Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

03 - Eu Tenho uma Filha!

– Ok, pode começar a falar. – Encaro meu irmão com os olhos semicerrados. Estamos no meu quarto, sentados na minha cama de frente um para o outro. A janela está aberta, e sinto a brisa noturna adentrar, carregando um sutil perfume de verão. A maioria das pessoas me lança um olhar estranho quando falo sobre perfumes. Eu sinto o perfume de tudo, algo que se cria dentro da minha cabeça, por mais impossível que possa parecer. O meu preferido é o cheiro da lua. É lírico. É poético. É impossível. E eu sempre fui apaixonada pelas impossibilidades.

Alex se remexe inquieto, e passa a mexer na minha colcha lilás, de crochê. Ele fica alisando as pequenas margaridas. Estou ficando sem paciência, quando ele finalmente fala.

– Eu tentei beija-la. – Fico sem saber o que dizer. Para mim isso não parece grande coisa, mas a menina era mais nova, e certamente pensava de um jeito diferente. Talvez tenha ficado ofendida.

– Só isso? – Ele suspira.

– Eu coloco uma poesia diferente em sua mochila todos os dias.

– E...

– Toda sexta feira eu deixo uma rosa vermelha em sua mesa.

Assobio.

– Uau, você realmente gosta dela, hein. Nunca te vi se esforçando tanto assim antes.

Seu suspiro é melancólico, enquanto ajeita seu loiro bagunçado.

– Sim, o pior é que gosto. Mas ela nem dá bola para mim. – Ele funga. Tristinho desse jeito, ele fica tão fofo, que tenho vontade de dar uma mordida nele.

– Ei, não fica assim não. Eu prometi que iria te ajudar, não prometi? A gente vai dar um jeito, você vai ver.

Ele sorri para mim, e parece um anjo. Essa Sofya não é normal. Ninguém em seu estado normal rejeitaria o Alex.

– Obrigado, Si. Você é a melhor. - E me abraça. Ele é a única pessoa que eu conheço que me chama de Si, e só quando está querendo algo, ou agradecendo algo. Ou seja, quase sempre.

– Ok, ok, eu sempre soube que era a melhor. Mas agora preciso dormir. Tenho aula amanhã. E detenção depois. – Aponto para meu pijama, uma regata branca com um ursinho engolindo a lua, e minha calça com estampas de moranguinhos. Meu pai quase pirou quando ficou sabendo da detenção. Minha mãe me surpreendeu sendo mais compreensiva, e quando eu perguntei o motivo, ela deu uma risadinha, e depois disse: "Ah, na sua idade..." Na minha idade o que, mãe? Eu perguntei, e ela deu outra risadinha como resposta. Mães.

– Tudo bem, amanhã a gente se vê antes de ir para a escola. Boa noite.

– Boa noite, Alex, bons sonhos. – Dou um beijinho em seu rosto, e ele vai para seu quarto. Suspiro e deito de costas na cama, e começo a contar as estrelas fluorescentes que colei no teto. Mas isso não dura muito, porque logo ouço pequenas coisas baterem contra minha janela. Rolo os olhos e vou até a janela.

Sou atingida em cheio no meio do rosto por uma pequena pedrinha. Gemo de dor enquanto esfrego o local atingido.

– Ops, foi mal. – Noah se desculpa, mas não parece muito culpado. Ele está sentado no parapeito da sua janela, que fica de frente para a minha. O destino não é muito gentil comigo, quando se trata de Noah.

– Sei, óbvio que sim. O que você quer, peste? – Pergunto mal humorada.

– Eu ouvi a sua conversa com o Alex.

– Você o que?! – Pergunto indignada. Ele dá de ombros, como se ouvir a conversa alheia não fosse nada demais.

– Sabe, fiquei até com pena do Alex. – Noah fica me olhando, incitando-me a perguntar o porquê. Tudo o que menos quero é satisfaze-lo, ao perguntar. Mas minha curiosidade vence.

– Por quê? – Pergunto cansada, ciente de que tenho que acordar cedo, e já deveria estar no sétimo sono.

Ele sorri de modo convencido, enquanto se ajeita na janela. Só agora percebo seu pijama, que é constituído de uma calça flanela azul, e uma camisa do Scooby Doo. Faço força para não rir, mas um sorriso acaba escapando, e quando ele o vê, sorri de volta.

