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03 Sorte Ou Azar?

Cíntia. Esse era o nome que Joseline lera no crachá da gerente. E agora, Cíntia olhava para seu patrão como se ele tivesse ficado louco de repente.

- Mas, seu Afonso... Todas as vagas já foram preenchidas, nós não...

- Por acaso não posso contratar mais uma funcionária para a minha loja, Cíntia?

- É claro que pode, senhor, mas...

- É claro que posso - ele reafirmou o que ela acabara de dizer. - E eu quero a Joseline.

Joseline sentiu um arrepio lhe subir pela espinha, ao ouvir aquilo. E não foi um arrepio bom. Entretanto, ela estava absolutamente maravilhada com o que acabara de acontecer. Estava contratada! E pelo próprio dono da loja. Mal tinha palavras para agradecer.

- Você pode começar na segunda feira - ele disse à ela e no momento seguinte, desapareceu.
E o agradecimento de Joseline teve que ficar para depois.

Cíntia a olhava com a mesma irritação de antes, ou ainda mais.

- Deixe o seu currículo comigo - pediu, estendendo a mão. Joseline prontamente o entregou.

A gerente passou os olhos pelo currículo em dois segundos e balançou a cabeça, incrédula.

- Francamente... - murmurou.

E depois de mais um abanar de cabeça, disse:

- Bem, você ouviu ele dizer. Você começa na segunda. Às oito em ponto. Não se atrase.

- Sim, senhora! - Ela respondeu com entusiasmo.

E então, foram dispensadas.





🌻

- Mas o que foi isso???

O questionamento de Laisa também era o de Joseline. Mal podiam acreditar no que havia acabado de acontecer.

- Você foi contratada! Você agora tem um emprego! - Laisa pulava pela calçada, eufórica. - Eu sabia que seu último currículo seria o que te faria conseguir alguma coisa!

Joseline parou para olhar para a amiga.

- Tem razão. Laisa... - a voz dela tremia. - Você foi o meu amuleto da sorte. Você me ajudou e eu consegui!

As duas se abraçaram no meio da calçada, mais uma vez atrapalhando a passagem alheia.
Elas riram, quando os transeuntes começaram a reclamar.

- Você viu a forma como o dono da loja olhou pra você? - Laisa comentou, quando já andavam por um bairro mais tranquilo e não tão movimentado da cidade.
Ela nem deu a Joseline a chance de responder.

- Ele te olhou daquele jeito. Com aquele olhar felino, de um animal prestes a atacar a presa. Rawr!!! - Ela fingiu rosnar para a amiga, e caiu na gargalhada.

Mas ao invés de acompanhá-la na risada, Joseline estava séria. E não sabia explicar nem para si mesma o que sentia.

- Afonso. Ele é o dono! Imagina ser dono de uma rede de lojas de roupas, como ele é?

- Ele tem uma rede de lojas? - Joseline arregalou os olhos.

- Sim, você não sabia? Minha prima comprou um vestido lindo lá. E é de boa qualidade. A loja Moreau é um sucesso!

- Eu não sabia... - Joseline fitava o chão, enquanto andava. Em meio à sua emoção, ela mal havia reparado em que tipo de estabelecimento estava. E de mais a mais, nunca tivera dinheiro sobrando para andar em lojas.

- Pois é! E olha... - Laisa a empurrou com o quadril. - Apesar de ser mais velho, o Afonso até que é um coroa bem ajeitado, hein?!

 - E daí? - Joseline deu de ombros. - Eu nem reparei.

- Ah, não?

- É claro que não. Eu só tenho olhos para o Maurício. Sou noiva dele e saiba que estou muito apaixonada.

- Sei... - Laisa suspirou.

Apesar das maluquices da amiga e do tal empresário Afonso, ela não podia estar mais feliz. Havia conseguido um emprego!





🌻

A alegria em casa com a notícia que Joseline levou foi unânime. A família inteira vibrou. Finalmente sairiam um pouco daquele aperto em que se encontravam.

 Maurício também apareceu por lá e, ao saber do ocorrido, comemorou com todos. Se Joseline estava feliz, ele estava, e isso era tudo o que importava. Gostaria de poder ajudar a família de sua noiva um pouco mais, mas tinha suas próprias preocupações financeiras e saber que pelo menos alguma coisa estava dando certo por ali, já o aliviava.

