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♪Não Existe Música, Apenas Silêncio

"Seu coração estava em pedaços, pedaços tão pequenos que imaginava ser impossível juntá-los de forma que continuasse o mesmo." 
— E. C. Siwen


♪♪♪ 


— Confesso que existe certo charme na melancolia — comentei ao levantar e deixar a partitura de volta em cima do piano. — Um poder único de nos deixar sensíveis a qualquer ação, por menor que seja, e criar memórias inesquecíveis de momentos que, depois, consideraremos únicos.

Edward fez um gesto de cabeça para afirmar que estava ouvindo, mas não era o que parecia. Sua mente viajava enquanto seus dedos tocavam a mobília em um ritmo inconstante, corriam de um lado para o outro, se não estivesse tão distraído, até pensaria que estava verificando a limpeza, procurando por algum sinal de poeira.

— Eu sei que você não gosta de perguntas, mas... — falei hesitante. O escritor finalmente voltou sua atenção para mim, um pouco confuso, entretanto sabia o que eu perguntaria. — Essa sua amiga, quem era?

— Estava demorando... — comentou, mas não senti aquela barreira de gelo se formar. — Era Elisa.

— A mesma que...?

— Sim, exatamente a mesma. Por que tanta surpresa?

— Não estou surpresa.

— Acredito em você — respondeu com ironia.

— Duvido muito. — Revirei os olhos.

Ficamos um tempo em silêncio até que Edward finalmente disse alguma coisa:

— Você está com a mesma expressão de uma criança quando quer ouvir uma história antes de dormir.

— Quando foi que você se tornou tão bom em ler expressões faciais? — perguntei espantada.

— Anos e anos de experiência, minha cara Watson.

Esbocei um sorriso divertido.

— Que tipo de Sherlock é esse que não soa tão convencido? — falei espantada.

— Como eu disse, sou uma releitura dos clássicos, não uma cópia.

— Claro — respondi sarcástica.

— Enfim, o que acha de me contar uma história? — Edward iria falar alguma coisa, mas o interrompi antes mesmo que o fizesse. — Não dos seus livros, uma sua, vivida por você. Me conte um pouco sobre Elisa. — Meus olhos imploravam por uma resposta, mas tive medo do escritor recusar, mais uma vez. — Eu entendo que não queira me contar sobre seus problemas com a música, mas quero conhecer mais sobre você, Edward, quero te entender melhor — falei. — Por favor, Senhor Capriccioso — sussurrei.

Edward se sentou na poltrona, ficou muitos segundos sem dizer nada, pensando sobre algo que não conseguia decifrar. Infelizmente, nunca fui boa decifrando expressões faciais, muito menos as dele.

— Nos conhecemos quando éramos crianças, nossos pais eram amigos de longa data — explicou. — Viramos amigos logo de cara, não que fosse algo muito difícil, crianças não precisam de muito para fazer amizades.

— Mas quando crescem, precisam de muito para manter uma amizade.

— No caso de Elisa, não foi difícil manter esse vínculo. O que foi ótimo, porque eu não teria paciência de conquistar uma nova amizade — disse. — O tempo passa e fica cada vez mais trabalhoso se aproximar de alguém, por isso tento manter ao máximo as pessoas que já estão no meu dia a dia, recomeçar raramente vale a pena.

— Que pessoa sociável... — comentei, mas Edward me ignorou.

— Ela era apaixonada pela música, queria muito aprender um instrumento, mas não fazia ideia de qual. Na época, eu a acompanhei em algumas aulas sobre música geral, ela queria conhecer vários instrumentos antes de escolher um.

— Foi nesse momento que você começou a tocar?

— Não, isso foi depois — respondeu e depois continuou a contar. — No fim, Elisa escolheu o piano e adquiriu um amor tão grande por ele que queria seguir nesse ramo quando terminasse a escola — prosseguiu. — O único problema era que, a universidade que queria, não ficava na Áustria e sim aqui. Sua mãe achou um absurdo, sair do país que carregava um histórico de música, os maiores compositores eram austríacos e os melhores cursos com toda a certeza eram os de lá, mas Elisa insistiu e a convenceu, depois de muito esforço.

— Por que ela queria estudar aqui?

— Talvez quisesse aprender um segundo idioma, eu não sei... — Deu de ombros. — Nunca consegui entender o que se passava naquela cabeça, era frustrante não entendê-la. — Suspirou.

— Quando Elisa se mudou eu ainda estava no meu último ano, nesse tempo não conversamos muito, ela estava ocupada demais em construir sua carreira e eu estava ocupado demais aprendendo violino.

— Quando exatamente você começou a tocar?

— Eu tinha entre quinze e dezesseis.

— Por que teve a iniciativa de aprender?

