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✥| Capítulo 4 | ✥

Oie gente💜

Eu queria deixar aqui uma nota animada para vocês, expressar o quão feliz e animada estou por causa do carinho que os leitores estão oferecendo para esta minha caçula, mas aconteceu uma coisa ruim comigo, então não ando muito bem...

O capítulo de hoje vai dar um passo maior na hora de revelar alguns mistérios, e o relacionamento dos personagens também ficará mais... intenso. Se estiverem lendo de madrugada, liguem uma luzinha para evitar sustos, hehehe. Deixe comentários e vote no capítulo, por favor🥰

Boa Leitura!

#FilhosDeMorpheus

|IV|

O pátio exterior do castelo ficava entre duas torres cilíndricas tão altas quanto aquela em que o quarto de Kim Seokjin se localizava. Elas também tinham paredes de vidro colorido, com as cores se misturando e depois voltando à pureza inicial como se fossem tinta. O reflexo das luzes noturnas batia na superfície translúcida e recocheteava diretamente no chão do pátio, tingindo-o e provocando ilusões de ótica pelas passarelas de lajota clara.

— Este lugar é sempre assim, tão brilhante? — O humano tentava não tropeçar enquanto desviava dos pontos de luz que confundiam sua visão.

— Essa é a sua primeira pergunta? — Taehyung virou-se para ele, mantendo as mãos unidas atrás do corpo numa pose elegante que parecia deixar suas asas ainda maiores.

— Você irá enumerar as perguntas que eu fizer? Por acaso tem um limite de quantas posso fazer?

— Quem sabe? — O imortal balançou os ombros. — E respondendo à sua questão... Sim, Morpheus é sempre assim, da maneira que você vê. Por quê? Não gosta?

— Não é isso, eu estava apenas... — "Tentando iniciar um diálogo com você sem parecer muito forçado", completou em pensamentos porque era orgulhoso demais para dizer tais palavras em voz alta. — Deixe para lá. A pergunta que realmente quero fazer é—

— Se já fui humano? — Taehyung parou bem diante dele, olhando-o fixamente nos olhos. — Sim. E, depois, este lugar me aceitou como parte dele. Há mais alguma dúvida que queira sanar, meu caro Kim Seokjin?

A boca de Seokjin se fechou. E então se abriu e se fechou novamente, medindo as palavras que surgiam na ponta da língua afiada.

— Você foi o humano pelo qual Mitam se apaixonou?

A surpresa cobriu o semblante do rapaz alado. Os olhos dele ficaram arregalados e sua boca entreaberta. Taehyung não esperava por aquilo.

— De onde tirou essa ideia? — Ele tentou disfarçar com um cenho franzido.

— Mitam se apresentou como a provocadora do Acordo entre humanos e imortais, e você... é velho.

O filho de Morpheus inclinou o corpo para frente numa gargalhada. Era a segunda vez que Seokjin o chamava de velho sem nenhuma hesitação. Tão divertido!

— Está começando a me ferir com esse fato, Seokjin — disse entre risadas.

— Oh, desculpe-me. — O humano comprimiu os lábios carnudos. Nessa hora, notou que a atenção do imortal se concentrara neles.

— Bem, você não é visualmente velho — ainda acrescentou. — Parece ter a minha idade, na verdade. E é bem bo...

— "Bo"?

Seokjin estreitou os olhos. Ele não faria aquele elogio, definitivamente não lhe diria que era "bem bonito", como se tivesse caído em suas graças assim como todos os humanos que agora estavam hipnotizados pelos outros imortais.

— Você é ou não o humano responsável pelo Acordo? — disse, voltando ao início da questão.

— Não mude de assunto, Seokjin. — O sorriso branco de Taehyung era quase felino. Ele estava gostando daquilo, da provocação.

— Você tentou mudar de assunto primeiro.

Um instante de silêncio agitado.

— Está bem! Venceu-me! — As asas chacoalharam. — Talvez eu seja o tal humano.

O peito de Seokjin vibrou com a revelação. Era assombroso estar diante de uma das maiores figuras históricas dos contos de seu povo. Passara a infância e a adolescência escutando sobre o romance impossível entre o humano e o filho do Reino dos Sonhos.

Pensar nisso também fez os acontecimentos do salão retornarem à sua mente. O instante em que Taehyung e Mitam trocaram sorrisos e olhares enquanto conversavam. Não pareciam um casal, mas, depois de milênios juntos, existia a possibilidade de eles não sentirem mais vontade de trocar carícias em público.

No entanto, a dúvida ainda estava ali.

— Mitam não se incomoda com isso?

— Com o quê? — As íris cinza-arroxeadas ficaram levemente escuras.

— Com você ficando com humanos durante séculos e séculos, e com estar comigo agora, andando num pátio vazio ao meu lado.

O sorriso felino de Taehyung cresceu.

— Por acaso poderia haver razões para ela se sentir incomodada com um passeio nosso num pátio deserto?

— Hm, não. Não estamos fazendo nada demais. — Seokjin deu um passo para trás e pigarreou. Sentiu os pelos da nuca se arrepiarem com a intensidade que era emanada pelo outro rapaz.

— Sim, não estamos. — Taehyung manteve a expressão sorridente, mas um canto de seus lábios se puxaram para baixo, num relance gestáltico de sutil decepção. — Mitam e eu não somos amantes. Deixamos de ser há muito, muito tempo. O que faço ou deixo de fazer com os humanos que aceitam me acompanhar até aqui não é realmente da conta dela. E ela também não se importa mais com isso.

"Não se importa? Então por que ela me encarou daquela forma enquanto saíamos do salão?", pensou Seokjin, mas achou uma pergunta pretensiosa demais para ser feita.

"E se ela estivesse me fitando por causa de outra coisa?", foi então que imagens das mãos possessivas e putrefatas ao redor da cabeça de Jungkook vieram novamente à tona. Um pesadelo de um segundo, um vulto rápido demais para ser real... certo?

— Seu olhar está distante. No que está pensando, Kim Seokjin? — A curiosidade no semblante do imortal era palpável e sincera.

Após reprimir os pensamentos esquisitos que anteriormente tinham lhe tomado a mente, o garoto humano murmurou uma desculpa:

— Apenas achei essa informação um tanto chocante. — Balançou os ombros. — Eu e todas as outras pessoas de onde nasci cresceram ouvindo as histórias sobre o Acordo. Sobre o seu... romance.

Silêncio recaiu sobre eles, como se tocar naquele assunto fosse um pouco desconfortável, mesmo com Taehyung exibindo nada além de uma pose relaxada e uma face entretida.

Porém, havia algo no canto do olhar dele, uma sombra sutil pairando e apagando o brilho roxo de seus olhos, ocultando as estrelas que explodiam neles.

Seokjin teve certeza de que não estava vendo coisas quando o escutou exalar um suspiro.

— Algumas histórias são apenas ilusões — disse Taehyung, com o semblante inabalável.

Estranhamente, o humano sentiu necessidade de guardar aquelas palavras num canto de sua mente.

— Muito bem. Próxima pergunta. — O filho de Morpheus pôs as mãos na cintura, numa pose animada que contrastava com o clima esquisito da recente conversa.

Desejando seguir em frente com aquilo, Seokjin disse a primeira coisa que lhe veio à mente:

— Posso tocar em suas asas?

Um sorriso de canto voltou a aparecer, assim como as galáxias roxo-acinzentadas que resplandeciam logo acima daqueles lábios macios e imortais.

— Claro. À vontade, Seokjin.

Taehyung abriu as duas envergaduras negras, cheias de plumas sedosas que refletiam a noite. Definitivamente não era a primeira vez em que as via em sua completude, mas o humano se surpreendeu nessa hora porque vê-las assim — sem estar nos braços do imortal, flutuando céu acima e tendo uma leve taquicardia — era bem diferente. Ele agora as apreciava bem de perto, vendo cada mínimo detalhe das penas, dos adornos macios e escuros, e da musculatura forte capaz de carregar muito peso.

Até naquilo Taehyung parecia ser perfeito.

Tocou as asas com cuidado, pois não sabia quanta pressão poderia colocar sobre elas. Não sabia se eram sensíveis como a pele de uma pessoa, ou indiferentes como fios de cabelo. Mas, logo nas primeiras carícias, Seokjin percebeu que tratava-se da primeira opção.

— Sente cócegas? — perguntou quando Taehyung se remexeu com os lábios comprimidos num sorriso hesitante.

— Não, mas é interessante a maneira como você me acaricia.

A face do humano foi tomada por um rubor instantâneo e inevitável. Ele não queria entender como e nem por que seus pensamentos viajaram para lugares nada puritanos, com sua imaginação fazendo analogias desnecessárias e constrangedoras. Por acaso estava de volta à mocidade, quando a sutil referência ao assunto o embaraçava por inteiro? Que ridículo, Kim Seokjin.

