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♪Crescendo

  "É preciso primeiro encontrar, depois cortar, para chegar à carne nua da emoção."

— Claude Debussy  

♪♪♪


Fiquei mais um tempo no café antes de ir embora. As ruas estavam mais agitadas do que de costume. Ainda faltava um mês para o Natal, mas as decorações já haviam começado e o velhinho barbudo de traje vermelho aparecia em cada esquina decorando as casas e lojas.

As pessoas se animavam quando o último mês do ano se aproximava, o brilho nos olhos e os sorrisos passavam a aparecer mais e a felicidade parecia dominar todo e qualquer canto. Bom, parecia.

O dia vinte e cinco de dezembro já foi considerado o dia da falsidade, pelo menos para uma certa jovem da família Scherzo. O dia que a família e amigos se reuniam e se exibiam uns para os outros. O dia para ganhar presentes inúteis que nunca usará em sua vida e nunca contar sua verdadeira opinião. Porém, atualmente é apenas qualquer dia da semana, que perdeu qualquer significado comemorativo que uma vez tivera.

As árvores perdiam suas folhas. Ainda faltava um tempo para que o inverno propriamente dito chegue, mas seus sinais já começavam. O frio aumentava com o passar dos dias e as folhas alaranjadas caíam no chão ou eram arrastadas pelo vento.

O outono pouco a pouco saía de cena e deixava o palco livre para o inverno brilhar com toda a sua pureza branca e frieza cortante. Era a mais cruel das estações e também uma das mais belas.

Decidi mudar um pouco o caminho de sempre e passei pelo parque. Enquanto andava e observava o cenário de transição entre estações, ouvi o som de um violino. Não era o Senhor Capriccioso, mas mesmo assim era um pouco familiar.

Seguida pela sonata fui até uma das saídas e encontrei Klavier se apresentando para um pequeno grupo de crianças que estavam sentadas no chão.

As reações variavam; muitos quase dormiam enquanto a sonata de Bach corria e outros observavam o violinista com toda a atenção e admiração que uma criança é capaz de ter. Aqueles poucos que se encataram seriam os próximos artistas deste mundo.

Klavier terminou a música e todos aplaudiram, a maioria apenas por educação, e seguiram seus caminhos. Andei em direção ao meu amigo e o cumprimentei.

— Boa tarde, Klavier! Como está?

— Estou bem, e você Lyra? Está aproveitando as férias?

— Não muito — dei de ombros. — Depois de alguns dias as férias se tornam bem entediantes.

— Você é a única que pensa isso — ele achou graça. — Acho que lhe faltam planos para passar o tempo!

— Provavelmente — suspirei. — Não faço nada da minha vida além de tocar piano... E você? Planos para esses dois meses que estão chegando?

— Tenho a competição de Paganini em janeiro, ou seja, vou passar os dias ensaiando. Você deveria entrar em alguma competição de piano também, Lyra.

Refleti um pouco sobre isso, seria um bom jeito de passar o tempo e as recompensas para os ganhadores sempre foram generosas e ajudavam músicos a crescerem...

Parecia-me uma boa ideia, não teria o que perder também com isso... Além do meu orgulho, mas quem liga?

— Sugestão interessante, Klavier. Irei pensar no assunto — esbocei um sorriso.

— Você tem talento, Lyra. Só basta usá-lo para algo que lhe ajudará a crescer — ele olhou para o relógio em seu pulso e quase deu um pulo. — Preciso buscar meu irmão agora! Nos vemos outro dia, Lyra!

— Até logo, Klavier — acenei para o garoto que corria pela rua.

No caminho de casa decidi passar no supermercado para repor meu estoque de produtos de limpeza e alimentos básicos, que incluíam uma boa variedade de chocolates e uma garrafa de vinho para me fazer companhia durante a noite.

Depois de comprar muitas guloseimas e também sabão em pó, voltei para meu querido e nada belo lar.

E que definitivamente precisava de uma limpeza.

Fui até a cozinha e enquanto colocava a água para ferver comecei a lavar a louça. Tirei o pacote de macarrão da sacola e deixei do lado do fogão.

Cozinhar e limpar ao mesmo tempo era uma tarefa mais complicada do que tocar dois ritmos diferentes em cada mão.

Após de uma boa meia hora trocando entre enxaguar pratos e mexer o molho, terminei minha refeição. Me sentei na mesinha de dois lugares e comi calmamente, para em seguida voltar ao trabalho.

Passei o resto do dia, e metade da noite também, para limpar toda a casa. E agora necessitava de um banho.

Ao passar pelo espelho notei que precisava urgentemente ir ao cabeleireiro mudar o visual. Não pintaria o cabelo, afinal o castanho me caia bem, mas o comprimento era algo que me incomodava. Após quatro anos com o cabelo batendo quase na cintura era normal ter enjoado dessas madeixas longas.

Guardei o pensamento para resolver no dia seguinte, até porque estava fora de questão ir ao concerto naquele estado deplorável.

Tomei um banho e fui direto para a cama ter uma boa noite de sono.

Acordei às oito da manhã e fui até a cozinha.

Desta vez não tomaria café e sim chocolate quente. Procurei por chocolate, canela e outras especiarias para colocar enquanto o leite fervia.

Cogitei a ideia de fazer um bolo também, mas provavelmente ele iria estragar, pois eu esqueceria que havia feito um. Então fiquei apenas com meu chocolate e algumas torradas com geleia.

O silêncio me incomodava um pouco, e acabei colocando música no meu celular para acabar com isso.

Fiquei na companhia de alguns cantores desconhecidos enquanto terminava meu café da manhã.

Depois de lavar o que havia sujado fui para a sala e encarei meu piano que parecia me convidar a me aproximar.

Sentei-me no banquinho e encarei as teclas que havia limpado na noite passada, não havia nenhuma partitura por perto e sinceramente, não queria seguir regras naquele momento.

Comecei a tocar alguns acordes aleatoriamente, fechei os olhos e apenas me diverti mudando o tom da música.

A liberdade da música era nostálgica, algo que me irritava muito quando comecei a tocar piano era a falta de liberdade. Éramos presos à partitura, tínhamos que tocar como o compositor imaginou. Uma cópia perfeita de cada obra, cada sonata, ballade, concerto e partita. Alterar uma passagem era considerado um ultraje por muitos musicistas eruditos.

E eu poderia me incluir neste grupo, a maioria dos músicos que vão para o lado erudito acaba com esta visão da música. A perfeição se tornou a repetição.

A liberdade dos músicos populares era maior nesse quesito, e eu os invejava um pouco por isso.

Ara entrou no Conservatório por causa de sua namorada, mas duvido muito que queria algo erudito no começo. Ela cresceu tocando músicas populares no violino, a não seguir regras que a teoria sempre impõe.

Os grandes compositores não seguiam as regras, suas obras se tornavam regras.

Eles conquistaram a própria liberdade utilizando a liberdade que a música sempre carregou.

Mas parece que hoje ninguém utiliza desta liberdade. E deve ser por isso que não conseguem alcançar o que almejam.

Aquela passagem que Edgar não conseguia tocar com perfeição era porque não seguia os próprios instintos e sim as regras que a partitura carrega.

Algumas regras da música estavam ultrapassadas, mas não houve ninguém corajoso o suficiente para quebrá-las.

Fiquei um tempo brincando com as notas e ritmos antes de sair de casa para caminhar um pouco. Tinha que passar o tempo com alguma coisa e ficar vagando na cozinha era muito fantasmagórico para mim.

Um dos meus vizinhos saiu ao mesmo tempo que eu, mas não dissemos nada. Aquele velinho antipático já bateu a porta na minha cara quando pedi para que diminuísse o volume da televisão alguns anos atrás, desde então prefiro não dirigir uma palavra a ele.

O vento frio batia em minhas costas e jogava meu cabelo na minha cara, e depois de algumas tentativas de afastar as madeixas, fiz um coque que resolveu o problema. Para não receber o vento no pescoço e ganhar um resfriado peguei o cachecol que estava na bolsa e o coloquei.

