21 •Uma nova perspectiva•
🦋▫️VANESSA▫️🦋
Os olhos de Madelaine estavam observando todo o meu rosto sem dizer uma palavra. Ela provavelmente não tem ideia do que está acontecendo e eu não quero assustá-la. Eu tentei o meu melhor para conter as lágrimas, mas elas já estavam caindo dos meus olhos. Eu ainda tinha seu rosto entre as minhas mãos enquanto sorria através das minhas lágrimas de pura felicidade por ser capaz de olhar em seus olhos novamente. Um sentimento caloroso lentamente se espalhou pelo meu corpo.
- Você voltou para mim - Eu sorri enquanto enxugava as lágrimas dos meus olhos.
Madelaine arqueou as sobrancelhas e eu vi o pânico em seus olhos. Ela engoliu seco um par de vezes e sua boca se abriu e logo se fechou de novo sem dizer uma palavra.
Eu provavelmente deveria chamar um médico, mas eu não conseguia me afastar de Madelaine agora que ela está de volta. Eu já fiquei muito tempo sem ela.
- Você está no hospital, mas vai ficar bem - Eu disse e passei o meu polegar sobre sua bochecha que parecia estar mais quente do que antes.
Ela ficou ainda mais confusa, mas ela não desviou o olhar. Ela ficou olhando para mim enquanto eu tentava o meu melhor para não pular nela. De repente, lembrei-me do médico dizendo sobre possíveis danos cerebrais e o medo do que pode estar acontecendo na cabeça de Madelaine agora desencadeou as preocupações dentro de mim. E se ela não souber quem eu sou? E se ela não puder falar?
Eu não percebi que estava apertando seu rosto até que ela afastou a cabeça das minhas mãos. Eu lentamente balancei a cabeça enquanto forçava lágrimas nos meus olhos. Ela está se afastando de mim.
- Madelaine, por favor, você pode dizer alguma coisa? - Perguntei. Eu não soltei seu rosto, embora percebesse que ela queria que eu fizesse isso. Ela estava fraca demais para realmente sair do meu toque e eu com certeza não a deixaria ir. Não dessa vez.
Ela abriu a boca ligeiramente e sua língua arrastou sobre os lábios que provavelmente estavam secos. Inclinei-me para ela quando ouvi um pequeno som saindo de sua garganta e a vi engolir seco.
- Quem... - Ela começou e engoliu seco de novo enquanto respirava fundo. Ela ainda tinha fios em seu nariz da máquina de respiração e ela provavelmente não sabe o porquê.
O calor dentro de mim aumentou ainda mais quando ouvi sua voz depois de tanto tempo. Foi suave, mas eu podia ouvir o tom familiar que soava mais rouco do que o normal. Eu estava tão perdida em seu olhar e em sua voz, que eu nem percebi o que ela estava tentando dizer.
Eu a vi lutando para conseguir dizer algo de novo até que ela respirou fundo de novo e me apunhalou no coração com suas palavras.
- Quem é... Quem...
Eu não deixei ela terminar a frase, não posso aceitar isso agora. Assim que senti o frio e a escuridão retornando para o meu coração, eu me inclinei para frente para fechar a distância entre nós e pressionei meus lábios nos de Madelaine. Seus lábios ainda estavam um pouco separados porque ela estava tentando terminar a frase que eu não queria ouvir. Não quero ouvir que ela não sabe quem eu sou, porque sei que não é verdade.
Fechei meus olhos enquanto tentava derramar cada centímetro de mim no beijo para fazê-la sentir quem eu sou. Meu coração bateu com a sensação de ter seus lábios macios encaixados perfeitamente entre os meus. Flashes de memórias percorreram minha mente enquanto eu pressionava meus lábios mais firmemente nos dela. Flashes de Madelaine sorrindo para mim, sons de sua risada, o calor de seus abraços, tudo o que eu sentia tanta falta e pensei que nunca iria sentir novamente.
Não sei por quanto tempo estamos assim agora, mas finalmente a senti me beijando de volta. Eu sorri no beijo antes de lentamente me afastar com a esperança se espalhando pelo meu corpo de novo. Esse beijo definitivamente foi um dos melhores da minha vida.
Eu olhei em seu rosto e Madelaine abriu os olhos lentamente com um pequeno sorriso se espalhando em seus lábios.
- Cha-Cha... - Ela sorriu suavemente.
Eu soltei um suspiro de alívio misturado com uma pequena risada. Eu balancei a cabeça rapidamente e pressionei outro beijo em seus lábios antes de correr para o corredor para chamar um médico.
- Eu preciso de um médico, por favor! Minha namorada acordou do coma! - Eu praticamente gritei pelo corredor vazio. Quase imediatamente depois disso, uma enfermeira saiu de um quarto e apertou o pager para, provavelmente, chamar o médico enquanto corria na minha direção.
Eu corri atrás dela para o quarto de Madelaine e eu senti a felicidade tomar conta de mim quando vi que ela ainda está acordada e agora observando o quarto.
A enfermeira tinha uma expressão chocada no rosto como se ela não pudesse acreditar no que estava acontecendo. Eu não podia nem acreditar que isso era real também, mas depois daquele beijo eu sabia que não estava sonhando. Eu tomei meu lugar ao lado da cama de Madelaine quando entrelacei nossos dedos de novo.
- Isso é impossível - A enfermeira disse a descrença e caminhou imediatamente em direção às máquinas ao lado da cama de Madelaine.
Madelaine virou a cabeça para olhar para as máquinas que estavam ligadas a ela e medo misturado com confusão apareceu em seu rosto.
Eu rapidamente apertei sua mão para chamar sua atenção e tentei o meu melhor para sorrir o mais convincente que pude.
- Não se preocupe, Mads, você está segura - Eu sorri para acalmá-la e levantei sua mão para dar um beijo nela - Eu não vou deixar nada acontecer com você, nunca mais.
Uma semana depois...
🍒▫️MADELAINE▫️🍒
O médico acabou de sair do quarto e o outro já estava chegando. Sentei-me um pouco na cama e gemi para dor nos músculos que ainda me incomoda. A única coisa que eu queria agora, ao invés de responder todas essas perguntas dos médicos, é ter Vanessa aqui e só olhar para ela. Me assustou quando percebi o quão triste e cansada ela estava. Parecia que ela não dormia há dias e de acordo com a minha mãe e Camila ela não dormiu.
Vanessa me contou tudo o que aconteceu, mas honestamente eu não conseguia lembrar de nada. Estou feliz por isso, porque o que Vanessa me disse não é realmente algo que eu quero lembrar. Fico feliz que aquele cara que fez isso comigo esteja apodrecendo na cadeia agora. Estou feliz por ainda estar viva e por nada ter acontecido a Vanessa naquela noite.
- Bom dia Madelaine, como você está se sentindo hoje? - O médico perguntou e chamou minha atenção enquanto folheava alguns papéis em suas mãos.
Me ajeitei na cama e puxei os lençóis comigo.
- Estou bem, um pouco cansada, o que é estranho, considerando que estou dormindo há mais de um mês - Suspirei e tentei encontrar uma posição que tornasse a dor nos meus músculos menos dolorosa.
- É normal que você se sinta cansada. Mesmo que seu corpo não faça nada, não é nada fácil se recuperar de um coma. Você saiu da máquina de respiração há um dia e seu corpo está se acostumando a fazer o trabalho sozinho - Ele disse enquanto escrevia algumas anotações no papel.
- Eu me sinto enjoada também.
- Sim, você sentirá isso por pelo menos mais alguns dias. Seu corpo está se ajustando a comida normal de novo em vez da alimentação enteral. Vou falar com a enfermeira para lhe dar um remédio mais forte para isso.
