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Capítulo 12

Desta vez, era ela que estava sentada na sua poltrona, lendo, quando Harlan entrou de rompante na pequena salinha oculta. Érica olhou-o com calma, e até ergueu uma sobrancelha, dando o seu melhor para o imitar, mas ele nem reagiu.

–Foste suspensa? –exclamou, surpreso. –Chiça, Érica, nem sei porque estou surpreendido, que já não era sem tempo...

Ela riu. –Boa tarde para ti também!

Harlan abanou a cabeça, avançando em direção à sua própria poltrona, antes de suspirar como um idoso. –Não pensei que fosses tomar responsabilidade pelo que aconteceu. Parabéns, acho eu?

Isso irritou-a. Fechou o caderno de sonhos de Anastácia para lhe dar toda a sua atenção. –Eu não "tomei responsabilidade" por nada, porque eu não fiz nada. A Alma é que foi burra e fez asneira, e eu safei-a das consequências.

–Pois. E porque é que o fizeste?

Ela mofou. –Para que ela não fosse expulsa, claro!

–E desde quando é que importas?

–Não me importo! –mentiu ela. –Mas ela dá jeito. É motivada, e estúpida, e gosta de arriscar. De facto, se não fosse assim, ela nem sequer se teria magoado. E agora que estou tão perto de achar a solução, vai dar mais jeito ainda. –Encolheu os ombros. –E passar umas semaninhas sem ter que ter aulas também é útil. Estava farta daquilo.

Aquilo, sim, fez Harlan rir. Empurrou os óculos de volta para o sítio, usando a mão para se esconder. –Imagino, –comentou. –Tu andas a dizer que estás perto desde o início.

Levantou-se, abriu o caderno de Anastácia de volta na página que estava a examinar, e virou-o para Harlan. Se fosse possível alguém tão branco quanto ele ficar mais pálido ainda, foi isso mesmo que aconteceu. Érica sorria vitoriosa. Harlan estendeu a mão, a mão que lhe tremia pelo choque, para pegar naquilo, mas Érica não o deixou.

–Pensava que tinhas dito que...

–Estas páginas tinham sido destruídas? Sim, disse, e não menti. Este é o caderno de Anastácia!

Ele aproximou-se mais, para ler aquelas palavras e aqueles diagramas, desenhados com canetas coloridas a partir das memórias que a reencarnada tinha dos seus sonhos. Arrependeu-se quase imediatamente. Deu dois passos atrás, fugindo daquilo, esquecendo-se até de se prender ao mundo físico. Virou os seus olhos profundos para Érica, e ela sentiu um aperto imenso no seu âmago por o ver assim. A expressão dele era uma mistura perfeita de choque e tristeza, aquela expressão de negação antes de o luto bater forte.

–Isso não é possível, –balbuciou. –Ela não pode saber isso! –Tentou agarrar o caderno, mas Érica puxou-o de volta a tempo. Isso fez toda aquela tristeza incendiar-se numa raiva amarga. –O que é que estás a fazer? Tu sabes o que é que isso é, não é? Sabes o quão perigoso é!

Ela abraçou o caderno, protegendo-o contra o corpo e cerrou os lábios. Acenou com a cabeça. –Claro que sei. Isto é o ritual que nos matou, credo, que matou Arabela e que nos prendeu aqui, claro que eu sei o que é! Mas não te vou deixar destruí-lo.

–Tu sabias que, assim que mo mostrasses, seria isso que eu iria fazer, –gritou ele, aproximando-se dela, ameaçador. Tinha os punhos cerrados, deitados a seu lado, tremendo. –Se não houvesse pelo menos uma parte de ti que os quer ver destruídos, ter-mos-ias escondido de mim. Portanto... –Levantou a mão tão rápido de Érica até se esquivou, mas ele não lhe ia bater, nunca o faria. Só a estendeu à sua frente. –Dá-me isso.

–Não, Harlan! –Desviou-se um pouco mais. –Ou, talvez, sei lá, mostrei-tos porque acho que mereces saber? Podes dizer que não te importas e tal, mas eu conheço-te há tempo suficiente para saber que não é bem assim! E, quer queiras quer não, estamos nisto juntos.