Edward se esquivou da pergunta e continuou contando sua história:

— Durante os meses que perdemos o contato eu finalmente escolhi me tornar músico, não apenas por diversão, mas como profissão e comecei a pesquisar as melhores universidades, porém nenhuma delas me aceitou.

— Mentira?!

— Eu não tinha experiência nem o nível necessário para entrar. — Deu de ombros.

— E você desistiu da música ali? É por isso que não gosta dos músicos?

— Não, Lyra, não foi por isso. — Suspirou impaciente. — No fundo eles estavam certos por não me aceitarem, eu realmente era um péssimo músico. Mas eu era extremamente teimoso, a ponto de me tornar idiota, e queria me tornar bom no violino, tão bom ao ponto de ser reconhecido, de ser aceito.

— Aceito por quem?

— Isso não é relevante — falou, sua voz soava ríspida e me incomodou um pouco. — Durante um feriado, Elisa veio me visitar, contei sobre as faculdades que me rejeitaram e ela me deu uma sugestão.

— O que ela disse?

— "Sei o quão importante é para você tocar violino, mas não precisa de uma universidade para isso. Existem diversos profissionais que estão dispostos a dar aulas particulares, uma conhecida minha é muito talentosa e com certeza aceitaria te ajudar".

— E você aceitou?

— No começo? Não, não estava disposto a mudar de país apenas para aprender com um amigo de Elisa se tinha profissionais possivelmente melhores em Viena.

— Olha o preconceito com pessoas de outros países, Edward. Não é porque a pessoa é austríaca que já nasceu um Mozart da vida.

— Sim, eu sei. Enfim, Elisa me contou que aquela conhecida faria uma apresentação em um dos teatros de Viena e disse que tinha um ingresso sobrando.

— E você foi?

— Sim, e foi uma das melhores apresentações que já vi. Depois daquela noite minha decisão de morar com Elisa estava tomada.

— Então foi assim que você veio parar aqui?

Ele assentiu.

— Edward, foi a Elisa que te apresentou ao Edgar?

— Sim, mas isso aconteceu depois. Lembro-me que Elisa adorava fazer piadas sobre nossos nomes, por serem parecidos ela fingia se confundir e nos chamava pelo mesmo apelido, porque era "divertido" nos ver virando instantaneamente em sua direção. — Sorriu nostálgico.

— Você fala dela no passado. — Notei. — Por quê?

Edward ficou em silêncio, batendo o dedo na perna em um ritmo frenético, andei até ficar atrás da cadeira que estava sentado e coloquei minhas mãos em seus ombros, massageando-os de leve. Ele estava tenso, dava para sentir seus músculos tensionados, mas ele não parecia notar.

— Dois anos atrás ela sofreu um acidente — sussurrou. — E bateu a cabeça, não consigo te explicar o que aconteceu porque não entendo nada, mas a batida afetou sua memória. Ela esqueceu quase todos os anos que passou aqui, as coisas importantes que aconteceram...

— Mas ela ainda se lembra de você, certo?

— Ela se lembra do Edward de dezenove anos, que não se parece muito comigo atualmente. Entretanto, não posso reclamar, porque, pelo menos, ela se lembra de mim o que não é o caso de Edgar.

— Ela o esqueceu?

— Quase completamente, a única coisa que se recorda é da época que não eram muito próximos, quando ele ainda não tocava, e era apenas mais um estudante no meio de tantos.

— Como Edgar ficou?

— Quando descobriu? Arrasado, quebrado, desolado... — respondeu. — Edgar estava voltando do exterior na época que aconteceu. Você deve se lembrar da época que ele estava no auge da carreira, apresentando nos maiores e mais luxuosos teatros do mundo.

— Sim, e ele parou de se apresentar muito cedo porque decidiu lecionar no Conservatório. Nunca entendi o motivo, já que Edgar não tem muita paciência com as pessoas...

— Era uma promessa, dar um tempo em sua carreira para passar um tempo com Elisa. Pelo que sei, ele pretendia pedi-la em casamento assim que chegasse.

— E quando chegou ela sequer se lembrava dele... — Senti meus olhos lacrimejarem, Edward segurou minhas mãos e as puxou um pouco para baixo, as aproximando de seu peito, fazendo com que eu o abraçasse. — Isso é tão triste...

— Ele tentou fazer com que ela se lembrasse, mas depois de um tempo, desistiu, só que isso não quer dizer que ele seguiu em frente, Edgar ainda a ama, toda semana ele colhe algumas flores e vai visitá-la.

— Edward, eu vou chorar. — Apoiei minha cabeça na dele. — Você a visita também?

— De vez em quando. Toda vez que a vejo ela está com os olhos tristes, sem aquele brilho de antes.

