14 •Quando sonhos se tornam realidade•
🍒▫️MADELAINE▫️🍒
Uma respiração quente bateu na lateral do meu pescoço, o que me fez arrepiar. Eu me senti saindo do sono enquanto meu corpo inteiro estava desesperadamente tentava voltar a dormir. Abri meus olhos e uma pontada na minha cabeça e a tontura, fizeram meus olhos se fecharem de novo. A respiração contra o meu pescoço retornou, só que desta vez seguido por um zumbido suave. Eu reconheci aquele som imediatamente e tentei abrir os olhos para que pudesse ver se minha cabeça estava me enganando de novo ou se Vanessa estava realmente estava aqui mas a tontura não permitiu. Quando senti um peso em minha cintura, estiquei a mão para sentir um braço em volta de mim. Estava muito escuro para realmente ver de quem era o braço, mas quando respirei fundo, eu senti o cheiro dela. Minha cabeça estava girando. O que aconteceu para Vanessa estar deitada aqui comigo? Pouco a pouco os acontecimentos da noite passada voltaram para mim. Vanessa e Sophie em um encontro. Toda a situação com Lizzie. Vanessa dizendo que me ama?
Suas palavras voltaram à minha cabeça.
- Eu te amo e não quero estar com Sophie ou qualquer outra garota, eu só quero você.
Um sorriso enorme se espalhou pelo meu rosto e meu coração bateu mais rápido. Vanessa me ama e eu quase estraguei tudo transando com Lizzie e agindo como uma bêbada idiota. Eu ainda não consigo acreditar que ela disse isso para mim, agora eu tenho que deixar claro que eu também a amo. Eu provavelmente desmaiei quando Sophie estava aqui antes que eu tivesse a chance de deixar isso claro. Se já não é óbvio para ela.
Quando eu tentei me mexer de novo o quarto começou a girar e meu estômago embrulhou. Senti o álcool subindo pela garganta e rapidamente me levantei da cama e corri para o banheiro. Eu tropecei em um travesseiro no caminho e segurei na maçaneta da porta para me equilibrar. Minha mão estava na frente da minha boca e assim que cheguei ao banheiro, eu caí no chão e deixei minha cabeça sobre o vaso sanitário. Depois de vomitar duas vezes, me afasto do vaso sanitário e respiro fundo.
- Ugh... Eu odeio isso - Eu murmurei.
- Madelaine, você está bem?
Minha cabeça virou em direção ao som suave da voz cansada de Vanessa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa eu senti vontade de vomitar outra vez e me inclinei.
Do canto dos meus olhos, vi Vanessa se sentando ao meu lado e uma mão quente começou a passear para cima e para baixo em minhas costas. Outra mão quente tocou a pele do meu pescoço até que senti meu cabelo sendo puxado para cima. Isso me acalmou um pouco e quando eu senti que tinha vomitado tudo, eu ousei levantar a cabeça.
- Me desculpa - Eu murmurei e limpei minha boca com as costas da minha mão.
- É isso que acontece quando você bebe três garrafas de vinho sozinha - disse Vanessa.
Eu levantei minha cabeça um pouco mais e olhei para para ver um sorriso brincalhão ao nos lábios de Vanessa.
- Eu sei, sou uma idiota - Eu disse e suspirei. Eu ainda me sentia um pouco enjoada e tonta, mas depois de vomitar eu me senti um pouco melhor.
- Se sente melhor agora?
Meu estômago fez um som estranho, mas eu não senti a necessidade de vomitar. Eu balancei a cabeça.
- Vamos, vou te ajudar a volta para a cama.
Antes que eu pudesse protestar, Vanessa se aproximou e me ajudou a levantar, colocou um braço em minha cintura e eu joguei meu braço sobre seu ombro. Ela se inclinou um pouco quando estávamos na porta para apagar a luz e a escuridão caiu sobre nós novamente. Só a luz da lua estava iluminando o apartamento, então eu ainda podia ver o sorriso em seu rosto. Percebi que estava em minha camiseta de dormir e uma calcinha, mas não me lembro de trocar de roupa.
