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Parte 2 - Primeiro Narrador

Tivesse eu acabado o curso de advocacia e o meu velho estaria ainda aqui. Ele fez-me sentir precisamente o contrário no dia em que me fui despedir. Tomámos um último café, ele adorava café e eu adorava o jeito como ele segurava a chávena de café, num gesto que parecia fazer parar o tempo à volta dele, uma elegância enérgica e um olhar de quem dá toda a importância àquele momento para outros tão banal, tão rotineiro, tão cheio de nada. Perguntei-lhe se o café estava bom. Respondeu que sim. Perguntei-lhe se queria fugir. Respondeu que não. Perguntei-lhe se estava com medo. Respondeu que sim. Perguntei-lhe se eu poderia ter feito alguma coisa para evitar aquele destino. Respondeu que não. “Seguiste o caminho da vida, aquele que o coração ordena, fizeste a tua obrigação como ser humano que se preze”, explicou ainda, não fosse eu ficar com dúvidas sobre a sua resposta. “O caminho da vida que trouxe a morte”, repliquei, com uma culpa imensa a invadir-me, primeiro porque desisti do curso de advocacia, segundo porque havia chumbado mais um ano na faculdade, tão próximo do fim do curso de publicidade, e mais uma vez por causa de uma paixão insensata que acabou por não dar em nada, como tantas outras no passado. “Trouxe a tua morte?”, questionou. “Não, mas trouxe a tua!”, respinguei. “Vives para ti, meu filho. É com a tua vida que te deves preocupar. Com a minha, preocupo-me eu. A vida é demasiado curta para deixarmos de viver, em prol dos outros. Os pais podem trocar a sua vida pela vida de um filho, um filho jamais o poderá fazer por um pai, em situação alguma.” O discurso em tom sábio de meu pai não me descansou, é certo, mas deu-me pelo menos algum alento para viver sem peso na consciência. A vida é demasiado curta para problemas de consciência, disse-me a minha mãe, um dia destes, pelo telefone, enquanto combinávamos a nossa presença de hoje no centro de avaliação do projeto setenta. Acho sempre engraçado chamar projeto a este programa, porque projeto é sinónimo de plano, e não me parece certo fazer um plano para morrer, quanto muito chamar-lhe-ia condenação setenta. Às vezes dou por mim a tentar imaginar um spot publicitário que torne o projeto setenta mais simpático, mas nunca me consigo lembrar de nada, talvez porque o segredo de vender esteja em acreditar naquilo que vendemos e eu não sou nada apologista deste fatídico programa. Dentro de momentos terei de ser suficientemente habilitado para convencer o júri de que a minha mãe pode perfeitamente passar a viver dos meus rendimentos. Aí vem ela, com um ar muito amedrontado mal disfarçado num sorriso carinhoso e num abraço de mãe. Talvez tenha sido este medo que a fez esperar quinze dias para se apresentar à avaliação dos júris. 

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