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♪Quando a Neve Cair

  "Resignação... que triste palavra! E no entanto, é o único refúgio que fica." 
  — Beethoven. 

♪♪♪


James chegara exatamente no horário que dissera. Pontual como nunca antes.

Fomos para a avenida principal. Ela estava decorada com símbolos natalinos e as cores típicas da época estampavam quase todas as lojas.

— Qual loja você quer entrar primeiro? — perguntou James.

— Que tal aquele café ali na esquina? — Apontei.

— É sério, Lyra? Entre dezenas de lojas, você vai e escolhe parar num café? — Arqueou a sobrancelha, incrédulo.

— Não tive chance de tomar café da manhã — expliquei ao dar de ombros.

— Tudo bem. — Suspirou.

Entramos e sentamos-nos à mesa mais próxima. James não demorou a fazer seu pedido, enquanto eu ainda estava indecisa sobre o que escolher.

— Você está demorando muito, quer que eu escolha por você?

Iria recusar, mas a frase se perdeu nos lábios quando ouvi James dizendo à garçonete o "meu" pedido e a mesma se afastando logo depois.

— Eu mesma poderia ter dito, sabe... — murmurei.

— Do jeito que estava enrolando, você pediria apenas amanhã. Apenas agilizei o trabalho. — Deu de ombros.

— Não estava demorando tanto.

— Estava sim, só você não percebeu. A garçonete já começava a te olhar com aquela cara de quem diz: "não vai pedir, não?". Eu te fiz um favor, Lyra.

— Como se você pudesse adivinhar o que eu quero... — Revirei os olhos.

— Pare de agir como criança, Lyra, já não tem mais idade para isso.

Não disse mais uma palavra sequer durante toda a refeição. A última coisa que queria era discutir com James logo de manhã, mesmo sabendo que o início de nossa discussão não seria esquecido durante o resto do dia.

Depois do tenso café, caminhamos pela avenida. Constantemente virava as costas e olhava para os lados, era improvável de encontrar qualquer antigo conhecido, porém a mínima possibilidade de encontrá-los já deixava-me receosa.

— Deixe de ser paranoica, Lyra, não vai encontrar seus pais aqui. Até porque eles não precisam vir até aqui para comprar os presentes de Natal, pergunto-me até se ainda comemoram tal evento desde que você os deixou.

— Eu não acho que eles perderiam a oportunidade de agraciarem sua presença em uma daquelas festas exorbitantes — respondi. — E há uma chance de esbarrarmos em minha mãe em alguma loja, provavelmente ajustando seu novo traje de gala.

— Você diz isso com certo pesar, sente falta disso, certo? — comentou. James olhou de ambos os lados da rua antes de atravessar.

— Mas é claro! Eles são minha família...

— Estava falando da vida que você tinha antes de fugir — interrompeu.

Demorei um tempo para responder.

— Sim — disse, por fim. — Eu sinto falta, e muita.

— É por isso que está com ele? — indagou. — Para ter a mesma vida que tinha antes de fugir?

— É por isso, o quê?

— Você está com Edward por causa disso, não? Para ter a vida que tanto gosta.

— Não! É óbvio que não, James! De onde você tirou uma coisa dessas?! — respondi indignada, atropelando as palavras de tão rápidas que saiam.

— Bom, o padrão de Edward sempre foi elevado. Talvez você sentisse tanta saudade dos "mimos", que não percebeu que estava com ele apenas para satisfazer a si mesma.

— Isso é um absurdo! Ridículo! Você acha que eu seria capaz de fazer algo desse nível?! Não sou tão baixa, James! — exclamei. — E outra, se eu quisesse manter os "mimos", como você mesmo disse, teria usado o dinheiro que tenho guardado, e não usado alguém. Não preciso de um homem para conseguir o que quero.

— Não foi isso que eu estava tentando dizer.

— Então o que era?

— Era para você refletir. Afinal, há uma chance, de que seu subconsciente a levou a isso. Então, o que quero dizer, é para que preste mais atenção em si mesma. Não quero que Edward pense que você está apenas usando-o. — James sorriu; um sorriso cínico.

— Mas isso não é verdade! — exclamei e vi pessoas virarem em nossa direção. — Quer saber, não vou discutir com você, James.

— Mas nós não estamos discutindo, estamos apenas conversando...

