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♪Notas de Saudade

"Conservar algo que me faça recordar de ti seria o mesmo que admitir que eu pudesse esquecer-te." 
— William Shakespeare.


  ♪♪♪  


— Podemos dizer que a senhorita tem o dom para criar bons apelidos.

— E que você tem o dom de se encaixar neles perfeitamente.

— Isso se deve ao fato que completamos um ao outro.

— Que clichê, Edward. — Achei graça.

— Eu disse que era do tipo romântico. — Sorriu.

— Mas não precisa ser piegas.

— Se não fosse pelo meu lado piegas, nós ainda estaríamos naquele flerte sem fim.

Abri a boca para responder, mas nada saiu.

— Viu? Eu estou certo.

— Confesso que você tem um pouco de razão — murmurei.

— Eu sempre tenho razão. — Abriu mais seu sorriso, todo convencido.

— Mas que convencido! — exclamei.

— Não sou convencido, apenas tenho autoconfiança, é diferente.

— Claro — respondi irônica. — E eu sou Mozart.

— Não, você não tem uma personalidade irritante como a dele... — Edward refletiu por um instante. — Retiro o que disse, talvez você tenha um pouco do lado irritante de Wolfgang.

— Edward! — disse indignada.

— Estou brincando! — Ergueu seus braços em redenção.

— Pelo seu próprio bem, espero que sim.

— Meu próprio bem? — Achou graça. — O que você faria, Lyra? — terminou, sarcástico.

— Você me subestima, Edward.

O escritor ergueu a sobrancelha e sorriu, deu alguns passos em minha direção com as mãos na cintura, desafiando-me.

Levantei e comecei a fazer cócegas nele, ouvia-o gargalhar sonoramente enquanto tentava segurar meus braços. Não demorou muito para que conseguisse me mobilizar e iniciasse um contra-ataque, e foi minha vez de rir até perder o fôlego.

— Como ousa me atacar?! — falou enquanto cutucava minha cintura.

— Desculpe, Edward! — respondi entre risadas. — Por favor, para!

— Nunca!

— Por favor, Edward! Eu... Não... Consigo... Respirar. — Depois de quase implorar, ele finalmente parou.

— Acho que eu venci. — Sorriu.

— Não sabia que você era tão competitivo.

— É claro que sou! Nunca se deve entrar em uma disputa se não for para ganhar.

— Me lembre de nunca apostar nada com você, Edward.

O escritor riu e arrumou uma mecha do meu cabelo.

— Acho que você precisa ir para casa descansar... — comentou. Sua mão acariciando-me o rosto. — Já está ficando tarde e de acordo com a previsão do tempo, logo começará a nevar.

— O senhor está sugerindo que eu vá embora?

— Não me entenda errado, gostaria que ficasse, mas você mesma disse que sairá amanhã com James... — Começou. — E ficamos boa parte do dia juntos, não quero tomar tanto o seu tempo.

— Mas e a escolha das músicas para...

— Leve as duas partituras e pense bem antes de decidir. Veja qual tem mais facilidade ou que mais mexe com seus sentimentos... esse tipo de coisas.

— Sim, mamãe.

— Não me chame de "mamãe". — Revirou os olhos.

— Você prefere Senhor Capriccioso, não é mesmo? — Sorri e o escritor assentiu. — Pois bem, Senhor Capriccioso, pensarei nas músicas com muito cuidado.

— É o que espero — disse. — E, por favor, não amasse as partituras.

Dei risada.

— Seu pedido é uma ordem, senhor Siwen.

Fomos até a sala de música para levar a partitura das duas peças e em seguida descemos até a garagem.

— Edward, posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Por algum acaso, a cena do Mathias e da Rosa que você escreveu e o nosso primeiro beijo... Têm alguma relação? Porque tem algumas semelhanças, como o cenário e tal.

— Eu escrevi a cena antes do que aconteceu conosco... — Edward coçou a barba, pensativo. — Mas de fato há algumas coincidências.

— Algumas? — Arqueei a sobrancelha.

— Só o cenário. — Deu de ombros. O escritor andou em direção ao carro. — Mas não pense que o beijo foi uma desculpa para repetir o cenário de Dias Contados Por Rosas.

— Mesmo? Não estava planejando reproduzir um trecho do seu livro comigo?

— Lyra — disse meu nome de maneira séria, seus olhos procurando os meus. — Há tempos queria te beijar, não por causa de um trecho estúpido do meu livro, mas porque gosto de você. Não pense que sou o tipo de pessoa que usa as outras para conseguir o que quer, eu valho mais do que isso.

— Eu sei. Não se sinta ofendido, Edward. — Toquei seu braço. — Eu apenas pensei na possibilidade já que você queria ajuda com sua história...

—Mas não transformaria você em uma cobaia, nunca faria uma coisa dessas. — Edward parecia de fato chateado com o assunto.

— Edward, você está chateado? — perguntei, colocando a mão em seu rosto.

— Estou — murmurou, desviando o olhar.

— Desculpe, não disse aquilo para te magoar.

— Eu sei que não fez por mal, Lyra. — Pôs sua mão na minha. — Mas mesmo assim machuca.

— Vamos mudar de assunto então, para você não ficar mais chateado e tirar essas rugas da cara. — Dei um peteleco em sua testa. — Te envelhece.

— Novidade ouvir a senhorita me chamando de velho... — Revirou os olhos. — E o pior é que nossa diferente de idade não deve ser tão grande a ponto de a senhorita me chamar de senhor.

— Verdade... Aliás, quantos anos você tem, Edward?

— Quantos anos eu aparento ter?

— Na alma uns setenta. — Brinquei.

Edward riu e se afastou de mim para entrar no carro, segui seu exemplo e fui me sentar no banco do passageiro.

— Sério, Lyra, responda — disse enquanto colocava o sinto de segurança.

O analisei por um tempo, o escritor era, provavelmente, mais velho que eu, mas não conseguia pensar em um número exato.

— Vinte e nove... Talvez trinta?

— Chegou perto. — Sorriu. — Tenho vinte e sete, e você?

— Vinte e três.

— A senhorita perdeu o direito de me chamar de velho — respondeu, dando partida no carro.

— Querido escritor, sua alma é idosa, isso nunca mudará. Então tenho todo o direito de chamá-lo de velho.

— Está bem, senhora. — Cruzei os braços quando ouvi a última palavra. — Se você pode me chamar de velho, eu tenho todo o direito de chamá-la assim também.

— Claro que não! É você que está chegando aos trinta, não eu!

— E quem disse que trinta anos já é considerado velho? — Arqueou a sobrancelha. — Se fosse assim, Edgar e James seriam idosos e se tem algo que o James não é, esse algo é velho. Afinal, ele consegue ser pior que uma criança birrenta.

— Algo nesse seu comentário me faz crer que você não gosta muito do meu irmão, Edward...

— Não odeio seu irmão, mas ele também não é a pessoa que mais estimo no mundo. Digamos que eu convivo com ele mais por causa de Edgar do que por vontade própria.

— Por que não gosta dele?

— Talvez pelo fato dele ser inconveniente...? — Pensou por um tempo antes de adicionar mais adjetivos. — E também indiscreto, infantil, intrometido...

— Travou nas palavras com I, Edward? — Brinquei.

— Foram as primeiras que me viera à mente — respondeu.

— E todas essas características podem ser facilmente atribuídas a mim.

— De fato, podem. Mas você não é tão parecida com ele quanto pensa, Lyra.

— Jura?

— Sim.

— Se você diz... — falei.

— Tenho certeza, e no fundo, você também sabe que sim.

Edward diminuiu a velocidade do carro, até estacionar na frente da minha casa.

— Parece que nos despedimos aqui — comentou.

— Parece que sim.

— Foi um longo dia...

— Muito longo. — Sorri. — Sinto que avançamos nele mais do que nas últimas semanas.

— Tenho que concordar que sim. — Retribuiu o sorriso.

Edward virou seu corpo para a minha direção e acariciou meu rosto. Em seguida me deu um beijo que era, ao mesmo tempo, rápido e devagar.

— Boa noite, querida Lyra.

— Boa noite, escritor.

Sai do carro sorrindo feito boba e demorei alguns segundos para encontrar a chave certa para abrir a porta de casa. Edward observou-me e só foi embora depois que entrei.

Tirei meu casaco e o guardei de imediato, antes de me deitar na cama com o coração leve e a mente à mil.

Fazia tempo desde a última vez que senti essas coisas.

Afinal, se apaixonar é tendencioso ao fracasso, porém gostamos de nos cegar para a opção mais óbvia, mas que, desta vez, não acontecera comigo.

Ser correspondido é um dos melhores sentimentos que um apaixonado pode sentir.

