✥| Capítulo 3 | ✥
BOA NOITEEE
AAAAAAA estou muito, mas MUITO feliz em saber que algumas pessoas estão gostando de verdade desta história. Isso vem me animando e me incentivando tanto que, às vezes, burlo o meu cronograma diário para tentar adiantar a escrita dos capítulos que virão, porque, diferentemente de minhas outras fanfics, escrever Morpheus me faz imergir numa vibe mais misteriosa e, rs, sensual. Acho que é por culpa da personalidade do Taehyung. Fazia muito tempo que eu não desenvolvia um personagem assim...
No capítulo de hoje vocês terão algumas respostas para o que foi abordado no final do capítulo passado. Sei que dúvidas e questionamentos já surgiram entre os leitores, quero ver como isso vai se desenvolver até o último parágrafo... hehe. Por isso, por favor, COMENTE! Diga-me o que está sentindo e o que está pensando, aguardarei ansiosa💜
Deixe seu ⭐VOTO⭐, use a tag #FilhosDeMorpheus e tenha uma ótima leitura ^^
| III |
— Você... — Taehyung abriu e fechou a boca, como se estivesse escolhendo as palavras que iria proferir. — Você consegue vê-las?
— Sim. Eu não deveria ser capaz de ver sombras? — Seokjin contraiu o rosto, confuso.
Antes de obter sua resposta, ele reparou que o imortal agiu de maneira um pouco estranha. Primeiro, Taehyung olhou de soslaio para onde anteriormente Mitam havia aparecido, brotando do chão. Depois, seus olhos varreram o local como se procurassem algo ou alguém. Tudo isso aconteceu muito rápido, numa fração de segundos, mas ainda assim deixou o jovem Kim intrigado.
— Não, você não deveria ver essas sombras. Somente aqueles como eu podem. — explicou o rapaz alado. A lividez no rosto dele agora tinha desaparecido, e a cor de seus olhos voltara ao normal, com o roxo e o cinza se misturando novamente, mas havia algo tensionado no ponto entre suas sobrancelhas perfeitamente desenhadas.
— Então não são sombras comuns? — Seokjin ainda não compreendia.
Taehyung o encarou pensativo, parecia estar calculando as palavras que diria a seguir. Por um segundo, pôde-se jurar que um vulto de melancolia havia atravessado suas íris coloridas.
— São marcas, marcas de minha imortalidade. São sombras dos humanos que viveram comigo no passado, daqueles que escolhi e que morreram alguns anos depois — explicou.
— Morreram?
— Isso lhe assusta?
— Não, é que... Sempre nos foi dito que Morpheus daria a imortalidade para todos os humanos que viessem para cá.
Taehyung puxou os lábios num sorriso preguiçoso.
— Apenas alguns são escolhidos por Morpheus para receberem a imortalidade, Seokjin. Mas não se preocupe com isso, sua vida aqui e a de seu amigo serão boas, não lhes faltará nada.
Ele então se virou e continuou andando pela trilha de lajotas, dessa vez sem esperar pelo jovem Kim. Aparentemente sabia que o rapaz já o seguiria sem mais delongas.
Seokjin partiu atrás dele, obviamente, cheio de perguntas rodopiando em sua mente. No entanto, ele decidiu proferi-las aos poucos. Sentia que aquele assunto era um tanto delicado para o imortal alado.
— Hm, Taehyung... Como Morpheus escolhe quem vira imortal?
Outro sorriso preguiçoso.
— É segredo — murmurou o outro, seus lábios sendo cobertos por um dedo indicador.
Seokjin anuviou-se, frustrado. Não é como se ele quisesse saber a fórmula da imortalidade, pois viver para sempre não era um de seus desejos. O garoto apenas estava estranhamente intrigado com tudo aquilo. A face de Taehyung, contudo, dizia que ele não lhe revelaria esse segredo nem sob muita insistência, então o jovem Kim partiu para a próxima questão enquanto andava ao lado dele.
— Certo — murmurou, balançando-se. — Se todas essas sombras são dos humanos escolhidos no passado, e contando com o tempo que leva para que Morpheus desça à Terra, então você é bem velho.
O imortal exalou uma risada.
— Boa conclusão.
— Quantas são? Deixe-me ver... — Seokjin andou ao redor dele com um olhar analítico, verificando cada sombra. Quase se espatifou contra as asas de Taehyung enquanto fazia isso.