Laisa, que havia se prontificado a acompanhar a amiga até em casa, contava à família a história sucedida pela manhã, sem esquecer detalhe algum.
É claro que ela não mencionou os olhares insinuantes do dono da loja, para alívio de Joseline, mas a forma como contou, deixou os pais, os irmãos e o noivo de Joseline de olhos vidrados, como se pudessem imaginar perfeitamente cada cena.

- Então vai trabalhar em uma loja de roupas? - disse Jane, se aproximando da irmã.

Joseline sorriu com carinho para ela.

- Pois é, irmãzinha. Parece que você até estava prevendo que eu iria trabalhar vendendo roupas! - Ela beliscou de leve o queixo da irmã. - Mas não as suas. Pelo menos por enquanto.

- Fico muito feliz, meu amor, que tenha conseguido esse emprego - Maurício se aproximou, para abraçar seus ombros, de lado - e quero que venha comigo e com meus pais ao culto, amanhã. Amanhã é domingo e na segunda você já começa a trabalhar. Então a gente pode agradecer à Deus, pela graça recebida. É muito importante sermos gratos por tudo que acontece em nossas vidas.

Todos o encararam com admiração. Não era a primeira vez que um convite como aquele era feito à Joseline. Até mesmo seus pais e irmãos já haviam visitado a congregação onde a família de Maurício eram frequentadores assíduos. Mas ao ouvirem-no falar, todos sentiam um profundo respeito por aquele rapaz simples, pela forma sábia e bonita com que falava.

E Joseline adorava ver todos aqueles rostos admirando seu amado e quase podia adivinhar os pensamentos: " Que homem incrível que Joseline arranjou! Que sorte! "
Sim, era uma grande sortuda. Sabia muito bem disso.

- Tem toda razão, meu amor - respondeu ela. - É claro que vou à igreja com você.

 Laisa fitava a ambos com um brilho intenso nos olhos; e se surpreendeu quando Joseline redirecionou o convite para ela.

- Vamos ao culto com a gente, Laisa. Você vai amar, eu tenho certeza.

- Ahn... - Laisa havia sido pega de surpresa, mas era um convite irrecusável. Jamais perderia uma oportunidade como aquela.

O momento era especial e ela sabia que seu apoio para Joseline era fundamental.

- Tudo bem, eu vou com vocês.





🌻

Ir à igreja com Maurício e seus pais era sempre um evento importante para Joseline. Ela colocava sua melhor roupa, penteava o cabelo com esmero e procurava se policiar ao máximo para não fazer ou dizer qualquer coisa que pudesse estragar a imagem perfeita e correta que aquela família passava. Família da qual praticamente já fazia parte.

Joseline admirava muito seus sogros assim como o noivo, e um dia, gostaria de ter pelo menos a terça parte do comportamento deles. A família de Maurício transparecia retidão e seriedade.
Porém, não deixava de ser divertido estar com eles. Naquele domingo em especial, todos estavam tremendamente felizes por Joseline e o novo emprego, e convidaram ela e a amiga para comerem numa pizzaria próxima à igreja, após o culto.

Depois disso, Joseline despediu-se dos sogros de modo afável, e Maurício decidiu acompanhar as duas até em casa.
Infelizmente, não tiveram dinheiro para o combustível naquele dia, e por isso, ele não poderia deixar Laisa em casa, mas ela declarou que não havia problema.

- Já foi gratificante demais ir com vocês à igreja. Minha casa não é tão longe, vai me fazer bem andar um pouco.

O trio ficou um pouco ainda na calçada da casa onde Joseline morava, fazendo comentários sobre o culto, até Maurício decidir que estava na hora de voltar, já que no dia seguinte, teria que levantar bem cedo para trabalhar.

- E eu também! - Joseline exclamou com gosto. Sabia que muitas pessoas odiavam levantar cedo para ter que trabalhar, mas para ela, aquilo era o céu. Tinha um trabalho, era tudo o que importava. Era tudo o que precisava.

- Então eu vou indo, meu amor, pra você poder descansar. Amanhã é um dia importante pra você e quero que esteja plena - Maurício a puxou para mais perto, segurando em uma de suas mãos.

- Você também - ela sorriu. - Descansa bastante. Eu te amo.

- Eu te amo - repetiu ele e a beijou.

Seus pais não estavam ali para impedi-los e Maurício e Joseline se beijaram como se não houvesse nada no mundo além deles.

