VINTE E NOVE: Alfas Não Choram
Baekhyun não deixou ChanYeol sozinho, ficou ao seu lado e cuidou dele pelos dias seguintes, onde o alfa mal se mexia ou falava direito, pois estava muito enfraquecido. Já estava praticamente morando com ele, indo para casa apenas quando precisava pegar mais roupas limpas, ou algo que estivesse faltando na cabana do mesmo. O alimentou, hidratou, e ficou ao seu lado até mesmo com os fortes pesadelos do mesmo, que vieram como sequela da maldição, que havia perdurado por mais dias do que o aceitável, ou já visto em livros.
ChanYeol estar vivo era algo sem explicação, seu corpo já deveria ter morrido de fome ou sede.
Estava na cozinha preparando uma sopa forte para o ruivo, toda a alimentação de ChanYeol agora se baseava em carne e muitas verduras, além de ter que beber o dobro de água. Seus pensamentos sempre estavam ligados nele, não podia negar, estava muito feliz em finalmente estar ao lado de quem tanto amava, e havia lutado muito para ter, só queria que o Park ficasse bom logo, pois odiava ver seu semblante triste sempre que tentava fazer coisas que estavam fora do alcance de suas forças. Baekhyun sabia que alfas eram orgulhosos, e só aceitavam serem cuidados apenas por seus ômegas, ou suas mães.
Então isso significava que ele já era o ômega de ChanYeol?
Por estar distraído, se assustou um pouco quando mãos grandes rodearam sua cintura, mas ao aspirar o cheiro, seu coração se acalmou automaticamente, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios.
— Você deveria estar na cama. — foi a primeira coisa que disse, mesmo sabendo da resposta.
— Já estou melhor, Baekhyun, alfas se recuperam rápido. — era sempre a sua desculpa, quando desobedecia e saia da cama — Não aguento mais ficar preso.
— Nem mesmo comigo?
O ômega se virou para ele, o mesmo o prensava contra a mesa. Suas mãos pequenas seguraram nas vestes do ruivo, olhando fixamente para o seu rosto. Um sorriso brotou grande no rosto de ambos.
— Com você eu ficaria preso em qualquer lugar. — o respondeu, abaixo um pouco seu corpo para poder falar rente ao ouvido do mesmo — Desde que eu possa me mexer.
O rosto do menor ficou rubro, desviando seu olhar para outro lugar. Mas a mão do ruivo o fez olhar para ele novamente. Segurou seu rosto com a mão, se encaminhando até sua boca e deixando um beijo casto ali. Baekhyun olhou para ele e sorriu, enquanto ChanYeol repetia o processo, o beijando mais três ou quatro vezes, sempre recebendo um sorriso de volta.
Segurou sua cintura o colocando sobre a mesa, o ruivo se enfiou entre suas pernas, e entre um beijo e outro, deixa suas mãos entrarem por baixo da camisa do menor. Baekhyun respondia com sons que mais se pareciam com o ronronar de um gato.
— Chan... — murmurou — Você ainda não está totalmente recuperado para isso.
— Se você me ajudar, dará tudo certo.
O alfa sorriu, fazendo o ômega sorrir junto.
Segurou-o pela cintura, o levando ao chão novamente, e aos poucos empurrava o corpo de Baekhyun na direção do quarto. O menor só se deixava ir, batendo em uma parede ou outra, enquanto caminhavam entre beijos até o quarto do ruivo.
Logo suas costas foram de encontro ao colchão macio, enquanto ChanYeol subia por seu pequeno corpo e o beijava. No fim, sempre sorrisos. O alfa se sentou para que o menor viesse para o seu colo, ainda se recusando a largar seus lábios, como se necessitasse pagar uma dívida, pelas semanas que passou em sua companhia sem sequer poder tocar-lhe os lábios.
Tirou a camisa que o ômega vestia, tendo o vislumbre de sua pele alva, e tão propicia a ser marcada. Sua boca passeou pelos ombros, cheirando seu pescoço, aspirando a essência de ômega que emanava do Byun. O seu desejo por ele apenas crescia. As mãos grandes do ruivo seguravam com força a cintura do mesmo, enquanto seus lábios molhavam a pele macia.