- Como essas roupas vieram parar aqui? - Perguntei, confusa.
- Oh, eu peguei na sua gaveta. Depois de tantas vezes, eu acho que estou ficando boa em trocar você enquanto você está em coma profundo - Ela riu. Estavamos de volta no quarto agora, em frente a cama. Eu estava grata por o quarto estava escuro porque ela teria me visto corar agora;
- Então você estava dando uma espiadinha enquanto eu estava dormindo? - Eu sorri e me deitei na cama.
- Talvez - Ela disse brincando.
- Você é uma idiota - Eu ri. Eu me senti quase dormindo de novo. De repente, Vanessa se afastou para a porta em vez de deitar na cama e eu me sentei confusa.
- Onde você está indo? - Perguntei meio que em pânico. Eu sei que o álcool está tornando tudo maior e mais dramático na minha cabeça, mas eu tentei não parecer tão desesperada por ela agora.
- Calma, eu só estou indo pegar um pouco de água para você.
- Oh... ok - Droga Madelaine, se acalma.
Deitei de costas, olhando para a escuridão. Depois de alguns instantes, meus olhos foram se adaptando e pude ver melhor. A porta se abriu novamente e Vanessa entrou com um copo de água. Sentei-me um pouco quando ela me entregou o copo e esperei que meu estômago me permitisse beber alguma coisa sem precisar vomitar de novo.
- Obrigada - Eu disse e tomei um gole antes de colocá-lo na minha mesa de cabeceira.
- Madelaine Petsch, é melhor você beber toda essa água.
- Eu não estou com sede - Eu fiz biquinho.
- Eu não vou deitar até você beber tudo.
- Tudo bem - Eu me sentei para pegar o copo e beber toda a água. Vanessa pode ser muito teimosa e eu não quero arriscar perder a chance de dormir na mesma cama que ela de novo. Mesmo que eu espere que essa não seja a última vez.
Vanessa caminhou até o outro lado da cama e levantou o lençol para que ela pudesse entrar debaixo dele. Uma brisa de ar frio atingiu meu corpo e me fez tremer um pouco. Imediatamente o frio desapareceu quando senti o corpo de Vanessa deitar de costas para mim. Os arrepios ainda estavam aqui, mas não eram mais por causa do frio. Meu estômago ainda estava estranho, mas não por causa do álcool. Parecia que milhares de borboletas estavam voando por lá, esperando para sair. Mais uma vez eu estou pensando no que dizer e decidi que era melhor falar sobre isso amanhã. Palavras como essas nunca são fáceis, só quando as escrevo. Se eu disser as palavras certas, na hora certa, então talvez ela queira ser minha namorada de verdade. Mas é melhor amanhã, quando eu estiver sóbria o suficiente para aproveitar o momento.
Em vez de dizer tudo o que eu estava sentindo, estava tentando reduzi-la à parte mais importante. Eu respirei fundo enquanto olhava para a escuridão e me aproximei mais dela. Eu sei que Vanessa ainda não está dormindo porque a ouvi respirando um pouco mais forte. Um arrepio de nervosismo correu pela minha espinha e me fez tremer um pouco antes que eu pudesse dizer em voz alta.
- Você está com frio? - Sussurrou Vanessa
- Você está?
- Um pouco - Ela sussurrou de volta.
Eu engoli em seco para ideia que estava surgindo em minha cabeça, eu estava tendo discussões intermináveis na minha cabeça novamente sobre se eu deveria ou não fazer isso. Eu decidi fazer o que meu coração queria e ajudou saber que Vanessa me ama, então ela não se importaria com o que eu estava prestes a fazer.
Eu respirei fundo e me aproximei ainda mais dela. Ela já estava praticamente deitada contra mim, então eu não tive que me esforçar tanto para alcançá-la. Eu passei meu braço ao redor de sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Eu deslizei meu outro braço por baixo do pescoço dela. Vanessa soltou um suspiro satisfeito.
- Está bom assim? - Eu sussurrei.
- Uhum - Vanessa confirmou e colocou seu braço sobre o meu que estava em sua barriga.
Meu coração estava batendo tão rápido que tenho certeza que Vanessa podia sentir também. Todos os meus sentidos estavam aguçados por esse momento de pura proximidade. Seu perfume me acalmou, sua pele macia contra a minha me aqueceu e os barulhos fofos que ela está fazendo só me encorajaram a finalmente dizer-lhe a parte mais importante.
- Eu... Eu te amo - Eu disse quase em um sussurro.
Ela levou sua mão até a minha, entrelaçou nossos dedos e levou minha mão até sua boca depositando um beijo suave nas costas da minha mão.
- Finalmente - Eu a ouvi murmurar.
O que ela quis dizer com isso? Não importa, ela sabe agora e isso é o importante. Eu a amo e ela me ama, isso é tudo o que importa. Eu soube que ela estava dormindo quando sua respiração se acalmou. Eu a puxei para mais perto de mim e fechei meus olhos. Eu sei que provavelmente vai demorar um pouco antes de eu cair no sono, mas eu não me importo. Agora estou ainda mais certa de que estou apaixonada porque a realidade é finalmente melhor que meus sonhos.
Um sinal sonoro me tirou de um sono profundo e eu gemi no meu travesseiro quando senti uma pontada na minha cabeça. Você nunca se acostuma com a ressaca, pelo menos eu nunca vou. Eu abri um pouco meus olhos e fiquei feliz por minhas cortinas ainda estarem fechadas. Eu notei que eu estava na minha cama sozinha e eu me senti desapontada por não ter visto Vanessa acordar daquele jeito fofo. Onde ela está?
Outro sinal sonoro chamou minha atenção e eu virei a cabeça para o lado onde está meu celular na mesa de cabeceira. Meu corpo inteiro estava doendo e eu preferi esticar meu braço para alcançar meu celular em vez de me sentar. Passei minhas mãos pelos olhos e abri a primeira mensagem.
De Vanessa: Bom dia, Mads. Eu tive que vir trabalhar porque Lavínia ficou doente. Caso você esteja confusa, e eu sei que você está, você não tem aula hoje, então pode ficar na cama. Eu saio às 6 horas. Conversamos quando eu chegar em casa, ok?
Mesmo quando Vanessa não está aqui, ela ainda consegue colocar um sorriso no meu rosto. Eu olhei para a mensagem por mais alguns segundos antes de abrir a segunda.
De Vanessa: Eu sei que você não levantou na primeira mensagem, mas eu tenho certeza que você vai agora, tem café da manhã na cozinha!
Ela me conhece muito bem, às vezes é assustador. Como se eu tivesse um chip na cabeça e Vanessa pudesse ver tudo.
Para Vanessa: Obrigado Nessa, você é incrível. Te vejo hoje a noite!
Depois de enviar uma mensagem para Vanessa, eu envio uma para Camila também porque eu me sinto meio culpada por tê-la tratado daquela forma ontem. Todo esse tempo ela esteve do meu lado e me ajudou a descobrir o que sinto por Vanessa. Ela não merecia isso, especialmente porque ela estava só me dizendo a verdade.
Para Camila: Me desculpa por ontem... Nada aconteceu entre eu e Lizzie. Vou consertar tudo essa noite e finalmente seguir o seu conselho. Falo com você amanhã na escola?
De Camila: Me desculpa também, eu não deveria ter te pressionado tanto. Boa sorte em conseguir sua garota, quero detalhes amanhã! :) Te amo idiota.
Eu sorrio, estou feliz que Camila não esteja com raiva de mim, ela sabe que eu posso ser difícil de lidar algumas vezes.
Para Camila: Também te amo idiota. ;-)
Eu me levantei da cama e abri as cortinas. Me arrependi assim que a luz do sol praticamente me cegou, eu passei pela sala em direção a cozinha. Tinha um bilhete ao lado de um prato com ovos mexidos e reconheci a caligrafia imediatamente.
Tem duas aspirinas ao lado da pia, achei que você poderia precisar delas. Espero que você se sinta melhor do que ontem à noite.
Vanessa
Meu coração acelerou no meu peito por todas as coisas fofas que Vanessa estava fazendo por mim essa manhã. Ela sempre faz isso quando estou de ressaca ou quando me sinto mal, mas ela continua fazendo isso depois que eu a tratei como lixo. Eu gostaria de poder retirar o que eu disse a ela ontem à noite sobre ela e Sophie, mas infelizmente nosso armário de vassouras não é uma máquina do tempo, então eu não posso. A única coisa que posso fazer agora é ter certeza de que eu faça as coisas certas. Eu não estou com fome, então como bem pouco do que Vanessa preparou para mim, tomei as duas aspirinas com suco e fui para o banheiro.
Algumas horas depois, me senti renovada e minha confiança habitual voltou. Peguei as chaves e meu celular e saí para comprar as coisas que eu vou precisar.
🦋▫️VANESSA▫️🦋
Eu levei a conta para a última mesa do restaurante e limpei as outras antes de entrar no vestiário para trocar minhas roupas. O dia passou super devagar porque eu só conseguia pensar em Madelaine. Ela me mandou uma mensagem agradecer pelo café da manhã, mas só isso. Felizmente, Lili não teve que vir trabalhar hoje, porque tenho certeza que ela me faria perguntas sobre Madelaine. Ela sempre parece tão interessada no nosso namoro falso que me faz pensar se ela sabe o que realmente está acontecendo. Tenho certeza que Camila não contou a ela sobre o plano, ela não faria isso. Mesmo que Lili soubesse, isso não importa mais. As coisas com Sophie estão oficialmente encerradas e acho que entre Madelaine e Lizzie também. Eu sei que Lizzie esteve no nosso apartamento ontem, mas Madelaine a expulsou antes que qualquer coisa acontecesse. Pelo menos foi o que ela me disse quando estava bêbada. Eu acredito nela e acho que sei porque Lizzie estava lá. Madelaine provavelmente se sentiu frustrada por eu ter saído com Sophie e estava tentando pensar em outra coisa. Eu gostaria que ela tivesse pensando em outra maneira de fazer isso, e tenho certeza de que Lizzie foi correndo assim que Madelaine a chamou. Estou tão feliz por ter lido as cartas na noite passada, senão tenho certeza de que não estaria tão calma e feliz agora. Parece que estou flutuando. Estou apaixonada por ela e ela está apaixonada por mim. Não vejo a hora de chegar em casa.
Meia hora depois, eu estava no elevador entre algumas pessoas que moram no prédio. Às vezes é estranho ficar parado em silêncio no elevador com essas pessoas que me faz querer subir as escadas. Mas meus pés estão doloridos por causa do movimento no restaurante hoje.
Finalmente cheguei ao nosso andar e fui em direção ao apartamento. Depois de uma rápida busca na bolsa, encontrei as chaves e entrei. O corredor estava escuro e apenas um pequeno feixe de luz iluminava a sala.
- Madelaine, você está em casa? - Perguntei, confusa, enquanto pendurava minha jaqueta no cabide.
- Eu estou aqui! - Eu a ouvi dizer.
- Porque... - Minhas palavras morreram em meus lábios quando entrei na sala. Todo o mobiliário estava encostado nas paredes e uma barraca verde estava no meio da sala com pequenas lanternas ao seu redor. Madelaine estava sentada em uma cadeira de camping, sorrindo para mim timidamente.
- Oi - Ela sorriu.
- Oi... - Eu disse ainda muito surpresa - O que é tudo isso?
- Eu pensei que seria divertido ter uma noite de acampamento. Você se lembra da primeira vez que fizemos isso? - Ela perguntou com um sorriso mais confiante dessa vez.
Eu examinei a sala com um crescente entusiasmo e imediatamente soube do que Madelaine estava falando.
- Sim, na primeira semana da faculdade há três anos. Nós tiramos número iguais e tivemos que compartilhar a barraca - Eu sorri pensando na época em que nos conhecemos.
- Exatamente - Ela sorriu - Nós nos divertimos muito naquela semana, mesmo eu não gostando de acampar.
- Você reclamou de tudo ao seu redor - Eu ri.