Isso não o fez reconsiderar a sua ira. –Não, não estamos. Estou preso aqui contigo, isso não significa que estejamos juntos, nem que eu goste da companhia, nem que...

Será que ele sentia mesmo aquilo? Ou estava só a dizê-lo para a magoar, para a fazer duvidar de si? Os olhos muito abertos dela ardiam, e ela sentiu a respiração a falhar-lhe, a ficar presa na garganta. Não. Não podia ser.

Mas Harlan não viu nada disso. –Porra, Érica, dá-me! –gritou, esticando o braço para a agarrar.

Isso só a fez agarrar o caderno com mais força. –Vai-te foder, Sallow. Estou tão perto e, se isto me conseguir mesmo libertar, podes apostar que eu vou sair daqui sem sequer olhar para trás. E, se me odeias assim tanto, isso só te há de fazer bem!

–Érica...

–Érica nada! Estou farta. Sei que tens medo deste feitiço, e eu percebo perfeitamente o porquê. Eu estava lá! Ou esqueceste-te disso? Cada detalhe daquele dia estará para sempre marcado na minha memória. Arabela estava morta, e tu desapareceste durante meses. Eu estava aqui sozinha, sem saber o que tinha acontecido e sem forma de o descobrir. Sabes o que foi, achar que ia ficar aqui, sozinha, para sempre?

–Não, não sei, mas tu não sabes o que me aconteceu a mim, onde é que eu fui parar, durante esse tempo. –Ele baixou a mão com que esperava o caderno, novamente incapaz de a parar de tremer.

–Isso não é culpa minha. Descreveste-o como "o Inferno" e depois recusaste-te a sequer o voltar a referir.

–Pois! –berrou ele. –Pois. Dá-me esse caderno, destrói essas páginas, ou estás a correr o risco de que isso volte a acontecer. Esquece o arrastar inocentes para esta alhada porque, se não tiveres cuidado, vai-te acontecer o que me aconteceu, ou pior, se não conseguires voltar para aqui.

Isso fê-la hesitar, mas ela fez por o esconder. –De repente voltas-te a preocupar comigo, é isso, Sallow? Eu não vou deixar que ninguém veja isto além de nós, –disse, abrindo o caderno para de lá arrancar as folhas de que precisava antes de atirar o caderno para o chão–... e, por isso, ninguém além de mim de vai magoar, mesmo que as coisas corram mal.

–Se correr mal...

–Não vai, –garantiu ela, dobrando as folhas e apertando-as com força contra o peito. –Não pode. Não vai.

Ele suspirou. Parecia absolutamente drenado, como um cadáver a quem já tinham tirado o sangue, completamente vazio, ou uma vela que já tinha tão pouco pavio que tinha dificuldade em manter-se acesa. Esfregou os olhos por detrás dos óculos, curvado sobre si, desistindo.

Érica tinha ganho.

–Eu vou resolver isto, Sallow Eu vou sair daqui, quer tu queiras quer não. E isto... –apontou as folhas que protegia com tanta força. –Isto é a chave. Não digo que estivemos errados em destruí-las, todos aqueles anos atrás, só digo que agora preciso delas.

–Eu prometo que não as destruo, mas elas não vão sair desta sala. Não posso correr o risco de mais alguém as encontrar.

Ela acenou com a cabeça. –Temos acordo.

E Harlan? Harlan não disse mais nada. Olhou-a de cima a baixo, triste, e depois virou-se e atravessou a parede da sala, abandonando-a.

Érica suspirou profundamente. Deixou-se afundar na sua poltrona, cansada, exausta. Alisou as folhas ligeiramente amassadas contra o seu colo, para as ler com todo o cuidado. Precisava de garantir que aquilo estava tudo certo, primeiro, e depois teria imenso trabalho pela frente. Não se podia arriscar a mostrar aquilo aos colegas. Se queria a ajuda deles, e não os queria magoar —bem, mais do que estavam, pelo menos— teria de conseguir criar um feitiço que fosse a perfeita antítese daquele, incluindo tudo o que tinha corrido mal no dia. Ia levar imenso esforço e, tendo em conta que aquilo era menos como matemática e mais como música, havia uma imensa margem de erro nos seus cálculos, erro esse que era inaceitável naquela situação.

Mas seria possível? Estava cada vez mais perto. Érica iria voltar a viver!

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