23 •Brega•
🍒▫️MADELAINE▫️🍒
Alguns minutos depois eu senti que o carro estava parando e a mão de Vanessa que estava esfregando minha coxa veio para o meu rosto.
- Nós chegamos, Mads. - Ela sussurrou.
Eu suspirei em resposta e aconcheguei-me mais perto de seu pescoço. Eu não sinto vontade de sair daqui. Mesmo que a árvore esteja me incomodando, ficar assim com Vanessa me fez sentir bem e despreocupada. Além disso, já fiquei muito tempo sem isso.
- Camila, você pode ajudar Madelaine subir? - Eu ouvi Vanessa dizer - Eu vou cuidar de... Você sabe o que... Primeiro.
- Hmm, o que? - Eu murmurei e tentei forçar meus olhos a se abrirem.
- Uhm... Eu esqueci a chave no quarto de Camila, então eu vou pegar a chave reserva que está com o vizinho do andar de baixo - Vanessa disse e deu um beijo na minha bochecha - Você pode se levantar?
- Eu não quero... - Eu gemi e me pressionei ainda mais nela - Desde quando ele fica com a nossa chave? - Perguntei, confusa.
- Uhm...
A porta do carro se abriu e um vento frio bateu no meu rosto, o que me fez acordar completamente. Vanessa não terminou sua frase, mas eu não me importo dele estar com a chave. Eu estou em casa, com Vanessa e eu mal posso esperar para entrar em nosso apartamento.
- Jujubinha, vocês vão ter o resto da vida para ficar se agarrando, agora você precisa tirar sua bunda daí antes que a minha congele - Camila riu.
- Pare de irritá-la, Camila - Vanessa sorriu quando ela cuidadosamente me empurrou para fora do seu colo e saiu logo atrás de mim.
- Eu ainda vou chutar sua bunda - Eu bufei quando Camila balançou um braço ao redor da minha cintura para me segurar.
- Você tenta se fazer de durona - Camila riu quando ela fechou a porta do carro - Mas todos nós sabemos que isso é só fachada.
- Cala a boca.
Quando entramos em nosso prédio com o braço de Camila ainda em volta da minha cintura, Vanessa saiu do elevador parecendo um pouco sem fôlego.
- Isso foi rápido, Nessa, você pegou a chave? - Eu perguntei quando saí do braço de Camila para o de Vanessa.
- Que chave? - Ela franziu a testa.
- A chave do...
- Oh, a chave! - Ela sorriu e balançou a cabeça - Sim, eu peguei a chave. Vamos lá.
Eu fiz uma careta para Camila para ver se ela sabia por que Vanessa estava agindo de forma estranha, mas ela apenas deu de ombros para mim.
- Você está bem, Nessa? - Eu perguntei a Vanessa enquanto ela me levava para o elevador com Camila nos seguindo.
- Claro, você está em casa - Ela sorriu e apertou os lábios nos meus em um beijo rápido.
Aquele olhar de novo. Aquele olhar cheio de preocupação, mas foi substituído por um sorriso preocupado assim que olhei para ela. Talvez seja melhor se eu conversar com ela agora sobre tudo o que aconteceu, eu não quero ver esse sorriso de novo.
O elevador parou no nosso andar e eu entrelacei minha mão na de Vanessa. Eu podia sentir que ela estava nervosa com alguma coisa. Eu apertei a mão dela um pouco mais forte e parei de andar, o que fez com que Camila batesse em mim.
- O que foi? - Vanessa perguntou confusa.
- Antes de entrarmos e fingir que não tem nada acontecendo, eu quero conversar com você, Nessa - Eu disse e virei meu olhar para Camila.
Ela olhou para mim e depois de volta para Vanessa antes de concordar.
- Acho que vou buscar a árvore no carro então.
Eu observei Camila voltar para o elevador e me dar um aceno reconfortante antes das portas se fecharem e Vanessa e eu estarmos sozinhas em nosso corredor.
- Você não quer conversar lá dentro? - Vanessa perguntou confusa enquanto se aproximava de mim.
- Eu tenho que fazer isso agora, porque uma vez que eu entrar, eu quero que tudo seja sobre nós e não sobre o acidente. Porque foi isso que aconteceu, um acidente... - Eu disse suavemente e aproximei-me ainda mais dela para poder colocar as mãos em sua cintura.
Vanessa desviou o olhar de mim assim que as palavras saíram da minha boca e começou a olhar para o chão. Aquele olhar apareceu de novo. Minha mãe estava certa.
- Eu sei disso... - Ela murmurou.
- Você sabe mesmo? - Perguntei - Porque eu não sou cega, Vanessa eu vejo o jeito que você olha para mim. Você está me olhando com tanta tristeza e eu não quero que você fique triste quando estiver perto de mim.
- Eu não fico triste perto de você... - Ela disse e começou a balançar as mãos para frente e para trás, ainda evitando meus olhos.
- Eu não quero que você se culpe pelo que aconteceu naquela noite. Eu estava lá na hora errada, no lugar errado. Liguei para a polícia e provavelmente falei muito alto, eu tomei essas decisões e nenhuma de nós poderia ter previsto que aquilo aconteceria - Eu disse um pouco mais alto para enfatizar o meu ponto e levantei seu queixo com uma das minhas mãos - Não é sua culpa.
Seus olhos estavam observando meu rosto enquanto eu via as lágrimas se acumulando neles.
- Vem aqui, baby - Eu sorri e joguei meus braços ao redor de sua cintura para puxá-la para mim. Soluços suaves preencheram o silêncio no corredor - Por favor, pare de se sentir culpada, dói muito te ver assim.
Comecei a esfregar as mãos suavemente para cima e para baixo nas costas porque ela ainda não tinha respondido. Ela começou a murmurar algumas palavras que não eram audíveis o suficiente para entender, então eu continuei sussurrando palavras de conforto até que os soluços se acalmassem. Alguns momentos depois, Vanessa se afastou um pouco e pressionou sua testa contra a minha.
- Foi... Foi a noite mais assustadora da minha vida... - Ela sussurrou.
- Eu sei - Eu sussurrei de volta e levantei a mão para enxugar algumas lágrimas de sua bochecha - Mas agora acabou. Eu estou aqui e não vou a lugar nenhum. Você está presa a mim.
Ela riu através do seu soluço e me puxou de volta para outro abraço.
- Eu te amo.
Um sorriso se formou em meus lábios quando senti calor se espalhando pelo meu corpo. Eu não sei se o calor vem do corpo de Vanessa pressionado contra mim, ou do amor que eu sinto por dentro que fica mais forte a cada batida do meu coração.
- Eu também te amo - Sussurrei e recuei para pressionar um beijo em seus lábios. Eu ainda posso sentir um pouco do gosto salgado de suas lágrimas, mas espero não ter que ver lágrimas em seu rosto novamente depois disso - Então, o que eu te disse?
- Q-que não foi minha culpa... - Ela murmurou quase inaudível.
- Isso - Eu sorri - Agora, vamos entrar antes que Camila nos bata com a árvore de Natal.
Eu comecei a puxar Vanessa comigo, mas ela me parou dessa vez.
- Se vamos ser totalmente honestas agora, preciso dizer algo para você também.
Eu olhei para ela confusa, mas me senti mais à vontade quando ela começou a esfregar as mãos para cima e para baixo nos meus braços.
- O que?
- Se eu tenho que parar de me sentir culpada pelo que aconteceu, você tem parar de tentar ser forte o tempo todo para mim.
- O que você quer dizer com isso? Eu me sinto bem.
- Eu sei o quanto está te incomodando que você não consegue ler ou escrever, e eu também sei que você se sente idiota por causa disso. Você está agindo como se não estivesse te incomodando. Eu quero ajudá-la, então você precisa me contar sobre essas coisas. Nós estamos passando por isso juntos, certo? - Ela sorriu suavemente - E eu não quero que você se ache idiota.
Ela colocou sua mão em meu rosto e eu me permiti inclinar em seu toque. Talvez fosse mais uma rendição, uma tentativa de deixar as paredes ao meu redor desmoronar o suficiente para Vanessa ver como eu realmente me sinto. Eu deveria saber que Vanessa sabia, ela sempre sabe. Eu me sinto feliz por ela saber, porque ficou mais difícil agir como se nada estivesse me incomodando e tentando continuar forte por ela.
- Eu só não queria que você se preocupasse comigo depois do que você passou - Eu suspirei.
- Eu fico mais preocupada com você quando vejo que algo está errado e você não me diz o que é - Ela disse e segurou minhas bochechas em suas mãos - E além disso... - Ela começou e levantou a cabeça para pressionar um beijo nos meus lábios - Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço - Ela sorriu com os lábios ainda roçando minha pele.
- Sim... Eu sou bem inteligente mesmo - Eu ri quando ela se afastou com um sorriso - Mas você é a gênia aqui - Eu sorri e bati meu ombro levemente nela.
- Eu não sou... - Ela riu timidamente antes de entrelaçar nossas mãos - Obrigado por me fazer sentir melhor...
- Não, obrigada você - Sorri e me inclinei para um beijo.
Suas mãos envolveram meu pescoço. Eu a puxei ainda mais para mim com minhas mãos em seus quadris e encostei nossos corpos. Dessa vez eu não perdi tempo e passei minha língua por seu lábio inferior. Nós duas suspiramos com a familiar sensação de nossa respiração se misturando e o calor lentamente começou a percorrer todas as partes do meu corpo. Acho que ambas precisávamos da intimidade física para nos acostumarmos com isso de novo, mas, acima de tudo, sentir que tudo isso ainda é real. Eu preciso de mais, então comecei a nos empurrar para a porta do apartamento, mas Vanessa se afastou com um sorriso, dando a nós duas a chance de respirar.
- Eu acho que vou desobedecer uma das ordens do médico e podemos ir direto para o quarto - Eu sorri enquanto passava minhas unhas sobre a parte inferior de suas costas e pressionava meu corpo contra o dela depois que ela encostou na porta - Ou pode ser na cozinha mesmo... - Eu mordi seu lóbulo da orelha - Talvez no sofá seja um bom começo...
O peito de Vanessa subiu e desceu em uma respiração pesada quando vi seus olhos escurecer com luxúria.
- Por mais que eu queira muito isso, nós... Ugh Deus, você não tem ideia... - Ela gemeu quando eu pressionei beijos molhados sobre o queixo e consegui abrir suas pernas com a minha perna - Eu... Hum... Acho que devemos obedecer o médico.
- Mas... nós podemos ir devagar... - Eu disse e inclinei-me para beijar seu pescoço - Eu deixo você ir por cima dessa vez.
- Eu não precisava saber disso!
A voz de Camila nos assustou e eu gemi frustrada com a interrupção. Eu recuei de Vanessa para que eu pudesse me virar para Camila lutando com a árvore em seus braços e um enorme sorriso no rosto.
- Você realmente precisa parar de aparecer na hora errada, Camila.
- E vocês precisam parar de se pegar sempre que eu estou por perto - Ela riu e piscou.
- Desculpa, não posso fazer isso - Eu sorri e pressionei outro beijo nos lábios inchados de Vanessa. Suas bochechas ficaram um pouco vermelhas, provavelmente porque Camila nos viu. Tão fofa.
Eu me senti aliviada por ter essa conversa com Vanessa agora em vez de esperar o momento certo. Eu não quero estar em casa com esses pensamentos em minha cabeça. Tudo o que tem que ser dito por agora foi dito e eu realmente espero que Vanessa não sinta que eu culpo ela ou ainda se sentindo culpada. Eu também estou feliz por não ter que fingir que não estou frustrada com as consequências do coma, mas como ela disse, vamos passar por isso juntas. Não importa o quão frustrada eu fique, não importa o quão ruim tudo pareça, eu só tenho que olhar para o sorriso dela para me sentir melhor.
- Obrigada por pegar a árvore Camila. - Vanessa sorriu e se aproximou para ajudá-la - Você pode abrir a porta, Mads?
🦋▫️VANESSA▫️🦋
Eu estou flutuando depois daquele beijo. Pareceu o nosso primeiro beijo de novo, como se eu estivesse me apaixonando por ela de novo. Eu nem sabia que era possível ter tanto amor no coração por alguém. Mas eu nunca me senti mais viva do que agora. E provavelmente nunca me senti mais excitada do que agora também. Madelaine adora provocar, mas eu realmente quero seguir as ordens do médico, então eu tenho que me manter forte contra suas tentativas de me seduzir.
Fico feliz por termos conversado sobre nossos sentimentos. Eu sabia que ela tinha percebido que eu não estava totalmente feliz. Ela estava certa, eu me sentia culpada, só que eu não percebia que era culpa que estava alimentando o lado negro dentro de mim. Agora eu sinto como se tivesse tirado o peso do mundo de meus ombros e a tensão negativa estivesse flutuando lentamente para fora do meu corpo com cada toque e sorriso que recebi de Madelaine.
Eu assisti quando Madelaine colocou as chaves na porta do nosso apartamento e sorriu para Camila através dos galhos da árvore. Talvez eu tenha contado a Madelaine uma pequena mentira sobre o motivo pelo qual subi primeiro. Eu disse a todos para não gritar e não ficarem mais do que meia hora. E também pedi a algumas pessoas que voltassem outra hora. Eu sei que Madelaine ficará feliz em ver nossos amigos, mas eu só pedi aos amigos mais próximos ficassem e pedi o resto voltar depois e agradeci pelo apoio. Eles entenderam que poderia ser demais para Madelaine.
Quando Madelaine abriu a porta, eu assisti nervosamente enquanto seus olhos se arregalaram com a visão de Drew, Lili, Casey, Emily e Erinn. Meu nervosismo desapareceu assim que Madelaine começou a sorrir amplamente, Lili foi a primeira a abraçá-la.
- Estamos tão felizes por você estar em casa, Mads - Lili sorriu.
- Eu também estou - Ela sorriu - Agora você precisa me soltar antes que isso fique estranho.
Lili riu e se afastou, dando espaço para Drew, que jogou seus grandes braços em volta do ombro de Madelaine.
- Então, você conseguiu o número de uma enfermeira gostosa para mim como eu pedi?
Madelaine empurrou-o de brincadeira para longe dela e Drew balançou a cabeça com uma risada.
- Uhm Nessa, podemos colocar essa árvore aí dentro logo? Eu não sinto mais meus braços - Camila suspira. É tão bom ver Madelaine sorrindo, e a ver em nosso apartamento de novo. Finalmente o silêncio assustador não estaria mais aqui quando eu entrasse e as paredes não pareceriam estar me sufocando. Tudo o que vejo agora é ela.
- Sim... Desculpa - Eu sorri e empurrei a porta com Camila e a árvore.
Assim que todos estavam sentados na sala, entrei na cozinha para fazer café. Quando eu estava prestes a colocá-lo nas xícaras, senti dois braços em volta da minha cintura e um corpo quente pressionado contra o meu por trás.
- Obrigada por isso - Madelaine murmurou e encostou a cabeça no meu ombro.
- Foi idéia do Drew, mas você está cansada? Porque se você está cansada eu digo a eles... - Parei de falar quando Madelaine pressionou os lábios no canto da minha boca.
- Baby, pare de se preocupar, eu estou bem - Ela murmurou enquanto se abraçava mais forte contra mim. Eu relaxei em seu corpo e virei minha cabeça para lhe dar um beijo. Ela está bem, pare de pensar nisso. Mas vou ficar de olho nela mesmo assim.
Três dias depois, Natal.
- Madelaine, você pode abrir a porta? Estou prestes a deixar tudo cair no chão! - Eu disse e bati na porta com o pé.
Alguns momentos depois, Madelaine abriu a porta e rapidamente pegou umas das sacolas das minhas mãos.
- Uau, Nessa, vamos alimentar o prédio inteiro ou algo assim? - Ela riu e colocou as sacolas no balcão da cozinha.
Eu coloquei as sacolas no balcão também e soltei um longo suspiro.
- Talvez eu tenha exagerado, mas eu quis ter certeza de que temos comida suficiente para todos.
- Bem, eu acho que você garantiu isso - Ela riu e agarrou minha mão para me levar para o sofá. Ela se sentou e me puxou para o seu colo. Eu ri um pouco quando ela mordeu meu ombro e enterrou a cabeça no meu pescoço.
- Eu acho que posso me acostumar com essa versão carinhosa de você - Eu ri e comecei a passar a mão em seu cabelo. - Faz muito tempo que você acordou?
- Eu acordei logo depois que você saiu - Ela murmurou contra a minha pele - Eu queria ir com você.
- Eu sei, mas você estava dormindo e eu não queria te acordar. Além disso, não é muito divertido fazer compras quando o mercado só vai abrir por duas horas. Foi um caos e isso não é bom para você agora - Eu dei um beijo em sua testa e comecei a levantar de seu colo para guardar as compras. Eu não consegui me levantar, Madelaine segurou firmemente minha cintura.
- Eu sei o que seria bom para mim agora... - Ela sussurrou com a voz rouca. Seus lábios estão logo abaixo do meu ouvido e me fez segurar minha respiração.
Eu não pude segurar o gemido que escapou da minha garganta. Quando a mão dela começou a subir do meu joelho até a parte interna da coxa, eu rapidamente coloquei minha mão sobre seu pulso para parar o movimento antes que não houvesse mais força de vontade dentro de mim para impedir isso.
- Nós não podemos.
Ela gemeu contra a minha pele e puxou os lábios do meu pescoço.
- Por que não? - Ela fez biquinho.
- Porque o médico disse que você precisa descansar e manter a pressão arterial baixa. Então, isso também significa nada de sexo, mesmo que seja difícil me manter longe de você.
- Você está no meu colo agora - Ela sorriu para me lembrar da nossa posição atual.
- Eu quis dizer estar perto de você enquanto estamos nuas.
Seus olhos se arregalaram com luxúria quando eu disse isso, mas antes que ela pudesse dizer algo, eu me inclinei para frente e a silenciei com meus lábios. Seu gemido frustrado se transformou em um zumbido fofo quando eu passei a língua sobre seus lábios.
- Por favor, não diga coisas assim quando eu não posso tirar sua roupa - Ela gemeu e lambeu os lábios quando eu me afastei do beijo.
Eu ri de seu comportamento fofo e dei um último beijo em seus lábios antes de me levantar e puxá-la comigo.
- É difícil para mim também, mas vai valer a pena. Eu prometo - Eu pisquei e a puxei comigo em direção ao banheiro - Agora vá tomar um banho antes que nossos pais e minha irmã cheguem aqui.
- Você está insinuando que eu estou cheirando mal? - Ela fez biquinho.
- Não, mas você sempre demora uma eternidade no banho e eu preciso tomar um também.
- Hmm, precisa é? Bem, da última vez que olhei, tinha espaço suficiente para duas pessoas tomarem banho ao mesmo tempo - Ela sorriu sedutoramente e passou a mão para cima e para baixo no meu braço. Arrepios apareceram sob seu toque e um arrepio correu pela minha espinha.
Eu divertidamente a empurrei para o banheiro e para longe de mim.
- Você é malvada.
- Você me ama - Ela riu e me deu um beijo antes de fechar a porta.
Ela está certa, eu a amo. E fico feliz em vê-la melhorando. Parece que o nível de energia dela aumenta todos os dias, ela até dormiu às 22h na noite anterior. Nos últimos dois dias, ela já estava exausta às 19h e mal aguentava chegar às 20h. A primeira aula de leitura também começa em dois dias e, a partir daí, só vai melhorar.
🍒▫️MADELAINE▫️🍒
Depois de sair do banho, um banho muito necessário, enrolei uma toalha em volta do meu corpo e abri a porta do banheiro. Vanessa estava na cozinha, já preparando as coisas para essa noite. Eu andei até ela e coloquei minhas mãos ao redor de sua cintura por trás.
- O que você está fazendo?
- Eu estou tentando descobrir quanto tempo essa carne tem que ficar no forno - Ela murmurou e olhou para o pacote em suas mãos.
