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♪Brincar de Valsa

"Ninguém devia barganhar com um artista."
  — Beethoven 

  ♪♪♪

Parei em frente à casa de Edward e toquei a campainha, esperei por alguns instantes, torcendo para não encontrar Edgar do outro lado da porta. Não queria encará-lo, tinha a sensação que, caso o fizesse, me sentiria impotente.

Aquilo tudo era apenas uma besteira, um drama. James provavelmente pesou que fosse apenas mais um de meus ataques de criancice. Não o culparia caso estivesse com aquele pensamento, em parte, porque ele estava certo.

Ninguém me atendera até aquele momento.

Fiquei tentada em apertar a campainha novamente, mas aguardei por mais alguns minutos. Talvez o melhor fosse ir embora, estava de mau humor e a decisão de visitar Edward foi impulsiva, ainda não tinha certeza se era uma boa opção.

O melhor seria pedir ajuda a Jean e Klavier, eles participavam de muitas competições e iriam me ajudar. Porém, não queria atrapalhar seus ensaios.

Edward também tinha suas próprias obrigações, o certo seria não incomodá-lo.

O melhor era ir embora e me virar sozinha.

Dei as costas para a casa e quando estava disposta a sair, a porta se abriu.

— Lyra? — A voz grave de Edward soou confusa. — O que faz aqui?

— Eu queria sua ajuda — disse e me virei para encará-lo. — Mas você deve ter coisas mais importantes para fazer do que sentir pena de uma pianista iniciante...

— E deixe-me adivinhar, você decidiu voltar para casa porque pensou que me incomodaria.

Seus olhos cinza me encaravam por cima do óculos que usava. Perguntei-me se ele o usava para outra coisa senão escrever e ler.

Meu olhar vacilou e quando tentei dizer algo, minha voz falhou.

— Não será incômodo ajudá-la, Lyra. Fique tranquila quanto a isso. Mas em troca... — Ele sorriu de canto. — Quero que me faça um favor.

— Que tipo de favor? — Dei um passo para trás, desconfiada.

— Entre e descobrirá. — Seu sorriso aumentou e Edward me deu passagem.

— Gosta de mistérios, certo Senhor Capriccioso? — falei enquanto passava.

Edward segurou levemente meu braço quando aproximei da porta.

— A vida não teria graça caso os mistérios não existissem, senhorita Scherzo. — Ele sussurrou próximo o bastante de meu ouvido.

Senti um arrepio naquele momento e me afastei rapidamente de Edward.
Sentei em uma das poltronas próximas à lareira, o escritor fez o mesmo depois de trancar a porta atrás de si.

Observei a mesinha de centro, havia a famosa caderneta de capa marrom em cima e outros papéis misturados. Entre os papéis, notei alguns trechos grifados e outros rasurados, também havia anotações extras nas laterais. A letra de Edward era cursiva e muito elegante, não exagerada como a de seu colega de casa, era simples e bela.

— São mudanças que preciso fazer antes de mandar o livro. — Edward se explicou dando de ombros. — Por isso está tão desorganizado.

— Entendo... — comentei brevemente.

— E esses papéis tem relação com o que você fará em troca de ajuda.

— E o que você quer que eu faça com tudo isso? Organize alfabeticamente?
Ele achou graça e balançou negativamente a cabeça.

— Quero que me ajude em determinadas cenas.

— Contanto que eu não seja sua cobaia, tudo certo.

Edward riu de leve, mas logo parou.

— Preciso de alguém que possa me dizer se o romance entre os protagonistas não está muito forçado. É minha última chance de mudar as coisas antes de mandar para a editora.

— Então, em troca de me dar alguns conselhos para a competição...

— Não apenas conselhos, posso ajudá-la com outras coisas também. — Interrompeu-me. — A escolha das músicas, como não se desesperar na hora H, entre outros... — deu uma pausa. — Apenas te peço para que ajude-me com este romance, também preciso de conselhos.

Seu olhar estava fixo no meu, parecia que Edward estava mais desesperado do que eu.

— Meu irmão te deixou na mão, por isso pediu minha ajuda?

— Na verdade, eu queria uma opinião feminina. Tenho um pouco de receio de escrever algo errado sobre Rosa, não quero cometer um deslize desses.

— Pode contar comigo, não sou uma pessoa muito ocupada. — Dei de ombros. — E bancar a conselheira literária me parece um jeito no interessante de passar as férias.

— Não posso prometer que será divertido, mas posso tentar.
Um sorriso surgiu em meu rosto espontaneamente.