— James, chega. Vou para casa, a gente faz as compras natalinas outra hora. — Andei em direção ao ponto de táxi.

— Lyra, espera! — chamou.

— Até outra hora, James — disse, ao entrar no táxi.


Fui direto para casa. Estava irritada, e até mesmo um pouco frustrada, não queria que nosso dia juntos terminasse antes mesmo de começar, mas também não continuaria ao seu lado se isso fosse me fazer mal.

Decidi arrumar minha pequena toca e deixar tudo organizado.

Talvez por estar passando muito tempo com Edward, acabei pegando sua mania por limpeza.

Edward...

O que dar de Natal para um escritor...? Ou para um violinista.

Ainda não fazia ideia.

Talvez um porta-violino? Ou quem sabe uma caderneta nova?

Nenhum dos dois me parecia um bom presente. Qualquer coisa que eu pensasse em comprar parecia tão... ordinário e insignificante, e eu queria que fosse algo especial, que ele guardasse para sempre consigo e sorrisse toda vez que o visse.

E isso soa romântico demais e talvez eu seja uma romântica incurável por querer algo assim, memorável. Mesmo sabendo que não são os grandes atos que comprovam o amor e sim os pequenos e causais momentos, queria algo como nos livros, uma história épica com declarações estonteantes que tiram o fôlego.

Porém, era apenas uma fantasia minha que havia depositado esperanças de se concretizar graças a Edward. Afinal, ele era um escritor, era bom com palavras e conhecia, melhor que ninguém, histórias de tirar o fôlego. As chances de que ele usasse esses atributos ao nosso favor eram altas e eu torcia para que o fizesse.


Havia passado a hora do almoço quando finalmente terminei de guardar a última partitura no lugar, o que significava que tudo estava perfeitamente organizado; e que meu estômago implorava por comida.

E, depois de ter limpado a casa inteira, eu que não iria sujar a cozinha apenas para me alimentar. Preferia mil vezes passar em algum restaurante e, aproveitar, para procurar o presente de Edward.

Peguei meu casaco e sai.

O céu estava cinza e levava-me a crer que a neve finalmente apareceria, e já estava na hora de dar as caras. Afinal, uma das características mais marcantes do inverno era os flocos brancos caindo do céu e atrapalhando a vida de todos, fechando ruas e tudo mais.

Entretanto, a neve sempre me foi muito atrativa, pois trazia consigo uma pureza e um mistério que me atraiam profundamente desde criança.



— Mãe! Está nevando! — exclamou uma pequena Lyra, apoiando sua cabeça no vidro da janela. — Podemos ir lá fora?

— Hoje não, Lyra. — A senhora Scherzo pôs a mão em sua cabeça e a acariciou. — Você precisa se arrumar para a ceia de natal, querida.

— Mas eu não quero ir, mãe! — protestou.

— Mesmo assim terá que ir, Lyra. As coisas não são tão simples, não podemos recusar um convite como aquele.

— Eu sei, mãe. — Suspirou. — Mas não quero ficar perto daquelas pessoas, elas são chatas! — Lyra cruzou os braços e fez uma careta.

Adelaide sorriu ao ver a expressão da filha e beijou sua testa.

— Eles podem ser chatos, mas são pessoas importantes para a mamãe e o papai. — Adelaide tocou a ponta de seu nariz e soltou uma exclamação ao olhar para a porta. — Falando no papai...

O senhor Scherzo passava pelo corredor quando parou ao ouvir a abordagem de sua esposa.

— O que as duas estavam falando sobre mim, posso saber? — perguntou arqueando a sobrancelha em uma expressão que daria medo caso seu tom de voz não fosse tão brincalhão.

— A gente disse que você é muito chato e que nunca sai para brincar comigo! E como castigo você tem que me comprar bolo!

— É mesmo? — respondeu Dominik, pegando sua filha no colo e a girando, fazendo-a gargalhar. — Pois bem! Assim que voltarmos do jantar, prometo comprar um pedaço grandão de bolo que você não vai conseguir comer sozinha!

— Jura? — perguntou Lyra quando foi colocada no chão.

— Sim. Agora vá direto para o banho, bonequinha. — O senhor Scherzo sorriu e bagunçou os cabelos da filha.

Lyra, ao sair, ouviu ao longe sua mãe repreendendo seu pai por ter embaraçado seu cabelo, e em seguida entrou no banheiro.