Tentou fazer esses pensamentos passarem despercebidos ao desviar o olhar para uma pluma que se destacou e flutuou ao redor dele. Nesse momento, encontrou outra pergunta para fazer:

— Por que nem todos os seus irmãos têm asas? — Com a pluma negra, ele se lembrou dos outros imortais que estavam no salão. Alguns tinham asas, outros tinham caudas, e ainda havia aqueles que não tinham nem um nem outro, como Jimin.

— E todos deveriam ter? — Aparentemente, responder perguntas com outras perguntas fazia parte da personalidade de Taehyung.

— Não sei. Não são todos filhos de Morpheus? — Seokjin deu de ombros. — Imaginei que, assim como os humanos, no geral, nascem com dois braços e duas pernas, vocês também deveriam compartilhar detalhes em comum.

— Raciocínio perspicaz. Você está correto, mas não totalmente. Meus irmãos e eu temos sim semelhanças... extraordinárias, mas não da maneira que pensa que deveríamos ter. Cada um de nós representa uma criatura, por isso as asas, os cabelos e os olhos diferentes. No meu caso, sou como um pássaro.

— Ah, isso explica as penas. — Uma constatação óbvia e irônica que arrancou uma pequena risada do outro.

Mas então veio uma ideia. Uma curiosidade. Se cada imortal era como uma criatura, o que Seokjin representaria se lhe fosse dada a graça da vida eterna em Morpheus? Ficou tão distraído com isso enquanto penteava as penas negras com os dedos, que não percebeu Taehyung inclinando-se na direção dele, novamente absorvendo-o com aqueles enormes e profundos olhos.

— Perdeu-se em pensamentos outra vez, Seokjin? — A voz dele o trouxe de volta como uma melodia que atrai dançarinos.

— Hm.

Não satisfeito com a resposta monossilábica do humano, o filho de Morpheus insistiu:

— Há outra pergunta piscando em seus olhos. Diga-a.

— Não, eu... Foi apenas uma curiosidade que tive.

— Então sane a minha para que eu possa sanar a sua.

Seokjin pigarreou depois de hesitar.

— Que tipo de criatura eu representaria — ele desviou o olhar mais uma vez — se fosse um filho de Morpheus?

Logo em seguida, sentiu o aroma do divertimento sendo emanado pelo imortal. Taehyung flutuou ao seu redor, caminhando suavemente enquanto o analisava dos pés à cabeça. Parecia estar pensando seriamente numa resposta para dar ao humano.

No fim, parou de andar e tocou a gravata de borboleta, a peça mais destoante das roupas que Seokjin vestia.

— Orgulhoso e bonito... — murmurou enquanto roçava o polegar nas abas do acessório, mantendo um olhar distante e pensativo. Sua fala era totalmente direcionada ao rapaz. — Talvez uma borboleta. Sim, uma borboleta. Se fosse um filho de Morpheus, você com certeza teria asas de borboleta em suas costas, Seokjin.

Ele então estalou os dedos no alto, e, como se tivesse sido convocada, uma borboleta azul surgiu da poeira brilhante que os rodeava. O inseto mágico, pintado no azul mais vibrante que Seokjin já tinha visto, voou até a gravata dele e se mesclou a ela, deixando o acessório com sua aparência, numa tonalidade vibrante que nenhum tecido humano poderia recriar.

— Nossa! Está bem melhor assim — murmurou o jovem, tocando suavemente as abas azuis de seu acessório refeito.

Os olhos profundos de Taehyung estavam sobre ele, analisando sua reação e apreciando-a.

— Não encontrou outras gravatas no armário de seu quarto? — ele quis saber.

— Encontrei sim, mas — Seokjin hesitou — esta foi um presente de minha família. Queria manter algo deles.

Um brilho de compreensão atravessou o semblante do imortal, e a sombra de arrependimento também.

— Perdoe-me por modificar o seu objeto precioso.

— Não, está tudo bem. Eu realmente gostei... — Seokjin sorriu, como se para enfatizar suas palavras. Desde que chegara em Morpheus, ele havia dado poucos sorrisos, e absolutamente nenhum para Taehyung. Aquela foi a primeira vez que não sentiu receio em mostrar um lado um pouco mais... amigável a alguém daquele lugar.

O imortal notou essa pequena mudança, é claro, e suas pupilas não foram discretas quando se demoraram no desenho dos lábios carnudos do humano, no molde arredondado que se formou com o sorriso. Sua face etérea pareceu satisfeita com isso, como se, até aquele momento, estivesse se esforçando para conseguir um pouco mais da confiança de Seokjin.