— Vamos para a sala de música? — perguntou se levantando. — Estou curioso a respeito de uma coisa.

— O senhor? Curioso? — Achei graça. — Que milagre!

— Sempre fui um amante de mistérios e enigmas, senhorita. — Ele andou em direção à escada e eu o acompanhei. — A diferença é que a maioria encontro nos livros, não em pessoas.

— Não gosta de pessoas misteriosas, Edward?

— Gosto de descobrir o que há por trás dos mistérios. — O escritor parou no meio da escada. — Mas sempre me decepciono.

— Deixe-me adivinhar, é por isso que o senhor diz que "os mistérios são mais interessantes do que os motivos"? — Me virei para encará-lo.

— Exato. — Ele voltou a subir os degraus.

A sala de música estava exatamente igual à antes, com uma organização impecável que me deixava com inveja.

— Então... — comecei. — O senhor está curioso com o quê?

— Você poderia tocar esta música? — perguntou ao tirar uma partitura da prateleira, em seguida a entregou para mim.

— Introdução e Rondo Capriccioso de Saint-Saëns — li o título em voz alta. — Por que esta?

— Acho que a senhorita já sabe a resposta. — Ele sorriu. Devolvi a partitura para seu devido lugar e Edward me encarou um pouco confuso, diria até que um pouco desapontado.

— Eu a decorei. — Expliquei ao dar de ombros.

— Quando quiser, senhorita. — Seu olhar estava fixo no piano.

Soltei o ar lentamente e caminhei em direção ao instrumento no centro da sala.

Comecei a tocar as primeiras notas, mas algo parecia fora do lugar, o som não parecia certo.

Faltava algo. Faltava um violino.

Parei de observar as teclas do piano e procurei por Edward, ele estava apoiado na tampa do piano, observava-me pelo canto do olho. Tinha um sorriso discreto, mas não parecia disposto a tocar o violino. Virou o rosto em minha direção e começou a andar até a estante de partituras, ou era o que eu pensava.

— A sua postura está errada. — Repreendeu-me e suspirou. — E você está muito tensa.

Senti suas mãos em meus ombros.

— Relaxe, Lyra. — Sussurrou. — E endireite suas costas, pelo que me lembro, Quasimodo não era um pianista.

— Será? Só porque não mostraram no livro não quer dizer que ele...

— Não diga besteiras, Lyra.

Parei de tocar e virei para ficar de frente com Edward.

— Você é um escritor Edward, deve saber que os livros não contam tudo que o autor imaginou.

— Sim, mas duvido muito que Victor Hugo imaginou Quasimodo como um pianista.

— Nunca se sabe. — Dei de ombros. — Escritores são uma caixinha de surpresas. — Desviei o olhar de Edward e murmurei. — Principamente você.

Silêncio.

Ele não respondeu, o homem que sempre tinha algo a dizer não abria a boca.

Edward se afastou, caminhou até o final da sala e parou em frente a janela. Parecia perdido, concentrado nos próprios pensamentos.

Andei em sua direção com cautela e toquei de leve seu braço.

— Edward?

Ele demorou para se virar, observei seus olhos que pareciam tão perdidos e desesperados.

— Por que diz coisas como aquela o tempo todo?

— Coisas como aquela? — perguntei, confusa.

— Por que se interessa tanto por mim, Lyra? Por favor, me diga o porquê.

Procurei uma resposta, mas não conseguia encontrá-la. Não conseguia entender o motivo.

— Eu não sei — disse por fim, desistindo de procurar uma resposta.

— Bom, eu tentei. — Suspirou. — Mas se nem você mesma consegue entender, não serei eu que irei.

Ele se afastou novamente e andou até a porta.

— Se quiser, posso acompanhá-la quando for se inscrever para a competição. — Edward começou a descer as escadas e fui atrás.

— Eu prefiro ir sozinha, obrigada. — Dei um sorriso fraco, mas o escritor sequer se virou quando falei.

Quando pisei no último degrau vi uma silhueta conhecida, sentada no sofá.
Edgar estava sentado ao lado de um blazer amassado, com um copo de wiskey na mão e com uma expressão preocupada no rosto.

— Edgar, quantas vezes tenho que dizer para não jogar seus casacos no sofá? Coloque no cabide próximo a porta. — Reclamou Edward.

— É que havia outro casaco por lá — falou e virou a cabeça em nossa direção. — Imaginei que uma mulher estava aqui, só não esperava ver Lyra.

— É sempre um prazer te ver também, Edgar.

— Você almoçou? — o escritor perguntou e seu colega negou. — Não sei porque esperei uma resposta diferente.

— Tenho certeza que você também não ingeriu nada, com exceção do café obviamente. — Edgar me encarou. — E você, Lyra? Aproveitou o almoço caseiro de James? Ou aquela gororoba estava tão ruim que vocês decidiram ir em um restaurante japonês no fim das contas?

— Eu não almocei com ele...

— Deixe-me adivinhar, vocês brigaram.

— Sim.

Edward saiu da sala e foi até a cozinha sem dizer nada.

— Mas invés de falar sobre a minha pequena discussão de família... — me aproximei de Edgar e sentei em uma poltrona ao lado. — Você parecia preocupado quando chegamos, está tudo bem?

Ele não me respondeu de imediato.

— Edgar, você me conhece há anos, sabe que sou de confiança. Então, se quiser desabafar com alguém saiba que estou aqui.

— Muito amável da sua parte, Lyra, mas não sei se quero falar sobre isso... — Ele parecia cansado.

— É sobre a Elisa, não é? — Edward apareceu usando um avental e segurando uma faca.

Edgar afirmou com a cabeça.

— Ela piorou?

Ele afirmou novamente.

— Sinto muito, cara.

— Não é como se eu já não soubesse que isso iria acontecer... — Suspirou.

— Mesmo assim, não é fácil de lidar.

Nunca foi fácil de lidar, Edwen.

— Eu sei... — Edward murmurou e voltou para a cozinha.

Encarei meu professor. Não queria incomodá-lo e fazer muitas perguntas, aquele não era o momento e eu ti há que aprender a controlar minha curiosidade.

— Bom, eu já estou indo... — Levantei e peguei minhas coisas. — Tenha uma boa tarde, Edgar.

— Almoce conosco. — Ele deu de ombros. — Uma companhia diferente de vez em quando não faz mal.

Seu tom de voz o fez parecer como se não se importasse, mas decidi aceitar o convite.

Não é todo dia que podemos desfrutar de um Edgar quase educado.

— Está bem. — Deixei minha bolsa em cima da mesa e voltei a me sentar.

Ficamos em silêncio, ouvindo apenas o barulho de um escritor cozinhando.

Nunca tinha conversado casualmente com Edgar, a maioria das vezes falávamos sobre estudos ou James, era estranho conversar sobre outro assunto com ele.

— O dia está bonito... ensolarado, com poucas nuvens... — comentei, tentando puxar algum assunto.

— Suas tentativas de iniciar um diálogo são bem ruins, senhorita Scherzo.

— E você queria que eu falasse sobre o quê? Sobre a tal da Elisa?

— Para ser sincero, imaginei que perguntaria sobre ela. Estou surpreso que não o fez.

— Claro que não perguntei! Você disse que não queria tocar no assunto! Não sou uma pessoa indelicada.

— E eu não queria, mas como Edwen fez questão de perguntar, já não ligo muito... — Ele deu uma pausa e sorriu de leve, um sorriso quase imperceptível. — E é bom desabafar de vez em quando.

— Então, paciente Edgar, poderia me dizer o que vem lhe perturbando? — Peguei o óculos de Edward, que estavam na mesa, e os coloquei. Bancar a psicóloga por um dia não me parecia tão ruim.

Edgar deu risada por quase meio segundo, um recorde eu diria, e começou a contar:

— Bom, doutora, existe uma mulher e ela está com algubs problemas de saúde já faz alguns anos e atualmente está internada em um hospital próximo...

— Continue.

— Eu iria continuar se a doutora não tivesse me cortado. — Revirou os olhos. — Enfim, desde então eu a visito cerca de duas a três vezes por semana. Hoje eu fui visitá-la como sempre e quando cheguei, um de seus familiares me disse que... — Ele parou no meio da frase por alguns instantes. — Me disse que a doença havia piorado, que ela precisaria passar por uma cirurgia arriscada...

Foi a primeira vez que vi uma lágrima escorrer do rosto de Edgar, e também a única, ele a enxugou rapidamente.

Tive vontade de abraçá-lo naquele momento, mas provavelmente levaria um soco por isso.

— Edgar, eu... eu não sei o que dizer...

Toquei seu braço com cautela, mas ele não se importou.

— Só não diga que sente muito. Essa frase é uma das mais falsas que existem no mundo, porque, no fundo, você não sente nada, você sequer a conhece.

— Se precisar de algo, estou aqui. Sou uma boa ouvinte.

— Obrigado, Lyra.

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