Eu balancei a cabeça e deixei escapar um suspiro frustrado enquanto o médico se sentava ao lado da minha cama. Me frustra que eu esteja tão dependente agora e que não possa fazer nada a não ser ficar deitada na cama o dia todo. Eu não quero que as pessoas cuidem de mim e me tratem como se eu fosse incapaz. Mas enquanto eu não posso fazer as coisas sozinha, não há outro jeito. Quanto mais cedo eu puder ir para casa, mais cedo eu posso me concentrar em garantir que Vanessa fique bem e feliz.
- Você pode se considerar muito sortuda, parece que você não tem nenhum dano cerebral sério até onde os exames apontam. Você já notou algumas coisas? - Ele perguntou com uma voz séria. Eu balancei a cabeça.
- Não, exceto pelo fato de que as palavras às vezes ficam um pouco lentas e eu não consigo me concentrar quando tem várias conversas no quarto.
- Hmm... Isso pode ser causado pelo cansaço, mas temos que ficar de olho nessas pequenas coisas também.
Antes que eu pudesse reagir ao médico, um sorriso brilhante chamou minha atenção. Vanessa estava entrando na sala com um grande buquê de flores e um grande balão amarelo.
- Oi, linda - Eu sorri.
Vanessa sorriu, mas seu sorriso desapareceu imediatamente quando ela notou o médico.
- Tudo bem? - Ela perguntou com uma voz cheia de medo.
Eu me senti culpada por fazê-la se sentir assim, e me mata ver o jeito que ela continua olhando para mim. Como se eu fosse deixá-la a qualquer segundo. Eu posso ver o medo desaparecer toda vez que conversamos, mas ainda está aí.
- Sim, eu estava conversando com Madelaine sobre como ela está se sentindo. Nós vamos buscá-la para alguns exames em alguns minutos. Vou deixar vocês duas sozinhas agora - Ele sorriu e saiu do quarto.
- Você está bem? - Vanessa perguntou e se sentou ao meu lado.
- Eu estou Nessa, mas se alguém entrar aqui mais uma vez para perguntar se eu sei o meu nome ou em que ano estamos, então eu vou ter que dar um soco em alguém - Eu suspirei frustrada.
Vanessa riu e se inclinou para pressionar um beijo curto nos meus lábios. Quando ela se afastou eu ainda senti formigamento e seus olhos castanhos tinham algumas daquelas faíscas de volta.
- Eu acho bom que eles fiquem de olho em você assim, considerando que você pode ser muito teimosa.
- Eu deveria dizer a eles que meu nome é Lady Gaga e ver como eles reagiriam - Eu ri e brinquei com os dedos de Vanessa nos meus.
- Nem pense nisso - Ela riu.
- Tudo bem... - Eu fiz biquinho de brincadeira - Você me comprou flores de novo?
- Não, essas são de Drew, eu vou colocá-las em um vaso ao lado das outras que você ganhou - Ela sorriu e se levantou para caminhar em direção à pia - Você quer saber o que ele escreveu no cartão?
- Provavelmente algo que envolva sexo - Eu ri.
Vanessa balançou a cabeça e leu o cartão em voz alta.
- Eu sei muito bem o motivo de você estar demorando tanto para sair daí. Você deve estar sendo cuidada por algumas enfermeiras sexys com roupas curtas, não é mesmo? Eu não vou dizer a Vanessa, só melhore logo porque eu sinto falta da sua bunda branca. Ps: eu tenho algumas fotos suas engraçadas que eu ainda preciso te mostrar.
- Então, Drew continua o mesmo idiota de sempre.
- Eles ficaram muito felizes quando eu contei que você acordou - Vanessa sorriu e caminhou de volta para mim com o balão na mão - Eu comprei isso para você.
Eu levantei meu braço para pegá-lo e senti que meu braço era do tamanho de uma baleia. Assim que o fio fino do balão estava na minha mão, deixei meu braço cair na cama. Eu imediatamente vi Vanessa ficar preocupada de novo, então eu sorri para ela como se não estivesse me incomodando o fato deu não conseguir nem mesmo erguer meu braço ainda.
- Eu amei. Mas porque amarelo e com um sorriso? - Eu ri.
- Isso provavelmente vai parece idiota... - Ela encolheu os ombros.
- Nessa, nada que você diga pode ser idiota - Eu peguei a mão dela e apertei com ternura. Isso fez com que ela olhasse para mim de novo.
- Quanto mais os dias foram passando... Mais eu esquecia do jeito que você sorri. Mas então me lembrei de quando eu te disse eu te amo. Você sorriu, e todo o seu rosto mudou. Seu rosto se iluminou, como se houvesse raios de sol vindo de dentro de você - Ela parou e deu um beijo nas costas da minha mão - Então eu comecei a ver seu sorriso de novo em meus sonhos. Eu me permiti ser arrastada por ele, me permiti me afogar nele, como já tinha feito tantas vezes antes. E eu faria de bom grado de novo, porque pelo menos eu tinha isso. Um sorriso.
Meu coração acelerou enquanto Vanessa estava descrevendo algo simples como um sorriso em um balão de tal forma que me fez sentir ainda mais amada por ela. Ela estava sorrindo para mim agora, mas o sorriso parecia fora de lugar. Como se ela estivesse forçando isso para me fazer sentir melhor, para me fazer sentir menos culpada. Porque ela sabe como eu me sinto, ela sabe que eu me odeio por fazê-la passar por isso mesmo que eu não pudesse fazer nada sobre isso. Nós não conversamos sobre tudo que aconteceu ainda ou os problemas que estão esperando por nós. Como a faculdade, minha recuperação e outras coisas. Não é algo que eu queira conversar agora e, provavelmente, ela também não quer.
Apertei a mão dela para que ela olhasse para mim enquanto a via enxugando uma lágrima que caiu de seus olhos. Me deixa mal vê-la tão chateada, e não sei exatamente o que posso fazer para fazer essa tristeza ir embora. Ela ainda não tem certeza se eu vou ficar bem, embora eu já esteja falando e me mexendo, os médicos acham que é um milagre.
- Vem aqui - Eu sorri e puxei um pouco a mão de Vanessa.
Ela entendeu e começou a se levantar da cadeira. Eu bati minha mão na cama e tentei ir um pouco para o lado. Depois de alguns gemidos de dor e Vanessa me ajudando, consegui abrir espaço para ela. Ela cuidadosamente deitou na cama e descansou a cabeça no meu peito depois de colocar cuidadosamente o meu soro um pouco para o lado.
- Estou machucando você? - Ela perguntou baixinho.
Na verdade, o peso dela no meu corpo fez meus músculos protestarem um pouco, mas eu não poderia me importar menos com a dor agora. Vanessa precisa disso e eu preciso me sentir próxima a ela também.
- Não... - Eu disse e coloquei um beijo em sua testa.
Ela se aconchegou mais perto de mim e entrou debaixo dos lençóis também. Sua mão acariciou meu antebraço até que ela descansou sobre o meu peito, onde meu coração batia mais rapidamente.
- Nós estávamos nessa mesma posição quando você acordou - Ela murmurou baixinho.
- Você estava deitada em mim?
- Sim, eu só estava... Eu não sabia mais o que fazer e imaginei que... Queria abraçá-la uma última vez.
Eu entendi suas palavras e um arrepio percorreu minha espinha quando ela falou como se fosse se machucar se eu não tivesse acordado. Eu coloquei minha mão sobre a dela no meu coração e descansei meu queixo contra sua testa.
- Isso não importa mais, Nessa, eu estou aqui agora e não vou a lugar algum.
- Eu sei... - Ela disse com um pouco de dúvida em sua voz - Você se lembra quando acordou?
- Não exatamente, mas lembro que você estava lá...
- Você não me reconheceu no começo... - Ela murmurou tristemente.
- Lógico que eu te reconheci - Eu disse confusa.
- Não, você estava me perguntando quem eu era e então eu te beijei e depois você se lembrou.
- Ok, talvez eu não soubesse o seu nome, mas no momento que eu abri meus olhos e olhei para você, eu sabia... Eu sabia que você é meu tudo...
Vanessa levantou a cabeça e sorriu para mim tão brilhantemente que me fez sorrir junto. Até me fez esquecer a dor nos meus músculos por um segundo. Ela colocou um beijo suave nos meus lábios.
- Eu te amo muito.
Deus, eu nunca vou me enjoar de ouvir isso dela.
- Eu também te amo - Eu disse e caímos em um silêncio confortável. Simplesmente desfrutando de estar perto uma da outra e sentindo aquela proximidade retornando.
- Só para você saber, você ainda pode se deitar em mim quando e onde quiser - Eu disse com uma voz brincalhona.
Ela riu um pouco e se aproximou mais de mim.
- Você é louca por pensar nisso agora... - Ela riu.
- É meio difícil não pensar nessas coisas com você em cima de mim - Eu sorri - Mas deve ser meio broxante para você saber que eu estou usando fraldas.
- Você prefere fazer xixi na cama? - Ela riu.
- Não é engraçado. É vergonhoso - Eu fiz biquinho.
- É normal na sua situação. Não tenha vergonha disso, Mads, e, além disso, amanhã o fisioterapeuta vai ajudá-la a voltar a andar, assim você vai poder ir ao banheiro sozinha e outras coisas.
- Mas ainda assim, eu estou usando uma fralda.
- Você ainda é sexy para mim. E se tivermos noventa anos e formos incontinentes? Então nós duas iremos usar fraldas.
- Credo - Eu ri com um sorriso no meu rosto porque Vanessa nos vê juntas até os noventa anos de idade.
- Você está me dizendo que não vai mais me achar sexy quando eu for velha e incontinente? - Ela disse fingindo estar ofendida.
- Não, mas provavelmente só faríamos sexo no chuveiro - Eu ri.
Vanessa começou a rir, provavelmente ela estava imaginando isso. Rir faz meu estômago doer um pouco, mas parece bom demais ver Vanessa rindo de novo. Ela se aconchegou em mim e eu lentamente sinto o cansaço caindo sobre mim de novo.
🦋▫️VANESSA▫️🦋
Dia seguinte...
Madelaine me fez prometer que eu vou para faculdade hoje e que eu vou comer alguma coisa em casa, em vez de comer no hospital. É difícil ficar sem ela, mas agora eu sei que ela vai estar acordada quando eu voltar. Conversei brevemente com alguns de nossos amigos na para mantê-los atualizados sobre a condição de Madelaine. Todos querem visitá-la, mas o médico disse que seria muito cansativo ela. Ela me ligou hoje de manhã, disse que deu alguns passos hoje e que a fralda, que ela tanto odeia, logo ela não vai mais precisar usar. Ela pode ser tão teimosa às vezes, mas essa é uma das muitas razões pelas quais eu a amo.
É um milagre que ela não tenha nenhum dano cerebral. Pelo menos até agora ela se lembrou de mim e de seus pais. Camila a visitou também porque Madelaine perguntou sobre ela e o médico achou que era bom ela ver mais um rosto familiar. Eu ainda estou preocupada com ela, mesmo que ela esteja indo tão bem. Percebi que ela está sempre muito cansada e acaba adormecendo no meio da conversa. Quando ela fala, é devagar e às vezes parece que ela se esforça para encontrar as palavras certas. Eu conversei com o médico sobre isso e ele disse que ficaria de olho, mas considerando quanto tempo Madelaine esteve em coma, ele acha que são sintomas normais.
Acabei de desligar a ligação com a mãe de Madelaine e ela me disse que eles vão visitá-la mais tarde e pediu para eu falar para Madelaine ligar para ela. Ela tentou ligar para Madelaine, mas ela provavelmente estava dormindo, então não atendeu o celular.
Alguns minutos depois entrei no quarto de Madelaine e a encontrei olhando para um cartão em sua mão. Eu reconheci o cartão de Emily e sorri por ela estar lendo os cartões que as pessoas mandaram para ela. Tem cartões diferentes espalhados em seu colo e ela estava tão ocupada com o cartão em sua mão que nem percebeu que eu tinha entrado.
- Oi - Eu sorri e me inclinei para um beijo - Você está lendo os seus cartões?
Madelaine não respondeu e olhou de volta para o cartão em sua mão. Ela parecia confusa e assustada e isso me fez franzir a testa. Eu me inclinei mais perto para poder ler o que estava escrito no cartão e era uma mensagem muito fofa de Emily. Por que Madelaine ficaria chateada com isso? Voltei meu olhar para o rosto dela e porque agora eu estava mais perto de seu rosto, era fácil perceber as lágrimas.
- Você está chorando? - Perguntei preocupada e me sentei ao lado dela.
- N-não... - Ela respondeu.
- Madelaine, não minta para mim. O que aconteceu? - Eu perguntei suavemente e passei a mão em seus cabelos.
Ela apenas encolheu os ombros, então peguei o cartão de sua mão e li mais uma vez para ver se realmente não havia algo nele que pudesse aborrecê-la. De repente, algo veio em minha mente.
- Você não sabe... você sabe quem é Emily?
- Claro que eu sei quem é Emily.
- Então, o que te deixou tão chateada nesse cartão, Mads? - Perguntei.
- Eu não quero falar sobre isso - Ela disse um pouco irritada.
- Por que você chorou?
- Vanessa, por favor, só esquece isso.
- Eu quero ajudá-la, mas se você vai se fechar agora eu não vou conseguir. Por que você chorou depois de ler o cartão de Emily? - Eu perguntei novamente em uma voz suplicante.
Madelaine olhou para mim em frustração, mas então eu vi o olhar dela se suavizar. Ela evitou meus olhos e encolheu os ombros.
- Eu não li o cartão...
- Mas eu vi você olhando para ele.
- Eu não li o cartão, porque eu não consegui! - Ela gritou - Eu tentei ler cada um desses malditos cartões que recebi e não consigo ler, Vanessa!
Me surpreendeu que ela de repente começou a gritar, me assustou ainda mais o que ela gritou e agora ela estava chorando em sua cama enquanto enterrava seu rosto em suas mãos.
Eu engoli o nó crescente na minha garganta e segurei as lágrimas para ser fortes por ela. Eu rapidamente caminhei para o outro lado da cama e sentei ao lado dela. Eu joguei meu braço ao redor dela e quando eu a puxei para o meu lado e ela se enterrou em mim.
- Sshh... Vai ficar tudo bem - Eu sussurrei enquanto a balançava cuidadosamente para frente e para trás em meus braços.
- Eu não consigo nem ler - Ela soluçava levemente.
- Eu sei, mas você pode aprender de novo. Eu vou te ajudar a cada passo do caminho, vai ficar tudo bem - Eu sussurrei - Você chegou até aqui, isso é apenas um pequeno obstáculo no caminho.
- Eu me sinto uma idiota, até mesmo uma criança de quatro anos sabe ler - Ela murmurou.
- Você ficou em coma por 5 semanas Madelaine, você não precisa se envergonhar de nada. Você é forte e pode aprender a ler de novo - Eu sorri e a apertei mais contra mim - Deixe-me mostrar-lhe algo.
Eu cuidadosamente a soltei e me levantei da cama. Eu tenho que mostrar a Madelaine que isso não é algo para se envergonhar, é algo que vamos superar juntas. Eu andei em direção ao outro lado da cama e peguei a cadeira de rodas que ela usa para se mover pelo hospital.
- O que você está fazendo? - Ela perguntou confusa - Eu não quero ver o médico agora.
- Eu sei, vou tirar você desse quarto por um tempo para te mostrar uma coisa.
Eu cuidadosamente a levantei da cama e ela soltou um gritinho antes de eu colocá-la na cadeira de rodas. Eu me assegurei de que seu suporte de soro estivesse preso à cadeira de rodas e a levei para fora do quarto.
- Provavelmente não adianta perguntar o que você está planejando, certo?
- Você vai ver.
Depois de alguns minutos, passei pelas portas do hospital. Está frio aqui fora já que é dezembro, então eu envolvi meu casaco em torno dela antes de me ajoelhar ao lado dela. As pessoas olhavam para nós, provavelmente imaginando o que estávamos fazendo no meio da calçada, mas não me importei.
- E agora? - Madelaine riu.
Eu agarrei a mão dela e beijei sua bochecha.
- Olhe em volta e me diga o que você vê?
- Uhm, pessoas me encarando.
- O que mais? - Eu ri.
- Ok, vamos ver, eu ouço carros buzinando, vejo pessoas correndo por aí, um mendigo pedindo dinheiro ali e semáforos.
- Ok, agora lembre-se disso.
Levantei-me e a empurrei de volta para dentro do hospital, direto para o elevador. Eu apertei o botão do último andar e gostei de como Madelaine ainda estava frustrada sobre o que era tudo isso.
Chegamos ao andar de cima e eu a empurrei para fora do elevador.
- O que estamos fazendo aqui? - Perguntou Madelaine confusa, mas curiosa.
Abri a porta que dava para o telhado e empurrei a cadeira de rodas até o começo de uma rampa.
- Segure sua bolsa de soro - Eu disse e antes que Madelaine pudesse dizer alguma coisa, eu empurrei a cadeira de rodas pela rampa para chegarmos onde eu queria. Depois de chegar ao telhado, dei uma olhada ao redor.
- Você não está pensando em me jogar do telhado, né? - Ela riu.
- Não, se fosse fazer isso, já teria te jogado - Eu provoquei de volta e tirei meu casaco.
- Ok, então me diga - Ela sorriu quando eu ajeitei meu casaco em seu corpo.
- Ok... - Eu disse e empurrei a cadeira de rodas um pouco mais a frente - Me diz o que você vê aqui.
Nós duas olhamos para cima e vimos as estrelas iluminarem o céu e ouvi Madelaine suspirar ao vê-las.
- Eu vejo as estrelas - Ela sorriu.
- Mmhm, o que mais?
Ela olhou ao redor.
- Eu vejo prédios, pássaros, a lua... Oh, e nosso prédio lá no fundo...
- Um pouco diferente daqui não é? - Eu sorri - E ainda estamos no mesmo lugar. Estamos apenas olhando para as coisas de uma perspectiva diferente. Tem carros buzinando e semáforos. Mas também tem isso... - Eu sorrio enquanto aponto para a vista - Nós apenas tivemos que subir aqui para encontrá-lo.
- Eu não sei como você faz isso, me faz sorrir quando estou triste. Mas obrigada - Ela sorriu - E como estamos vendo as coisas de uma nova perspectiva... Posso ver você como minha namorada oficial agora?
Eu sorri e me ajoelhei na frente dela. Eu descansei meus braços sobre suas coxas e arrumei o casaco que ela está vestindo.
- Eu talvez já tenha dito a todos aqui que você é minha namorada - Eu ri baixinho.
Os olhos de Madelaine se arregalaram, mas eu vi o grande sorriso se espalhando por seu rosto.
- Bem, então, você pode, por favor, me levar para a minha cama e para podermos nos abraçar, beijar e ser fofas? - Ela riu.
- O que você quiser - Eu sorri e coloquei um beijo suave em seus lábios antes de nos levar de volta para o elevador.
Quando estamos voltando para o quarto dela, olho em volta. Eu vejo pessoas correndo por aí, sempre apressadas, sempre atrasadas... Mas às vezes precisamos diminuir a velocidade o suficiente para que todas as peças se encaixem. O destino fará sua mágica e Madelaine ficará melhor. Mesmo que o destino às vezes precise de um empurrão na direção certa.
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