Por sua vez, o ômega também tirou a camisa do ruivo, parando por um momento para encara-lo. Era obvio que haviam muitas mudanças, ChanYeol estava mais magro, além de haverem cicatrizes a mais em seu peito, e leves manchas negras que haviam ficado, como se fossem hematomas, além daquele corte em "X" que Baekhyun nunca havia questionado antes. Porém nada era capaz de diminuir uma só gota do amor que Baekhyun tinha por ChanYeol.
Empurrou o menor para cima da cama, puxando a calça do mesmo para baixo de uma maneira um tanto bruta, mas aos olhos do Byun, isso só indicava o quanto o alfa estava ansioso por ele. Viu quando ChanYeol tirou a própria calça, mostrando para ele o quanto estava excitado. Não havia nada nesse mundo que ChanYeol desejasse mais do que Baekhyun.
Com um sorriso malicioso no rosto, o maior se debruçou sobre o ômega, encostando sua ereção na dele, o que arrancou um leve gemido do Byun. Beijou seu pescoço, enquanto usava uma das mãos para apertar um lado de sua cintura, e escorrer seus dedos na direção das nádegas fartas de Baekhyun. Ouvia seu arfar, enquanto dedicava sua boca a um dos mamilos do ômega.
Desceu sua mão para um pouco mais abaixo, sentindo o quanto Baekhyun já lubrificava. Enfiou um de seus dedos longos dentro da cavidade do menor, ouvindo um gritinho fino e cortado sair de sua garganta. Seu dedo entrava e saia rapidamente, fazendo com que o ômega gemesse sem vergonha nenhuma e apertasse o lençol da cama entre os seus dedos. O rosto corado e quente do mesmo fazia com que ChanYeol se sentisse ainda mais duro, e com ainda mais vontade de penetrar fundo nele.
— Channy... — soltou — Eu quero... mais...
A respiração do ômega começava a pesar, o que deixava sua fala ainda mais excitante. O alfa tirou seu dedo de dentro dele, ouvindo um som que mais se parecia com desapontamento. Ficou de pé ao lado da cama, encarando Baekhyun, que estava completamente nu e com suas pernas bem abertas. Era a melhor visão de sua vida, a qual guardaria para sempre na memória.
— O que você quer, Baekhyun? — perguntou, a voz roupa e sussurrada fazia o ômega perder ainda mais sua sanidade, aumentando cada vez mais o desejo e a vontade que tinha de pertencer totalmente ao Park — Hum? Fala pro seu alfa o que você quer.
— Eu quero você.
Viu quando o ruivo mordeu o lábio, provavelmente reprimindo a vontade de exceder o limite de ambos. Segurou na cintura do menor, rapidamente o virando de bruços, e puxando seu quadril para trás, o deixando bem empinado e na altura certa.
Abriu bem as nádegas do mesmo, e era de se admirar o quanto Baekhyun lubrificava bem, mesmo estando fora de um cio. Era comum alguns ômegas não lubrificarem muito quando ainda não estavam perto do cio, mas o caso de Baekhyun parecia ser ao contrário.
Até mesmo sua boca salivava quando o alfa finalmente o penetrou. E estar dentro de Baekhyun mais uma vez era prazeroso ao dobro. Sentir seus dedos apertarem a cintura fina do mesmo era uma sensação incrível, e ouvir os gemidos do ômega se espalhando pelo quarto era como ter todo o silêncio de uma vida sendo preenchido. Nada era como Baekhyun, ninguém era como Baekhyun. O ômega não só saciava seu desejo carnal, como saciava toda a sua ansiedade por amor.
Baekhyun preenchia todas as suas lacunas vazias.
O choque de seus corpos provocava um som ainda mais excitante, que se espalhava por toda parte. Os dedos dos pés do menor se contorciam, enquanto seu suor descia pela testa. Era um dia quente, um momento mais quente ainda, com alguém que estava em chamas.
Todavia, a visão do alfa havia começado a embaçar, Baekhyun tinha total razão, ele ainda não estava totalmente recuperado, e já com pouca força, ChanYeol acabou tombando por cima do corpo do Byun.