Por força do hábito meus pés me levaram para o Conservatório, que continuava aberto para alguns alunos e professores.

Com a curiosidade sempre me vencendo decidi entrar para ver se algum conhecido estaria praticando por lá.

Era engraçado ver o lugar tão vazio, se fosse de madrugada os corredores seriam ótimos cenários para um filme de terror.

Subi para o segundo andar e fiquei surpresa ao ouvir o solo do concerto para piano naquele corredor.

Abri a porta da sala que vinha o som e encontrei o que já era previsível.

— Olá, Edgar — falei e meu professor parou de tocar imediatamente.

— Bom dia, senhorita Scherzo — ele se virou para minha direção. — O que a traz aqui?

— Uma bela melodia — sorri com um ar brincalhão.

— E você aproveitou para conversar com unicórnios no caminho? — debochou e revirou os olhos.

— Olha, na verdade eu encontrei com um demônio que tinha dois chifres, um par de asas e nenhum senso de humor.

— Você esqueceu alguma coisa aqui? Ou só veio encher a paciência que, como já deve saber, eu não tenho.

— Acalme-se, senhor. Venho em paz! — mostrei minha bolsa branca para demonstrar. — Estava ensaiando?

— Não, Lyra! Eu estava tricotando uma toalha de mesa para dar de presente a Edward — falou irritado.

— Tenho certeza que ele vai adorar! — brinquei. — Se você ainda está com problemas com a partitura posso te ajudar.

— Depois de semanas a senhorita decide ser bondosa? Que sorte a minha! Sem sua ajuda provavelmente iria morrer! — o sarcasmo em sua voz estava maior do que o de costume. — Não preciso de sua ajuda, Scherzo. Sinto dizer que chegou tarde demais.

— Sério? Que maravilha! Que tal me mostrar o quão bela está a passagem, senhor Adagietto? Tenho certeza que lágrimas cairão de emoção.

— Se quiser tanto assistir é só a senhorita comprar um ingresso para o concerto. Só deste jeito será possível ver a perfeição que se tornou o meu solo.

Edgar e seu jeito convencido e pretensioso de sempre...

— E agora que a senhorita já terminou de me irritar, poderia sair? Estou ocupado.

— Sim, senhor — falei com um pouco de deboche antes de sair da sala.

Dei algumas voltas pelos corredores antes de seguir meu caminho de volta ao lar.

Durante o percurso passei no cabeleireiro e dei um jeito no que eu chamava de cabelo.

Entrei no meu quarto e me joguei na cama, encarei o teto por alguns segundos, não estava pensando em nada naquele momento. Virei o rosto para o lado e observei os objetos que estavam em cima da cômoda.

Havia uma foto minha e de James ali de uns cinco anos atrás, eu estava com o uniforme da cafeteria que Henri trabalhava e meu irmão vestia o jaleco branco. No dia ele havia saído mais cedo do trabalho e veio me fazer uma surpresa, não me lembrava exatamente que tipo de surpresa era, mas foi algo que me arrancou muitas risadas.

Ao lado da foto estava o livro de Edward, me pergunto o motivo de terem me presenteado com ele. Não era meu gênero preferido, porém essa história pouco a pouco se fazia muito interessante.

Comecei a ler, ainda me faltavam duzentas páginas para que chegasse ao fim. Mas ao anoitecer já estava na reta final.

O tempo passa muito rápido quando entramos dentro de um livro.

Os dias que faltavam para a chegada do concerto passavam devagar e rápidos ao mesmo tempo, e quando notei estava me arrumando para ir assistir ao solo do Professor Demoníaco.

Meu cabelo estava com cachos nas pontas e batia no meu ombro. Era estranho ter metade do comprimento de antes, quando penteava parecia que me faltava um pedaço. Porém havia adorado o resultado, me deixara com um ar diferente. Infelizmente ainda não o mostrei para Ara, gostaria de ver sua reação. Se iria fazer um comentário hilário ou elogiaria, provavelmente faria os dois.

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