✥| Capítulo 2 | ✥
Olá, pessoal!
Obrigada novamente pela sua presença aqui, Morpheus é uma caçula muito especial para mim.
Neste capítulo vocês conhecerão o Reino dos Sonhos e irão presenciar as primeiras conversas dos nossos dois casais protagonistas, TaeJin e Jikook. Espero acelerar um pouquinho os seus corações!
Deixe o seu ⭐VOTO⭐, use a tag #FilhosDeMorpheus e escute a música do capítulo, ela é maravilhosa💜
Boa Leitura!!
| II |
Com a aparição do homem alado, de repente um silêncio perplexo reinou sobre todos eles. A quietude só foi quebrada quando uma segunda voz desconhecida ressoou de dentro de um beco escuro não muito distante dali.
— Obviamente, Morpheus recusa a entrada daqueles de alma podre, ainda que acreditem piamente em nossa existência. — Outro filho de Morpheus se revelou, saindo das sombras noturnas e surgindo sob a iluminação do luar.
Este não tinha asas, mas isso não diminuía em nenhum grau a sua presença sobrenatural, pois sua pele clara parecia irradiar luz própria, o que lançava feixes de brilho em seus cabelos coloridos num tom rosado; e os olhos puxados e estreitos, com íris tingidas de ruge, moldavam na face atrativa um aspecto sensual. Este último detalhe tornava-se dissimulado quando somado ao sorriso de seus lábios carnudos.
Jeon Jungkook acabou tão hipnotizado por ele que não o percebeu caminhando em sua direção e lhe estendendo a mão.
— Olá. Eles o machucaram? — Disse o filho de Morpheus, com um semblante gentil na face.
Jungkook quase tropeçou para trás. Após engolir em seco e tentar se recompor para não gaguejar ou expor o nervosismo crescente que o invadia, respondeu:
— Não... Não tiveram tempo. O meu amigo ajudou.
— Oh, que bom! — O sorriso do indivíduo cresceu a ponto de contrair os olhos, transformando-os em duas pequenas e graciosas fendas.
Ao lado de Kim Seokjin, o homem alado se remexeu e lançou um olhar satisfeito, deixando-o atônito e confuso.
— Bem... — Agora ele se dirigia a Ming Sung e seus amigos. — Aproveitem os próximos cinco séculos para tentarem ser dignos.
Suas asas ergueram-se sutilmente, ganhando um volume que assustou a trupe de arruaceiros e os fez dar vários passos para trás até sumirem de vista.
— Infelizmente esses tipos existem em todas as épocas — comentou, balançando os ombros e exalando uma risada anasalada. Depois, numa atitude que propositalmente mudava os rumos da conversa, ele circulou Kim Seokjin como se estivesse verificando-o de cima a baixo. — Interessante... Então quer dizer que você não acreditava em nossa existência.
Seokjin não respondeu, apenas continuou encarando-o.
— Hm, o choque ao saber que estava errado o deixou mudo?
— Não...
— Então o que foi? — A curiosidade na face do estranho com asas era palpável.
— ... O que vão fazer com nós dois? — Ainda que tudo sobre Morpheus parecesse belo e mágico, o lado cético e cauteloso de Seokjin tinha dificuldade de acreditar em todas as coisas boas ditas pelas lendas. Ele era do tipo que aguardava, analisava e só então confiava.
— O que vamos fazer? Bem, ... Jimin parece já ter tomado a decisão dele. — O homem alado encarou de soslaio o amigo com cabelos rosas. Ao que parecia, Jimin era o nome do outro filho de Morpheus.
— Ah, sim. Eu achei esse garoto aqui uma gracinha. — Jimin acariciou a mandíbula de Jungkook com a ponta do indicador. — Desejas viver comigo em Morpheus?
Um convite simples para algo imenso.
Os olhos de Jungkook automaticamente ficaram úmidos e vermelhos. Todos os seus sonhos estavam se realizando diante de si, parecia quase mentira.
— Si-sim. Seria... seria tudo para mim — respondeu sem qualquer hesitação.
— Jungkook, espera—
Seokjin tentou ir até o amigo para pedir que ele pensasse um pouco melhor antes de tomar tal decisão — pois, afinal, quem vai morar no Reino dos sonhos fica lá para sempre —; porém, uma asa negra foi colocada em seu caminho gentilmente, interrompendo-o.
— Seokjin, este é o seu nome, certo? Escutei aqueles garotos falando... Pode se referir a mim como Taehyung, se preferir. — Os olhos roxo-acinzentados do homem pareciam cada vez mais interessados na forma de agir do jovem Kim. Talvez fosse o brilho teimoso que existia no semblante do rapaz, ou aquele modo de agir cauteloso que não tinha receio de vir à tona. — Então, Seokjin, primeiro você não acreditava em nossa existência e agora aparentemente não confia em nós. Teme alguma coisa? Estou curioso...
Antes de responder, Seokjin observou Jungkook de soslaio e então virou os olhos para o reino flutuando acima das nuvens. Querendo ou não, aquela era uma visão espetacular e de tirar o fôlego que poderia encher de esperança até mesmo uma alma vazia.
— Qualquer pessoa sensata teria receio de algo desconhecido. Eu só estou preocupado com o futuro de alguém próximo a mim. Tenho medo que ele se machuque — disse, por fim.
— Jin! — Jungkook tentou censurá-lo, mesmo sabendo que era difícil conter a falta de escrúpulos do amigo.
Enquanto isso, os olhos profundos do homem alado, ou melhor, de Taehyung, ganhavam o brilho de uma ideia.
— Então, o que acha de vir comigo e tirar suas dúvidas pessoalmente? — Sugeriu, sem mais nem menos, como numa convocação para um simples passeio.
— Ir... Ir para Morpheus? — Para Seokjin, parecia quase absurdo falar essas palavras.
Taehyung logo estendeu uma mão, deixando-a exposta à luz pálida do luar a qual havia se mesclado aos tons arroxeados que irradiavam do castelo flutuante.
— A noite está acabando, Seokjin — disse, e parecia determinado a deixar aquela mão erguida até as últimas horas daquele dia.
Uma chance única na vida, uma proposta que não voltaria a existir pelos próximos quinhentos anos. Mas, se aceitasse, também nunca mais voltaria para casa, nunca veria sua família outra vez.
O rapaz estava cheio de dúvidas, travado debaixo de incertezas sobre o que aconteceria caso negasse ou dissesse sim. Sequer tinha o direito de recusar o maior dos sonhos que uma pessoa poderia conquistar? Seria um pária caso o fizesse.
Mas ele queria dizer não?
Seokjin não era um rolo. Mesmo que agisse todo cheio de cautela, como um adulto maduro e analista, e que carregasse um forte orgulho dentro do peito, a visão de Morpheus transformava-o numa criança curiosa que não tinha vergonha de admitir que estava absolutamente encantada.
— Vamos, Jin! — Jungkook exclamou, oferecendo um empurrão ao rapaz.
Com o cenho franzido, e dando uma de difícil, Seokjin encarou a mão do intrigante Taehyung mais uma vez e tentou tocá-la.
Sentiu um arrepio no mesmo segundo, como se algo metafísico tivesse acontecido entre ele e o jovem alado. Seus pelos se eriçaram com uma brisa cálida, sua pele se aqueceu contra a mão macia do filho do reino dos sonhos e de repente seus ouvidos começaram a ouvir pequenos tinidos, como se houvesse magia piscando ao seu redor.
— O que é isso? — perguntou, agitado, buscando com os olhos aquilo que não conseguia ver, mas que sentia.
— É apenas um sabor do que verdadeiramente irá experimentar daqui por diante. — O sorriso de Taehyung ficou mais amplo, mais bonito. Ele parecia estar se divertindo com aquela cena toda.
— Irmão, temos que ir. Está na hora de voltar! — disse Jimin, balançando as mãos no alto para chamar a atenção do rapaz alado. Sua outra mão segurava a de Jungkook com firmeza e cuidado.
— O-o quê? Já? — Seokjin arfou. — Mas os meus pais... Minha irmã...
— Todos aqueles que o conhecem já sabem que você virá comigo. — Os olhos roxo-acinzentados de Taehyung refletiram o brilho das estrelas, como se todo o conhecimento do universo estivesse reunido ali, em suas íris.
— Sabem? Como? — Jin ainda não compreendia.
— Magia!
— Magia! — Jimin também exclamou e, num impulso delicado que combinava com sua bela aparência, ele planou céu acima, carregando Jeon Jungkook com um aperto de mão, como se a gravidade tivesse deixado de existir naquele momento para satisfazer as vontades dos filhos de Morpheus.
Os dois voaram como pássaros, uma dupla de pontos de luz refletida, até alcançarem o reino flutuante. Seokjin percebeu que havia outros se dirigindo até lá pelas nuvens, pairando acima dos telhados do vilarejo. Também eram imortais com seus novos amigos humanos.