Senti uma lágrima correr solitária pelo rosto.

Parei de andar e olhei em volta. Tantas pessoas em um mesmo lugar, e nunca me senti tão sozinha. Sentir-se sozinha em uma multidão é um dos piores sentimentos, que nos sufoca e desespera.

Entrei em um restaurante qualquer e pedi a primeira coisa que vi. Foi quando meu celular vibrou no bolso e, ao pegá-lo, vi o nome de Edward.

— Alô?

— Oi, Lyra. Está tudo bem? Como vai o dia com James?

— Na verdade... — comecei. — Nós tivemos uma pequena discussão e... eu fui embora.

— O que houve? — perguntou.

— Quer mesmo saber? — murmurei.

— Se você quiser me contar, sim.

— Ele... — Respirei fundo antes de continuar. — Me acusou de estar te usando... para ter a vida que eu tinha antes de sair de casa.

— Antes que você fale qualquer coisa, quero que saiba que isso é mentira e que eu jamais faria isso com qualquer pessoa, muito menos com você — respondi atropelando as palavras.

— Tudo bem, Lyra, se acalme. — A voz tranquila de Edward de certa forma aquecia meu coração. — Você quer que eu vá te ver? Ou prefere ficar sozinha?

— Então, eu estava indo comprar o seu presente de natal...

— Quer dizer que é melhor eu não ir? — disse e imaginei que estivesse sorrindo.

— Eu não disse isso. — Sorri.

— Mas você prefere que o presente seja uma surpresa ou não?

— Não sei. O que você gostaria de ganhar, Edward?

— Um beijo...?

— Estou falando sério, Edward! — exclamei, abrindo ainda mais meu sorriso.

— Eu também — respondeu com a voz mais grave e baixa.

— Mas é sério, Edward. O que você quer de presente?

Ele demorou um pouco para voltar a falar:

— Qualquer coisa, eu não ligo para presentes, Lyra.

— Você não está facilitando as coisas para o meu lado, Edward.

O escritor riu.

— Desculpa, Lyra, mas você não precisa se preocupar com isso.

— Isso não muda o fato de que eu vou te dar um presente e que quero que seja algo especial. Então, por favor, me fale o que gostaria de ganhar. — Dei uma pausa. — É difícil saber o que um escritor e violinista gostaria de ganhar.

— Mas não é tão difícil assim descobrir o que o Edward gostaria de ganhar, não? — disse. — Pense nisso, Lyra. Agora tenho que ir, se quiser conversar ou ver alguém, é só me chamar, tudo bem?

— Está bem.

— Até logo, querida Lyra.

— Até logo... — A palavra escritor sumiu da minha boca.

Edward queria ser visto apenas como uma pessoa, certo? Não como um violinista ou um escritor, ele quer ser apenas... Edward.

Tem certeza que não está apaixonada pela idealização de um músico? Que não está apaixonada apenas pelo "Senhor Capriccioso", o violinista que você conheceu antes mesmo de saber que ele, na verdade, era eu?

Ele deixara isso claro quando me declarei, que ele não era o Senhor Capriccioso. E ele também não era apenas um escritor. Ou a junção de ambos.

Mas, se tirarmos isso, o que resta para Edward? Como o definir sem usar aquelas duas palavras que trazem consigo todo um estereótipo de quem ele seria.

Naquele momento, me preocupei com meus sentimentos, aqueles que nunca duvidei. Aquele, por quem meu coração batia mais rápido, era quem? Senhor Capriccioso? Um escritor? Ou era apenas Edward, sem nenhum desses adjetivos que o colocassem em uma caixinha idealizada por mim mesma?

Flagrei-me pensando na possibilidade de ter me apaixonado pelo violinista e me cegado ao resto, ignorado o que Edward era além de um cara que toca violino.

Afinal, se parasse para pensar, quem era Edward? Era por ele que me apaixonei?

Queria ter a resposta na ponta da língua, dizer que eu era apaixonada por Edward, independente do resto, mas algo, no fundo do meu âmago, dizia-me que talvez não fosse o caso. Que talvez, eu estivesse me apaixonado pela ilusão que o Senhor Capriccioso me proporcionava, e que a tivesse alimentado com a criatividade de um escritor, que tinha tudo que eu procurava.

Tinha medo de ser verdade e estar, sem perceber, usando Edward para suprir minhas ilusões. 

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