Quando o sentiu cair, Baekhyun se encolheu, e enquanto se remexia, o Park conseguiu sair de cima dele, jogando-se para um lado da cama. Respirava muito pesado, vendo o teto do quarto rodar, até que a visão do telhado embaçado, fosse substituída por um rosto preocupado.
— ChanYeol, o que aconteceu?
Piscou seus olhos várias vezes, até que sua visão parecesse melhor, e por fim se endireitou no colchão.
— Nada demais, apenas fiquei um pouco tonto.
— Eu vou trazer alguma coisa pra você comer.
Quando o ômega fez menção de se levantar foi segurando pelas duas mãos do ruivo, que o obrigaram a ficar. Baekhyun o encarou, e ChanYeol o olhava com certo medo nos olhos. Era estranho o ver assim.
— Fique. — pediu — Vamos terminar o que começamos.
Já era de se esperar, isso era totalmente natural dos alfas, eles sempre queriam ir até o final, e deixar qualquer coisa pela metade os incomodava. E talvez esse fosse o medo nos olhos dele, medo de parecer fraco diante de Baekhyun, e fazer com que seu lobo se sentisse desprotegido.
Isso não era nada bom.
E Baekhyun sempre entenderia seu alfa, retribuindo com um sorriso. Sentou-se sobre o abdômen do mesmo, escorrendo um pouco para trás, e com uma das mãos, conseguiu encaixar o membro do mesmo em sua entrada, fazendo com que o alfa o penetrasse com facilidade. O ômega tomou todo o esforço para si, não deixando que o ruivo se mexesse para nada.
Começou a subir e descer em seu membro, com as duas mãos se apoiando sobre o peito do alfa.
Ouvia gemidos longos escaparem pela boca do alfa enquanto rebolava lentamente, eram simultâneos. Seus dentes arranhavam a pele do peito do mesmo, e com suas unhas o arranhava, marcando a pele um pouco queimada do alfa. O suor se misturava um ao outro, a respiração quente batia na pele.
E em algum momento, o alfa conseguiu se sentar, levando o corpo do menor junto, estando ainda dentro dele. O abraçou.
— Baekhyun... — disse seu nome — Eu te amo mais do que tudo, quero que seja para sempre a razão dos meus sorrisos.
As palavras deixaram o ômega um tanto desnorteado, ele sempre sonhou em ouvir algo assim sair da boca de ChanYeol, seu coração havia se aquecido, e seu lobo vibrava. O apertou com as forças que tinha.
— ChanYeol...
— Me deixe marcar você, me deixe ser para sempre o seu alfa.
Afastando-se um pouco do maior, Baekhyun encarou bem em seus olhos, vendo o quanto os mesmos estavam marejados. ChanYeol estava a ponto de chorar? Não era comum que alfas chorassem, eles sempre se faziam de durões, e mostrar seus sentimentos e fraquezas na frente de um ômega, era como se abrir inteiramente para ele, algo que só acontecia quando a confiança atingia o seu ponto perfeito.
ChanYeol confiava todo o seu amor para Baekhyun.
— É tudo o que eu sempre quis. — essa foi a resposta do ômega, deixando seu pescoço livre para ele.
Antes de cravar seus dentes, o alfa beijou aquela região, escolhendo o ponto exato. Deixou suas presas saírem, passando a língua pela ponta e vendo o quanto eram afiadas. Suas presas se fincaram na pele do ômega, e ao apertar sua mandíbula, sentiu o corpo de Baekhyun amolecer em seus braços. O segurou firme, sussurrando mesmo que soubesse que ele não o ouviria:
— Agora nada vai tirar você de perto de mim, meu amor.
[... Mordida de Alfa ...]
Semanas depois, quando Sehun finalmente já conseguia andar, o casal de alfas decidiu que já era a hora de voltar para casa, por mais que ambos ainda sentissem medo de serem atacados novamente, o orgulho de alfa os fazia não se sentirem confortáveis quanto a estarem dependendo da proteção de outros. Não que isso fosse um sinal de mau agradecimento, pois ambos seriam eternamente gratos ao casal que cuidou dos mesmos, todavia, uma hora os dois teriam que reiniciarem suas vidas.
Com uma coragem própria.
— Se acontecer qualquer coisa... — já era a terceira vez que Zitao repetia a mesma frase, já na porta da casa, vendo Sehun e Lu Han do lado de fora — Vocês sempre serão bem-vindos em nossa casa.
Os dois agradeceram, e por fim deram as costas para seguir um caminho que só poderia ser trilhado por eles.
Os primeiros passos foram silenciosos, Sehun ainda mancava de uma perna, e seu cabelo ainda estava curto e falhado em algumas partes. Em determinado ponto do caminho, Lu Han segurou em sua mão, entrelaçando seus dedos aos dele, o mais novo o encarou por cerca de dois segundos, recebendo um pequeno sorriso como resposta muda.
Era de se esperar. Enquanto andavam de mãos dadas pelas ruas, eram bombardeados por olhares cheios de julgamento e acusação, enquanto outros os olhavam com pena ou até mesmo compaixão, e por um ou dois segundos, Sehun viu Lu Han vacilar e quase soltar sua mão, porém o mesmo a apertou firme. Era mais uma forma muda de dizer que eles não podiam desistir.
Mas a dor maior os atingiu ao chegarem em casa, a cabana de Sehun, a mesma estava totalmente revirada, cheia de lixo e móveis quebrados, além de terem arrancado a porta e riscado praticamente tudo com uma tinta vermelha, e escrito na parede da sala a palavra "Aberração".
Lu Han ficou paralisado diante daquilo, encarando a parece por um longo minuto, sentindo seu coração apertar cada vez mais, e quando Sehun o encarou, ele estava chorando.
— Por que as pessoas fazem isso? — ouviu o sussurro do alfa mais velho — Qual o nosso pecado?
Rapidamente, e sentindo seu coração arder da mesma maneira, o Oh o abraçou com força, sentindo as lágrimas grossas do alfa molharem sua camisa. Um bom tempo se passou, enquanto os dois apenas permaneciam abraçados um ao outro, no meio de toda aquela bagunça e sujeira.
— Nenhum, Lu Han, nós não pecamos.
— Eu te amo, Sehun, mais do que meu coração consegue suportar. — ele disse, baixinho — Mesmo que sejamos dois alfas, nossos corações nunca olharam para isso.
Sehun estava decidido a não deixar que mais nada os abalasse, que nem mesmo as feridas do corpo pudessem atingir o sentimento que havia por dentro, ele amava Lu Han, um alfa, e isso era tudo o que importava. Pois Lu Han e Sehun sempre seriam suficientes para o outro.
[... Mordida de Alfa ...]
Com o passar dos meses, tanto a barriga de Zitao quanto a de Kyungsoo cresceram, ambas em um tamanho propicio a um bebê alfa, sendo que a de Zitao conseguia ser ainda maior, por se tratar de um alfa lúpus, e por estar já bastante próximo ao dia do nascimento do bebê.
Uma festa em comemoração ao aniversário da mãe de Kyungsoo, e todos os anos uma enorme festa acontecia nesse dia, a qual Kyungsoo não tinha como faltar. Praticamente todos da alcateia comemoravam, e a festa se espalhava pela cidade, com muitas danças, bebidas e carne em abundância, sendo fornecidas pelo líder Do. A festa durava até o dia amanhecer, o que era um prato cheio e uma boa desculpa para os alfas se embebedarem, mesmo com seus ômegas os vigiando de perto.
Não era nenhuma surpresa que qualquer "brincadeira" que envolvesse os alfas, se tratava de algo bastante perigoso e idiota, sendo que a da vez se resumia em um cabo de guerra, o que seria normal se não incluísse brasas quentes logo abaixo, além de ser regra que todos ficassem de pés descalços.
Quando a ideia surgiu de ChanYeol, Zitao esperava que seu marido fosse ser sensato o suficiente para ir contra, porém o mesmo foi o primeiro a ir buscar uma corda resistente. Enquanto Kyungsoo esperava um pouco mais do futuro líder da alcateia, Jongin já havia tirado suas botas e as deixado perto dele.
— Qual o problema dos alfas? — Minseok foi o primeiro a tocar no assunto, vendo os mesmos discutirem sobre a injustiça de competir contra um lúpus — Se JongDae queimar os pés, eu escondo o cavalo e faço ele ir pra casa andando.
Foi impossível não fazer os outros rirem.
— Esconde os sapatos dele também. — Baekhyun sugeriu, bebendo mais um gole da cerveja — Queria entender o senso de diversão dos alfas.
— E eu queria beber. — Zitao respondeu, alisando sua barriga — Mas é só eu pegar numa caneta que Yifan surge detrás de mim.
Novamente os outros riram, era ate engraçado ver o quanto Yifan era protetor com Zitao, cuidando da gravidez do mesmo, mais do que o próprio ômega. Todos que olhavam para o lúpus, viam o quanto ele estava feliz e ansioso para a chegada do primeiro filho.
O ômega se afastou dos demais, informando que precisava fazer xixi, o que acontecia de hora em hora.
Durante a festa de comemoração ao aniversário da esposa do líder, era comum que muitos forasteiros viessem de outras alcateias para as comemorações, atraídos pela alegria e também pela bebida e comida de graça. Todavia, quando voltava para perto de seus amigos, agora aliviado, Zitao viu seu mundo cair, ao dar de cara com quem menos queria ver em toda a sua vida.
Seu pai.
O ômega paralisou assim que ele e seu pai se cruzaram na rua, ver aqueles olhos tão idênticos aos seus era como ter um flashback de todo o seu passado doloroso, ao qual só queria unicamente esquecer. Tentou sair de perto, todavia teve o seu braço segurado, o impedindo.
— Não vai sequer cumprimentar o seu pai, Zitao?
Silêncio. Zitao não conseguia abrir a boca, estava paralisado pelo medo de ter visto seu pai novamente, justo ele, ao qual sempre quis apagar o rosto. Aquele rosto que habitava seus pesadelos.
— Me admira vê-lo vivo. — o velho disse em um tom de escárnio — E esse filho? É de algum de seus clientes?
Os olhos de Zitao se alargaram, sentiu a ofensa bater contra o seu rosto. Seu pai sempre esperara o pior de si, ao ponto de sugerir que o mesmo estivesse a se prostituir para sobreviver, e agora carregava um filho bastardo. O pai de Zitao jamais acreditou que ele fosse se casar e ter uma família um dia, e isso o mesmo reafirmava todos os dias, com todas as suas palavras, e em todas as oportunidades.
— Sugiro que tire as suas mãos do meu ômega.
A voz grossa fez com que o alfa velho olhasse para cima, encontrando a imagem zangada de um alfa muito alto, ao qual nunca havia visto antes.
— Yifan... — ouviu quando Zitao sussurrou.
Segurando sua raiva, Yifan tirou a mão do velho do braço de Zitao, trazendo o ômega para perto dele, enquanto encavara com nojo, a imagem do homem de cabelos brancos, e aparência um tanto gasta. O sentimento de medo extremo de Zitao havia o chamado, e ele não gostou nada daquilo.
— Quem é você? — segurando o medo instantâneo, o velho perguntou.
— Eu sou o marido deste ômega, e quem você é?
Chocado com a informação, o mais velho finalmente se dera conta da marca presente no pescoço do filho. Por dois segundos ele até desacreditou, o alfa à sua frente exalava a sua essência forte demais, claramente um lúpus, claramente o tipo de pessoa que jamais escolheria um ômega como Zitao para se casar.
— Não me disse que havia se casado, filho.
Ao ouvir a palavra "filho", Yifan juntou os fatos, e afastou ainda mais o ômega de perto daquele homem.
— Vamos embora, Zitao, falar com esse homem não faz bem pra você.
O menor apenas se encolheu e se deixou ser levado pelo Wu. Seu coração se aqueceu quando o mesmo beijou seus cabelos, era a forma muda de Yifan dizer que ele estava seguro agora, e que nada no mundo o machucaria novamente. Zitao se sentia bem com Yifan. Wu Yifan era um imenso porto seguro.
