9 •Amizade colorida•
🍒▫️MADELAINE ▫️🍒
Meus pensamentos não ditos estão presos na minha cabeça. Quando Vanessa vai ouvir todas as palavras que eu quero dizer ela? Todas essas palavras surgiram sozinhas, como os meus sentimentos por ela. Mesmo que eu quase não saiba de nada, sei que já permaneci em silêncio por muito tempo. Eu tenho que dizer a Vanessa de alguma forma o que eu sinto por ela, antes que seja tarde demais. Mas como? Como posso encontrar a coragem para lhe contar todas essas coisas? E se ela não se sentir da mesma maneira? Nossa amizade vai ser destruída e tenho certeza de que ficarei com vergonha de continuar vivendo sob o mesmo teto que ela. Há tanta coisa que poderia dar errado quando eu contar a ela, mas por outro lado, há também tantas coisas boas que poderiam acontecer se Vanessa se sentir da mesma maneira.
- Madelaine, você está aqui? - A voz de Vanessa e as batidas na porta do meu quarto me tiraram dos meus pensamentos e eu na minha cama.
- Sim, estou estudando! - Gritei de volta, pelo menos eu deveria estar estudando.
- Você está acordada?
- Uhm, você percebeu que foi eu que te respondi, certo? - Eu ri.
A porta se abriu e Vanessa entrou com um sorriso no rosto. Deus, parece que meu coração decidiu bater mais rápido toda vez que ela sorri.
- Estou te atrapalhando? - Ela perguntou e se sentou ao meu lado na cama.
Sim.
- Não, o que foi? - Eu suspirei e deixei minha caneta em cima do meu livro.
Vanessa bocejou e aconchegou-se no meu lençol. Seu cabelo todo esparramado sobre o meu travesseiro e dois olhos castanhos olhando para mim.
- Nada, eu só queria ficar com você - Ela sorriu - Mas se você tiver que estudar, eu posso assistir TV.
Sim, eu tenho que estudar, eu tenho uma prova amanhã e não consigo me concentrar porque você está nos meus pensamentos.
- Não, não, tudo bem. Eu já terminei - Eu sorri e fechei o livro. Vanessa levantou o lençol e eu me arrumei para deitar debaixo do lençol ao lado de Vanessa. Nós duas deitamos de lado, apoiadas em um cotovelo e sorrindo uma para a outra. Se Vanessa soubesse o que eu gostaria de estar fazendo agora - Uhm, então como foi o trabalho?
Vanessa deu de ombros.
- Foi meio agitado, mas Lili e eu demos conta de tudo. Eu não achei que você ainda estaria acordada quando eu chegasse em casa.
- Eu estava lendo o livro de novo, porque não consegui dormir - Suspirei.
- Ah, tudo bem, você sabe tudo o que precisa saber agora?
- Não, mas vou revisar depois. Eu não estou com vontade de ficar acordada a noite toda estudando. É inútil de qualquer forma, porque assim eu vou dormir na prova - Eu ri, mas ainda estava um pouco preocupada com a prova de amanhã.
- Você não me engana Madelaine, eu sei que você odeia quando tem que refazer uma prova. Você quer que eu te ajude a estudar? - Vanessa perguntou.
Ela me conhece muito bem. Às vezes eu acho que ela me lê como se eu fosse um livro aberto, mas por que ela não pode simplesmente ver que estou apaixonada por ela sem que eu tenha que contar a ela. Isso tornaria tudo muito mais fácil.
- Eu te disse, está tudo bem. Eu não gosto de repetir uma prova, mas eu não acho que você me ajudar vai magicamente me fazer memorizar essas coisas - Eu suspirei e me inclinei para trás, então estava deitada de costas.
- Ok, eu entendo - Vanessa murmurou - Então, eu meio que queria falar com você sobre algo.
- Qual é o problema Nessa? - Perguntei e virei a cabeça para o lado para poder olhar para ela. Eu podia ver que ela estava pensando em alguma coisa e ela corou um pouco.
- Lembra quando estávamos assistindo a final de um torneio de tênis há alguns dias?