– Sofya fez um voto de castidade. – Espera, o que? – Ela quer ser freira, e essas coisas religiosas.

– Não.

– Sim.

– Não. – Repito.

– Você não espera que eu diga sim de novo, né?

– Ah, vai se catar. – Mas não estou prestando atenção nele. Estou pensando no pobre Alex, que finalmente estava realmente apaixonado dessa vez.

– E agora? – Pergunto para ninguém em particular. Mas Noah responde.

– E agora que ele deveria desistir dela. E você tem que ir dormir, doçura. Te vejo na escola.

Com isso Noah entra em seu quarto, e dá uma piscadela antes de fechar a janela e a cortina.

Deito na cama aturdida, olhando para as estrelas sem realmente vê-las.

Quando menos espero, o sono me apunhala, e viajo entre sonhos, dos quais sei que não me recordarei.

***

Pisco algumas vezes, tentando espantar o sono. Resmungo qualquer coisa, e saio rápido da cama, porque sei que se me demorar mais, não saio é nunca.

Fico com preguiça de me arrumar decentemente, com o sono ainda impregnado em mim, então coloco um vestido floral e uma jaqueta jeans por cima. Passo a chapinha nos cachos que começam a se formar, e após um pouco de rímel e gloss, declaro-me pronta.

No caminho para a porta pego minha mochila, e antes mesmo de descer, sinto o delicioso cheiro de café da manhã. Um dos meus cheiros preferidos.

– E aí, família? – Interprete isso como um "bom dia". Eles me dão oi, e continuam comendo.

– Passa a manteiga, Alex. – Digo enquanto coloco café na minha xícara. Ele me passa, e eu pego alguns pães torrados perto da mamãe. Conversamos sobre banalidades, e não demora muito para que terminemos.

– Vamos, Alex. – Digo enquanto me levanto. Apenas escovo os dentes, e então saio de casa com meu irmãozinho. Ele detesta quando o chamo de "irmãozinho" ou "maninho". Tudo o que faço é ignorar, e ser pertinente chamando-o novamente, só que com mais ênfase.

Andamos até o ponto de ônibus, e esperamos. Quando aquele monstro verde está dobrando a esquina, quase chegando, um Noah arfante chega correndo.

– Ufa, essa foi por pouco. – Ele diz, enquanto se recompõe. Apenas reviro os olhos. – E aí, Alex? Pegando muitas gatinhas? – Meu irmão cora feito um pimentão, e os olhos de Noah brilham com a desgraça alheia. Dou-lhe uma cotovelada.

– Ai! Porque fez isso, criatura satânica? – Ele esfrega o braço, no local onde lhe atingi, fingindo uma dor inexistente. Acho que Noah ainda vai pegar algum tipo de câncer nesse braço, se somar todas as inúmeras cotoveladas, tapas e socos que já recebeu no braço direito. De mim.

Sou poupada de responder quando o ônibus para à nossa frente. Noah faz um gesto exagerado para eu subir antes.

– Primeiro as damas. – E inclina a cabeça de modo debochado.

– Há! E por último os trouxas. – Puxo Alex, que sobre logo depois de mim. Sento em um banco no meio do ônibus, devido à minha teoria. Se você sentar na frente, quando o ônibus bater, você se ferra. Se você sentar atrás, e o ônibus levar uma batida, você se ferra. E se você sentar no meio, você só se ferra se tiver trem por perto. A boa notícia é que não tem um único trem onde moro. E nenhum trilho. De trem. Ah, tanto faz.

Sentamos, e Noah vai para o fundão, onde tem um amigo seu. Antigamente ele costumava sentar atrás de mim, para ficar me perturbando. Puxando meu cabelo. Batendo no meu banco. Recebendo socos de mim. O normal.

Não é um trajeto longo até a escola, e nesse meio tempo falo com Alex sobre um filme que havíamos assistido na semana anterior.

Quando o ônibus para, ficamos por último.

Descemos, e cada um vai para um lado. Eu dou um tchau que não é reciproco.

– Oi Saby, oi Lamar, oi Heyoon.

Heyoon é tipo minha melhor amiga. Ela chegou de viagem ontem de noite, por isso não foi para o primeiro dia de aula. Dessa vez seu cabelo está em um estranho tom de rosa pink. Ela está sempre mudando a cor de seus cabelos, de acordo com seu humor. O bom é que ela é uma pessoa sempre alegre, ou seja, as cores sempre são coloridas e vibrantes.