Quando eu estava prestes a pegar o pacote dela, a realidade me atingiu de novo e eu não posso ler o que está na embalagem.
Vanessa percebeu isso, porque imediatamente ela se virou para mim e quando ela ia começar a falar seus olhos pousaram em minha toalha. Eu a vi corar só por me ver de toalha. A reação que eu queria.
- Você não podia ter colocar uma roupa antes de vir aqui? - Ela suspirou e colocou as mãos na frente de seus olhos.
- Baby, pare de tampar seus olhos, não vou deixar a toalha cair - Eu ri e afastei as mãos do rosto dela.
- Você precisa parar de fazer isso comigo. Eu só estou seguindo as ordens do médico - Ela fez biquinho.
- Eu sei, me desculpa Nessa, eu vou parar com isso - Eu sorri e pressionei um beijo em seu biquinho - Agora, deixe-me ver essa embalagem. É um bom começo, né?
Seus olhos se iluminaram e ela pegou o pacote de carne do balcão para segurá-lo na nossa frente.
- Ok, lembrem-se do que te mostrei nas cartas de ontem... - Ela começou.
- Eu só lembro de você me dizendo que o B se parece com dois peitos, o O tem a forma de um peito, o P parece uma pessoa que só tem um peito...
- Você que disse isso quando eu escrevi o alfabeto para você - Ela riu.
- Bem, me ajuda a memorizar as cartas se eu as relaciono com coisas do meu interesse - Eu sorri.
- Isso é verdade - Ela riu - Ok, nós só vamos tentar a primeira palavra porque eu tenho que tomar um banho também e você precisa se vestir. Ok, faça isso letra por letra, você consegue ver a palavra?
Eu olhei para a palavra que ela estava apontando, mas eu só reconheci o O na palavra e eu estava muito distraída por Vanessa para me concentrar no resto. Vanessa ainda estava olhando para o pacote enquanto mantinha o dedo embaixo da primeira palavra. Eu não conseguia tirar meu olhar dos lábios dela, ela mordeu seu lábio inferior levemente, provavelmente esperando que eu dissesse alguma coisa. Seu rosto é tão delicado e sem mencionar seus olhos hipnotizantes. Deus ela é tão...
- Linda - Eu disse enquanto observava o rosto dela.
- Não é isso, mas tente de novo, essa aqui é menor - Ela disse, enquanto mantinha os olhos focados no pacote em sua mão.
Eu nem sequer me preocupei em olhar para baixo porque eu não seria capaz de ler de qualquer maneira, ao invés disso, eu me aproximei dela.
- Maravilhosa.
Ela olhou para mim confusa até que seu olhar se suavizou e ela percebeu que eu estava olhando para ela o tempo todo.
- Você é muito mais fácil de ler, essas palavras só aparecem quando eu olho para você - Eu sorri e joguei meus braços em volta de seu pescoço. Eu tracei um padrão com o dedo no ombro dela, deixando uma trilha ardente na ponta do meu dedo - Esse ponto aqui diz "beijável".
- Isso foi tão brega - Ela riu.
- Sou brega por você.
- Brega de novo.
- Você me faz querer ser brega.
- Você só está tentando entrar nas minhas calças - Ela riu enquanto apertava minha cintura de brincadeira.
- Está funcionando?
Ela tirou os braços da minha cintura e gentilmente me empurrou para fora da cozinha em direção ao quarto.
- Vá se vestir, eu preciso da sua ajuda mais tarde com a comida - Ela sorriu.
- Tudo bem, eu vou te ajudar - Eu suspirei e comecei a caminhar em direção ao meu quarto para me trocar.
- Oh, eu pedi a Camila para deixar a receita de torta de maçã ontem, é isso?
Eu me virei para ver Vanessa com um papel dobrado em suas mãos. Ela abriu e eu praticamente me joguei nela, mas a toalha enrolada em volta do meu corpo não me ajudou a chegar mais rápido.
- Nessa, espera! Isso não é...
Antes que ela tivesse tempo de desdobrá-lo e lê-lo, eu já peguei o papel de suas mãos.
- O que é isso? - Ela perguntou rindo do meu nervosismo.
- Não é nada, só umas coisas idiotas que Camila escreveu para mim ontem, quando você foi conversar com seu chefe.
Vanessa inspecionou meu rosto e eu sabia que tinha sido pega. Minhas bochechas estavam vermelhas agora.
- Hmm, que coisas?
- Coisas da faculdade, para o projeto dela...
- Ok, por que não posso ler então? - Ela sorriu e cruzou os braços sobre o peito.
- Tudo bem, não é isso... - Eu murmurei - É... eu sinto falta de escrever... E algo surgiu na minha cabeça e eu queria escrever, então pedi a Camila para escrever para mim. Não é grande coisa...
- Posso ver?
- Você vai me chamar de brega de novo - Eu murmurei.
- Eu estava brincando, você sabe o quanto eu amei aquelas cartas que você escreveu para mim - Ela sorriu e estendeu a mão para pegar o pedaço de papel da minha mão.
- Tudo bem... Você e esses seus malditos olhos de cachorrinho... - Eu disse e revirei os olhos com um sorriso.
Ela imediatamente pegou o papel da minha mão e desdobrou-o.
- Eu vou ler em voz alta - Ela sorriu e então voltou sua atenção para o papel em sua mão. Eu não pude deixar de sorrir e encarar seus lábios que estavam começando a murmurar as palavras em voz alta.
- Para Vanessa, eu conheço você - Ela começou e olhou para mim com um sorriso antes de voltar sua atenção para o papel.
Eu conheço você,
Eu sei o que você pensa,
Eu entendo seus sentimentos,
Entendo o que você diz, mesmo sem dizer.
Conheço seus desejos e seus sonhos,
E os compartilho com você,
Você me conhece.
Você ouve meus pensamentos,
Sabe minhas perguntas, mesmo sem eu perguntar,
Sempre descobre o que eu quero.
Você sempre está do meu lado
E me mostra o caminho
quando perco a direção.
Nós nos conhecemos.
Vanessa ficou olhando para o papel em suas mãos depois de ler em voz alta e eu rapidamente o peguei de volta.
- Viu? Eu te disse que não era nada. É só algo que eu inventei e...
Seus lábios nos meus me impediram de terminar a frase e tiraram o ar dos meus pulmões. De um jeito bom. Eu estou supondo que ela gostou do que eu escrevi.
Meus olhos ainda estavam fechados quando Vanessa já havia se afastado. Eu lentamente abri meus olhos e a vi sorrindo de volta para mim.
- É lindo, eu amei - Ela sorriu.
- Sério?
- Sim, sério, posso ficar com ele?
- Claro, eu escrevi para você. Bem, Camila escreveu, mas... Você sabe o que eu quis dizer - Eu ri ainda me sentindo um pouco tonta por causa do beijo.
- Obrigada, é perfeito. Um pouco brega, mas eu gosto de brega - Ela encolheu os ombros.
- Você prometeu que não me chamaria de brega!
- Estou brincando - Ela riu - Você deveria ir colocar uma roupa - Ela riu e acenou com a cabeça para o meu quarto.
- Ou, eu posso só tirar isso - Eu disse de brincadeira e mexi minhas sobrancelhas.
Ela riu enquanto balançava a cabeça e me dava um empurrão final em direção ao meu quarto.
- Vai logo.
- Tudo bem, não custa tentar - Eu ri e voltei para o meu quarto.
Quando me virei na porta para fazer outra piada, vi Vanessa lendo o papel de novo com um sorriso brilhante no rosto. Ela provavelmente não percebeu que eu ainda estou olhando. Meu coração bateu mais forte em ver aquele sorriso de novo. Isso automaticamente me fez sorrir também.
Quando ela colocou o papel no bolso e caminhou de volta para a cozinha, eu fechei a porta do meu quarto e caminhei até o guarda roupa para escolher minha roupa.
- Ok... - Eu suspirei para mim mesma - Em qual dessas roupas meu pai não vai conseguir me envergonhar na frente da família de Vanessa?
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