- Lembro, porque?
- Bem, lembra que você disse que aquelas mulheres estavam gemendo toda vez que batiam na bola?
- Eu disse isso? - Perguntei confusa.
- Então, acho que devemos jogar tênis - Ela resmungou.
- Desde quando você gosta de tênis? Nós nem temos raquetes e o que isso tem a ver com... - Minhas palavras morreram quando vi Vanessa corar e eu comecei a entender o que ela queria dizer - Espera um minuto, você quer transar? - Eu gaguejei e me sentei na cama.
- Sim, eu sei que soa estranho, mas eu sinto falta de sexo, e você sente falta de sexo, certo? Eu estava pensando e tem que ter atração sexual mútua. Então eu acho que você é sexy, você me acha sexy? - Vanessa perguntou e recuperou completamente sua confiança.
Minha respiração ficou presa na garganta, minhas mãos apertavam o lençol, meus olhos não sabiam para onde olhar e minha cabeça está um desastre total. Aqui está Vanessa, a garota que eu estou apaixonada, minha melhor amiga, me pedindo para fazer sexo com ela. O meu pânico começou a aumentar, e eu rapidamente me levantei da cama e cruzei os braços na frente do meu peito.
- Bem, sim, mas Vanessa, eu não posso transar com você! - Eu disse chocada - Você é minha melhor amiga!
Eu escutei as palavras que saíram da minha boca, as palavras não condizem com os meus sentimentos, mas é o que somos.
- É por isso que é perfeito. Somos melhores amigas, então não seria estranho nem nada - Disse Vanessa.
Eu balancei minha mão e tentei encontrar as palavras.
- Eu não posso, eu... Eu simplesmente não consigo fazer isso - Eu murmurei.
Eu me senti bem com a minha resposta, mas agora ela está deitada na minha cama olhando para mim enquanto eu espero que ela leia nos meus olhos o motivo para eu não poder fazer isso.
- Por que não? Você não se sente atraída por mim? - Ela fez biquinho.
- Não, não é isso, mas você não consegue ver o quão chocante é para mim ouvir que minha melhor amiga quer fazer sexo comigo? Por que você quer isso de repente? - Eu perguntei confusa.
- Eu sei, mas pense nisso como uma amizade colorida. Pensa nisso um pouco, nós sabemos tudo sobre a outra, não temos que nos sentir inseguras a ficar nua e não nos sentiríamos mais sexualmente frustradas - Ela encolheu os ombros.
- Como você pode ficar tão calma com isso? Não é algo que as pessoas fazem todos os dias - Eu disse confusa.
- É só sexo Madelaine.
Não seria só sexo para mim e de alguma forma me machucou que Vanessa pensasse assim. Para mim, seria fazer amor com Vanessa. Para ser honesta, a idéia de transar com Vanessa era muito boa, e minha frustração sexual tornou muito difícil para mim fazer a coisa certa e dizer não a isso. Isso só me deixará mais frustrada com meus sentimentos por Vanessa.
- Deus, que tipo de drogas Lili colocou em sua bebida no trabalho?
- Nenhuma - Vanessa riu e levantou-se da cama para caminhar em minha direção - É que eu estive pensando. Você fala sobre o quanto você odeia essa regra que eu criei sobre não fazer sexo com estranhos, então por que não fazer isso comigo?
- Ok, deixe-me ver se entendi - Suspirei e pensei por um segundo - Nós vamos ter uma amizade colorida, sem sentimentos e aleatoriamente transando?
- Sim - disse Vanessa.
- Você não acha um pouco estranho?
- Bem, nossa amizade nunca foi normal - Ela riu.
- Sim, isso é verdade - Eu ri levemente.
- Então, isso é um sim? - Vanessa perguntou cuidadosamente.
Diga não Madelaine. Não se coloque nessa situação, é uma ideia ridícula e eu sei disso. Ou talvez eu possa fazer Vanessa se apaixonar por mim, fazendo amor com ela...
- Ok, vamos fazer isso - Suspirei e não pude acreditar que concordei com isso.