– Oi Sina! – Ela sorri, e esse é seu modo de dizer que sentiu saudades e que está feliz por me ver. Ela não é do tipo chegada em abraços ou demonstrações de afeto. Mas seu sorriso sempre diz tudo.

– Então, detenção hoje? – Lamar ergue uma sobrancelha, e tenho vontade de atira-lo naquela lixeira laranja. Ela é a mascote da nossa escola, e seu laranja está quase inexistente por debaixo de tantas assinaturas e desenhos que a cobrem. Como quase todo mundo, ela também tem uma história.

– Sim, detenção hoje e amanhã. E depois da manhã. E depois, e...

– Ok, já entendi. – Saby me corta. Sempre tão prática.

– Porque você está de detenção? – Heyoon pergunta curiosa.

– Professor Borges. – Digo, e ela solta um "Ah", como se aquelas duas palavras explicassem tudo. O que é verdade.

– Pergunta pra ela quem mais vai fazer detenção com nossa amiguinha. – Lamar me provoca.

– Quem? – Heyoon fica me olhando, curiosíssima, esperando uma resposta.

– Noah. – Murmuro baixinho.

– Quem?

– Noah! – Digo alto demais, e umas patricinhas que passam por nós me olham de um jeito estranho.

Então Heyoon começa a rir. E se dobrar de tanto rir. Tento não ficar irritada, mas é inútil.

– Bela amiga que você é, Heyoon.

Ela para imediatamente e me atira um olhar indignado.

– Ei! – Reclama.

– O que foi? – Pergunto de uma forma inocente.

– Problemas no paraíso? – Adivinha quem é o dono dessa frase? Dou uma balinha para quem acertar. Se bem que não vou ter balas o suficiente.

– Mas você é metido, hein. – Reclamo.

– Mas você é uma chata mal humorada, hein. – Ele rebate, e me cutuca no ombro. Ele sabe que eu odeio quando me cutucam. Principalmente no ombro. Acerto outra cotovelada nele, que começa a rir de mim.

– Não tem graça!

– Na verdade tem sim, - Saby interfere – parece que você chupou um limão azedo.

Atiro um olhar acusatório para ela, que ignora enquanto fica praticamente secando aquele amigo do Noah, o Bruno.

– Que isso azedinha, fica assim não. – Noah diz isso em um tom que as pessoas usam para falar com bebês, e passa o braço por cima do meu pescoço. Empurro-o irritada, e nesse momento todo mundo está rindo de mim.

Sério, parece que todo mundo está sempre do lado daquele cretino. Argh.

Saio pisando duro e bufando ao mesmo tempo, e naquele momento o sinal toca, anunciando o início da aula. Sou a primeira da minha turma a chegar à sala.

Sento no meu lugar de sempre, e fico encarrando o quadro negro. Aos poucos meus colegas vão chegando e preenchendo os lugares vazios. Então a professora Gina chega. Eu a adoro, e adoro sua matéria também, português.

Logo sou distraída por uma sacola preta que ela traz atrás de si, e larga ao lado de sua mesa.

– Bom dia turma! – Ela exclama animada. – Hoje tenho uma surpresinha para vocês!

Vish, surpresinhas, escola, professores, falta de sorte. Matem-me, e me poupem da tortura que virá a seguir.

– Então turma, eu andei pensando, e resolvi dar uma atividade diferente, que também irá ajudar-lhes futuramente. – Ela faz uma pausa, e pega a sacola do chão. Despeja seu conteúdo em cima à sua mesa. Revelam-se bonecas, tipo bebê. Acho até que já tive uma dessas. Faz um barulho infernal quando se aperta aquele botão para que chorem. São muitas, algumas em ótimo estado, e outras um pouco maltratadas. Começo a ficar confusa. Mas isso é por pouco tempo, já que depois do que Gina diz, fico em pânico. – Vocês serão mamães e papais por seis meses!

Seu tom é eufórico, e ela transborda alegria. Não se ouve um pio do resto da turma.

– Vamos gente, cadê a animação?

– Professora, eu vou ser papai. E nem tenho uma namorada. Como você quer que eu fique animado? – Jaques, meu colega que sempre perde as oportunidades de ficar calado, exclama ultrajado.