E era exatamente como me sentia naquele momento.

Tirei as partituras da bolsa e comecei a folhear a primeira sonata de Schubert, não queria começar com Andantino, pois era muito deprimente. Não que a outra fosse muito diferente, era difícil fugir da melancolia quando o assunto era Schubert, mas pelo menos era um pouco mais agitada.

Sentei-me de frente ao piano e respirei fundo, fazia um tempo desde que peguei uma música nova para praticar.

Decidi tocar apenas a primeira página, repetindo-a até os dedos se acostumarem para depois ir para a próxima.

O primeiro movimento da primeira sonata para piano de Franz tinha um pouco de contradição, utilizando-se ora de acordes ora de arpejos e escalas, explorando ao máximo as possibilidades. O começo mostrava-se dinâmico e alegre, como o próprio nome dizia.

Era divertido tocá-la, ver meus dedos dançando entre as teclas, trazia-me uma sensação boa.

Fiquei um tempo praticando-a até que decidi dar uma pausa para comer algo. Abri a porta para sair de casa, mas notei a neve caindo, calma e lentamente, sem se preocupar com os empecilhos que poderia causar. A neve sempre foi um problema disfarçado pela beleza, pela pureza que sua cor representa.

Talvez seja por isso que sempre a apreciei de longe. Afinal, tudo de longe é muito mais bonito.

Por fim, acabei comendo em casa as coisas que restaram na geladeira.

Senti meu celular vibrar e ao desbloqueá-lo vi uma mensagem de James dizendo que me buscaria às dez da manhã para comprarmos os presentes de Natal, ao fim fez uma piadinha sem graça sobre comprar um presente para Edward.

Pior que meu irmão estava certo e eu precisaria comprar algo para o escritor, mas... O que poderia dar de presente para ele?

Um livro?

Um violino?

Um avental com os dizeres "supermãe"?

Talvez a última opção não seja uma boa, Edward provavelmente me mataria. E um livro seria irônico, não? Presentear um escritor com um livro? Não sei... Eu poderia dar um violino, mas ele já tem um, será que gostaria de ganhar outro...?

Deixei o pensamento de lado, contaria com James para me dar boas sugestões.

Voltei para o piano, mas desta vez, para tocar Andantino. Alguma hora precisaria tocá-la e não havia momento mais propício a isso do que a calada da noite, onde os pensamentos afloram juntamente com o sentimento.

Respirei fundo, os olhos fechados enquanto contava o tempo mentalmente antes de finalmente afundar os dedos nas teclas.

A sutileza do toque acompanhada da sensação de tristeza e melancolia era tão característica de Schubert, fazia-me viajar por lembranças tão próximas e, ao mesmo tempo, tão distantes.

Fazia-me sentir saudade.

E saudade, na maioria das vezes, trazia consigo dor, a dor de não saber o que fazer para acabar com o aperto no peito, pois não é possível voltar no tempo.

Sentia falta de meus pais, e a cada vez que pensava, mais arrependida ficava de como tudo havia terminado.

Queria visitá-los, mas não tinha coragem de voltar para casa depois de tantos anos. Tinha medo do tipo de reação que teriam, caso voltassem a me ver.

Ficariam felizes? Irritados? Decepcionados?

Conseguia imaginar o senhor Scherzo me repreendendo pelo meu mau comportamento e abraçando-me brevemente em seguida, pois não era um grande demonstrador de afeto. A senhora Scherzo, por outro lado, encheria-me de perguntas sobre onde estive, o que fiz e o motivo de não ter falado com eles diretamente, de ter mandado James até lá para contar a decisão que fiz, pois sequer tive a coragem de encará-los na época e talvez, se o tivesse feito, as coisas seriam diferentes.

Não gostava de pensar no que poderia, ou não, ter acontecido se minhas escolhas fossem diferentes. Quando o pensamento começava e eu, boba, dava-lhe corda, ficava horas e horas matutando sobre, criando vários destinos que, ora davam certo, ora errado e me angustiando sobre o que fiz.

Angústia não era a palavra certa, o correto seria arrependimento, porém não conseguia dizer em voz alta. Tinha medo que o sentimento aumentasse caso o proferisse, tinha medo do que faria caso meu remorso aumentasse a ponto de engolir-me e comandar-me, fazendo-me agir e dizer coisas que não deveria.

Não queria perder o pouco que tinha por um erro passado que, provavelmente, não havia como consertar.

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