Ao mesmo tempo, Taehyung se divertia com aquilo e tentava conter outra risada com os lábios selados.
Quando terminou, o humano soltou uma exclamação.
— Sete sombras. Isso soma... três mil e quinhentos anos!? — Os olhos castanhos de Seokjin quase pularam fora das órbitas.
— Um pouco mais que isso, mas sua estimativa está correta.
— Quer dizer que viveu mais? Então não trouxe humanos para cá desde o início?
— Eu não era um filho de Morpheus desde o início — disse Taehyung, dando de ombros, mas depois hesitou ao dar um passo, como se tivesse se tocado de que havia falado mais do que pretendia.
— Você era humano, Taehyung?
Eles cruzaram os olhares, o brilho da curiosidade de Seokjin deparando-se com uma barreira de mistério que girava ao redor do rapaz alado.
— É tão cheio de perguntas... para alguém que até poucas horas atrás era cético. — Uma gota de sarcasmo surgiu no tom de voz de Taehyung. Era possível notar que ele estava levemente irritado, fazendo Seokjin sentir que havia ultrapassado algum limite.
O jovem Kim não sabia o que poderia acontecer se um filho de Morpheus de repente se chateasse com um humano, pois as histórias da Terra sempre falavam dos imortais como se eles fossem divindades, criaturas superiores a tudo que fosse bárbaro e simplório; Seokjin, contudo, nunca havia acreditado nesses contos, então, ele fechou a boca para não retrucar com outra fala sarcástica. "Só estou curioso como qualquer outro ficaria", queria dizer, mas não iria arriscar ser arremessado para fora do Reino dos Sonhos por aquele homem com asas.
Notando o silêncio súbito vindo dele, Taehyung relaxou o semblante, exalou um prolongado suspiro e pôs uma mão quente no ombro do humano.
— Podemos conversar sobre isso num outro momento. Ainda há muito para ser mostrado... — E como se cada parte de Morpheus esperasse pelos sinais daquele imortal, arbustos cheios de neblina arroxeada se abriram para os dois rapazes, revelando um portão alto de ferro negro cheio de hastes retorcidas feito gavinhas, o qual ofereceu-lhes passagem para a alta torre de vidro colorido que erguia-se alguns metros adiante.
Estar tão perto daquela torre permitiu a Seokjin o vislumbre de todos os detalhes das paredes transparentes e coloridas, montadas como num mosaico gótico que reluzia sob a luz das estrelas. Podia-se ver uma verdadeira galáxia em sua superfície, com uma luz muito mais intensa do que aconteceria se fosse um simples reflexo do céu noturno.
"Magia", o rapaz pensou, sem fôlego e novamente impressionado. Quantas vezes mais iria sentir o coração pulsando daquela forma enquanto vivesse em Morpheus? Pensar nisso lhe provocou ondas de adrenalina nas veias.
— Todos já entraram. Devem estar se arrumando em seus quartos. — Taehyung observou após verificar a entrada vazia da torre. Em seguida, ele encarou Seokjin por sobre o ombro. — Seremos os últimos a chegar no salão de refeições.
— Vão reclamar conosco?
— Não. Podemos fazer o que quisermos aqui, mas você gostaria de ficar para trás enquanto o seu melhor amigo e os demais se enchem de comida boa e assistem às atrações de Morpheus?
— Existem atrações? Como num circo?
— Circo? — O imortal pensou por um segundo. — Oh! Acho que sei do que está falando. Sim, são atrações como as de um circo.
— Sendo assim, então você tem razão. — Seokjin anuviou-se minimamente, não queria deixar óbvio a ansiedade que vibrava dentro do peito.
Mal sabia ele que os olhos de Taehyung eram extremamente perceptivos. Com o sorriso preguiçoso de volta aos lábios, o imortal abriu as asas atrás de si, colocou, sem hesitação, a mão ao redor da cintura de Seokjin, e se impulsionou para cima, para planar até o topo da torre. Ao seu lado, o jovem Kim reprimia uma exclamação de susto.
Quando chegaram à varanda mais alta, ligada ao quarto mais alto, o garoto foi deixado ali.
— Avise-me na próxima vez em que for fazer isso, por favor — Seokjin balbuciou enquanto tentava recompor a postura ao se apoiar no pararapeito da varanda. Quando fez isso, arrependeu-se de imediato, pois ele viu o chão lá embaixo quilometricamente distante.
