Se ela não me desse motivos, talvez esse livro nem iria existir.

Faz tanto tempo que eu sonho com essa garota que já nem me lembro quando começou e estranharia se ela fosse embora agora.

Na verdade, ela é meu ponto de referência para não me perder entre sonhos lúcidos e a realidade. E eu nunca nem ao menos lhe dei um nome.

Seus cabelos médios e pretos na frente do rosto e o corpo quase tão branco quanto a camisola deixam claro quais as referências que meu inconsciente usou para criá-la.

Um medo antigo que virou minha melhor amiga no meio dos pesadelos.

Seja no corredor da minha casa ou no meio de uma floresta escura, eu sempre rezo para ela aparecer e me dar certeza de que não passa de um pesadelo do qual eu logo vou acordar.

Eu tenho medo dela, mas tenho mais medo ainda de um dia tentar vê-la e não conseguir.

Tenho pavor de um dia perceber que não há como acordar. E se, um dia, eu notar que isso é de fato a realidade?

Vou implorar para que ela apareça.