A vontade real do alfa era ter socado aquele homem, porém, acreditava de vê-lo sendo agressivo deixaria Zitao assustado, como da vez em que agrediu o alfa que tentou o tocar, e devido a isso, se manteve no controle, dando preferência ao bem-estar de seu esposo.
Dois passos depois Zitao parou.
— Você fez xixi?
— O bebê vai nascer.
Demorou uns dois segundos para a informação ser capitada pelo alfa, que assim que entendeu, pegou o mesmo nos braços e saiu correndo procurando por ajuda.
Quando encontrou os outros, não precisou explicar nada, pois os ômegas se entendiam muito bem, apenas os alfas demoraram a captar a mensagem. Zitao jamais esperou que no dia em que teria seu primeiro filho, estaria sendo carregado por alguém que corria pelas ruas em busca de uma parteira e era seguido por um bando de pessoas que pareciam completamente perdidas.
Junmyeon que se recordara da parteira que havia feito o parto de Young Ho — que havia deixado com Minhyuk em casa, pois o mesmo havia alegado que não queria participar das comemorações —, os levou na direção certa, torcendo para que a mulher estivesse em casa.
Entraram sem pedir permissão, assustando a mulher que estava lavando algumas panelas nos fundos da casa, e havia vindo correndo tentando entender o alvoroço em sua casa.
— Senhora, por favor, nos ajude, meu ômega vai ter o bebê. — Yifan praticamente implorou.
Vendo a expressão de dor do rapaz nos braços do alfa, ela não tinha como negar.
— Venha.
A seguiu até um quartinho nos fundos, onde colocou Zitao deitado na cama, e assim que se ajeitou e colocou força, encarou seu marido com uma expressão de desespero. Apenas os ômegas haviam entrado no quarto, que parecia ser usado apenas para partos, pois era bastante limpo e cheio de panos e coisas que provavelmente eram usadas para auxiliar nos partos.
Zitao segurou a mão de Yifan com tanta força, que o mesmo podia sentir seus ossos se deslocando.
O Wu não podia negar que ver seu ômega sofrendo e gritando daquela maneira o deixava com o coração doendo, mas era necessário. As expressões de Zitao mudavam o tempo todo, porém todas eram de extrema dor. O parto durou até o anoitecer, sendo que no fim, só restavam Yifan e a parteira com Zitao ali, o ômega já estava completamente branco e com os lábios secos.
— Yifan, eu não tô conseguindo. — o menor dissera com seus olhos cheios de lágrimas, ele tremia — Me perdoa, eu não tô conseguindo.
— Não, meu amor, você está indo muito bem, está quase. — o respondeu, tentando lhe passar confiança, por mais que no estivesse tão certo disso.
A única que ainda estava calma era a parteira, que já havia feito o parto de bebês lúpus duas ou três vezes, e sabia o quanto era demorado, e muitas vezes, com o dobro de dor.
Depois de mais algumas horas, o choro do bebê foi ouvido foi ouvido por todos. Como o esperado, a criança era bem maior do que um bebê comum, possuía braços e pernas mais longos, além de ser mais pesado. A mulher o enrolou em um pano limpo após cortar o cordão umbilical que o unia com o ômega. Por fim, o entregando para o pai, que já estava quase chorando quando o recebeu.
Os olhos coloridos logo chamaram atenção, um azul e outro verde.
— Olha, meu amor, você conseguiu. — foi o que alfa disse, enquanto mostrava o bebê ao ômega, que estava quase desfalecido pelo cansaço, respirava lentamente e com muita dificuldade, porém havia um sorriso em seu rosto — Olha, esse é o nosso filho, é um menino.
O ômega deixou uma lágrima cair assim que viu os olhos de seu marido se encherem também, os dois choraram juntos a chegada do primeiro filho, que havia vindo para gritar aos quatro ventos que todos os defeitos que todos sempre disseram que Zitao tinham, não passavam de uma imaginação ruim. Não havia nada de errado com Huang Zitao, ele tinha um alfa lúpus como marido, e um filho lindo com ele.
Ele tinha uma família, ele tinha amor.
Ele era um ômega, amado e respeitado como tal.
— YukHei. — sussurrou para o bebê, que permanecia quietinho nos braços do pai — Nosso filho, Wu YukHei.
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