Após o sumiço do sorriso, eles trocaram olhares em silêncio, esperando pela próxima fala, ou por uma pergunta ainda não dita. Não se sabia quem iria abrir a boca para dizer as próximas palavras, então os dois permaneceram emudecidos, numa quietude hesitante.

Não demorou muito para que Seokjin começasse a pensar em várias coisas para falar, com o intuito de quebrar aquele silêncio e dar prosseguimento à caminhada, mas esses pensamentos se voltavam sempre aos poucos centímetros de distância que separavam seu corpo do de Taehyung. A mente do humano então foi um pouco mais longe. Ele se recordou da conversa que tivera com o imortal na sacada de seu novo quarto. "Se vivesse centenas e centenas de anos sozinho, você compreenderia". Pensou nos pares que havia visto no salão do castelo, na maneira como seus antigos vizinhos do vilarejo pareciam tão próximos dos filhos de Morpheus que os tinha escolhido. Lembrou-se também de Jungkook e de sua fala sobre passar o resto da vida ao lado do imortal acrobata Jimin. A cena dos dois se encarando no salão poderia facilmente ter saído de um livro romântico.

Então veio a curiosidade. Sim, apenas curiosidade, disse a si mesmo. Uma simples necessidade de saber se seu melhor amigo poderia seguir agindo daquela forma, assim como todos os outros humanos. Se eles poderiam idealizar algo com aquelas criaturas do reino dos sonhos, sem limitação.

— Taehyung, ainda tenho uma pergunta — falou, e foi tão de repente que pegou o outro de surpresa.

— Estou ouvindo.

— Já se apaixonou por um dos humanos que trouxe para cá?

Seokjin arrependeu-se de ter feito a pergunta no mesmo segundo. Ela não deveria ter saído daquela forma, tão intrusiva e direta. O que estava acontecendo com ele naquela noite, afinal?

E outra onda de arrependimento lhe atingiu quando percebeu o canto dos lábios do imortal se contraindo, e a face relaxada escurecendo.

Assim como antes Seokjin havia lhe oferecido o primeiro sorriso amigável, esta era a primeira vez que Taehyung demonstrava algo que não fosse um semblante solene e envolvente.

O desconforto dele continuou perceptível quando ele deu um passo à frente, verificou a área onde ficava o salão no castelo e depois dedilhou algumas mechas do cabelo curto de Seokjin.

— As luzes do salão se apagaram. A festa deve ter acabado, e todos provavelmente estão se retirando para suas horas de sono — murmurou, distante e, ao mesmo tempo, tão próximo. — Você deve estar cansado, Seokjin. Vou levá-lo de volta ao quarto com outro voo.

O rapaz humano nada disse depois disso, apenas aceitou a sugestão com um aceno rápido e permitiu que o braço de Taehyung o envolvesse mais uma vez. Um toque um pouco mais frio e indiferente que os anteriores.

Sentiu o vento no rosto durante curtos segundos antes de mais uma vez avistar a torre alta onde se localizava o seu quarto. A varanda aberta os aguardava, e as portas que a ligavam ao cômodo se abriram quando Taehyung pousou graciosamente, como se desejasse recebê-los.

Seokjin pisou no chão de vidro sem muito medo desta vez, pois agora a sua mente encontrava-se incomodada com outra coisa.

— Minha pergunta foi sobre algo demasiadamente íntimo. Desculpe-me — murmurou. Ele imaginou que, para Taehyung ter reagido daquela forma, alguém do passado devia ter lhe marcado profundamente, e falecido com a ação do tempo ceifador.

Não era seu direito saber sobre esse detalhe, realmente não deveria ter feito tal pergunta.

As asas do imortal bateram mais uma vez, impulsionando-o na direção da mureta da varanda, onde o colocou sentado sobre o parapeito. Taehyung encarou Seokjin alguns segundos e exalou um suspiro.

— Não é íntimo, pois todos sabem. Todos deste lugar chegaram a amar alguém em determinado momento. — Ele encarou algo além do véu de estrelas que Morpheus deixava atrás de si enquanto viajava pelo céu noturno. A altura da torre permitia ter aquela vista. — Mas permitir que isso ocorra pode ser... ruim, pois as despedidas que vêm depois acabam sendo um tipo de martírio — completou.

— Martírio... — Seokjin murmurou, como numa reflexão que havia sido vocalizada, e virou os olhos para o mesmo ponto distante que Taehyung encarava.

O imortal sorriu com a aparente surpresa que surgiu no tom de voz do mortal.