O vidro azulado que cobria aquela parte da torre tinha um aspecto ancestral, mas não parecia nenhum pouco frágil e perigoso. No entanto, era difícil não sentir um revirar no estômago depois de visualizar tal cenário.
— Não se preocupe, você não vai cair. Eu não deixarei. — Taehyung agora estava sentado na beirada do parapeito, com uma perna sobre o vidro e a outra esticada para baixo, balançando no ar. Suas asas flutuavam atrás dele, plumas negras e roxas brilhando com a Lua. Ele era tão seguro sobre tudo que parte do nervosismo de Seokjin se desfez em cinzas.
— É fácil falar para quem tem asas e voa. Não sei se conseguirei dormir num quarto tão alto. E se eu me jogar desta varanda enquanto durmo?
— Ainda assim não chegará ao chão antes que eu o pegue no meio do ar. — Ele apoiava a lateral do rosto com um punho fechado, seus olhos profundos eram duas esferas recheadas de um mistério atrativo.
Seokjin piscou pensativo, e então disparou:
— Por quê?
— O quê?
— Por que age assim? Por acaso todos os filhos de Morpheus são como você, tão protetores, gentis e cuidadosos?
Um sorriso divertido pairou nos lábios do imortal.
— Se vivesse centenas e centenas de anos sozinho, você compreenderia.
— Sozinho? Seus irmãos não lhe fazem companhia?
O sorriso hesitou.
— Não é a mesma coisa. Imagine conviver com as mesmas... pessoas durante milênios.
— Oh... Acho que consigo entender.
Taehyung chacoalhou a cabeça e saltou do parapeito. Suas asas o impediram de cair, balançando-se no ar com vigor e graça.
— Enfim, sem mais delongas. Dentro do quarto você encontrará um armário com roupas, acessórios e calçados. Há também uma banheira, ela se enche e se esvazia sozinha, então, se quiser, pode tomar um banho antes de trocar as vestes do corpo. — Explicou com uma dicção impecável, a voz profunda dançando pelo ar. Fez um último acréscimo depois de dar uma pausa calculada. — E, por último, há uma cama, mas deixe para experimentá-la depois.
Cruzaram olhares mais uma vez. Não havia malícia na voz do imortal, mas o silêncio que se prolongou depois de sua fala foi tão estranho e desconcertante que Seokjin sentiu calor nas maçãs do rosto.
— Então... — pigarreou e se virou para encarar o céu. As estrelas pareciam muito mais interessantes naquele momento.
— Eu o verei mais tarde, no salão de refeições. — Taehyung se afastou da varanda e, após fechar o olho numa suave piscadela, planou para longe como um pássaro ligeiro.
Quando ele sumiu entre as outras torres do castelo, Seokjin observou mais atentamente o cenário que o rodeava. Uma brisa forte arrastava sua camisa e seus cabelos, resultado do que ele notaria em seguida: Morpheus estava se deslocando pelos céus, erguendo-se acima das nuvens e abrindo caminho na atmosfera escura, movendo-se na direção oposta à que o Sol nasceria, como se fosse uma criatura da noite que navega somente entre as estrelas.
Era um adeus definitivo à sua terra natal, à sua vida antiga. O rapaz sentiu uma profusão de receio e ansiedade vibrar em seu âmago.
Atordoado, adentrou o quarto para lavar-se e trocar de roupa. Encontrou tudo aquilo que Taehyung havia lhe falado, o armário, as roupas, a banheira mágica, a cama... Limpou-se rápido, apreciando a temperatura morna da água que surgia de lugar nenhum, e escolheu roupas confortáveis dentre todas as peças brilhantes e esquisitas que encontrou. Mesmo as mais simples eram feitas com lantejoulas, pontos de luz e tecidos translúcidos. No mundo humano, vestir aquilo lhe daria passagem direta para um espetáculo. Em Morpheus, elas apenas te fariam combinar com a paisagem fantástica.
Quando ficou pronto, olhou para as roupas com as quais tinha chegado naquele lugar, e pegou a gravata de borboleta que sua irmã havia colocado em seu pescoço. Ele não gostava daquele acessório, que era tão apertado e, em alguns aspectos, constrangedor; mas de repente abandoná-lo parecia errado, pois tecnicamente aquele seria a última lembrança que teria de sua família dali por diante. Então o colocou ao redor do pescoço, ainda que o tecido destoasse das roupas de Morpheus.
Por fim, partiu para fora do quarto.
Mesmo atrasado, Seokjin conseguiu acompanhar um grupo de humanos que tinham saído por último. Eram garotos do vilarejo com quem ele pouco tinha contato, mas todos se conheciam por alto, então o receberam naturalmente.
Seguiram para onde imaginaram que ficava o tal salão de refeições, andando pelo único caminho que era iluminado por uma fileira interminável de tochas azuis. Um pouco antes de chegarem lá, foram surpreendidos com os sons de aplausos, gritos e exclamações, e de música agitada que ecoava por todos os lados. Seokjin apressou o passo junto com os demais, todos sentiam a animação fervilhando dentro de seus corpos.
A primeira coisa que viu quando chegou foi um dos filhos de Morpheus balançando-se no ar, envolto numa longa cauda de tecido vermelho pendurada no teto alto do salão. Ele passou por cima do rapaz, jogou-lhe algumas flores que nunca tinha visto antes em toda sua vida, e saltou para ser pego por outro imortal que também balançava-se com um tecido. Era um show de acrobacia.
— Jin, venha! — Jungkook gritou do outro lado do salão, sua voz quase foi abafada pela segunda onda de aplausos e gritaria. Ele parecia à vontade numa cadeira ao redor da imensa mesa que tomava aquele espaço.
Seokjin começou a andar até o amigo e, enquanto o fazia, observou os detalhes ao seu redor. Assim como outras partes do castelo, as paredes eram de vidro colorido, um imenso mosaico reluzente, e havia colunas fixadas nelas para dar suporte. O espetáculo dos filhos de Morpheus acontecia no ar, com cordas, tecidos, trapézios e liras esféricas sendo usados em performances exuberantes e de arrancar completamente o fôlego. Talvez fossem os milhares de anos de treinamento, ou a ausência do medo da morte permitindo aos imortais o uso total daqueles objetos de acrobacia.
Por fim, ele admirou a mesa e todas as comidas dispostas sobre ela. Não conhecia nem metade do que havia ali, eram pratos que provavelmente tinham vindo de outros lugares do mundo, ou poderiam ser de uma culinária própria do Reino dos Sonhos. Bem, isso não era importante, pois o cheiro e o aspecto estavam saborosos.
— Imaginei que fosse te encontrar assim — disse Seokjin quando se aproximou de Jungkook e viu que ele comia um enorme prato de comida.
— Jin, você precisa experimentar esse... esse negócio que não sei o nome, mas parece carne assada misturada com pasta de batata. É tão bom!
— Não faz muito tempo desde que jantei, mas comerei um pouco.
Puxou um prato vazio para si e se serviu com a mesma coisa que estava arrancando exclamações de prazer de Jungkook.
Nestes entrementes, escutaram mais gritos da platéia humana. Os acrobatas tinham feito uma manobra perigosa envolvendo giros sequenciados, antes de voltarem para os seus respectivos trapézios.
— Uau — balbuciou Seokjin, com os olhos virados para o show.
— Sim. Uau... — Jungkook murmurou ao seu lado. Em seguida, largou os talheres e adquiriu um semblante pensativo. — É tudo real. As histórias, as lendas. Somos muito sortudos, Jin.
— É — exalou um suspiro —, você tem razão. Eu acho.
— Nossa, está concordando comigo? Que evento raro.
— Não tenho como discordar. — O jovem Kim deu de ombros e encheu a boca com comida. Respirou fundo quando sentiu o sabor absurdamente saboroso.
— Viu só? Às vezes você só precisa me escutar e acreditar em mim, igual fez com a comida.
— Está bem, agora me deixe comer em paz. — Seokjin revirou os olhos e sorriu, e então engoliu outra porção de carne com batata pastosa.
Ao seu lado, Jungkook também sorria, mas seu sorriso foi tomado por um rubor quando o jovem Kim proferiu as próximas palavras:
— Aparentemente você se deu bem com aquele filho de Morpheus que tem cabelo rosa.
— O Jimin é... gentil. E bonito.
— Não me diga que se apaixonou. — Seokjin falou em tom de brincadeira, mas logo notou que, para o amigo, aquele assunto era bastante sério. — Jungkook...
— Não olhe para mim com essa cara, como se eu estivesse ficando louco.