- Eu não reclamei de você! - Ela disse em um tom divertido e defensivo.
Eu balancei a cabeça e sentei-me ao lado dela na outra cadeira de acampamento em frente à barraca.
- A primeira coisa que você me disse foi "se você me acordar por qualquer motivo, esteja preparada para sofrer às consequências" - Eu ri.
Madelaine riu e escondeu o rosto com as mãos.
- Ok, talvez eu tenha dito isso, mas melhorei no resto dos dias - Ela riu - Lembra que eu te ajudei a libertar todos os peixes escondido quando o professor não estava olhando? Todo mundo passou o dia inteiro tentando descobrir o que aconteceu.
- Ei, todo mundo comeu pizza, então ninguém reclamou - Eu ri.
- Verdade. Falando em pizza, posso convidá-la para a nossa barraca para um jantar chique? - Ela sorriu e pegou uma lanterna ao lado da cadeira antes de abrir a barraca e entrar.
Arrepios começaram a percorrer todo o meu corpo enquanto eu seguia Madelaine com os olhos. Quando entrei, vi dois sacos de dormir no colchão de Madelaine e duas caixas de pizza. O cheiro fez meu estômago roncar, eu não percebi que eu estava com fome.
Eu sentei no colchão em frente a Madelaine e abri a caixa de pizza.
- Você ainda se lembra do sabor da pizza que pedimos aquela noite? - Eu perguntei surpresa e olhei para Madelaine, que estava dando uma mordida em sua pizza.
- Pizza Hawai, sem o abacaxi e o presunto, mas você se recusa a chamá-la de marguerita - Ela riu.
Depois de uma conversa sobre como foi o trabalho e como ela sobreviveu à ressaca, quase terminamos de comer enquanto ainda ríamos de todas as coisas divertidas que fizemos naquela semana.
- Eu não acredito que você se lembra de todas as coisas que eu te disse. Eu pensei que você não estivesse nem ouvindo metade delas.
- Sim, eu sou muito boa em esconder as coisas - Ela disse e seu sorriso desapareceu de seu rosto.
Eu me assustei pela direção repentina que isso estava tomando e eu me arrumei no colchão, para ficar ainda mais de frente para Madelaine. Eu respirei fundo e olhei para ela, que estava olhando para sua pizza.
- Sim... Eu também - Eu murmurei.
Madelaine tossiu e finalmente olhou nos meus olhos. Seu olhar era suave e inseguro e isso me fez querer abraçá-la. Ela tomou um gole do refrigerante e limpou a garganta.
- Você sabe que nada aconteceu entre Lizzie e eu ontem, certo? - Ela murmurou.
- Eu sei.
- Me desculpa por ter agido como um idiota. Eu sei que não é desculpa, mas você sabe o quão dramática eu posso ser quando bebo demais. Eu estava tão frustrada... E eu... Eu só... - ela começou a gaguejar.
Eu me aproximei e coloquei minha mão sobre a dela para acalmá-la. Um arrepio flutuou pelo meu corpo com o toque de nossas mãos, mas eu segurei firme. Ela parou e balançou a cabeça como se estivesse tentando afastar as palavras.
- Está tudo bem, Madelaine, eu sei.
Madelaine olhou para as nossas mãos e de volta para mim.
- Você quis dizer todas as coisas que me disse ontem à noite? Sobre estar apaixonada... - Ela perguntou.
Senti meu coração acelerando e as borboletas no meu estômago. Eu empurrei a caixa de pizza para o lado para que eu pudesse sentar mais perto dela. Nossos joelhos estavam descansando um contra o outro enquanto eu ainda segurava nossas mãos entrelaçadas no meu colo.
- Eu quis dizer todas as palavras - Eu sorri suavemente - Você quis dizer tudo aquilo nas cartas?
Os olhos de Madelaine se arregalaram com o que eu disse e suas bochechas ficaram vermelhas.
- Você leu as cartas? - Ela perguntou chocada.
- Sim, eu as encontrei no chão ontem à noite, quando eu estava procurando suas roupas.
- Oh meu Deus - Ela murmurou e tentou esconder o rosto com as mãos, mas eu segurei suas mãos.
- Não fique com vergonha, Mads - Eu sorri - As coisas que você disse nas cartas são as coisas mais fofas e lindas que alguém já disse para mim. Eu nem sabia que você tinha talento com as palavras - Eu ri baixinho para aliviar o clima.
Um sorriso retornou no rosto de Madelaine quando ela olhou para mim de novo.
- Sério? - Ela perguntou suavemente.
- Sim - Eu sorri - Eu só gostaria de tê-las encontrado antes, então eu teria percebido antes que eu sou louca por você. Eu acho que acabei me acostumando com o fato de que eu te amo tanto como melhor amiga, que nem desconfiei que poderia ser algo a mais. Eu não percebi que estou apaixonada por você antes porque pensar em você a todo instante já era natural para mim.
Vi uma lágrima caindo dos olhos de Madelaine enquanto eu falava e imediatamente parei de falar.
- Você está chorando? - Perguntei preocupada.
Ela balançou a cabeça e passou a mão nos olhos. Ela respirou fundo algumas vezes até senti-la apertar minha mão.
- Eu só estou muito feliz - Ela sorriu suavemente.
Uma onda de alívio tomou conta de mim quando a vi sorrindo de novo. Eu ainda não estou acostumada a ver Madelaine chorar, então fico imediatamente preocupada quando vejo isso.
- Por favor, não chore mais toda vez que você ficar feliz, porque eu planejo fazer você feliz todos os dias - Eu ri e levantei minha mão para limpar a última lágrima de sua bochecha - Se você deixar...
Ela respirou fundo, pegou minha mão e levou até logo acima do seu seio. Eu senti seu coração batendo contra a minha mão em um ritmo rápido e eu tinha certeza que o meu estava da mesma forma.
- Isso já está óbvio - Ela riu.
- Parece que um elefante está tentando sair de dentro de você - Eu ri da sensação engraçada do coração de Madelaine batendo debaixo da minha mão.
- Eu só quero que você saiba que nesses últimos dois dias eu pensei muito sobre o que eu sinto por você. Decidi há muito tempo que estou apaixonada por você. O que me fez perceber isso não foi o fato de eu pensar em você o tempo todo, embora eu pense. Mas as coisas que todo mundo percebe e admira em você, sua alegria, seu jeito, sua bondade com as pessoas - Ela sorriu antes de continuar - Essas coisas te diferencia de todas as outras pessoas. Também pode ser as pequenas coisas... O jeito que você anda, o jeito que suas sobrancelhas se mexem quando você sonha ou o seu sorriso adorável quando você quer me pedir alguma coisa. Eu me torno uma pessoa melhor apenas vendo o seu sorriso. O que te faz especial para mim é a combinação de todas essas coisas. Você é uma combinação rara de tantas coisas especiais, muitas para dizer ou escrever. Você é a pessoa que eu tenho esperado minha vida toda e você estava bem na minha frente esse tempo todo. Eu sei que tudo isso soa meio brega, mas...
Antes que Madelaine pudesse terminar me inclinei para frente e pressionei meus lábios contra os dela. Eu me senti tão feliz e emocionada por todas as coisas que Madelaine estava dizendo com tanto amor em seus olhos e em sua voz.
Ela se afastou um pouco antes de reconectar nossos lábios. Eu suspirei com a sensação dos lábios dela nos meus. Mas dessa vez pareceu diferente, senti como se fosse meu primeiro beijo. Madelaine levou sua mão para o meu rosto. Mesmo que o beijo não tenha se aprofundado, foi o suficiente para nós duas sabermos que isso é real. Eu me afastei e descansei minha testa contra a dela.
- Eu também te amo. Eu te amo mais do que já amei alguém nesse mundo - Eu sorri.
Madelaine sorriu e me deu um beijo viciante que disparou um desejo através de todo o meu corpo.
- O que eu fiz para merecer isso? - Eu ri enquanto lambia meus lábios.
- Você nasceu assim, linda e perfeita.