— Já fomos humanos, Seokjin, algumas fragilidades ainda residem em cada um de nós.

— Sentimentos são fragilidades para você?

Voltaram a se encarar, as sobrancelhas do imortal arqueadas para cima e os lábios num formato quase oposto. Taehyung pensou por um instante, avaliando se iria ou não respondê-lo, e como responderia. Avaliando também Seokjin com suas perguntas incisivas.

No fim, saltou da varanda e, antes de planar para longe, soltou ao vento:

— Tenha bons sonhos, Kim Seokjin.

✥✥✥✥

Jeon Jungkook esperou a torre dos dormitórios se afundar em profundo silêncio, indicando que todos os humanos já se encontravam adormecidos em seus quartos — ou ao menos a maior parte, pois ele tinha visto alguns escapando do salão com os companheiros filhos de Morpheus, indo para algum lugar secreto de onde provavelmente não iriam sair tão cedo.

Pensar nisso fez um rubor quente subir ao rosto, pois ele se deu conta de que era mais ou menos isso o que iria fazer naquele momento, enquanto escapava de seu novo quarto — o melhor quarto que já ganhara na vida — e se dirigia ao salão. Ao local marcado do encontro que teria com Jimin.

Jungkook havia se limpado e trocado de roupa, esperava estar fisicamente mais agradável e seguro quando visse o imortal novamente, mesmo que, debaixo de tantos tecidos pomposos e únicos, seu peito não parasse de vibrar com a ansiedade.

O que Jimin e ele fariam? O que o filho de Morpheus pretendia com aquele encontro tão... secreto? Muitas coisas atravessavam sua mente, uma mais desconcertante que a outra.

Ele deveria ter ido atrás de Seokjin e pedido conselhos ao amigo?

"Não, eu consigo sozinho", pensou, inspirando fundo, e depois deu de ombros. "Claro que consigo, é apenas um simples encontro. Não acontecerá nada grandioso."

Então desceu as escadas de vidro da torre que, provavelmente por causa de sua peculiar magia, o impediam de deslizar com a perna manca. Até mesmo as estruturas do castelo pareciam acolhê-lo, era reconfortante em níveis incalculáveis.

Quando chegou ao térreo, procurou se recordar do caminho que levava ao salão. Não precisou pensar muito porque as tochas azuis logo se acenderam para ele, indicando o percurso que deveria ser percorrido.

Jungkook andou mais um pouco até avistar o portal aberto para ele e o rapaz que o aguardava encostado à porta. O imortal de cabelos rosas e de sorriso lindo.

Aqueles olhos estreitos o observavam com a névoa de ruge.

— Você realmente veio. — A voz dele era doce como a brisa da primavera.

— Claro. Você me chamou. — Jungkook tentou parecer relaxado ao balançar os ombros e a cabeça enquanto se aproximava dele.

— Sim, eu chamei. — O sorriso de Jimin ficou maior, entretido. Isso fez seus olhos diminuírem de tamanho, aumentando o semblante fofo que ele naturalmente carregava. — Porém, também imaginei que você pudesse estar cansado. Foi um longo dia... Eu não ficaria bravo se escolhesse dormir.

O jovem humano se aproximou mais um pouco, eliminando a distância que os separava, e parou somente quando seu corpo ficou bem diante do imortal. A diferença de altura o permitia contemplar Jimin de cima. Talvez, em algum momento no futuro, poderia beijá-lo na testa com facilidade, ou na ponte do nariz, nas pálpebras macias, ou ainda no alto da bochecha. Era algo a se pensar...

— Eu não conseguiria dormir — sussurrou —, não sabendo que você estaria aqui, esperando-me.

Com a fala de Jungkook, os olhos e os lábios carnudos do imortal se abriram levemente, como se as palavras retidas ali tivessem evaporado por um instante.

Silêncio recaiu sobre eles, sustentado por uma troca de olhares intensa e desconcertante. O humano podia jurar que um rubor mais vibrante tingiu as bochechas de Jimin.

— Vamos. Por aqui — chamou o imortal, puxando Jungkook pelo pulso com um toque da mão direita. Este último se deixou ser levado, e aproveitou a distração da caminhada para dar um avanço: Segurar a mão de Jimin.

A priori, seu coração acelerou com receio de ter tomado uma atitude muito apressada e invasiva, mas o filho de Morpheus não pareceu ter se incomodado com aquele toque. Pelo contrário, seus dedos se entrelaçaram aos dele.

A dupla atravessou a saída do castelo de vidro e andou pelas passarelas de lajotas claras que cortavam o jardim brilhante. Tomaram um rumo que Jungkook ainda não tinha conhecido, chegando a uma área mais afastada das torres altas e cheia de árvores densas.

— Estamos perto — disse Jimin, apressando o passo, mas respeitando o ritmo da perna manca do humano.

Quando saíram do caminho de pedras e se aventuraram dentro da floresta bioluminescente, atravessando arbustos e passando por entre grossos troncos de árvores que reagiam ao toque deles — derramando flores azuis em suas cabeças cada vez que um dos rapazes encostava na madeira viva —, Jimin abriu passagem para Jungkook com um sorriso nos lábios, esperando pelo avanço do humano.

O rapaz, um pouco hesitante, olhou através do imortal e paralisou quando viu o olho d'água azul no centro de uma clareira rodeada pela floresta. Ele caminhou até a margem e viu seu reflexo maravilhado refletido na superfície.

— Isso... Essa lagoa é...

— A água é curativa. Ela pode sarar todas as feridas e recuperar tudo o que foi perdido, exceto o tempo de vida de uma pessoa — explicou o imortal, parando ao lado do humano. — Você parecia tão incomodado com sua perna, então decidi oferecer-te uma escolha. Se entrar na água, seu corpo ficará como os dos seus amigos que trouxemos para Morpheus esta noite.

O peito de Jungkook deu saltos. Em suas veias, ansiedade e animação fervilhavam. Aquele olho d'água fora descrito por inúmeros livros humanos que haviam sido devorados pelo interesse voraz do rapaz em achar uma cura para sua perna.

O círculo azul bem diante dele era a epítome de todos os seus sonhos.

— Então bastaria um mergulho? — perguntou, engolindo em seco o nó que se formou no topo da garganta.

— Sim. Apenas um.

— Eu... muito obrigado.

Por conta da felicidade que agora o cobria, Jungkook quase não notou o suspiro exalado por Jimin um segundo após a fala dele. De soslaio, analisou-o discretamente e percebeu uma sombra sutil de tristeza acumulada nos olhos rosados do imortal.

— O que houve, Jimin?

— Hm, nada, na verdade... — O filho de Morpheus virou o rosto para o outro lado e deu de ombros.

— Você está chateado.

— Não estou.

Jungkook o circulou para que seus rostos ficassem visíveis um para o outro, permitindo que a verdade transparecesse neles.

— Diga-me, por favor.

Mordendo o lábio inferior, Jimin soltou o ar pelo nariz e se agachou perto da água, mergulhando um dedo no líquido luminoso.

— Apenas estou sendo egoísta. Sinto muito.

— Não entendi, Jimin. — Jungkook agachou-se perto dele.

Passou-se alguns minutos antes que o imortal abrisse a boca para explicar. O rubor do constrangimento pairando sobre sua face perfeita.

— Sou como você, Jungkook. Fiquei alegre quando descobri isso lá no pátio, depois de Mitam fazer seu discurso.

O humano franziu o cenho, ainda confuso.

Com uma respiração pesada, Jimin tocou nas próprias costas e fechou as pálpebras. Um feixe de luz irradiou das omoplatas do imortal. No segundo seguinte, um par de asas de mariposa apareceu atrás dele, ou pelo menos parte delas. A estrutura estava incompleta. Rachada, melhor dizendo, como se tivesse se quebrado em algum momento. Eram lindas, num tom de rouge que lembrava a cor do vinho, com olhos desenhados pelas membranas de sua superfície. Seriam magníficas em sua completude.

— Você se considera um humano imperfeito. Bem, eu também não sou perfeito como os meus irmãos imortais.

Os olhos de Jungkook saltavam das órbitas.

— Mas... a água. Essa água não pode recuperar suas asas? — Ele apontou para a lagoa.

Jimin chacoalhou a cabeça numa negação.

— Ela afeta somente os mortais.

O humano o encarou em silêncio e depois voltou os olhos para o círculo azul, puxando uma mecha dos cabelos castanhos para trás. Seu ar pensativo foi mal interpretado por Jimin.

— Eu não sou aquilo que você esperava, não é mesmo? Sinto muito. — Um sorriso triste atravessou os lábios dele.

— Não! Quero dizer, sim! — Jungkook se atrapalhou. Num pulo agoniado, ele sentou no chão e abraçou os joelhos. — Isso não é verdade, Jimin. Você é gentil, lindo, incrível... é totalmente o que eu esperava. É até mais. — Sentiu as bochechas queimando. A cada palavra dita, seu tom de voz diminuía por conta da vergonha.

O filho de Morpheus ouviu todas as sílabas e reticências, paralisado e sustentando um semblante estático, meio perplexo. Suas pupilas, duas estrelas negras envoltas por róseos anéis, nublaram-se momentaneamente, como se seus pensamentos tivessem viajado para um ponto distante e retornado em questão de segundos.

Num instante que passou despercebido por Jungkook, o imortal demonstrou apreensão. Isso se desfez logo em seguida, quando um sorriso feliz e sincero tomou conta do rosto dele.

— Você também é muito lindo e gentil, Jungkook — murmurou. Os lábios cheios e aparentemente macios atraíram o olhar do humano.

Com um pigarreio, o garoto ficou em pé e estendeu a mão a ele.

— Podemos passear em outro lugar agora? Ainda não estou com sono. Quero conhecer mais. — "Conhecê-lo mais", quase ia dizendo.

— Não entrará na água? — Jimin ficou surpreso.

— Não. Não sinto mais tanta vontade de ser um garoto como todos os outros. — Ele deu de ombros, sua mão ainda estendida para o imortal.

As mãos então se juntaram. Agora os dois estavam em pé na margem.

— Tem certeza disso? Não irá se arrepender? — O sorriso radiante de Jimin hesitava.

Aquela visão atordoou um lado muito impetuoso que Jeon Jungkook zelava para que não viesse à tona. Derrotado, ele se moveu num sobressalto, segurou o rosto de Jimin e depositou um beijo nos lábios dele. Foi rápido, um simples selinho, apenas para satisfazer um pouco aquela parte vibrante de seu coração.

— Sim, tenho certeza — respondeu após se afastar do filho de Morpheus que fora surpreendido.

Evitou encará-lo novamente, temendo sua reação, mas um momento depois teve sua mão puxada pela dele, convidando-o para um passeio longe dali.

— Vou lhe mostrar o local onde ocorrerá o baile de amanhã — disse Jimin, sem virar o rosto. Jungkook podia jurar que havia visto um lampejo de rubor no rosto dele.

— Um baile?

— Sim. Enquanto vocês estiverem aqui, teremos festas frequentemente. A próxima será um baile de máscaras, Mitam me contou.

Mitam, a filha de Morpheus mais velha. O garoto humano imaginou que talvez fosse ela quem preparava aqueles eventos incríveis, então passou a admirá-la um pouco mais.

— Teremos festas até a nossa velhice? Nossa! — exclamou. Em suas conversas com Jimin enquanto andava pelo castelo ao lado dele e se dirigia até seu quarto, o garoto descobriu que ir para Morpheus não o tornaria imortal automaticamente. Ele não se importou com isso. Não ligava para a ideia de envelhecer, já que o faria no Reino dos Sonhos. Teria uma vida confortável, então estava perfeito.

O imortal demorou para responder sua pergunta. Ele seguiu caminhando em silêncio durante alguns segundos, o rubor em seu rosto se esvaindo, até que parou e virou-se para Jungkook.

— Isso mesmo... — Jimin sustentava um sorriso não tão brilhante quanto os anteriores. — Terão festas até o último suspiro de suas vidas.

✥✥✥✥

Seokjin havia adormecido há algumas horas. A cama confortável e o cansaço do dia anterior facilitaram sua completa entrega aos travesseiros fofos e macios. Por conta disso, ele não soube explicar como uma simples movimentação num canto do quarto acabou despertando-o do sono profundo.

Com os olhos entreabertos e ainda pesados, ele encarou atônito um molde escuro que se projetava numa das paredes de vidro. Era como uma sombra, mas não havia ninguém ali para moldá-la. Isso o aterrorizou completamente.

Engolindo em seco, Seokjin ameaçou correr para a varanda e gritar por alguém, talvez por Taehyung. O imortal havia prometido que estaria ali quando precisasse, que o pegaria se caísse do alto daquela torre, então provavelmente poderia ouví-lo pedindo ajuda. Mas antes que saísse da cama, a sombra se moveu rapidamente, ficando diante dele, e balançou as mãos fantasmagóricas num gesto desesperado, como um mudo pedindo calma.

Paralisado, Seokjin observou a mão da sombra tocar a sua, envolvendo-a e tentando puxá-la. Em seguida, o vulto negro se dirigiu à porta e indicou a passagem ao humano, pedindo para ser seguido.

Intrigado pelo mistério — e talvez enlouquecido pelo sono —, o rapaz se entregou à curiosidade e seguiu o estranho visitante pelos corredores e escadarias do castelo de vidro.

Agora um breu denso pairava pelas alas da grande estrutura, dificultando o percurso de Seokjin e engolindo a sombra esquisita uma vez ou outra. Ele a perdeu duas ou três vezes durante o caminho.

Luz amarela brotou ao longe após o humano virar uma esquina. Ela vinha de um cômodo que estava com suas portas abertas, e parecia ser o único local "desperto" naquele castelo no momento.

A sombra guiou Seokjin até lá, e depois simplesmente sumiu quando ele chegou ao portal.

— Nossa — murmurou o humano, após reparar que estava diante de uma biblioteca imensa.

"Por que aquela coisa me trouxe até aqui?", perguntou em pensamentos e caminhou para dentro do mar de estantes.

Havia livros de todos os formatos e tamanhos, muitos com aparência antiga, como se estivessem ali há séculos. As fileiras intermináveis eram iluminadas por postes com braseiros alaranjados, que sustentavam um fogo mágico não inflamável, perfeito para se estar num local tomado por folhas de papel.

Enquanto admirava o arsenal incalculável de livros, Seokjin escutou sussurros vindos de algum lugar mais ao fundo da biblioteca, numa área que não era suficientemente iluminada pelos braseiros.

Com a curiosidade aflorada, caminhou silenciosamente até lá e entrou numa fileira de estantes que lhe permitiria ter uma visão do outro lado, das pessoas que conversavam ali.

Infelizmente a escuridão naquele ponto era pesada, ele mal conseguia ver o molde dos corpos sussurrantes, mas suas vozes.... Seokjin as reconheceu imediatamente. Eram de Taehyung e Jimin.

— Não consigo. Não consigo. Não sou capaz disso outra vez — a voz doce do imortal que havia escolhido Jungkook carregava um tom urgente. Parecia estar com medo.

— Será a última. — Seokjin se assustou com a frieza cortante do tom de Taehyung.

— Você não tem certeza. Não posso arriscar, sabe disso!

— Tente se controlar como eu. Sinto que encontrei uma maneira de mudar as coisas. Não faça uma estupidez.

— Você é um hipócrita, Taehyung. Mitam o favorece. Você não tem o direito de me criticar assim.

— Irá se arrepender. — O tom gélido do homem alado ganhou fragmentos de preocupação.

— Eu sei! — A angústia na voz de Jimin era palpável. Sobre o que diabos estariam falando? — Jungkook é um anjo de pessoa. Eu já me arrependo de tudo...

Uma borboleta azul de repente surgiu diante dos olhos de Kim Seokjin, chamando-lhe a atenção e momentaneamente calando as vozes da conversa.

Ela bateu as asas brilhantes até se aproximar de uma superfície lisa não muito distante de onde o humano estava e então atravessá-la. Intrigado, ele caminhou até lá e constatou que se tratava de um espelho. Um espelho mágico, assim como todas as outras coisas daquele reino.

Porém, para o seu completo assombro, no lugar de uma imagem invertida das estantes cheias de livros da biblioteca, o que aparecia no reflexo do vidro era um local abandonado pelo tempo, destruído e morto, com insetos deformados flutuando de um lado para o outro, flutuando ao redor do reflexo de um Kim Seokjin petrificado pelo medo.

E a criatura que apareceu atrás dele no espelho tinha asas negras como as de um corvo, e o rosto cadavérico como o da morte.

— Você não deveria estar acordado a esta hora, Seokjin. — O sussurro de Taehyung em suas costas fez seu coração parar.

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#FilhosDeMorpheus

Deixa seu ⭐VOTO⭐, isso me incentiva como escritora ^^

Muahahaha! Tomaram um susto com esse final? Escrever esse Taehyung me fascina, de certa forma... Ele é lindo e maravilhoso, mas claramente esconde um lado apavorante. Agora não tem volta, Seokjin já descobriu que há algo de errado, mas, e aí? Ele é só um humano, e está sozinho, por enquanto. Jungkook já está apaixonado por Jimin, e Jimin... Será que é tudo falso o que o nosso imortal de cabelos rosas sente? Melhor: Será que Morpheus é totalmente falso? Todas as histórias sobre o Reino dos Sonhos são mentirosas? E quem é Mitam? Como ela influencia tudo isso?

Tentarei estar de volta daqui a 15 dias com um novo capítulo. Um baile de máscaras vem aí! Adoro isso, então estou ansiosa...

Obrigada pela sua leitura! Espero vê-los em breve💜

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