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Parte 7 - Narrador 1

Dezenas de pessoas correm lá para fora, quase como se tivessem sido convocadas por um chamamento que os atingisse em simultâneo e os automatizasse a uma corrida desenfreada para um destino comum. Correm para verem de perto o que parece ser um atropelamento que se deu do outro lado da rua. Até os empregados de mesa deixam de se preocupar com o seu serviço e correm para a porta para assistirem de perto o desenrolar dos acontecimentos. Num espaço até há pouco lotado, fico eu e a minha mãe, sentados serenamente a desfrutar do nosso café. Afinal, nada pode ser mais importante neste momento do que o último desejo de uma mãe. Nunca entendi esta paixão humana pelas fatalidades. O meu pai costumava dizer que só há uma coisa que o ser humano venera mais do que o sucesso, e essa coisa é a pena. Pena dos outros, pena de si mesmo, a pena que os outros exercem sobre si, pena, pena, pena… Segundo ele, que em tempos chegou a estudar psicologia, mas que não chegou a terminar o curso porque a faculdade era demasiado cara para levar o curso até ao fim, a explicação do fenómeno pena está no ego. As pessoas movimentam-se pelo seu ego e só há duas formas de alimentar o ego das pessoas, pelo sucesso e pela pena. A pena é uma espécie de recurso a que as pessoas recorrem quando não conseguem alimentar o ego por via do sucesso, segundo o meu velho pai, Deus o tenha. Então, quando alguém não tem sucesso material, ou sucesso com os parceiros sexuais, ou sucesso no amor, no dinheiro ou seja lá no que for, refugia-se na pena. A pena é uma espécie de soro que alimenta o ego na ausência de tudo o resto e isso acontece porque serve para que o indivíduo se perdoe a si mesmo pela sua falta de sucesso. Então, o indivíduo entra no campo da fatalidade como muleta para o ego, tendo pena de si mesmo por ser tão azarado, coitado, tudo lhe acontece, nunca tem sorte, azar atrás de azar, só fatalidades a vida do coitado. E então, esforça-se para que os outros tenham pena de si, que lhe alimentem essas desculpas, e então não terá mais de fazer um esforço para adquirir sucesso, porque está perdoado por não ter chegado mais longe, por não ter conseguido realizar os seus sonhos, por não ter correspondido às expetativas dos pais, e dos parceiros, e dos filhos, e dos patrões, e dos amigos, e de todos aqueles de quem se tornou dependente, porque era para estes que tanto quisera atingir sucesso, e nunca para si mesmo. Talvez tenha sido essa a razão pela qual o indivíduo nunca teve sucesso, porque nunca o fez por ele mesmo, fê-lo sempre pelos outros, pela imagem que queria deixar aos outros, pela expetativa que queria superar nos outros. Se o tivesse feito por si, por amor em vez de sucesso. Se o tivesse feito pelos outros, por amor em vez de reputação. Se o tivesse feito pelo todo, por amor em vez de ego. Se o tivesse feito dessa forma, provavelmente tinha-o feito pelos motivos certos e então teria conseguido certamente. Mas não o fez e com o tempo caiu na desgraça de ter de aprender a falar a linguagem da pena como recurso para continuar a alimentar o ego, porque é só do ego que sabe viver, nunca aprendeu a viver do amor e pelo amor. E ao aprender a falar a linguagem da pena, deu por si a treiná-la diariamente, de forma inconsciente, nas suas tragédias e nas tragédias dos outros, e então quando uma tragédia nova acontece, lá vai ele alimentar a pena que tem dos outros, para que possa evoluir cada vez mais nessa linguagem nova que aprendeu e que agora é também a sua linguagem. E porra para quem não o faça, será condenado por ser frio, inconsciente, não ter sentimentos por ninguém, se calhar tem uma pedra no lugar do coração. Porque o povo aprendeu todo a falar a mesma linguagem, porque os povos desde sempre só se entendem se falarem a mesma linguagem, porque o povo aprendeu que tem de lutar para preservar a sua linguagem e esforça-se pouco para entender quem não fale a mesma. E eis uma terra de cegos, com um homem que tem um olho. Contudo, ele não é rei, porque na verdade, é um intruso…

“Este homem é um intruso na tua vida, o que ele quer agora?”, pergunto à minha mãe, quando vejo o velho de ontem a aproximar-se da nossa mesa.

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