- Ótimo! - Vanessa aplaudiu e jogou os braços em volta do meu pescoço para me puxar para um abraço apertado.
Eu fiquei tensa com o contato repentino, mas quando senti o coração dela bater contra o meu e seu cheiro doce invadindo meu nariz, eu relaxei em seu toque e joguei meus braços ao redor de sua cintura. Depois de um tempo, ela se afastou com um sorriso tímido no rosto.
- Então, devemos começar agora? - Perguntei confusa e animada ao mesmo tempo.
- Não, nós deveríamos estabelecer algumas regras antes de fazer isso - disse Vanessa em um súbito tom sério - Assim como no nosso plano, isso apenas tornará as coisas mais fáceis.
Eu duvido que isso facilite as coisas.
- Certo, uhm, sim - eu disse e balancei a cabeça - Temos que ter regras.
- Eu vou fazê-las amanhã, estou feliz por você ter aceitado isso, Mads! Vai ser muito divertido! - Ela disse e se virou e saiu do meu quarto.
Em que eu acabei de me meter? Talvez eu deva conversar com Camila sobre isso. Não, ela provavelmente vai surtar e ficar falando sobre "Madnessa". Sou perfeitamente capaz de pensar na coisa certa a fazer sozinha. Certo?
Manhã seguinte, quarta-feira...
- Onde você tem aula, Cha-Cha? - Perguntei a ela e segurei sua mão antes de entrar na escola.
- Uhm, no auditório da L2.
- Ok, eu vou te levar lá - Eu sorri e a puxei comigo para a sala de aula.
Depois de alguns minutos aproveitando o fato de que eu estava de mãos dadas com Vanessa, chegamos ao auditório onde ela teria aula.
- Eu te vejo na lanchonete, né? - Perguntei e dei um beijo rápido em suas bochechas.
Precisei me controlar para não beijar seus lábios. Seria estranho se eu fizesse isso já que nós não nos beijamos na escola até agora. Só no clube naquela noite em que Sophie estava lá.
- Sim! Oh, espera! - Vanessa agarrou meu braço para me puxar de volta - Antes que eu esqueça, eu já te falei sobre minha prima Lexi, né?
- Sim, o que tem ela?
- É aniversário dela semana que vem e minha mãe me chamou para a festa. Eu não quero ir sozinha então você gostaria de ir comigo?
- Sim, claro - Eu sorri.
- Ok, ótimo, te vejo depois da aula! - Ela sorriu e entrou no auditório indo em direção a Camila que já estava lá.
Eu estava sorrindo como um idiota ao pensar em passar algum tempo sozinha com Vanessa, apesar de que sua família estará lá também.
Eu já estava na porta da minha sala e olhei em volta confusa tentando entender como cheguei aqui. Eu acho que é um daqueles momentos em que eu fico sonhando acordada e entrei no piloto automático. Eu tive isso no carro também quando olhei algumas vezes para Vanessa dormindo no banco ao meu lado. Eu realmente deveria ficar mais focada, é perigoso.
Eu entrei na sala e queria sentar no lugar de sempre, no fundo da sala, quando Lili me puxou para perto dela.
- O que foi? - Perguntei confusa e surpresa.
- Você quer se sentar do meu lado hoje Madelaine? - Lili sorriu e apontou para o lado dela.
- Não - Eu disse - Eu sempre sento no fundo nessa aula.
Antes que eu pudesse começar a andar, Lili me puxou de volta.
- Espera, eu quero falar com você sobre Vanessa, então você pode sentar aqui?
Quando ela disse Vanessa despertou meu interesse, eu olhei para onde eu costumo me sentar e o lugar já estava ocupado e respirei fundo antes de me sentar ao lado de Lili.
- O que tem a Vanessa?
- Ok, bem, eu provavelmente não deveria te dizer isso, porque Vanessa me disse isso em particular, mas já que você é namorada dela e eu quero que Vanessa seja feliz, eu achei que você deveria saber. Bem, ela meio que insinuou em vez de realmente dizer isso, mas não tenho certeza se ela realmente quis dizer isso. Por outro lado ela parecia muito confusa e...
