Plano Paralelo número quatro
Um rapaz com os pés no areal, junto ao mar. O plano mostra uma caixa de fósforos na mão esquerda do rapaz. O mar vai e vem e por momentos molha os pés do rapaz. O rapaz olha o mar. O plano mostra o rosto do rapaz. Tem um olhar sonhador e determinado. Tem o cabelo louro e solto sobre os ombros. Deve ser um rapaz com os seus treze anos. O rapaz abre a caixa que traz na mão e acende um fósforo que atira ao mar. O fogo apaga-se ainda no ar, a caminho do lençol de água à sua frente. O rapaz acende um segundo fósforo, agora com mais cuidado, e baixa-se devagar, protegendo o fogo com o calor das mãos, encostando a cabeça do fósforo ao mar. O fósforo apaga-se mal toca na água. O rapaz levanta-se. Olha o mar, agora menos determinado do que há pouco. Pega em quatro fósforos e acende-os todos de uma só vez. Num rasgo de força atira-os todos ao mar. Os fósforos apagam-se. O rapaz parece estar desesperado. Os olhos já não têm o mesmo brilho de antes, a frustração espelha-se no rosto do jovem. Mesmo assim, o rapaz resolve tentar uma última vez. Pega num só fósforo, acende-o, e com ele incendeia o resto da caixa com todos os restantes fósforos lá dentro. Com a caixa a arder, deita-a ao mar. A água parece mais uma vez dominar o fogo. O rapaz fica a olhar o mar durante cerca de cinco vagarosos segundos. O mar parece agora ganhar um tom avermelhado, o azul da água envolvido num laranja forte que liga o céu ao mar, lá ao fundo no horizonte. O rapaz sorri. A sua determinação valeu a pena. O mar parece estar finalmente a arder. Os olhos voltam a brilhar com intensidade. O plano mostra o rosto do jovem. O tom laranja avermelhado reflete-se nos olhos determinados do menino homem. O plano mostra uma frase: “Por muitas vezes que tenhas falhado, não é absoluto que não consigas acertar.”
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro