Capítulo 11
Anastácia subiu logo para o sótão, não querendo ficar na arrumação com o sangue que Alma tinha vertido. Ficou a cargo de Érica, então, limpá-lo o melhor possível.
Ela não o fez. Pelo menos, não de início. Agachou-se perto a ele, examinando-o, vendo a forma como aquela humidade vermelha refletia a luz da sua lanterna. Tocou-lhe de mansinho, notando-o já quase frio mas ainda líquido. Não tinha passado assim tanto tempo.
Oh, quão aliciante era roubá-lo, usar aquele pequeno restinho para treinar os seus feitiços, para praticar de uma forma que já não fazia há muito! Não seria errado, pois não? Alma ia sentir tanta falta dele numa poça no chão quanto gasto numa magia, e, assim, pelo menos aquele desastre serviria de alguma coisa...
Mas não o fez. Jure-se, foi preciso muito autocontrolo para pegar em panos velhos para absorver aquilo, para ir buscar água e sabão para os lavar e para deitar desinfetante naquilo. Havia certas coisas que Érica achava errado, e, se não tivesse resistido à tentação, estaria a cair numa delas.
Dizer que tinha prática a limpar aquele tipo de coisas seria um eufemismo. Era parte do território, quando se praticava magia.
Alma tinha tido muita, mas muita sorte, tendo em conta o quão estúpida foi. Porque, além de fazer a terrível decisão de tentar o feitiço sozinha, Alma o tinha feito no armário das arrumações cujas escadas levavam para o esconderijo, aquele que era tão raramente usado e que o grupo tinha entretanto protegido por ilusões que o escondiam de quem não soubesse onde o procurar. Márcio, tendo acabado uma das suas muitas atividades extracurriculares mais tarde que os colegas tinha-se decidido a, nesse dia em específico, vir ver o que o grupinho estava a fazer no sótão. Se não tivesse sido assim, quiçá quando é que ela teria sido encontrada! Teimosa como era, provavelmente até nem pediria ajuda até tarde demais.
Talvez aí Érica tivesse mais alguém com quem passar os dias!
Depois do desinfetante atuar, limpou-o a fundo com água e sabão, esfregando de fora para dentro, e depois limpou tudo outra vez. Quando acabou, olhou para o trabalho bem feito. O chão ainda não tinha secado, mas, de resto, ninguém seria capaz de adivinhar o que ali se tinha passado.
Depois subiu as escadas. Anastácia gritou ao ouvi-la, sobressaltada, e depois ouviu-se o baque da lanterna a cair ao chão. Érica correu à sua beira, assustada se alguma coisa lhe tinha acontecido.
Quando lá chegou, Anastácia corava como um tomate.
–Oh, és só tu, –disse, baixando-se para apanhar a lanterna ainda acesa. –Desculpa. Acho que estou só sobressaltada. Já acabaste?
–Sim.
Olhou em volta. Os sofás que tinham servido de sala de estudo para o grupinho estavam agora tapados com os panos brancos que cobriam a maioria da mobília daquele sótão abandonado. A carpete tinha sido enrolada e deixada à beira da caixa que dantes fazia de mesa de centro, ambas encostadas a um canto menos suspeito do que as suas posições anteriores. Das milhentas almofadas que dantes serviam de decoração, só ali estava uma, aquela em que Anastácia se sentava enquanto separava os livros de magia em grupinhos organizados, pegando nas suas próprias notas e dobrando-as para si, com outros papéis pelo meio.
Érica ergueu uma sobrancelha. –E parece que tu também.
Ela olhou-a com medo, dobrando os papéis atabalhoadamente, olhando entre os panos que escondiam a sala e Érica. Abanou a cabeça. –Quase. O pior é mesmo esconder os livros. Não faço ideia de onde os pôr.
–Eu faço. –Aproximou-se.
–Não os devíamos dividir? É mais difícil alguém descobrir se estiverem todos separados.