De repente, sentiu a mão do rapaz alado firmando-se em sua cintura. Olhou para ele e para as asas que se abriam em suas costas, imensas e maravilhosas. Assustou-se com o solavanco do salto quando voou como uma ave gigante, acabou abraçando Taehyung e fechando os olhos num gesto automático de terror misturado à surpresa.
— Abra os olhos, você vai gostar da vista. — Escutou o outro dizer gentilmente.
Com coragem reunida, relaxou as pálpebras e as ergueu. Exalou um suspiro quando viu o vilarejo lá embaixo minúsculo, como um conjunto de casas de boneca, as nuvens ao seu redor arroxeadas por causa do brilho que Morpheus lançava, o céu iluminado pelo mesmo tom e pela mesma razão, e o reino dos sonhos emergindo imenso bem diante deles.
Voaram até alcançar o que deveria ser a entrada principal do castelo, um pátio aberto cercado por um jardim de plantas bioluminescentes. Havia um cheiro adocicado no ar e sons distantes de uma harpa etérea. Seokjin ficou atordoado com tudo isso e com mais um pouco.
Percebeu que todos os humanos foram reunidos ali e que os filhos de Morpheus se dirigiam para um pódio um pouco mais adiante, esperando por algo.
— Espere aqui — disse Taehyung, soltando a cintura de Seokjin.
— O que vai acontecer agora? — o rapaz quis saber.
— Vocês serão introduzidos a nossa casa. — O outro fechou as asas e lhe lançou uma piscadela sutil. — Eu o verei daqui a pouco.
E saiu andando por entre os humanos, que abriam passagem com os semblantes perplexos por causa de sua beleza e elegância anormais.
Taehyung subiu no centro do pódio e ficou ali parado como uma estátua grega perfeita, assim como seus irmãos e irmãs imortais.
Desviando o olhar, Kim Seokjin virou-se para ver o chão lá embaixo, o vilarejo que havia sido sua casa a vida toda. Pensou em seus pais e em sua irmã, Heesun. Imaginou que iria sentir muita falta deles e rapidamente foi arrebatado por incertezas.
— Jin! — Uma figura agitada lhe abraçou. Não precisou virar o rosto para saber de quem eram aqueles braços.
— Você parece muito feliz, Jungkook. — Sorriu com o canto da boca.
— E você não está? Isso tudo... é como um sonho.
— Sim, é realmente como um... — Mas espero que não acabe em pesadelo.
A atenção dos garotos então mudou de foco quando as plantas do jardim que os rodeava diminuíram suas luzes, como lamparinas sendo apagadas no final da noite, e toda a iluminação do ambiente se concentrou no pódio onde os filhos de Morpheus aguardavam pacientemente.
Bem diante deles, o chão de lajotas brancas se aglomerou num pequeno monte e se moldou até ganhar a forma de uma mulher tão pálida quanto a Lua sobre eles. Os humanos assistiram à cena boquiabertos, novamente surpreendidos com os eventos mágicos que ocorriam naquele lugar.
— Bem-vindos, jovens humanos — disse a mulher, e ela definitivamente era uma estátua falante, mas isso, de alguma forma, não parecia assustador, pois sua voz era doce e suas feições gentis eram tão lindas quanto tudo que envolvia aquele reino.
Ao invés de medo, os humanos sentiram calor em seus corações, como num abraço maternal.
— O meu nome é Mitam e eu sou a primeira filha de Morpheus. Sou tão antiga que minha existência está ligada a este lugar, por isso vim recebê-los assim. — Ela gesticulou para mostrar o corpo conectado ao chão. — Alguns milênios atrás, quando este lugar era solitário, decidi espiar um pouco a vida daqueles que viviam no chão abaixo de nós e fiquei encantada com o modo de viver dos humanos, com suas ambições, seus sentimentos... Sim, eu sou aquele ser de suas histórias, o tal filho de Morpheus que se apaixonou por um homem.
Se a pele de Mitam não fosse feita de lajotas brancas, Seokjin tinha certeza de que ela iria ruborizar.
— Então foi feito o Acordo, o qual estamos celebrando mais uma vez. — Mitam sorriu, seus lábios perfeitamente esculpidos se abrindo suavemente. — Obrigada por virem até nós, por trocarem suas vidas na Terra pelo nosso lar. A imortalidade pode parecer maravilhosa para os humanos, mas, para nós, às vezes é vazia e morna. Suas presenças são nossa fonte momentânea de grande alegria, então agradecemos sinceramente.
Uma agitação atravessou a multidão de humanos, uma sensação de importância e de surpresa desconcertada. Ninguém estava esperando receber a notícia de que eram necessários para a felicidade dos filhos de Morpheus.
Quando internalizou o que Mitam havia dito, Jungkook virou os olhos para onde Jimin estava posicionado em pé, sobre o pódio. Notou que o filho do reino dos sonhos já o encarava, e, por ter sido pego espiando, desviou o olhar rapidamente para o chão, como se estivesse constrangido.
"Suas presenças são nossa fonte momentânea de grande alegria", essas palavras reverberaram dentro da mente do garoto, provocando uma vibração nova em seu peito. Era uma felicidade crescente e outra coisa.
— A partir de agora vocês também farão parte de Morpheus, então serão bem-vindos em cada canto de nosso lar. Os meus irmãos os acompanharão e os instruirão sobre tudo e jamais os deixarão sozinhos, pois não permitimos a solidão aqui. — A maneira doce e determinada de falar de Mitam transmitia confiança às mentes dos humanos, até mesmo Seokjin sentiu-se um tanto tocado pelas palavras daquela bela e estranha criatura.
Aparentemente a promessa de uma vida dos sonhos era muito real.
— Agora — ela juntou as mãos, como se estivesse empolgada —, serão apresentados às suas novas moradas! Depois que as conhecerem, faremos uma refeição divertida... Reúnam-se agora com seus pares, pois eles irão guiá-los.
Mitam apontou para os imortais sobre o pódio e deu passagem aos humanos. Estes hesitaram antes de se moverem até os filhos de Morpheus que os tinham escolhido — pois a presença etérea dos imortais ainda os intimidava um pouco —, mas logo relaxaram quando foram novamente recebidos com sorrisos empolgados.
Seokjin também caminhou até Taehyung, que o aguardava pacientemente. Quando ficou diante dele, o rapaz alado saltou do pódio e o encarou.
— Você aparenta estar menos nervoso. Isso é bom — disse, e parecia sincero.
Jin desviou o olhar.
— Sua irmã, Mitam... Ela é gentil.
— Ela gosta de acolher todo mundo. — Taehyung deu de ombros, chacoalhando as asas, e ofereceu o antebraço para que o jovem Kim pudesse apoiar a mão naquela dobra. — Vamos?
Antes que o humano chegasse a refletir se voltaria ou não a tocar aquele imortal com tanta proximidade, ele escutou um conjunto de exclamações e murmúrios vindos de trás.
Quando se virou, viu que Jungkook estava caído no chão com o rosto pálido. Pela elevação anormal no tecido da calça que o garoto vestia, a haste presa em sua perna para evitar que ele mancasse havia quebrado.
Seokjin sentiu o coração acelerar no peito. O segredo de seu amigo seria revelado bem diante de todos. O jovem não queria acreditar que aqueles seres, que até agora tinham se mostrado tão gentis e acolhedores, iriam dispensar um menino apenas por ele ser manco, assim como dissera o idiota Ming Sung. Mas e se o fizessem por ele ter tentado enganá-los de alguma forma?
— Oh, o que aconteceu? — Foi Jimin quem perguntou. Seu cenho franzido encarava o molde estranho na perna de Jungkook, sem entender aquilo.
Jungkook comprimiu os lábios e escondeu o rosto. A vergonha o tomava completamente, e o medo em ser rejeitado fazia seu peito disparar.
— Há um objeto estranho na perna da criança humana — apontou Mitam, inexpressiva pela primeira vez.
O pátio caiu em silêncio quando Jimin lentamente se abaixou próximo a Jungkook e subiu o tecido da calça dele, encontrando a haste virada de forma errada. Delicadamente, o imortal tirou os cintos que a prendiam à perna do garoto e a analisou, inclinando a cabeça para o lado.
— O que é isto? — disse.
Tremendo dos pés à cabeça, Jeon Jungkook respirou fundo e decidiu ser sincero. Em sua cabeça, o garoto tinha certeza de que Jimin iria repensar suas escolhas, pois um humano defeituoso e mentiroso como ele não merecia estar ali. Ao assumir quem verdadeiramente era, esperava que fosse jogado de volta à Terra sem grandes problemas. A decepção já iria torturá-lo o suficiente.
— Eu sou manco — falou, engolindo em seco e tentando não gaguejar. — Coloquei isso para que ninguém soubesse. Para que... Para ser digno de vir aqui.