- Dá para ir direto ao ponto? - Eu disse um pouco impaciente.
Ela se ajeitou em seu assento e olhou em volta para ver se alguém estava ouvindo.
- Não leve isso para o lado pessoal, mas você está... Você a deixa satisfeita na cama? - Ela sussurrou quase inaudível.
Meus olhos se arregalaram e eu não acredito que Lili, que nunca fala sobre sexo, estava me perguntando se eu deixo minha "namorada" satisfeita.
- Isso não é da sua conta, Lili! - Eu sussurrei suavemente.
- Eu sabia que você iria reagir assim, mas...
- Por que você está perguntando isso? - Perguntei, confusa - O que Vanessa te disse exatamente?
- Bem, ela me disse que ela teve um sonho erótico com alguém que não é sua namorada. Então esse sonho não foi com você, o que me deixou preocupada com o relacionamento de vocês.
De repente, eu entendi tudo. Vanessa não teve um pesadelo aquela noite, ela teve um sonho comigo, por isso ela estava gritando meu nome. Isso explica porque ela estava corando, o jeito que ela estava me olhando e provavelmente é essa a razão para essa ideia de amizade colorida. Estavamos transando em seu sonho, por que qual outra razão teria gritando meu nome? Senti um arrepio desconfortável percorrer minha espinha, mas o que exatamente esse sonho prova? Isso não prova que ela está apaixonada por mim ou algo assim, eu tive um sonho assim uma vez com uma pessoa aleatória que eu não dou a mínima. Talvez tudo que Vanessa sinta por mim, além de me amar como melhor amiga, é desejo. Mas desejo pode facilmente se transformar em amor. Além disso, desejar alguém não é uma coisa ruim, porque o amor geralmente começa com desejo e se transforma em amor depois de algumas semanas ou meses. Pelo menos, vou me certificar de que isso aconteça.
- Madelaine? - A voz de Lili me tirou dos meus pensamentos.
- Lili, eu te agradeço por me dizer isso, embora seja meio preocupante que você conte as coisas que Vanessa te diz tão facilmente, mas...
- Eu nunca fiz isso antes! Eu só queria ajudá-la, porque vocês duas são perfeitas juntas e eu não quero que vocês terminem porque Vanessa não se sente satisfeita...
- Para de falar, Lili Pauline! Você sempre fala tanto assim? - Eu perguntei.
- Bem, normalmente eu...
- Ok, me escuta, posso garantir que tudo está bem nesse quesito. Eu a deixo completamente satisfeita. Mas para você se sentir melhor, eu vou conversar com ela sobre isso, tudo bem? - Eu menti.
- Ótimo, isso é bom - Ela sorriu um pouco desconfortável.
- Você pode parar de imaginar Vanessa e eu transando agora? - Eu sorri.
- Eu não estava imaginando isso! - Lili disse em choque.
- Seu segredo está seguro comigo, Lili - Eu pisquei e voltei minha atenção para o professor que entrava na sala.
- Lili Pauline, você está bem? - Ele perguntou - Você está vermelha.
Eu segurei minha risada quando vi o quão vermelha Lili tinha ficado.
- Eu estou bem - Lili sorriu para o professor. Ele franziu a testa para nós, mas depois encolheu os ombros e caminhou em direção à sua mesa.
- O senhor não pode abrir as janelas? Acho que ela precisa de um pouco de ar fresco - Eu sorri.
🦋▫️VANESSA▫️🦋
Depois que minha última aula acabou, peguei um ônibus para casa. Madelaine ainda tinha mais uma aula e eu não queria pedir carona a Camila. Eu gosto de pegar o ônibus às vezes, escutando música e pensando sobre as coisas. Isso me deixa calma e relaxada.
Peguei meu caderno da mochila e li as regras que fiz durante uma aula chata. Fiquei surpresa por Madelaine ter aceitado e fiquei surpresa porque eu realmente tive a coragem de perguntar isso a ela. Desde aquele sonho que eu tive com ela, não consigo parar de pensar em como seria transar com ela. É estranho eu querer transar com minha melhor amiga?
Todos esses sentimentos que aparecem ultimamente quando estou perto de Madelaine são tão confusos. Até aquele primeiro beijo falso que demos no sofá continua na minha cabeça. Eu acho difícil explicar as coisas que estou sentindo, eu nem mesmo as entendo. Desde aquele beijo, eu não consigo parar de pensar nela dessa maneira, mas talvez isso tenha a ver com o fato de que aquele beijo foi diferente de qualquer outro beijo que eu já dei antes. Às vezes fico frustrada por estar perto de Madelaine em casa e tenho que me lembrar que não posso simplesmente beijá-la de novo. Me frustra ainda mais eu não saber o que significam esses sentimentos, porque eu nunca senti isso antes. O fato de que Sophie continua me mandando mensagens fofas e que Madelaine não parece sentir a mesma coisa, não ajuda em nada. Talvez se eu e Madelaine transarmos, isso acabe e eu não fique tão frustrada por estar perto dela com esses pensamentos na minha cabeça.
Depois de 15 minutos ouvindo música e meus próprios pensamentos, eu chego em nosso apartamento. Deixo minha mochila no chão, troco de roupa e sento no sofá em frente à TV. Eu me sinto animada e ansiosa ao mesmo tempo, porque Madelaine chegaria logo para casa. Ela já disse sim, então eu não preciso ficar nervosa.
Pulei com um ruído alto. Eu fiz uma careta e olhei ao redor para ver de onde o som estava vindo. Continuei olhando até que finalmente encontrei a fonte. O detector de fumaça estava apitando. Eu acho que está quebrado porque ele apita várias vezes mesmo sem nenhuma fumaça. Suspirei e puxei uma cadeira para poder alcançá-lo e apertar o botão de reset, mas continuou apitando. Normalmente ele para quando eu faço isso. Eu o tirei do teto e me sentei no sofá para abri-lo. Tem muitos fios e coisas estranhas que eu não entendo. Eu segui alguns fios com os olhos que iam até o pequeno dispositivo de onde sai o som.
Ouvi a porta se fechar atrás de mim e uma mochila caindo no chão. Eu estava muito concentrada no aparelho a minha frente para olhar.
- Ok, então esse fio está conectado a esse outro fio, e esse está ligado nisso - Murmurei para mim mesma - Então tudo o que tenho que fazer é... - Eu puxei um fio do dispositivo mas ele continuou apitando. Pude ouvir Madelaine rindo.
- Madelaine - Eu disse e me virei para vê-la rindo de mim.
- Você está brincando de mecânica? - Ela riu e se sentou ao meu lado no sofá.
- Não, para de rir de mim - Eu fiz biquinho.
- Deixe-me ver essa coisa - Ela disse e pegou o aparelho das minhas mãos - Você tentou pressionar reset primeiro?
- Sim, mas não funcionou.
- Ok, bem, talvez se eu... - Ela disse e colocou o dispositivo sobre a mesa - Bater nisso.
- Não, espera! - Eu tentei pará-la, mas Madelaine já tinha esmurrado o detector de fumaça. Assim que a mão dela tocou no aparelho ela soltou um grito alto.
- Merda, merda, isso dói! - Madelaine disse com uma voz dolorida e apertou sua mão machucada com a outra mão.
- Tem coisas afiadas nisso, Mads.
- Não, merda, acabei de ser esfaqueada por um detector de fumaça - Ela disse enquanto se encolhia no sofá apertando sua mão.
- Deixe-me ver - Eu disse baixinho e puxei seu braço para que ela soltasse a mão.
- Dói - Ela fez biquinho e continuou olhando para longe. Madelaine fica assustada e enjoada quando vê sangue. Quando ela quebrou o pé batendo a prancha contra uma pedra, ela desmaiou na praia porque tinha muito sangue. Ela nunca chora, mas é uma profissional em desmaiar quando vê sangue.
- Eu sei, mas você conseguiu fazer parar de apitar - Eu ri levemente.