Érica encolheu os ombros. –Tanto faz. Baixou-se para pegar num monte deles. –Eu escondo-os. Como eu não posso fazer magia, não haverá mal em eu saber onde eles estão.
Anastácia olhou-a, examinando-a. Depois, devagar, como quem pondera uma opção perigosa, acenou com a cabeça. –Certo. Claro. Mas olha... –pousou a mão sobre o monte em que Érica tinha pegado, empurrando-o para baixo para que ela o pousasse. –Porque é que tu és incapaz de lançar feitiços?
De onde é que aquela pergunta tinha vindo, mesmo? Érica encolheu os ombros e tentou defletir, repetindo que tinha sido um feitiço que tinha corrido mal, mas Anastácia olhava-a com demasiado propósito e intensidade. Pousou os livros de volta no chão, e sentou-se sobre eles, examinando a forma como a reencarnada a examinava. Depois baixou os olhos e fingiu tristeza.
–Não gosto de falar disso.
–Mas porquê?
–Alguém com quem eu me importava saiu magoado, e eu não gosto de me lembrar do facto de que foi culpa minha.
A expressão de Anastácia mudou. –Oh, –disse. A interjeição não foi totalmente de pena. Havia um tanto de surpresa ali imiscuído, e talvez uma pontada de compreensão, também.
Érica abanou a mão no ar. –Porque perguntas? Porquê agora?
Anastácia baixou o olhar, remexendo as mãos no colo, sobre os papéis em que tinha pegado. –Porque... porque eu já estava curiosa, e agora que Alma se magoou... não consigo deixar de pensar o que terá acontecido a ti.
Ela não sabia como reagir àquilo. Com surpresa, claro, mas isso tinha sido mais por reação que por intenção. Com receio, também, pelo facto de ter alguém a fazer perguntas sobre o que não devia saber, ou com irritação, por exatamente a mesma razão? E também não podia mentir a si mesma, tinha que se admitir comovida com a preocupação que Anastácia mostrava para com a colega. E de admitir que ela mesma estava preocupada. A culpa não era dela, desta vez, claro, era completamente toda de Alma por não ter escutado o que ela dizia, por ter feito algo tão estúpido sozinha, mas isso não a impedia de se preocupar.
Abanou a cabeça. –Não te preocupes. Eu fiquei bem, e ela também há de ficar. –Bem, não tinha propriamente ficado bem, mas Alma não teria tanto azar quanto ela.
Anastácia abanou a cabeça. –Sabes como ela é. Assim que estiver melhor, vai voltar ao mesmo. A não ser que não consiga.
–Eu já disse que não quero falar nisso.
–Tudo bem, –concedeu a reencarnada. –Mas eu só quero que saibas que, se não os tivesses incitado, nada disto teria acontecido.
Talvez fosse da expressão de Érica, ou por ter pensado no que dizer só depois de ter falado, mas Anastácia parecia ter-se arrependido assim que aquelas palavras lhe saíram da boca. Corou que nem um tomate, e encolheu-se. Foi preciso todo o esforço de Érica para não lhe dar um estalo tão valente na cara que aquele tom de vermelho pareceria quase branco em comparação.
–Só temos de esperar que ela fique bem, –disse Anastácia, desculpando-se. –E se houver algo que a possa ajudar...
–É isso que andas a ver nessas notas? –gritou ela. Arrancou-os da mão da reencarnada, espalhando-os pelo chão. A outra guinchou, mas ela nem quis saber. Era melhor que violência! –Pois, a magia não a pode curar. A magia não resolve nada, só cria problemas! Nem sei porque é que alguma vez achei o contrário.
–Se é, então tirar-lha...
Érica aproximou-se dela, ameaçadora mesmo sem o querer, e a reencarnada encolheu-se mais. –Aquilo que me aconteceu, Anastácia, não a pode ajudar. Não ajuda ninguém. É pior que a morte. –Mal tinha percebido o volume da voz até a sentir a vibrar nos ossos.
–Oh. Wow, não achas que estás a ser ligeiramente dramática?
Essa foi a gota que fez o copo transbordar. Érica não se conseguiu segurar e, num instante, Anastácia estava no chão, agarrada à perna que tinha sido pontapeada. Aquilo ia deixar uma bela negra.
Já mais calma, ajeitou o colarinho da camisa e virou-se de costas para a reencarnada, antes de dizer –Não, não acho, –e de sair do sótão de volta à escola.
E o pior? O pior era o facto de Anastácia ter razão. Nada daquilo teria acontecido se não fosse ela.
.....
Só os deixaram ver Alma no dia seguinte. Anastácia tinha-se recusado a chegar atrasada à primeira aula, mas Eduardo e Márcio estavam ali, também. Era uma coisa saber que a colega ia ficar bem, era algo completamente diferente vê-lo.
–Teve uma sorte do caraças, –disse-lhes o enfermeiro. A diretora aclarou a garganta, e ele corrigiu-se, –teve cá uma sorte. A ferida era menos funda do que parecia.
–Levei três pontos, gente! –disse ela, mostrando o braço enfaixado. –E vou ficar cá com uma cicatriz...
Érica sentou-se ao lado dela, na cama. Alma tinha passado ali a noite, por precaução —mais para a manter sob olho do que por causa das feridas, achava ela— mas agora já estava vestida e pronta para sair. Tinha a manga da camisa dobrada para cima para mostrar as ligaduras, claro, tentando provar-se durona. Só lhe faltava mesmo calçar as botas. Eduardo estava encostado a uma das paredes, sorrindo também, com Márcio logo a seu lado.
–Disseram-me, Alma... –foi a diretora que falou. Aproximava-se delas devagar, preocupada. –...que o Márcio te encontrou sentada no chão, a sangrar. Quando gritou, os teus colegas estavam perto e vieram-te ajudar. Certo?
Alma corou. –Honestamente, está tudo um pouco desfocado...
Ótimo. Talvez fosse verdade mas, se não o fosse, seria a melhor mentira que podia contar. Quanto menos dissesse, menor era a probabilidade de contrariar os colegas.
A diretora acenou com a cabeça, compreensiva. Aproximou-se mais, sentando-se também na cama de frente a Alma. –Podes-me dizer como é que te magoaste? –Tomou as mãos dela nas suas. –Podes contar-me o que quiseres.
O pânico foi claríssimo na cara da amiga. Márcio chegou-se mais perto, protetor, e Érica olhou a diretora com intensidade suficiente para a queimar em contacto. Mas a diretora não deixou de olhar a negra. Alma engolia em seco.
–Eu não... eu sei o que parece, mas eu não...
–Podes contar-me, Alma, –assegurou a diretora. Mas as intenções dela eram claríssimas. –Foi alguém que te magoou? Ou... foste tu?
–Foi um acidente!
A diretora baixou os olhos e tirou as mãos de cima das da aluna. Márcio aproximou-se mais, olhando entre a diretora e o medo na cara de Alma. Até Eduardo se desencostou da parede.
–Nós vimos as tuas cicatrizes.
O olhar de Érica cruzou-se com o dela.
–Foi um acidente, –repetiu ela. –Eu nunca me faria mal. Eu não faço dessas coisas!
A diretora suspirou. –Tudo bem, Alma. Mas nós ligamos aos teus pais, e eles estão preocupados contigo...
–Não!
–... e acham que será boa ideia, se tu te estás a magoar, teres ajuda...
–Mas eu não me estou a magoar! –ela quase soluçava aquilo. –Vão-me tirar da escola?
A diretora abanou a cabeça. –Não sei, Alma. A paragem letiva de Inverno está quase a ser, e pode ser que esse tempo chegue para te ajudar. Mas, se não...
–Mas eu não preciso de ajuda! –Ela saltou, pondo-se em pé de repente para se desviar da mulher que a acusava. Márcio pôs-se impulsivamente entre as duas, protetor. –Isto não é isso!
