecendo enquanto tentava fazer alguma coisa.

Antes que ela percebesse, as rodas deixaram o chão firme.

Houve um momento de ausência de peso, um instante terrível em que tudo parecia perturbador, e então a frente do carro tombou para baixo, mergulhando em direção à água.

O lago não era convidativo — a água era escura, o lago era fundo, infinito e assustador. A respiração de Beck ficou presa na garganta quando a frente do carro atingiu a superfície com um respingo violento, o impacto a sacudindo no assento. A água subiu pelo para-brisa, o veículo afundou mais rápido do que ela conseguiu compreender.

— TAYLOR! — ela falou, batendo os punhos contra o painel enquanto a água gelada entrava, girando em torno de suas pernas e se acumulando rapidamente no vão dos pés. Sua voz alta o bastante, mesmo sem a certeza de que Taylor ainda estava ali. — NÓS PRECISAMOS CONVERSAR!

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