- Sim, mas de nada vai adiantar se eu sangrar até a morte - Ela riu drasticamente.
- Você é a Rainha do drama - Eu ri - Deixe-me ver sua mão.
Madelaine soltou um suspiro e finalmente me deixou puxar sua mão. A primeira coisa que vi foi sangue escorrendo na palma de sua mão, vindo de um pequeno corte logo abaixo do dedo do meio.
- Eu vou morrer enfermeira? - Ela perguntou brincando, mas eu podia ouvir a angústia em sua voz porque ela provavelmente sentia o sangue escorrendo por sua mão.
- Não, mas você tem um pequeno corte, então eu vou pegar aquele spray que sempre faz arder um pouco para limpar isso, está bem? Apenas feche os olhos e conte até vinte, como sempre faz quando brincamos de esconde-esconde aqui, mas não pode espiar.
Madelaine assentiu, fechou os olhos e eu fui até a gaveta na banheiro para pegar as coisas que eu precisava.
- Eu nunca espio quando brincamos de esconde-esconde.
- Você espia sim - Eu ri e fechei a gaveta quando peguei um band-aid para o corte, gazes para limpar o sangue e o spray.
- Não espio não - Ela riu.
Eu balancei minha cabeça em diversão e me sentei ao lado dela de novo.
- Coloque sua mão no meu colo.
Madelaine fez o que eu pedi e ainda estava os olhos fechados. Comecei a limpar o sangue da mão dela até limpar tudo, exceto o que ainda estava saindo do corte.
- Isso vai doer um pouco - Eu disse suavemente e espirrei um pouco do remédio no corte.
- Eu odeio esse spray - Madelaine disse com uma expressão de dor em seu rosto.
- Eu também, eu também.
Peguei o band-aid e coloquei sobre o corte. Virei a mão dela um pouco para ver se ainda tinha sangue em algum lugar, mas quando vi que estava tudo limpo, dei um beijo em sua mão.
- Eu acho que você vai sobreviver - Eu ri.
- Posso abrir meus olhos agora?
- Sim, você pode.
Madelaine abriu os olhos e olhou para mim. Eu sorri para ela e ela hesitou um pouco antes de olhar para sua mão.
- Obrigada - Ela sorriu - Um band-aid do Bob esponja, sério?
- Era Bob esponja ou homem aranha - Eu ri e me levantei para guardar as coisas na gaveta e as gazes no lixo.
- Eu prefiro o homem aranha - Madelaine riu - O que é isso?
Voltei e vi que Madelaine estava apontando para o caderno onde eu tinha escrito as regras.
- Oh, essas são as regras que eu fiz para a nossa amizade colorida - Eu sorri.
- Ok, leia para mim. Elas não podem ser tão ruins quanto as regras do namoro falso desde que agora eu vou poder transar - Ela riu um pouco nervosa.
- Bem, deixe-me ver - Eu ri e abri o caderno. Madelaine se ajeitou no sofá e encostou as costas no sofá com sua mão machucada em seu colo.
- Ok, a primeira: se a outra não estiver no clima, então não vai acontecer. Segunda: Se você não quiser mais isso, é só dizer. Terceira: se você se sentir desconfortável fazendo certas coisas, fale. Quarta: não conte a ninguém sobre isso, isso pode se espalhar e seria estranho, já que todos pensam que estamos namorando. Quinta: nada de apelidos para parte intima do corpo. Sexta: Não se empolgue ou podemos acabar enjoando fácil.
- Eu duvido disso - Madelaine sorriu.
Eu ri para ela e continuei.
- Sétima: se você...
- Vanessa, não podemos simplesmente manter isso simples e divertido. Não é por isso que decidimos isso? - Madelaine suspirou - Sem compromisso, sem sentimentos, só sexo.
- Você está certa - Eu disse e joguei o caderno na mesa. Eu a olhei nos olhos, ela franziu a testa para mim primeiro, mas depois relaxou.
- O que quer que aconteça, continuamos amigas - Eu disse - Promete?
Madelaine engoliu em seco, talvez fosse por causa do nervosismo ou algo assim.
- Prometo.
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