–Ela está a dizer a verdade, senhora, –admitiu Érica, baixinho. Pôde sentir todos os olhos na sala a saltar para ela, até os do enfermeiro, que, embora não pertencesse à conversa, parecia estar a ser bastante entretido por ela. Pôde ver o negar discreto que Eduardo lhe fez com a cabeça, a expressão de Alma a mudar de medo para gratidão de volta para pânico, e a forma como a diretora a analisava com os olhos. Mas não fazia mal. Feito toscamente em cima do joelho, sim, mas ela tinha um plano.
–Como assim, Érica?
–Ela não se magoa. Pelo menos não assim, –explicou. –Era... era parte de uma aposta que tinha comigo.
–Uma aposta?
–Tipo verdade ou consequência, –explicou. –Mas não era suposto ninguém se magoar, eu juro! Quando uma de nós falhava num objetivo...
As suas muitas cicatrizes estavam à mostra, agora. Tinha passado muito tempo a fazer magia, e tinha muitas marcas daquelas em todos os sítios onde desse jeito cortar. A diretora puxou-lhe no braço exposto com tanta força que até parecia que o ia arrancar do ombro, e depois passou os dedos sobre a acumulação de cicatrizes que ela tinha. Érica tremeu.
Márcio mal reagia, ainda posto entre a diretora e a amiga ferida. Ela estava assustada ainda, sim, mas mais calma. Só Eduardo não parecia nada feliz com o rumo que aquilo estava a tomar.
–Há quanto tempo é que fazem isso?
Érica encolheu os ombros, puxando o braço de volta para se soltar das garras da adulta. Puxou a manga para baixo. –Desde quase o início do ano.
–Tens noção que isto é pior, certo? –disse a diretora.
–Não era suposto ninguém se magoar! Era suposto ser um jogo!
–E quem mais participa nesse "jogo"?
–Ninguém, –respondeu Érica, sem sequer hesitar. Para o visível alívio de Eduardo.
A diretora suspirou. Olhou para Alma, ainda semi-escondida atrás de Márcio, e mais confusa do que receosa, desta vez. –É verdade, Alma?
Ela acenou com a cabeça.
–A culpa foi minha, senhora. Isto não teria acontecido se eu não tivesse sugerido isto...
–Foste tu que o sugeriste?
Érica acenou com a cabeça.
A diretora suspirou mais fundo ainda. Bateu com as mãos nas pernas, e depois levantou-se.
–Vai buscar as tuas coisas, Érica. Estás suspensa.
–O quê? Porquê? –perguntou Márcio.
Mas Érica encolheu os ombros e ergueu o queixo. Como bem sabia, o plano era tosco. Mas aquilo era bem melhor do que ver Alma tirada da escola por algo que não era culpa dela.
–Quanto tempo? –perguntou.
–Quanto tempo é que a ferida demorará a sarar? –perguntou a diretora ao enfermeiro.
Ele estava distraidíssimo ou, pelo menos, a fingi-lo, e foi preciso que a senhora repetisse a pergunta para ele a responder. –Entre cinco a dez dias, depende. Porquê?
–Duas semanas, então, –respondeu a diretora, voltando-se para Érica. –Vai buscar as tuas coisas enquanto eu ligo aos teus pais para os avisar.
Isso, sim, assustou Érica. –Não sei se eles vão atender, estão fora do país. Mas eu não vivo longe.
–Não te posso deixar ir embora sozinha, Érica, e ainda menos sem falar com alguém sobre a tua situação.
–Não é preciso ligar-lhes, –desculpou-se ela, fingindo não estar preocupada nem assustada. Tinha forjado tudo na folha de inscrição, os pagamentos das propinas, os contactos, tudo. Nem sequer sabia se a morada que lá escreveu ainda existia, tendo em conta a quantidade absurda de tempo que tinha passado dentro daquela escola. Seria difícil explicar o facto de não já ter pais, se a diretora insistisse demasiado! –Não me pode escrever uma nota, para que a governanta lhes ligue? Nem sequer sei que número eles têm agora, já deve ter mudado do que está escrito no meu ficheiro...
