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Capítulo 9

Já se passavam das duas, quando Sarah e Peter deixaram a delegacia e entraram na pequena estrada de terra que dava acesso a mansão dos Simmons.

O caminho que cortava os pinheiros levava a dupla para um dos maiores terrenos que já viram. Com um estilo rústico, o casarão parecia ter saído de algum filme americano, com suas imensas janelas verticais refletindo o lago que cercava a propriedade.

Assim que o carro parou, Sarah desceu, olhando encantada para aquele cenário. O lugar estava bem cuidado, a grama verde devidamente aparada, cercava o caminho de pedra que levava à entrada principal. Era como admirar aqueles quadros de paisagem que ficam pendurados na parede de alguma sala.

- Você sabe que isso é violação de domicílio. - Sarah disse para Peter, que estava parado em frente ao portão de madeira.

- Quando o proprietário esquece de trancar o cadeado não... - O homem encarou a amiga, com com sorriso vitorioso no rosto, enquanto balançava um pedaço de corrente nas mãos. - Vamos chamar isso de convite.

O detetive empurrou as duas partes de madeiras que rangeram ao se abrir. Sarah entrou primeiro, pouco se importando com as pedras que indicavam o caminho a seguir. Andando pela grama, era impossível não relaxar ali. O vento que soprava sereno, agitava bem levemente as águas do lago e o único barulho que se ouvia, era dos pássaros cantando... E dos sapatos de Peter pisoteando alguns galhos secos ao se aproximar.

- É um belo lugar. - O homem parou ao lado da amiga com as mãos nos bolsos.

- Porque os Simmons comprariam uma propriedade dessa? Eles passaram a vida cuidando daquele hotel.

- Eu não faço a menor idéia... Vou olhar em volta.


- Não vi nada de interessante, as portas estão trancadas. - Peter disse com os lábios apertados, segurando o cigarro na boca enquanto lutava contra o vento, tentando acendê-lo.

Sarah estava parada com os braços cruzados, admirando um pequeno canteiro de rosas brancas, na lateral da casa.

- Quer um? - Peter apontava o maço para a colega.

Sarah balançou a cabeça negando.

- Vamos voltar pra cidade, eu preciso fazer algumas perguntas para o senhor sarcasmo.

- Senhor sarcasmo? - Peter olhou confuso para a amiga, que saiu andando na frente.

Ao passar pela porta da recepção, Sarah notou algo incomum no lugar. Henry não estava presente, atrás da pequena bancada como de costume e o local estava pouco iluminado. A detetive caminhou até o grande salão e não foi difícil reconhecer a silhueta do homem escorado no batente da porta que dava acesso ao quintal da propriedade.

Mesmo de longe, Sarah, pode sentir o perfume de Henry misturado a algo a mais. Uísque. A medida que se aproximava, a mulher fazia careta devido ao forte cheiro que emanava dos poros do homem. Henry estava de cabeça baixa, a camisa branca perfeitamente colada ao corpo estava amarrotada e a mão passava repetidas vezes pelo cabelo.

Sob a luz fraca do quintal, os olhos verdes do homem encararam os de Sarah.

- Eu preciso te fazer umas perguntas Henry... - a mulher disse num sussurro.

Ele deu de ombros enquanto girava o copo de uísque lentamente. O homem continuou calado, com olhos e pensamentos desconexos e então levou o copo à boca dando um último gole.

- O que você quer detetive? Veio pra terminar o que começamos mais cedo? - O tom da voz de Henry não era comum para Sarah. A raiva era quase palpável em cada palavra dita e por um momento, o medo percorreu a espinha da detetive.

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