— Não se lembrar deve ser difícil para ela também...

— Ela se lamenta muito, chorou durante dias por ter esquecido.

— O que aconteceu recentemente? — sussurrei.

— Ela andava reclamando de dores, quando foi ao médico, descobriu que havia um problema no cérebro, não sei se por causa do acidente, de alguma sequela, ou se ela se machucou recentemente, mas de acordo com James, não se deve ter esperanças.

— Como se não bastasse tudo, ela ainda vai... — Abaixei meu tom de voz ao máximo. — Morrer.

— Edgar não consegue lidar com isso, tanto que quando James disse para aceitar o inevitável... Bom, você sabe o que aconteceu.

— Nada justifica agredir alguém, não importa o quão difícil seja a vida dessa pessoa.

— Concordo, mas não vou julgá-lo. Cada um lida com a dor de uma maneira.

Fiquei em silêncio e arrumei minha postura, afastando-me de Edward, era muita informação dita de uma vez, mas não podia reclamar já que eu quem insistira para que me contasse tudo aquilo.

— Fico feliz que tenha me contado — falei e me aproximei do piano. — Pensei que você não confiava em mim, por isso nunca me contava nada.

— Devia ter acreditado quando falei que não me sinto confortável falando sobre isso com ninguém.

— Pensei que era apenas uma desculpa para não me deixar magoada. — Dei de ombros.

— No começo eu realmente não confiava. Uma garota de repente se torna excessivamente interessada em mim? Realmente acha que eu contaria a minha vida para você naquele primeiro encontro no café? Claro que não, ou você sairia contando sobre a sua vida para o primeiro estranho que cruzar na rua?

— Eu não era tão desconhecida assim.

—Pior, você era uma semiconhecida curiosa que adorava bisbilhotar.

— E você era um desconhecido egocêntrico, orgulhoso e muito mal humorado.

— E eu continuo sendo egocêntrico, orgulhoso e mal humorado.

— Não... — Pensei por uns instantes. — Você é mais legal do que acha.

— Se você diz... — falou, mas não estava convencido. — Mas você só pensa isso porque está apaixonada, Lyra. Estamos fadados a ignorar os defeitos do outro quando nos apaixonamos.

— Bom, então acho que é você quem deve estar muito apaixonado. — Edward arqueou a sobrancelha. — Aguentar um defeito, como a curiosidade, que você não suporta...

— A curiosidade é um péssimo adjetivo, mas sempre caiu bem em você. — Sorriu e se aproximou de mim. Colocou a mão em cima da tampa do piano de cauda e pegou a partitura. — Vamos ensaiar — sussurrou próximo ao meu ouvido e se afastou.

— Não. — Tirei a partitura da mão dele e a guardei na prateleira, em seguida me virei para Edward. — Minha vez de ajudar.

— Mas você precisa escolher logo a música que vai tocar, Lyra...

— Nada de "mas", vamos falar sobre o seu livro.

Andei em direção a porta e a abri, esperei que Edward a atravessasse, só que, invés de fazer isso, foi até a prateleira e tirou novamente a peça de Schubert.

— Edward, estou te avisando...

— Só vou colocá-la no lugar certo — respondeu e a trocou de lugar com a partitura do lado direito.

— É sério isso? — Levantei a sobrancelha. — Só porque estava um centímetro fora do lugar?!

— Mas estava fora do lugar, e o importante é que já arrumei. Agora vamos. — Atravessou a porta e começou a andar.

— Você é muito perfeccionista.

— Só percebeu agora? — respondeu quando abriu a porta do cômodo que provavelmente era o escritório. — Demorou mais do que imaginei.

— Estamos fadados a ignorar os defeitos do outro quando nos apaixonamos, então deixei passar seus hábitos metódicos.

— Agora a senhorita está roubando minhas frases? Que absurdo... — disse indignado, mas tinha certeza que estava brincando.

— Que absurdo... — O imitei, fazendo pose.

— Lyra, é muito feio plagiar o amiguinho. — Olhou para mim como se estivesse repreendendo uma criança.

— Não estava plagiando meu amigo e sim imitando meu namorado. São duas coisas diferentes.

— Namorado é? — Arqueou a sobrancelha.

— Esqueci que na sua época não existia namoro, então deixe-me refazer a frase: eu estava imitando o homem que me cortejou durante um período de tempo e que obteve sucesso em sua missão de me deixar apaixonada por ele. Está claro o suficiente para o senhor? Ou os termos que usei ainda são muito recentes?

— Me chamar de velho é maldade.

— Edward, você pode não ter a idade de um idoso, mas a sua alma deve ter cerca de uns sessenta anos — respondi e olhei para a decoração do escritório. — E o gosto de um também.

— Bom gosto não tem data, Lyra. — Cruzou os braços.

Dei um sorriso de canto.

— O seu tem, senhor.

— Que cruel, assim você machuca meu coração...

— Não era o seu coração que só servia para bombear sangue?

— Atualmente ele tem outras finalidades, além de me manter vivo.

— E quais seriam?

— Aparentemente, ele serve de saco de pancada para a senhorita.

— Falar "saco de pancada" e "senhorita" na mesma frase é estranho.

Edward pensou um pouco, talvez relembrando o que dissera.

— Tenho que concordar que não combina muito...

— É igual criar uma cena romântica em um celeiro, Edward: não combina.

— Você nem leu a cena, não tem direito de usá-la contra mim.

— Claro que tenho! — exclamei. — Não precisa ler uma cena dessas para perceber que não é nada romântica.

— Já que entende tanto do assunto... — Foi em direção à escrivaninha e pegou seu livro. — Pode começar a me ajudar.

— É para isso que estou aqui, senhor Siwen.

— Agora estou me sentindo muito incomodado em te ouvir me chamando de senhor.

— Mas por quê? — Achei graça.

— Me fez sentir velho.

— E o senhor não é?

— Se eu sou velho, a senhora também é. — Se aproximou novamente e apontou o indicador na minha direção. — Menos confiante agora, senhora Scherzo? — Segurou minha cintura.

Senhora Scherzo...

Lembrei automaticamente da minha mãe e de como a chamava assim quando estava irritada.

Estou muito emotiva esses dias.

— Lyra...? — Edward tocou meu rosto, sua voz soava preocupada. — Está tudo bem?

— Você é bom lendo expressões, o que acha?

— Que está triste. Por que ficou assim? Ficou chateada por ser chamada de velha?

— Eu sei que não sou velha! — exclamei brincando, porém meu sorriso sumiu logo. — O jeito que você falou... me lembrou da minha mãe.

— Aconteceu alguma coisa com ela? — perguntou enquanto me acariciava com o polegar.

— Não, ela está bem. Eu acho.

— Você acha? — Arqueou a sobrancelha.

— Não mantemos mais contato, então não sei. — Dei de ombros.

— Por que não se falam mais?

— Longa história. — Edward buscou meu olhar, mas evitei encará-lo, então olhei para o livro. — Posso ler quais páginas? — perguntei e o peguei, abri na primeira página, mas esperei que o autor me dissesse onde ler.

— Bom, eu te pedi para ajudar com o romance, então gostaria que lesse a cena refeita do primeiro beijo do casal. Pode ser? — Assenti em resposta. — Se não me engano... — Edward virou um pouco o livro e pulou algumas páginas até apontar o parágrafo que iniciava a cena. — A cena termina na próxima página se não me engano.

Me sentei na cadeira de couro em frente a mesa, notei que o escritor me observava com uma mistura de curiosidade e outro sentimento que não consegui decifrar. O encarei de volta e esperei para ver se diria alguma coisa, mas ele não o fez.

— O que foi? — perguntei.

— Nada — disse e deu um sorriso tranquilo.

— Não é isso que seus olhos mostram.

— Só queria dizer que... — Se aproximou de mim e beijou minha cabeça. — Quando você quiser conversar sobre sua mãe, estarei aqui — prosseguiu. — Imagino que deve ser complicado falar sobre isso, então não quero que se sinta obrigada a me contar, mas caso um dia precise desabafar... saiba que sou um bom ouvinte.

Segurei sua mão e a beijei.

— Eu já disse o quanto gosto de você?

— Sim, algumas horas atrás. — Edward sorriu, talvez o mais belo que o vi esboçar durante o tempo que o conheço.

— E está muito cedo para repeti-las?

— Eu não me importaria em ouvi-las de novo.

— Você é adorável, Edward. — Fiz carinho em sua mão. — Mas agora estou me sentindo péssima. Você foi tão compreensível enquanto eu fui tão...

— Insistente e chata?

— Exatamente... — Suspirei. — Me desculpe, fui inconveniente... — Pensei um pouco e depois quase exclamei. — Deus! Devo ter causado uma das piores impressões possíveis!

— Confesso que não foi das melhores. — Brincou. — Mas tudo bem, também fui um pouco rude.

— Um pouco? — Arqueei a sobrancelha.

— Muito. — Sorriu e soltou sua mão. — Vou buscar um pouco de café enquanto você começa a ler, pode ser?

— Está bem. — Retribui o sorriso.

Voltei minha atenção para o livro, estava curiosa para saber com que tipo de cena me depararia, afinal existem tantas situações que se pode incluir um beijo... Nunca se sabe qual delas o escritor usará ao seu favor...

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