–Vai buscar as tuas coisas, eu trato disso. Se ninguém atender, esperas até ao fim do dia e apanhas a boleia do costume. E o resto de vós, –disse para os colegas dela –vão para a aula. Já faltaram demasiado. Eu falo contigo depois, Alma.
Érica acenou com a cabeça. Isso servia.
Saíram da enfermaria juntos. Márcio ia logo atrás de Alma, como se tivesse medo que ela fosse cair para o lado ou entrar em combustão espontânea, sabe-se lá. Eduardo vinha mais atrás, ao lado de Érica, e esperou até que não pudessem ser sobreouvidos pelos adultos na enfermaria para falar com ela.
–Porque é que foi isso?
–Iam tirar a Alma da escola. Eu não podia deixar que isso acontecesse.
–Obrigada! –disse ela, virando-se para trás para lhe piscar o olho. –O teu serviço não será em vão!
–Mas tu foste suspensa! Não vês que isso é péssimo? Vai para o teu registo permanente!
–O teu namoradinho foi expulso de três escolas diferentes, e tu não me pareces preocupado com isso!
–Como é que acabaste expulso de um colégio militar, por acaso? –perguntou Alma. –Nunca nos contaste essa história.
Márcio riu, já mais relaxado. –Bem, digamos só que envolveu gasolina e um lança chamas...
Eduardo revirou os olhos. –Isso é diferente! Ele não foi expulso por uma coisa que não fez.
–Mas eu fi-lo, Eduardo. Não fui eu que vos ensinei a fazer aquilo?
–Porque é que não lhes contaste sobre mim? –sussurrou Eduardo.
Érica encolheu os ombros. –Não valia a pena seres suspenso também. Mantém esses bracinhos tapados, não faças nada de estúpido até pelo menos eu voltar, e agradece-me depois. Têm uma aula a que ir.
–É do professor Goddard, –disse Márcio, com desdém. –Quanto mais tempo demorarmos, melhor.
Érica pegou na mochila. Tinha-a ali pousado, no chão do corredor perto da sala, antes de lhe dizerem que podia ir visitar Alma. Era só daquilo que precisava.
–Só te vemos depois da paragem letiva, não é? –perguntou Márcio, baixinho. Não convinha nada ter o professor a chamá-los lá para dentro por os ter ouvido.
–Eu sou péssima a matemática, mas acho que sim.
–Que mentirosa armante...
Ela riu-se. –Vou faltar a imensos testes, só espero que as notas que tive até agora sejam suficientes para eu passar... mas vai correr tudo bem.
–Vamos sentir a tua falta, –disse Márcio. Mas corrigiu-se logo a seguir– Vai fazer bem a estes dois desmazelados perderem uma má influência na vida deles. Mesmo que só por duas semanas.
Érica riu-se. Bem, os amigos podiam não o saber, mas ela não tinha quaisquer planos de sair dali. As notas não lhe importavam minimamente, também, e poder voltar a ser invisível seria até algo positivo.
–Não façam asneiras. Se eu me tiver metido nesta alhada só para vocês serem apanhados, ou pior, expulsos, eu vou dar ao fantasma de Arabela um belo par de novos amigos.
Não estava à espera, mas mesmo nada à espera de, antes de se poder virar para sair, Alma saltar sobre ela para a abraçar. –Obrigada, –sussurrou a amiga, sobre o seu ombro, apertando-a com mais força. –Safaste-me cá de uma alhada...
–De nada, –respondeu. –Fui eu que te pus nela.
–Fui eu que encontrei os livros e comecei a treinar, e fui eu que fui burra ao tentar fazer aquele feitiço sozinha. Não foste não.
Érica não pôde evitar sorrir. Alma estava errada, sim, mas isso não importava.
–Boa sorte na aula, –disse, desenvencilhando do abraço.
–Pois, nem sei quem está pior: tu que vais para casa ou nós que temos aula com o 'stor Goddard...
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