Ela suspira, prevendo confusão.

– Isso não tem nada a ver com vocês terem um parceiro ou não. E no final do semestre, vocês terão que me entregar um relatório de como foi a experiência de ser pais.

– Eu posso abandonar meu filho na porta de alguém? – Noah brilhantemente pergunta. Só então percebo que ele está sentado ao meu lado. Tento manter mais distância, mas encontro nada mais que a parede atrás de mim.

– Claro que pode! – Ela diz alegremente. – Mas duvido que vá conseguir abandonar na porta de alguém o zero que vou te dar.

Alguns riem dele, enquanto Noah faz um gesto dramático exagerado.

– Vocês estarão em duplas. Uma mãe e um pai. – Quando as pessoas começam a se combinar, Gina logo acaba com nossa felicidade. – Será por sorteio.

Fecho os olhos com força. De um jeito inexplicável, eu sabia com quem ia acabar ficando. Falta de sorte era uma das minhas características mais marcantes.

– Eu já escrevi o nome de todas as meninas da turma, e os garotos irão tirar desse potinho – ela balança um pote preto em sua mão esquerda.

Ela começa passando pela minha fila, o que aumenta as possibilidades de certo alguém tirar meu nome.

Krys, um garoto que consegue ser mais chato e mal humorado que eu, é o primeiro a tirar o papel.

– Heyoon. – Ele diz em sua voz extremamente máscula. Olho para minha amiga, que nem parece se importar em alguém dizer seu nome em voz alta para toda a turma. Ela tem uma queda pelo Krys desde a oitava série. Mesmo ela sendo super alto astral, e ele um chato do caramba. Vai entendê-la. Bom, pelo menos alguém vai sair feliz dessa situação.

Mais três garotos tiram os nomes das garotas, até que chega a vez do Noah. Cruzo os dedos, praticamente fazendo um pacto com as forças ocultas. Ele olha concentrado para o pote, e tira um papel lá de dentro.

Meu coração para quando o ouço.

– Sina. – E me dá um sorriso de orelha a orelha.

– Merda. – Digo baixinho. A turma começa a rir baixinho, fazendo piadinhas, mas ignoro.

Fico de braços cruzados e expressão emburrada até que todo mundo tenha um par.

– Então, vocês podem vir pegar seu filho! – A professora diz alegre. Continuo sentada, e é Noah quem vai pegar "nosso filho". Argh.

Quando ele volta com um bebê menina, estrangulo-o com os olhos.

– Olha só nossa filhinha! – Ele diz alegre. – A sua cara!

Pego a boneca de suas mãos.

– Ei, - ele reclama – não trate assim a Caolha.

– O que?! – Exclamo indignada. – Você não vai chama-la de Caolha!

Então algo me ocorre. Ele deve ter tido um motivo para chama-la assim. Olho para a boneca, que está perfeitamente conservada, com exceção do olho esquerdo que está faltando.

– Minha filha não tem um olho! – Exclamo indignada.

Nossa filha. – Ele corrige.

– Por que diabos você foi pegar uma boneca sem um olho!?

Noah tira o brinquedo das minhas mãos, e o segura no colo como se realmente fosse um bebê.

– Não fale assim. Você vai magoar a Caolha.

Abro minha boca, mas não digo nada. Só fico lá, o encarando. Então percebo o silêncio que chega a ser quase palpável.

Está todo mundo prestando atenção em nós, como se nossa discussão fosse digna de atenção.

– Tão olhando o que?! – Digo braba, e imediatamente eles desviam o olhar. A professora limpa a garganta, em frente à sala, para chamar a atenção.

– Bom, espero que isso se torne divertido e produtivo para todos.

Ah, sim, penso, enquanto Noah continua a balançar a "nossa filha" sem um olho, e me lança um olhar maroto, com certeza isso vai ser muito divertido. E produtivíssimo.

.

.

.

.

********************************************

Oi pessoinhas, tudo bem?

Espero que sim! Vim com alguns avisos para a continuação da história, e vamos ter dias fixos de postagem!

Será as terças e quintas e vou tentar postar capítulos bônus aos domingos, que serão capítulos diferentes, com um pouco de mídia social.

Espero que curtam!

beijos e queijos xx

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro