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♪A Luz da Lua

"As paixões sejam elas violentas ou não, nunca devem se expressar quando chegam a um ponto desagradável. A música, mesmo nas piores situações, nunca deve agredir aos ouvidos, mas sim cativá-los e continuar sempre música."
    — Mozart

  ♪♪♪  



O jantar estava agradável. Conversávamos sobre coisas simples e banais.

— Jean, por que o Theo não veio? — Perguntou Ara.

— Ele foi para a Alemanha com o maestro Van Hans. Acho que para um curso exclusivo ou algo do tipo...

— Ele é realmente um músico talentoso... — Arabesque sorriu. — E pessoas talentosas não podem viver no anonimato, precisam mostrar seu brilho para o mundo.

Mas existia uma certa pessoa que preferia se esconder nas sombras do que ter um holofote mirado para si.

Por algum motivo desconhecido, porém que eu descobriria cedo ou tarde.

Porque a curiosidade é algo difícil de controlar, e principalmente de exterminar.

— Mudando um pouco de assunto... Quando será a competição de Paganini? — A voz da loira me fez ouvir novamente a conversa.

— Na última semana de janeiro é a primeira fase, mas não será aberta ao público — disse Klavier.

— Mas assim que a data da final for anunciada avisarei a vocês — falou Jean. — Quero que venham me ver na final.

— Prepotente como sempre... — O outro violinista revirou os olhos.

— Já imagino a final: Joseph Klavier e Jean Leitmotiv, concorrendo pelo mesmo prêmio... — disse Ara. — Pela vigésima vez.

— Eles nasceram competindo e morrerão assim — comentei.

— Certas coisas nunca mudam... Há quantos anos vocês se conhecem mesmo? — disse Ara e em seguida terminou de beber o conteúdo de sua taça.

— Cerca de quinze anos? — respondeu Klavier um pouco perdido.

— Consigo sequer imaginar quantas discussões tiveram ao longo de todos esses anos... — Brincou Arabesque e os três começaram a rir.

— Lyra, você está distraída hoje... Digo, mais do que o normal. Aconteceu alguma coisa? — Ara se voltou para mina direção.

— Só estou pensando sobre a vida... Nada muito específico... — Dei de ombros.

— Lyra, você decidiu se irá participar de alguma competição? — Klavier perguntou.

— Para ser sincera ainda não...

— Eu acho que seria um ótimo jeito de passar as férias, já que você não tem vida social... — disse a loira.

— E um grande passo para a sua carreira. Você não pode esperar o curso terminar para começar a criar uma carreira, Lyra. Precisa começar o mais cedo possível — falou Jean. — Ara, você também deveria entrar em uma competição.

— Não é esse o rumo que eu quero seguir, Jean, mas obrigada pela sugestão. E Lyra, saiba que tem meu total apoio caso precise de ajuda.

— Obrigada, aos três. — Sorri. — Vou seguir o conselho de vocês, até porque, não tenho nada a perder com isso.

— Eu sei que estamos de férias, mas se você pudesse entrar em contato com seu professor seria bom, Lyra. Ele pode te ajudar ainda mais e dizer com quais peças você terá mais chances de vencer — comentou Jean.

— Não se esqueça, o professor da Lyra é o Edgar. — Ara se levantou após dizer isso e foi em direção ao balcão.

Jean fez uma careta:

— Boa sorte. Coragem para aguentar aquele demônio.

— Obrigada... Vou precisar.

— Mas é claro que não precisa pedir a opinião dele, só se quiser... — Klavier se pronunciou. — Eu acho que seria uma boa, mesmo sendo uma pessoa difícil de conviver, ele é um pianista excelente.

— Devo concordar, não é a toa que Edgar é considerado um dos melhores pianistas da atualidade. E a opinião dele sobre este assunto será muito importante para mim.

— Bom, agora mudando de assunto... — Ara voltou para a mesa com uma mousse de chocolate em mãos. — Vamos para a sobremesa?

O doce estava maravilhoso.

Toda a noite estava maravilhosa, mas como tudo nesta vida, terminou.

Abri a porta de casa e me deparei com o piano que ocupava mais da metade da sala, agora perfeitamente afinado.

Estava de braços abertos, esperando que eu o abraçasse, o tocasse, o sentisse, o entendesse.

Deixei minha bolsa em cima do instrumento e fui até meu quarto.

O pequeno cômodo estava ocupado por uma cama de solteiro, uma mesa de cabeceira, um guarda-roupa e principalmente por uma estante com mais partituras e livros do que deveria ter para ficar organizada.

Nada naquela estante era organizado.

Os livros, empilhados de um jeito que economizasse espaço, as partituras colocadas em uma ordem aleatória, enfiadas em qualquer canto que coubesse.

Roupas mal dobradas, jogadas na cama e guardadas de qualquer jeito nas gavetas.

Uma xícara de café vazia ao lado do livro de Edward na mesa de cabeceira, ao lado das flores, agora já mortas, que havia colocado em um copo com água.

Estive neste cubículo desde que sai da casa de meus pais. Até James deplorava este lugar, sugerira que me mudasse para seu apartamento, mas recusei sua oferta.

Além de James, outros não apreciavam minha casa – ou o bairro em que se encontrava –, não comentavam, porém suas expressões sempre a denunciavam.

Nunca tive coragem de imaginar o que minha mãe diria caso soubesse onde fui parar. Seria um desgosto para a família.

Em alguns momentos, me arrependia de ter escolhido este lugar e tinha vontade de me mudar para o prédio de James.

Entretanto, não sei se meu orgulho permitiria viver à custa de alguém, mesmo que este alguém seja meu irmão.

Tirei da estante a primeira partitura que vi, e não me arrependi ao ler o nome de Debussy na capa.

Clair de Lune era uma música calma, serena e se encaixava perfeitamente ao que sentia naquele momento.

Era a obra certa, para o momento certo.

Sentei-me de frente ao piano e comecei a tocar, sem fazer grandes cerimônias.

A leveza desta composição era relaxante.

A toquei diversas vezes até que o sono finalmente apareceu e obrigou-me a parar.

Me deitei na cama, amassando ainda mais as roupas que estavam em cima, e adormeci pouco tempo depois.

Acordei cedo e decidida a falar com Edgar sobre a competição. O admirava muito, não como pessoa, mas como pianista. E seus conselhos em situações como esta valiam ouro.

Tomei um banho quente e logo que sai do banheiro, ouvi meu celular vibrar.

— Bom dia, minha querida irmã que arrombou a porta do meu apartamento! — O tom sarcástico na voz de James era notável.

— Na verdade, foi Edgar quem arrombou.

— Sim, mas você estava com ele e não o impediu. — Meu irmão estava irritado. — Vocês foram ingênuos em pensar que eu não notaria que era outra porta. Qualquer um perceberia que algo estava diferente.

— Desculpe-me, James, mas só fizemos isso porque estávamos preocupados.

— Eu sei — Suspirou. — Entretanto... Não façam novamente, as consequências serão graves.

— Você ligou apenas para me dizer isso? — Revirei os olhos. — Se for posso desligar, não estou com a mínima vontade de brigar por causa de uma porta.

— Não, eu não liguei só para dizer isso. Quero te convidar para almoçar comigo. Só nós dois, sem Edgar ou qualquer outra pessoa, como nos bons tempos.

— Falando no Edgar, você sabe onde posso encontrá-lo? Ou se ele está disponível hoje?

— Lyra, se você está interessada nele, desista. Se nem mesmo eu, este ser lindo e maravilhoso que vos fala, não conseguiu nada, imagine você! — Brincou. — Mas não sei onde ele se enfiou ou se estará livre hoje. Por quê?

— Estou interessada em entrar numa competição, então queria alguns conselhos.

— Entendo... Se quiser, podemos passar na casa dele depois do almoço. Não sei se o encontraremos por lá ou no hospital...

James se calou.

— Hospital? — Perguntei.

— Não é nada, Lyra.

— Você quis dizer: "nada que seja da sua conta, Lyra". — Imitei sua voz de um jeito sarcástico. — Por que nunca é algo que eu posso saber.

— Não vou brigar com você, muito menos por causa da vida pessoal de Edgar. Isso não é algo que nenhum de nós deveria saber. Enfim, você almoçará comigo, ou não?

— Vou. — Suspirei.

— Então te busco as onze. — Ele deu uma pausa. — Sabe de uma coisa, Lyra? Você não precisa entender os motivos de tudo, o porquê de algo ou o que diachos fulano fazia naquele lugar e naquela hora. Viva de maneira mais leve, sem se importar tanto com o que os outros fazem ou deixam de fazer.

— Tenha um bom dia, James. — Desliguei.

Sentei-me em frente ao piano e toquei as primeiras notas que vi.

Um som horrível foi tudo que ouvi.

Ele estava certo, então por que me irritara tanto?

O som que meus dedos ainda reproduziam gritava em dor, sentia meus próprios ouvidos implorando para que todo o barulho cessasse.

Aquilo não era música. Era ruído.

Um ruído desesperado por motivo nenhum. Palavras entaladas na garganta, sem possibilidade de serem expressas em algo além do piano, mas nada que fazia sentido saia.

Respirei devagar e me levantei. Não tinha uma desculpa para ficar daquele jeito.

Talvez uma xícara de café dê um fim nesta sensação estranha.

Entrei no café de Henri e me sentei no balcão como sempre fazia, não o encontrei por lá. Supus que havia viajado, já que me dissera uma vez que sua família morava longe.

Uma garota atendeu meu pedido, desta vez, apenas um expresso e foi para perto da máquina.

Pelo canto do olho, notei uma partitura em cima do balcão, na capa mostrava uma obra de Paganini.

— Caprice número vinte e quatro... — Acabei lendo em voz alta.

— Pergunto-me se também gostaria de ouvir esta composição... — A voz grave e aveludada de Edward ressoou. — Bom dia, senhorita.

— Bom dia... — falei um pouco atônita. — Estudando Paganini?

Ele assentiu.

— É uma bela música. Por acaso o senhor está participando da competição de Paganini?

— Não... — Suspirou. — Minha época de participar desse tipo de coisa terminou há muito tempo, Lyra.

— Você fala como se fosse velho.

— Não diria velho. — Sorriu. — Apenas estou um pouco cansado deste universo dos músicos.

A garota de antes trouxe meu café.

— Competições são tão cansativas assim? — Perguntei bebendo um pouco de café.

— Um pouco. — Deu de ombros. — A tensão e a ansiedade são quase palpáveis. Sem contar que muitas vezes o esforço que fazemos sequer é recompensado, afinal, apenas um consegue vencer. No meu ponto de vista, não vale a pena.

— Você diz isso porque não deve ter ganhado nenhuma.

— Se engana ao pensar que não ganhei nada, senhorita Scherzo. Na verdade, tenho tantas vitórias quanto Edgar. A diferença é que não me vanglorio de algo que aconteceu há anos atrás.

— Então quer dizer que o senhor não é tão arrogante quanto aparenta ser? — Perguntei observando-o pelo canto do olho.

— As aparências enganam, Lyra.

— Sim, principalmente as suas, — murmurei. — Senhor Capriccioso.

— Saint-Saëns é um ótimo compositor, não acha? — comentou com um sorriso ao se levantar. — Até mais tarde, jovem pianista.

Até logo, escritor contraditório.

— Bom dia, bela sonhadora! — A voz doce de Henri me fez olhar para cima e encontrá-lo com os braços no balcão.

— Henri! Pensei que você não viria trabalhar hoje.

— Eu acordei um pouco atrasado. — Deu de ombros. — Mas me diga, quem era esse cara que te deixou com um sorriso bobo no rosto?

— Eu não estava sorrindo... Estava? — Perguntei e olhei meu reflexo no espelho que estava na parede oposta.

— Estava! — Deu risada. — Parece que alguém está apaixonada...

— Não diga besteiras, Henri. Sequer conheço Edward.

— Lyra, a paixão não espera você conhecer profundamente alguém. Ela apenas chega, derrubando tudo que vê pela frente e devastando seu emocional. 

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