— Você só o conhece há poucas horas.
— E passarei o resto da vida com ele. Não fale comigo como se... se fosse proibido. — As mãos de Jungkook fecharam-se em punhos. — O Acordo surgiu porque um humano e um imortal se apaixonaram, afinal de contas. Além disso, eu não fui o único a raciocinar por esses moldes, basta olhar ao nosso redor!
E assim fez Seokjin, virando o rosto e varrendo outras áreas do salão com os olhos. Percebeu rapidamente a que Jungkook se referia. Entre as cadeiras das mesas, alguns filhos de Morpheus e humanos abraçavam-se, trocavam carícias, comiam do mesmo prato e sussurravam em seus ouvidos de maneira sedutora.
O rapaz então recordou-se do que Taehyung havia lhe dito mais cedo: "Se vivesse centenas e centenas de anos sozinho, você compreenderia".
"Acho que ainda estou muito preso às convenções mundanas da Terra", Seokjin refletiu, por fim, cedendo às objeções de Jungkook e se calando.
Foi nesse momento, quando ia voltar o rosto para o prato em sua frente, que ele avistou a figura do homem alado no canto mais afastado do salão.
Taehyung estava em pé ao lado de Mitam, os dois conversavam com sorrisos serenos, observando o espetáculo que acontecia no teto do recinto. Pareciam felizes e satisfeitos.
Seokjin manteve o rosto inexpressivo enquanto os observava. Por dentro, algumas coisas tamborilavam em sua mente, deixando-o um pouco desconfortável. Tentou reprimi-las para o canto mais profundo, já que elas simplesmente não faziam sentido. Acabou não conseguindo, pois o olhar cinza-arroxeado o encontrou no meio do processo, desconcertando-o.
Para a sua sorte, de repente as luzes do salão diminuíram de intensidade e mudaram do azul vivo para um rubro morno e sensual. A música, que tinha origem desconhecida, também reduziu o ritmo, passando a entoar como harpas suaves e românticas.
O show de acrobacia intenso havia terminado e agora aconteceria outro, com outra estrela principal.
Jeon Jungkook piscou quando viu Jimin descendo por uma corda presa a uma lira, num movimento lento que mostrava bem os músculos tensionados por baixo das roupas vermelhas coladas ao corpo do imortal. Segurou a respiração quando o assistiu saltar e se prender à lira com a dobra das pernas, num movimento tão perfeito que, se não fosse, teria dado errado.
Jimin girou e girou, movendo os braços numa dança ritmada enquanto suas pernas habilidosas faziam todo o trabalho de sustentação. Os cabelos rosados balançavam-se com ele, refletindo luzes e, às vezes, cobrindo seus olhos de mesma cor, oferecendo-lhe um ar de mistério que combinava muito com a performance.
Depois de fazer mais alguns movimentos no ar, o imortal tirou algo de dentro da roupa e mostrou ao público. Tratava-se de uma pequena mariposa, e ela voou bem acima de todos, derrubando um véu de brilho por onde passava, transformando o salão numa verdadeira constelação.
A mariposa pousou sobre a mão de Jungkook. Com os dedos trêmulos, ele tentou tocá-la, e, assim que o fez, ela se transformou numa coroa de flores. Todos que assistiam aplaudiram, até mesmo Seokjin.
Mas o show de Jimin ainda não tinha chegado ao fim.
A lira começou a descer em direção ao solo, e, enquanto isso, o imortal movia-se por ela numa dança vagarosa e hipnótica.
Já próximo ao chão, Jimin virou-se para Jungkook. Sustentando um sorriso empolgado sobre a face perfeita, ele o convidou com o movimento de um indicador, desejando que o garoto fosse até lá.
Hesitante, o jovem Jeon ergueu-se da cadeira e atravessou o salão, segurando a coroa de flores numa das mãos. Sabia que muitos olhares estavam sobre ele, e que a maioria se concentrava em seu caminhar desequilibrado por causa da perna manca, mas isso não o incomodava tanto assim. Sua mente estava presa em outra coisa, em outra pessoa.
Parou diante de Jimin e ofereceu a ele o adorno florido. Não esperava que o imortal fosse inclinar a cabeça para baixo, sugerindo que colocasse a coroa sobre ela.
Após um segundo de demora, Jungkook o fez, e tentou deixar o acessório bem ajustado para que ficasse bonito no meio da cabeleira rosa.
No final, Jimin voltou a erguer a cabeça e cruzou olhares com o humano. Suas mãos, tão doces, subiram até as laterais do rosto dele numa carícia.
— Depois que todos estiverem dormindo, encontre-me aqui. Quero levá-lo a um lugar especial — murmurou para que somente Jungkook ouvisse sua mensagem.
Da mesa, Seokjin observava-os com curiosidade. Era a primeira vez que via o amigo de infância agindo daquela forma, olhando para alguém com aquele olhar. Achou um tanto engraçado e, ao mesmo tempo, ficou preocupado com a possibilidade de algo dar muito errado.
Seus pensamentos fluíram até se concentrarem num detalhe um pouco abaixo do filho de Morpheus sobre a lira. Assim como ocorria com Taehyung, Jimin também tinha mais de uma sombra — e isso não era resultado do ângulo da iluminação —, porém, a quantidade delas era menor do que a do imortal alado.
"Jimin é mais novo", pensou Seokjin, levando em conta o que havia conversado mais cedo com Taehyung.
Teria desviado o olhar para calcular a idade dos outros filhos de Morpheus ali presentes, através de suas sombras — um entretenimento simples para sanar sua curiosidade —, se não tivesse visto o vulto de uma cena assustadora. No lugar das mãos belamente esculpidas de Jimin, com dedos medianos de maciez palpável, havia duas mãos retorcidas com unhas imensas que se misturavam à carne putrefata, tocando a cabeça e a nuca de Jungkook num gesto possessivo.
Durou apenas uma fração de segundo, tão rápido que poderia ter sido apenas resultado da mente pregando uma peça na visão do rapaz.
Seokjin, aturdido e zonzo pelo choque instantâneo, encarou Jimin e Jungkook sem piscar, esperando pelo retorno da imagem perturbadora para ter certeza de que havia sido apenas uma esquisita ilusão. E aparentemente fora, pois ela não retornou, nem quando a Lira foi puxada para cima, separando a dupla num adeus momentâneo.
— Estou ficando paranoico, é isso... — murmurou num sibilo quase mudo.
Devia ser o sono, já que tinha ficado acordado a noite inteira. Se não fosse pela movimentação de Morpheus pelos céus, o Sol já estaria sobre eles, exibindo um novo dia e trazendo consigo a ressaca noturna.
Sim, só podia ser isso.
— Seokjin. — A voz de Taehyung surgiu ao seu lado de súbito, assustando-o. O rapaz não fazia ideia de como e nem quando aquele imortal havia atravessado o salão e chegado ali.
— Seokjin — foi chamado novamente —, terminou de comer?
— Eu... sim. — O jovem Kim olhou para o prato vazio em sua frente. Sentia-se estranhamente nervoso e confuso.
— Apreciou a comida?
— Sim, estava muito boa.
— Ótimo. Quer vir caminhar comigo no pátio exterior? — Taehyung ofereceu a mão, que agora estava enfeitada com anéis e pulseiras.
— Pátio? Mas—
— Não era sua pretensão me fazer perguntas? Talvez eu esteja disposto a responder algumas delas enquanto passeamos.
De alguma forma, era possível notar gotas de impaciência e de urgência na voz de Taehyung, como se ele precisasse levar Seokjin para o pátio exterior, ou talvez tirá-lo dali, daquele salão, o quanto antes.
O humano não tinha objeções a dar um passeio fora do castelo, e particularmente desejava obter respostas para suas dúvidas, então aceitou o convite sem muita demora.
Enquanto caminhava para fora daquele imenso recinto, sentiu um impulso de olhar para trás, para Jungkook, para o acrobata no teto e então para Mitam. Nessa hora, reparou em como os olhos brancos da filha mais velha de Morpheus encaravam-no, estreitos e perturbadoramente vazios.
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#FilhosDeMorpheus
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Haha, as suspeitas de vocês aumentaram, não é? Mas agora quero saber que tipo de ideias e teorias estão se enraizando em suas mentes sobre Jimin, Taehyung e Mitam... E por que o Jin consegue ver tantas coisas...
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje ^^! Estou ansiosa para completar e postar o próximo, pois ele trará uma aproximação um pouco maior dos casais, e uma nova faceta do que está acontecendo por trás do... bem, de tudo.
Obrigada pela sua leitura e pelo seu apoio!
Até a próxima, mozinhos💜
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