- Você é realmente fofa, não é? - Eu sorri.
- Mmhm, e eu estou apenas começando - Ela riu.
Eu queria dizer algo de volta, mas um bocejo interrompeu minhas palavras.
- Acho que devemos ir dormir. Você tem aula amanhã de manhã, certo? - Ela perguntou.
- Sim, que horas são?
- Uhmm... - Ela tirou o celular da calça jeans - São 2 da manhã.
- Sim, vamos dormir então - Eu ri.
Nós duas engatinhamos para fora da barraca e nos arrumamos para dormir. Quando terminei de escovar os dentes, desliguei a luz do banheiro e arqueei minhas sobrancelhas quando vi Madelaine engatinhando de volta para a barraca.
- O que você está fazendo, Mads? - Perguntei, confusa.
- O que? Você acha que eu passei duas horas para montar essa barraca sozinha para não dormir nela?
- Mas você odeia dormir em barracas.
- Sim, quando estamos deitados entre mosquitos, ursos e gravetos - Ela riu - Agora, traz essa sua bunda para cá antes que eu mude de ideia.
Meu sorriso cresceu mais e eu soltei um grito animado enquanto entrava na barraca também. Madelaine começou a desenrolar seu saco de dormir e eu mordi meu lábio inferior.
- O quê? - Ela perguntou divertida.
- Posso dormir com você no saco de dormir? - Eu perguntei.
- Não tem ursos aqui, Vanessa. - Ela riu.
- Eu sei, mas e se eu acordar e esquecer que estamos na nossa sala e pensar que estamos na floresta?
Madelaine balançou a cabeça em diversão, mas abriu o saco de dormir para que eu pudesse entrar. Estava meio apertado, mas eu me aconcheguei ao seu lado. Eu suspirei contente quando senti os braços de Madelaine em volta de mim.
- Sabe... Eu teria pedido para você dormir aqui comigo mesmo - Ela sussurrou - Mas é melhor você não roncar como você fez na floresta há três anos - Ela riu.
Eu levantei a cabeça um pouco para olhar para ela com um olhar ofendido e dei um leve tapa em seu braço.
- Eu não ronco! Foram os sons da floresta - Eu ri.
- Se você diz - Ela riu - Mas isso ainda não muda o fato de você pareceu um cortador de grama na primeira noite.
- Eu estava resfriada, eu não ronco - Eu ri.
- Ah, tudo bem, contanto que você não me acorde a cada minuto porque viu um urso nos espiando.
- Ok, eu disse isso, eu admito - Eu ri e passei meu nariz na curva de seu pescoço quando a senti me puxando para mais perto dela.
- Bem, não se preocupe. Eu vou manter você segura - Ela disse com uma voz muito mais suave.
- Eu sei - Eu sorri quando senti lábios pressionando um beijo na minha testa.
Um silêncio confortável tomou conta da sala e eu comecei a pensar. A maioria dos dias do ano não se destacam. Eles começam com a luz do sol e terminam com a luz da lua, a maioria sem memórias duradouras. A maioria dos dias não tem impacto em sua vida. Você facilmente esquece o que as pessoas disseram, o que elas fizeram, mas você nunca esquece de como elas fizeram você se sentir. Sentindo os braços de Madelaine ao meu redor, eu sei que esse dia é um dos raros dias que vou me lembrar para o resto da minha vida.
Depois de alguns minutos passando sua mão em meu braço, Madelaine pegou a lanterna e a desligou.
- Isso é um pouco estranho - Ela riu suavemente de repente.
- O que?
- Estarmos deitadas assim agora e poder te beijar sem ter que esperar você dormir.
- Vai levar um tempo para se acostumar com essa mudança, mas é uma mudança boa - Murmurei enquanto sentia o sono lentamente dominar meu corpo.
- Eu posso me acostumar com isso - Ela sussurrou e pressionou outro beijo na minha testa.
Eu sei que ainda é um pouco estranho, mas não tenho dúvidas de que Madelaine e eu vamos conseguir. Com isso em minha cabeça e o abraço de Madelaine, eu me permiti cair num sono muito necessário.
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