Os olhos rosados de Jimin se arregalaram e então piscaram rapidamente, surpresos. Ele os ergueu para encarar Mitam, depois Taehyung, ainda sustentando o mesmo semblante perplexo e ilegível, e, por fim, voltou a encarar Jungkook, que tentava com todas as forças não chorar na frente de todos eles.
— Jungkook...
— Desculpe-me por ter lhe enganado. — O garoto engasgou, mas respirou fundo e tentou erguer o corpo do chão, limpando as calças enquanto fazia isso.
Do outro lado, Seokjin controlava o próprio nervosismo. Num impulso, deu um passo a frente para caminhar até o amigo, mas sentiu a mão de Taehyung em seu ombro.
— Não se preocupe — disse ele, calmamente. Seu olhar era suave, como se soubesse o que iria acontecer em seguida.
Por algum motivo que não saberia pôr em palavras, Seokjin ficou quieto e decidiu assistir um pouco mais antes de tentar intervir. Suspirou fundo de alívio quando viu os lábios carnudos do imortal de cabelos róseos se abrirem num sorriso compreensivo.
— Jungkook, está tudo bem. — Jimin pôs as mãos sobre os ombros do garoto trêmulo. Elas eram firmes e não o soltariam.
— Ma-mas... Não ficou com raiva? — As órbitas negras de Jungkook emitiram um brilho tímido de esperança.
— Não, apenas surpreso. Você caiu de repente, afinal de contas. — O imortal exalou uma leve risada.
Rubor tomou as bochechas de Jeon.
— Hm, machucou-se com a queda? — Jimin ainda perguntou.
— Não. — Jungkook quase não conseguia acreditar que as coisas estavam indo bem, que Jimin não o olhava com desprezo.
— Ótimo! Vamos então. Quero mostrar-lhe o seu quarto. — Jimin se virou para andar por uma trilha de lajotas que levavam ao castelo escondido pelas folhagens altas e brilhantes. Todos os demais já se dirigiam para lá, exceto Seokjin, que queria ter certeza de que seu amigo não seria maltratado, e Taehyung, que pacientemente aguardava pelo acompanhante.
— E-espere. — Jungkook deu um passo incerto para trás. Seu chamado fez Jimin parar e voltar o rosto para ele. — Não está arrependido?
— Pelo quê?
— Por ter me escolhido.
O imortal chacoalhou a cabeça e o encarou com incredulidade, como se aquela pergunta fosse absurda.
— Por que eu estaria arrependido?
— Na Terra, ouvimos dizer que Morpheus só aceita os melhores dos melhores. Eu não sou... um humano perfeito.
Passou-se um instante de silêncio, apenas os tilintares mágicos do ambiente e o farfalhar das folhas eram escutados naquele espaço, pois o pátio encontrava-se praticamente vazio.
Jimin o encarou com um semblante pensativo, uma opaca sombra de pesar atravessando seus olhos coloridos. Em seguida, olhou para o chão e pôs a mão na nuca, penteando algumas mechas rosas do cabelo.
— As histórias que escutou ensinaram-lhe errado — disse, e se colocou ao lado de Jungkook. — E pode parecer estranho e bajulador, mas, para mim, você é um humano perfeito. Não estou arrependido. Nem um pouquinho.
Jungkook se viu sem palavras e percebeu que, até aquele momento, estava prendendo a respiração. Ele ficou mudo, sem saber como reagir. Não entendia direito o que estava acontecendo, nunca havia se sentido tão bem-vindo num lugar, pois passara a vida toda fugindo de murmúrios e olhares maldosos.
— Vamos agora? — Jimin perguntou após colocar um braço ao redor dos ombros dele.
Seu sorriso e olhar eram convidativos, seus lábios intumescidos também, mas Jungkook evitou pensar muito nisso e apenas balançou a cabeça numa resposta afirmativa à pergunta do imortal.
Assim partiram pela trilha, rumo ao castelo, deixando o pátio para Taehyung, Jimin e Mitam.
A filha de Morpheus parecia satisfeita com o resultado daquela situação. A face solene observou a dupla sumindo pelo caminho de lajotas e então se virou para observar os últimos que restavam ali.
— Eu os verei na refeição — disse, e seu corpo branco como gesso se desfez, retornando ao chão plano como se nunca houvesse saído dele.
Agora completamente a sós, Seokjin e Taehyung balançaram-se em silêncio. Havia uma sutil nuvem de constrangimento pairando entre eles.
— Achou que iríamos expulsá-lo. — O rapaz alado foi o primeiro a abrir a boca.