Laisa se encostou ao muro, sorrindo ao ver a cena, mas logo desviou o olhar, para dar privacidade ao casal.
O beijo apaixonado dos pombinhos terminou com certa demora.
E então Maurício despediu-se definitivamente das garotas e se foi. Bastava apenas subir um pouco a rua e estaria em casa.

Joseline o observou caminhar por alguns instantes e então, ouviu o suspiro de Laisa e logo em seguida, uma risadinha.

- Ai ai... o fogo da paixão! Quanta intensidade!

Joseline ficou tímida e pôs as mãos sobre os lábios. A sensação da boca de Maurício sobre a sua ainda queimava. Era surreal.

Laisa se aproximou dela, e a fez tirar as mãos da boca, o que causou risos em Joseline.

- Como você é boba, Laisa!

- E então, me conta. Já rolou?

Joseline fitou os olhos extremamente curiosos da amiga, sem entender.

- Como assim, já rolou o quê?

Laisa revirou os olhos.

- Você sabe. Quero saber se já rolou entre vocês... Ah, Jô, você sabe. Se já rolou aquilo.

Um brilho de compreensão passou pelos olhos antes confusos de Joseline e ela pareceu ofendida.

- Mas é claro que não!

Laisa a olhou com desdém.

- É o quê?

- Eu e Maurício nunca passamos dos beijos. Você sabe, Laisa. Estamos nos guardando um para o outro, para o casamento.

- Me poupe dessa conversinha, Jô!

- É verdade!

 - Vai me dizer que nunca aconteceu nada a mais?

- Nunca! A gente se ama e às vezes a coisa esquenta mesmo, mas o Maurício tem princípios e eu também! Prometemos que vamos esperar o casamento. Eu continuo pura, como sempre fui!

Laisa abriu a boca. Parecia incrédula, mas no fundo, admirava aquilo. E afinal de contas, cada um sabia da sua própria vida.

- Tudo bem, não precisa de tudo isso. Eu sei que vocês dois são uns fofos. Também, como poderiam fazer alguma coisa, se pra onde vão carregam a vela aqui, que sou eu?

Joseline riu.

- Mas que boba que você é, hein!?

As duas ainda papearam bastante, até Laisa ir embora. E Joseline entrou em casa, satisfeita com os rumos que sua vida estava levando.



🌻

Ela deveria ser provavelmente a pessoa mais estranhamente animada em todo o mundo por acordar animada e empolgada em uma segunda feira para trabalhar.

Joseline ria para os postes e cumprimentou até mesmo os desconhecidos no trajeto até a loja. O que podia fazer? Só ela sabia como aquilo era importante e o quanto havia parecido impossível no começo. Seu nome era gratidão e ninguém poderia fazê-la se sentir diferente naquele dia.

Faltavam dois minutos para as oito da manhã, quando ela parou em frente ao estabelecimento da Moreau com sua bonita fachada pintada em preto e lilás. A loja abria para vendas apenas às oito e meia, mas os funcionários tinham por obrigação chegar às oito.

 Cíntia, a gerente, pareceu surpresa por vê-la chegar dois minutos adiantada e a levou para um breve tour pela loja, para que pudesse fazer um reconhecimento geral do local onde passaria a trabalhar.

Joseline ficou admirada. Era uma loja imensa e muito bonita. Centenas de araras de roupas espalhadas pelos corredores, todas muito bem organizadas de acordo com tamanhos, tecidos, cores e estilos.
Nos dois cantos laterais do estabelecimento, provadores com ar condicionado e espelhos enormes esperavam pelos clientes que muito provavelmente levariam horas para se decidir entre tanta novidade e peças incríveis que havia ali.

 Depois de receber as primeiras orientações do dia por parte da gerente, Joseline foi levada por ela ao vestuário exclusivo das funcionárias nos fundos da loja e recebeu seu uniforme: um charmoso conjunto de calça preta social e camisa social de cor lilás.

 - Seu crachá está sendo providenciado - a mulher disse, em um tom neutro. - No fim do dia, preciso que vá até a minha sala no segundo andar. Trouxe seus documentos?

- Sim, senhora.

- Ótimo. Leve-os com você. Você vai sendo orientada ao decorrer do dia por suas colegas. No mais... - ela pareceu pensar um pouco se não estava esquecendo de nada. - Boa sorte no seu primeiro dia.

- Obrigada, dona Cíntia.

A gerente a encarou, gélida.

- É só Cíntia.

- Ahn, certo...

Joseline observou-a se afastar, e respirou fundo. Não notou que estivera prendendo a respiração até então.

- Não deixe ela assustar você - ela ouviu uma voz atrás de si e viu uma moça. Ela era alta, muito magra, parecia esbaforida e seu rosto estava vermelho como um tomate. Ela abanou a si mesma com as mãos.

- Uhh!!! Corri tanto e ainda cheguei atrasada! O que está esperando? - A recém chegada empurrou sutilmente Joseline para o vestuário. - Veste logo seu uniforme!

Joseline assim o fez. Vestiu a calça preta social e a blusa lilás um tanto às pressas. Mas no fim, gostou do que viu no pequeno espelho. Era o primeiro uniforme do seu primeiro trabalho!
Quando saiu, a desconhecida a agarrou pelo braço, em direção à uma específica parte da loja.

 - Aquilo é apenas uma fachada - dizia a moça, ainda sobre a gerente. - Cíntia é eficiente demais e com isso, acaba aparentando não ter nenhuma consideração por ninguém - fez uma pausa. - Mas ela tem.

- Bom, tudo bem... - Joseline deu de ombros. Ela sabia que cada pessoa tinha sua própria maneira de levar a vida.

- À propósito, meu nome é Natália. E o seu?

- Joseline, muito prazer. É bom conhecer alguém agora, eu...

- Deixa eu adivinhar... - Natália parou por um momento. - Você é Joseline, a moça que foi contratada pelo senhor Afonso em pessoa??

Joseline engoliu em seco.

- Ahn, sim...

- Todo mundo tá falando disso, desde sexta feira, e já ouvi alguns comentários hoje, depois que cheguei. Quer dizer, você foi a única que não passou pelo pente fino da Cíntia, nas entrevistas. E parece que o seu Afonso não permitiu que ela fizesse a entrevista com você. Apenas disse que estava contratada e ponto final! Todo mundo aqui só fala disso.

Joseline ficou envergonhada. Não gostava de ser o centro das atenções, muito menos o assunto da conversa dos outros.

- Isso não é nada demais - desconversou. - Foi só uma tremenda sorte.

- Ou um tremendo azar - retrucou Natália e Joseline não gostou da forma como a colega a olhava.

- Joseline, toma cuidado, tá bom?

Percebendo como estava soando extremamente negativa para a nova colega, Natália abriu um sorriso acolhedor e segurou a mão dela.

- Não se assuste. É apenas um conselho de alguém legal que você acabou de conhecer. É, eu sou bem legal, juro, você vai ver!



🌻

Joseline pôde comprovar conforme as horas foram passando. Natália simplesmente foi sua âncora salvadora naquele primeiro dia, tirando suas dúvidas, lhe ensinando coisas que ela não sabia ou não entendia, ou simplesmente sendo leve como uma pluma quando algo tenso acontecia. Natália parecia capaz de saber reverter qualquer situação, fosse com um cliente, com outra funcionária ou até mesmo com a própria Cíntia.

Quando Joseline teve um problema de comunicação com uma cliente, Natália estava lá. Quando não soube lidar com três adolescentes absolutamente folgados que pareciam saber que era o primeiro dia dela e fizeram tantas perguntas que confundiram sua cabeça, Natália estava lá.
As duas almoçaram juntas e quando o expediente acabou, percebeu que ela era a primeira pessoa que gostaria de ver ali, no dia seguinte.

- Cuidado pra não se apegar demais, Jô! - Natália gritou para ela, enquanto andava na direção oposta. Já era quase noite.

Joseline riu.

- Tarde demais, já me apeguei à você!

- Eu disse que eu era legal! - Gritou a outra de lá.

Joseline segurou a alça da bolsa, abanando a cabeça e seguindo seu caminho. Estava longe de casa, mas não ia acelerar o passo. O cansaço só demonstrava como tudo dera certo naquele primeiro dia. Mal podia acreditar que realmente, finalmente, tinha um emprego. Mal podia esperar para receber o primeiro pagamento, quitar a dívida do aluguel e impedir que a família fosse colocada na rua.

- Precisa de uma carona?

Joseline ia ignorar completamente quem quer que fosse que falara com ela, porque nunca havia sido de dar trela para os engraçadinhos, mas aquele carro diferente lhe chamou a atenção.
Era novíssimo, como se acabado de sair de uma concessionária. E, embora não entendesse de carros, sabia muito bem que se tratava de um carro caro e de luxo. Não obstante, o motorista não lhe era estranho.

Lá estavam aqueles olhos. Como Laisa dissera mesmo? Felinos... olhos felinos. Eles a fitavam indiscretamente, enquanto a mão dele guiava o carro que sequer fazia barulho ao deslizar pela rua.

Afonso colocou um braço pra fora da janela, ao mesmo tempo em que parava o carro.

- Boa noite, Joseline. Quer uma carona pra casa?

Ela se lembrou imediatamente do que Natália havia dito. " Toma cuidado. "  Ela não tinha se referido exatamente ao patrão, mas Joseline sentia que era isso que queria dizer aquele aviso inusitado.

- Não, não senhor. Eu não moro muito longe, eu... posso ir à pé.

Mas Afonso já saía do carro e abria a porta de trás para ela.

- Por favor, eu insisto - o sorriso foi gentil. - Não precisa ter medo, eu não mordo.

O gracejo não fez Joseline rir. Contra sua vontade, porém não querendo parecer grossa, entrou no carro, que parecia intocado de tão perfeitamente limpo, cheiroso e sem qualquer sinal de uso recente. Ele provavelmente acabara de trocar de carro. 

Joseline se sentou reta, evitando encostar em qualquer coisa, temendo estragar a perfeita estética interior daquele automóvel.

Afonso perguntou o endereço, olhando-a pelo retrovisor, ao que Joseline respondeu, muito tensa. Estava odiando a si mesma por reagir daquela forma. Era só um homem! Um homem mais velho, rico e que era seu patrão.

Obviamente, seus pensamentos não a ajudavam se tranquilizar e ela resolveu olhar a cidade que passava pelo vidro do carro, tentando esvaziar a mente de toda e qualquer tensão. Claro que isso não foi totalmente possível, pois bastava olhar para a frente, que a simples visão dos ombros de Afonso ou suas mãos no volante a faziam estremecer. Tinha alguma coisa muito errada com ela.

- Como foi seu primeiro dia? - A voz grossa do patrão cortou o silêncio do interior daquele veículo, e fez Joseline arfar de susto.

- Foi... - ela respirou para se acalmar. - Foi bom. Foi ótimo, na verdade.

- Fico feliz em ouvir isso. Sei que não deve ter sido fácil pra você, saber que não foi contratada como as outras. Mas não precisa se sentir menos qualificada que qualquer uma ali. Eu não contrataria você se não sentisse que podia ser uma boa funcionária. Então pode se despreocupar.

 Joseline ficou sem palavras, por ser pega de surpresa. Nem imaginava que um homem como aquele pudesse perder tempo se importando com o que ela poderia estar sentindo. E era exatamente assim que se sentia! Percebera os olhares das outras moças na loja, exceto Natália, é claro, que a olhavam como se ela não merecesse estar ali, como se não fosse boa o suficiente para trabalhar em um lugar como aquele, simplesmente pela forma como fora contratada.

Entretanto, ali estava Afonso Moreau em pessoa, lhe dizendo para não se importar com isso, enquanto dirigia tranquilamente, sem saber como era importante para ela ouvir aquilo.

- Ahn, eu... Muito obrigada, senhor Afonso. Eu agradeço de coração pela oportunidade que o senhor me deu, está me dando... Não sabe o que esse emprego significa para mim.

Ele se limitou a olhá-la pelo retrovisor e Joseline respirou fundo mais uma vez. Já não se sentia tão assustada.
Quando ele abriu a porta do carro para ela, em frente à sua casa e estendeu a mão para ajudá-la a sair, ela não disfarçou seu nervosismo.

Já era noite por completo, mas ela acreditava que a luz do poste em frente à casa tornava possível que ele visse o quão envergonhada ela estava.

- Bom, senhor Afonso, obrigada novamente. E pela carona também.

- Obrigado por me deixar trazer você - ele respondeu e ela achou aquilo estranho, quase engraçado. Mas estava nervosa demais para rir.

- Tenha uma boa noite, Joseline.

- O senhor também.

Quando ele entrou no carro e partiu, ela ficou ali, se recuperando. Estava tonta. Precisava aprender a não se deixar afetar tanto por coisas, pessoas e acontecimentos. Havia sido apenas uma carona, e nada mais.

- Jô? - Ela se virou e viu Maurício em pé, com as mãos nos bolsos.

- Amor! - Ela correu para ele.

- De quem era aquele carro? Com quem você chegou?

...


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