Seokjin pigarreou, envergonhado por mais uma vez ter deixado óbvio que havia desconfiado das intenções dos filhos de Morpheus. Na Terra, isso seria considerado um sacrilégio muito desonroso.
Taehyung, no entanto, não parecia aborrecido ou ofendido. Pelo contrário, ele soltou uma gargalhada agradável como se o jeito de Seokjin o divertisse muito.
— Certo, hm. — Tentou recuperar a compostura, mas o movimento das asas em suas costas indicava que ele ainda queria sorrir. — Você está mais calmo agora?
O jovem Kim respondeu com um aceno afirmativo, sem encarar o outro. Fazer isso de repente se tornou constrangedor.
Depois de um longo suspiro, quando todas as risadas de Taehyung cessaram e a solenidade do pátio vazio retornou, Seokjin murmurou, sua voz soando profunda:
— Obrigado... Obrigado por serem legais com ele. O Jungkook teve que suportar muitas coisas durante a vida. — Exalou outro suspiro. — Morpheus era toda a esperança que ele tinha.
O imortal fez uma breve análise dele, rodeando-o como na primeira vez em que se viram.
— A relação de vocês é doce. O que são? Irmãos?
— Não.
— Hmm. Então são namorados?
— Não mesmo! — A mera ideia fez Seokjin contrair o rosto numa careta.
O roxo mesclado ao cinza dos olhos de Taehyung ficou sutilmente mais vibrante.
— Agrada-me saber disso.
— O quê?
— Então são apenas amigos? — O rapaz alado ignorou-o com outra pergunta.
— Sim... Conheço-o desde a infância. É meu melhor amigo.
— Compreendo. — Taehyung parou de andar, ficando diante de Seokjin. Nessa hora, ele ofereceu a dobra do braço da mesma forma que havia feito alguns momentos antes. — Estamos atrasados. Venha, vou levá-lo ao castelo.
Dessa vez, Seokjin aceitou o gesto sem hesitar muito. Ele não era do tipo que cedia fácil, mas sentia que já havia sido mal educado demais para uma noite. Além disso, tudo o que envolvia aquele imortal de cabelos e asas negras parecia atraí-lo de certa forma. Era interessante e convidativo.
"Ele permitiria que eu tocasse em suas asas?", coisas assim passaram pela cabeça do jovem Kim enquanto andava ao lado do rapaz alado.
Já estavam saindo do pátio quando os arbustos voltaram a brilhar em sua totalidade, em tons de verde, índigo, roxo e carmesim que refletiam na trilha branca e a coloriam, transformando-a num mosaico de lajotas.
Seokjin admirou aquilo emudecido, cada detalhe minúsculo daquele lugar parecia ter sido feito para tirar o fôlego dos humanos. Nestes entrementes, ele notou algo peculiar em sua sombra e na de Taehyung.
— Hm, Taehyung — notou que dizer o nome do outro rapaz dessa forma parecia estranho e demasiadamente íntimo. — O que é isso no chão? Sua sombra. Na verdade, suas sombras... Por que você tem tantas?
Ele apontou para os espectros escuros que acompanhavam o imortal enquanto este caminhava. Definitivamente eram as sombras de Taehyung, e, de início, achou que fosse a iluminação dispersa provocando o surgimento de várias. Seokjin, contudo, concluiu que não era esse o caso quando notou que sua própria sombra continuava ali, sozinha e debaixo dele.
Se andavam lado a lado, recebendo a mesma luz das plantas mágicas, porque haveria aquela diferença?
Assim que voltou os olhos para cima, com o intuito de buscar uma resposta na face do outro — que subitamente havia ficado quieto demais —, Seokjin o encontrou com um semblante lívido e com olhos cinzentos mergulhados num brilho que lhe arrepiou todos os pelos do corpo.
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#FilhosDeMorpheus
Deixe o seu precioso ⭐VOTO⭐
Será que alguma sementinha de teoria já está sendo plantada na mente dos leitores? Agora estou me perguntando como vocês estão interpretando todos esses acontecimentos, se têm boas o más expectativas para o futuro dos nossos protagonistas... Bem, por enquanto, prometo ótimos sonhos para eles.
Gostaram do capítulo? Espero que sim ^^ Desejo vê-los novamente no próximo, daqui a alguns dias (15 dias, mais ou menos). Muito obrigada pela sua leitura!! Compartilhe Morpheus por aí, se quiser e se gostar do que escrevo. Isso me ajudaria bastante :3
Até loguinho💜
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